16 de junho

16 de junho

- por Denise Gomes

Primeira Leitura (2Cor 6,1-10)

Leitura da Segunda Carta de São Paulo aos Coríntios

Irmãos, 1 como colaboradores de Cristo, nós vos exortamos a não receberdes em vão a graça de Deus, 2 pois ele diz: “No momento favorável, eu te ouvi e no dia da salvação, eu te socorri”. É agora o momento favorável, é agora o dia da salvação. 3 Não damos a ninguém nenhum motivo de escândalo, para que o nosso ministério não seja desacreditado. 4 Mas em tudo nos recomendamos como ministros de Deus, com muita paciência, em tribulações, em necessidades, em angústias, 5 em açoites, em prisões, em tumultos, em fadigas, em insônias, em jejuns, 6 em castidade, em compreensão, em longanimidade, em bondade, no Espírito Santo, em amor sincero, 7 em palavras verdadeiras, no poder de Deus, em armas de justiça, ofensivas e defensivas, 8 em honra e desonra, em má ou boa fama; considerados sedutores, sendo, porém, verazes; 9 como desconhecidos, sendo porém, bem conhecidos; como moribundos, embora vivamos; como castigados mas não mortos; 10 como aflitos, mas sempre alegres; como pobres, mas enriquecendo muitos; como quem nada possui, mas tendo tudo.

– Palavra do Senhor.- Graças a Deus.

Responsório Sl 97(98),1.2-3ab.3cd-4 (R. 2a)

– O Senhor fez conhecer a salvação.

– O Senhor fez conhecer a salvação.

– Cantai ao Senhor Deus um canto novo, porque ele fez prodígios! Sua mão e o seu braço forte e santo alcançaram-lhe a vitória.

– O Senhor fez conhecer a salvação, e às nações, sua justiça; recordou o seu amor sempre fiel pela casa de Israel

– Os confins do universo contemplaram a salvação do nosso Deus. Aclamai o Senhor Deus, ó terra inteira, alegrai-vos e exultai!

Evangelho (Mt 5,38-42)

— Aleluia, Aleluia, Aleluia.

— Vossa palavra é uma luz para os meus passos, e uma lâmpada luzente em meu caminho.

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo + segundo Mateus.

— Glória a vós, Senhor.

Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: 38 “Ouvistes o que foi dito: ‘Olho por olho e dente por dente!’ 39 Eu, porém, vos digo: Não enfrenteis quem é malvado! Pelo contrário, se alguém te dá um tapa na face direita, oferece-lhe também a esquerda! 40 Se alguém quiser abrir um processo para tomar a tua túnica, dá-lhe também o manto! 41 Se alguém te forçar a andar um quilômetro, caminha dois com ele! 42 Dá a quem te pedir e não vires as costas a quem te pede emprestado”.

— Palavra da Salvação.

— Glória a vós, Senhor.

São Ciro e Santa Julita

- por Denise Gomes

Julita vivia na cidade de Icônio, região que hoje pertence à Turquia. Era uma mulher nobre, de alta posição social, muito rica e profundamente cristã. Após o nascimento de seu único filho, ficou viúva. O menino foi batizado com o nome de Ciro, e desde os primeiros anos de vida foi criado na fé.

Ciro tinha apenas três anos quando se iniciou a feroz perseguição aos cristãos promovida pelo imperador Diocleciano, no início do século IV. Para proteger o filho, Julita tentou fugir da cidade, mas acabou capturada pelas autoridades romanas.

Ao ser levada ao tribunal, Julita foi submetida a terríveis torturas por se recusar a renegar sua fé em Jesus Cristo. O governador local, cruel e impiedoso, arrancou-lhe o filho dos braços e, num gesto sádico, sentou o menino em seu colo enquanto torturava a mãe, esperando que isso a fizesse ceder.

Mas a fidelidade de Julita era inabalável. Diante daquela cena brutal, o pequeno Ciro, com apenas três anos, chorou, saltou do colo do governador e gritou com coragem: “Também sou cristão! Também sou cristão!”

Tomado de fúria, o governador lançou o menino escadaria abaixo com um pontapé, esmagando seu crânio. A história conta que Julita, em silêncio e com o coração entregue a Deus, apenas rezou para poder encontrar seu filho no Céu. Pouco tempo depois, também ela foi martirizada, sendo decapitada por causa de sua fé. Era o ano de 304.

