26 de Fevereiro de 2020

Cinzas Quarta-feira

- por Padre Alexandre Fernandes

QUARTA FEIRA – DIA DAS CINZAS – JEJUM E ABSTINÊNCIA

(Roxo, prefácio da Quaresma IV – ofício do dia da IV semana do saltério)

 

Antífona da entrada

 

– Ó Deus, vós tendes compaixão de todos e nada do que criastes desprezais; perdoais nossos pecados pela penitência porque sois o Senhor nosso Deus

(Sb 11,24.27).

 

Oração do dia

 

– Concedei-nos, ó Deus todo-poderoso, iniciar com este dia de jejum o tempo da Quaresma, para que a penitência nos fortaleça no combate contra o espírito do mal. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que convosco vive e reina, na unidade do Espírito Santo.

 

1ª Leitura: Jl 2, 12-18

 

– Leitura da profecia de Joel: 12“Agora, diz o Senhor, voltai para mim com todo o vosso coração, com jejuns, lágrimas e gemidos; 13rasgai o coração, e não as vestes; e voltai para o Senhor, vosso Deus; ele é benigno e compassivo, paciente e cheio de misericórdia, inclinado a perdoar o castigo”. 14Quem sabe, se ele se volta para vós e vos perdoa, e deixa atrás de si a bênção, oblação e libação para o Senhor, vosso Deus?  15Tocai trombeta em Sião, prescrevei o jejum sagrado, convocai a assembleia; 16congregai o povo, realizai cerimônias de culto, reuni anciãos, ajuntai crianças e lactentes; deixe o esposo seu aposento, e a esposa, seu leito. 17Chorem, postos entre o vestíbulo e o altar, os ministros sagrados do Senhor, e digam: “Perdoa, Senhor, a teu povo, e não deixes que esta tua herança sofra infâmia e que as nações a dominem”. Por que se haveria de dizer entre os povos: “Onde está o Deus deles?” 18Então o Senhor encheu-se de zelo por sua terra e perdoou ao seu povo.

 

– Palavra do Senhor.

– Graças a Deus.

 

Salmo Responsorial: Sl 51,3-4.5-6a.12-13.14.17 (R: 3a)

 

– Misericórdia, ó Senhor, pois pecamos!
R: Misericórdia, ó Senhor, pois pecamos!

– Tende piedade, ó meu Deus, misericórdia! Na imensidão do vosso amor, purificai-me! Lavai-me todo inteiro do pecado e apagai completamente a minha culpa!

R: Misericórdia, ó Senhor, pois pecamos!

– Eu reconheço toda a minha iniquidade, o meu pecado está sempre à minha frente. Foi contra vós, só contra vós, que eu pequei, pratiquei o que é mau aos vossos olhos!

R: Misericórdia, ó Senhor, pois pecamos!

– Criai em mim um coração que seja puro, dai-me de novo um espírito decidido. Ó Senhor, não me afasteis de vossa face, nem retireis de mim o vosso Santo Espírito!

R: Misericórdia, ó Senhor, pois pecamos!

– Dai-me de novo a alegria de ser salvo e confirmai-me com espírito generoso! Abri meus lábios, ó Senhor, para cantar, e minha boca anunciará vosso louvor!

R: Misericórdia, ó Senhor, pois pecamos!
 

2ª Leitura: 2Cor 5,20-6.2

 

– Leitura da segunda carta de são Paulo aos Coríntios: Irmãos: 20Somos embaixadores de Cristo, e é Deus mesmo que exorta através de nós. Em nome de Cristo, nós vos suplicamos: deixai-vos reconciliar com Deus. 21Aquele que não cometeu nenhum pecado, Deus o fez pecado por nós, para que nele nós nos tornemos justiça de Deus. 6,1Como colaboradores de Cristo, nós vos exortamos a não receberdes em vão a graça de Deus, 2pois ele diz: “No momento favorável, eu te ouvi e, no dia da salvação, eu te socorri”. É agora o momento favorável, é agora o dia da salvação.

– Palavra do Senhor.
– Graças a Deus.

 

Evangelho de Jesus Cristo, segundo Mateus: Mt 6, 1-6.16-18

 

Jesus Cristo, sois bendito, sois ungido de Deus Pai!

Jesus Cristo, sois bendito, sois ungido de Deus Pai!

 

– Oxalá ouvísseis hoje a sua voz: Não fecheis os corações como em Meriba

(Sl 94,8)

 

Jesus Cristo, sois bendito, sois ungido de Deus Pai!

 

– O Senhor esteja convosco.

– Ele está no meio de nós.

– Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo † segundo Mateus

– Glória a vós, Senhor!  

Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: 1“Ficai atentos para não praticar a vossa justiça na frente dos homens, só para serdes vistos por eles. Caso contrário, não recebereis a recompensa do vosso Pai que está nos céus.
2Por isso, quando deres esmola, não toques a trombeta diante de ti, como fazem os hipócritas nas sinagogas e nas ruas, para serem elogiados pelos homens. Em verdade vos digo: eles já receberam a sua recompensa. 3Ao contrário, quando deres esmola, que a tua mão esquerda não saiba o que faz a tua mão direita, 4de modo que a tua esmola fique oculta. E o teu Pai, que vê o que está oculto, te dará a recompensa. 5Quando orardes, não sejais como os hipócritas, que gostam de rezar em pé, nas sinagogas e nas esquinas das praças, para serem vistos pelos homens. Em verdade vos digo: eles já receberam a sua recompensa. 6Ao contrário, quando orares, entra no teu quarto, fecha a porta, e reza ao teu Pai que está oculto. E o teu Pai, que vê o que está escondido, te dará a recompensa. 16Quando jejuardes, não fiqueis com o rosto triste como os hipócritas. Eles desfiguram o rosto, para que os homens vejam que estão jejuando. Em verdade vos digo: eles já receberam a sua recompensa. 17Tu, porém, quando jejuares, perfuma a cabeça e lava o rosto, 18para que os homens não vejam que estás jejuando, mas somente teu Pai, que está oculto. E o teu Pai, que vê o que está em lugar secreto, te dará a recompensa”.