O pequeno São Ciro é considerado o mais jovem mártir do cristianismo, depois apenas dos Santos Inocentes, assassinados por Herodes. Tornou-se padroeiro das crianças vítimas de maus-tratos e abuso, sendo sinal de esperança e consolo para tantas famílias feridas.


Oração a Santa Julita e São Ciro

Deus, nosso Pai, que concedestes a Santa Julita e a São Ciro a graça de vos testemunhar até o martírio, dai-me, por sua intercessão, uma fé firme, corajosa e perseverante. Concedei-me o perdão de meus pecados e a graça de vos amar e louvar por todos os dias da minha vida. Amém.


Reflexão

O martírio é o testemunho supremo de amor a Cristo. A memória dos mártires nos lembra que vale a pena entregar a própria vida por Jesus. Embora pareçam histórias distantes, a perseguição aos cristãos continua até hoje, em várias partes do mundo, de formas cruéis e silenciosas.

A fé de Santa Julita e a coragem de São Ciro, mesmo tão pequeno, nos inspiram a sermos fiéis nas provações do dia a dia. Como disse o Senhor:
“Se o grão de trigo não cai na terra e não morre, ele permanece só. Mas se morre, produz muito fruto” (Jo 12,24).


Santa Julita e São Ciro, rogai por nós!

Homilia

- por Denise Gomes

A Liturgia da Palavra de hoje nos convida a mergulhar no coração do Evangelho: a lógica do amor que supera toda vingança, a força do bem que resiste ao mal sem se tornar maldosa. A mensagem de Jesus no Evangelho de São Mateus é clara e, ao mesmo tempo, profundamente exigente: “Ouvistes o que foi dito: olho por olho e dente por dente. Eu, porém, vos digo…”

Jesus nos apresenta uma nova maneira de viver. Ele não nega a justiça, mas a eleva a um novo patamar. A justiça da antiga lei era proporcional: se alguém te ferisse, a punição deveria ser equivalente. Era uma tentativa de limitar o desejo de vingança. Mas Jesus vem inaugurar uma nova lógica: a do amor gratuito, a do perdão que desarma o ódio, a da mansidão que vence a violência.

Oferecer a outra face não é sinal de fraqueza, mas de força interior. Não se trata de ser passivo diante do mal, mas de desarmá-lo com atitudes que desafiem a lógica mundana da retaliação. Jesus nos mostra que o caminho da verdadeira liberdade passa pela superação do ego ferido, da busca por direitos a todo custo, e nos abre ao dom da entrega generosa, do amor que não impõe condições.

Essa entrega generosa é refletida também na primeira leitura, quando São Paulo escreve aos coríntios como verdadeiro ministro de Deus. Ele fala das tribulações, das prisões, das fadigas, mas também da paciência, da castidade, da bondade e do amor sincero. Paulo vive aquilo que Jesus ensina: responder ao mal com o bem, suportar com coragem e humildade as provações, não por fraqueza, mas por fidelidade ao Senhor.

Vejam que beleza: “Como pobres, mas enriquecendo a muitos; como quem nada possui, mas tendo tudo.” Essa é a lógica do Reino! Quando deixamos de viver para nós mesmos e passamos a viver para Deus e para os irmãos, mesmo na dor, experimentamos a verdadeira alegria. Mesmo nas lutas, somos sustentados pela graça.

E como nos recorda o Salmo: “O Senhor fez conhecer a salvação”. Essa salvação não é apenas futura, é realidade já presente na vida daquele que ama como Jesus amou. O mundo precisa desse testemunho. O mundo precisa de cristãos que respondam com amor diante do ódio, com generosidade diante da indiferença, com paz diante da violência.

Hoje, o Senhor nos pergunta:
Estamos dispostos a caminhar a “segunda milha”?
A oferecer o manto e a túnica, se preciso for?
A vencer o mal com o bem?

Que São Paulo nos inspire com seu testemunho fiel. E que possamos sair desta celebração desejosos de viver essa radicalidade do Evangelho. Não por heroísmo, mas por amor. Porque “agora é o momento favorável, agora é o dia da salvação”.

Amém.

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