 

– Palavra da salvação.

– Glória a vós, Senhor!  

São Porfírio

- por Padre Alexandre Fernandes

Nascido do ano de 353 em Tessalônica da Macedônia, Porfírio foi muito bem formado pelos seus pais, numa busca de piedade e vontade de Deus. Com 25 anos foi para o Egito, onde viveu a austeridade. Depois, seguiu para a Palestina, vivendo como eremita por 5 anos. Devido a uma enfermidade seguiu para Jerusalém, onde se tratou.

São Porfírio percebia que faltava algo. Ele tinha herdado uma grande fortuna, e já tendo discípulos – que vendo a ele seguir a Cristo, também quiseram seguir nosso Senhor nos passos dele – ele ordenou que esses discípulos fossem para Tessalônica e vendessem todos os bens. Ele então, pôde dar tudo aos pobres.

Ele estava muito doente, mas através de uma visão, o Senhor o curou. Mais tarde, passou a trabalhar para ganhar o ‘pão de cada dia’, sempre confiando na Divina Providência.

O Patriarca de Jerusalém o ordenou sacerdote, e depois Bispo em Gaza, tendo grande influência política e na religiosidade de todo o povo. Por meio do Espírito Santo e das autoridades, conseguiu que os templos pagãos fossem fechados, e os ídolos destruídos. Não para acabar com a religiosidade, mas para apontar a verdadeira religião: Nosso Senhor Jesus Cristo, único Senhor e Salvador.

Faleceu no século V, deixando-nos esse testemunho: nossa fé, nossa caridade, precisam ter uma ressonância dentro e fora da Igreja, para a glória de Deus e Salvação de todas as pessoas.

São Porfírio, rogai por nós!

Meditação

- por Padre Alexandre Fernandes

Entra no teu quarto… (Mt 6,1-6.16-18)

 

            Em termos de vida de oração, nós somos eternos aprendizes. Dificilmente iremos encontrar alguém que se declare satisfeito com a oração que faz, pois são muitas as barreiras que dificultam nossa relação com Deus.

Hoje, vamos seguir o beneditino François Trévedy, que reflete conosco este Evangelho:

 

            “‘Quando tu rezares, entra…’ Entra. Eis a primeira palavra de Jesus sobre a oração, a primeira etapa do método que ele nos ensina. Entra. Desde já, a direção nos é indicada: é preciso ir no sentido do interior.

 

            Entra. Vale dizer que nós estamos sempre do lado de fora; vale dizer que permanecemos fora por tanto tempo, que não rezamos; fora de nós mesmos, fora da Igreja, fora do mundo, fora de Deus. A oração nos leva a re-integrar nosso Domicílio e nosso Lugar; ela é a Páscoa de fora para dentro. Quando Judas foi para fora, ‘era noite’ (Jo 13,30). Tu também, por mais tempo que fiques de fora, se não te esforças por vir a ser um homem de oração, tu permaneces exilado nas ‘trevas exteriores’ (cf. Mt 25,30). Tão logo rezas, tu entras na luz, pois a luz está dentro.

 

            Durante todo o tempo que ficas de fora, tu experimentas a tristeza. Entras? Eis a alegria! ‘Entra na alegria de teu Senhor’ (Mt 25,21). O irmão mais velho do pródigo, ‘próximo da casa, ouviu música e danças’, mas ele foi tomado de cólera e recusou entrar’ (Lc 15,25.28).

 

            Do lado de fora, só existe agitação: ‘Esforcemo-nos, pois, por entrar no repouso’ do Senhor (Hb 4,11), no grande sábado da oração contemplativa. E seria tão simples entrar! No entanto, isto nos custa; preferimos a exterioridade. Entrar exige esforço. ‘Esforçai-vos por entrar’, diz Jesus (Lc 13,24). E é muito forte o verbo que Lucas emprega aqui: Agônizesthe eiselthein. ‘Lutai para entrar; agonizai para entrar’; a Páscoa pessoal de cada homem para sua interioridade supõe nada menos que uma agonia; um batismo, também, e uma renovação total, pois, ‘a menos que nasça da água e do Espírito, ninguém pode entrar’ (Jo 3,5).

 

            Nós somos para nós mesmos a Terra Prometida, e a entrada tão laboriosa nesta Terra de interioridade constitui todo o drama de nossa história sagrada. ‘E eis que Tu estavas dentro de mim e eu estava fora de mim, e eu te procurava lá fora…’ (Santo Agostinho, Confissões.)

 

            Para que, enfim, nós consintamos em entrar, é preciso que se exerça sobre nós a persuasão – até mesmo a violência – da Palavra do Servo que o Pai enviou com este mandato: ‘Obriga-os a entrar!’ (Lc 14,23).”

[Do livro “Orar em Segredo”, Ed. O Lutador, BH, 2009, trad. de A.C.Santini.]

 

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