07 de Dezembro de 2020

2a semana do Advento - Ano B. Segunda-feira

- por Pe. Alexandre

SEGUNDA FEIRA – SANTO AMBRÓSIO BISPO E DOUTOR
(cor branco, pref. Advento I – ofício da solenidade)

 

Antífona da entrada

– Farei surgir um sacerdote fiel, que agirá segundo o meu coração e a minha vontade, diz o Senhor (1Sm 2,35).

 

Oração do dia

– Ó Deus, que fizestes o bispo santo Ambrósio doutor da fé católica e exemplo de intrépido pastor, despertai na vossa Igreja homens segundo o vosso coração, que a governem com força e sabedoria. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

 

1ª Leitura: Is 35, 1-10

– Leitura do livro do profeta Isaías: 1Alegre-se a terra que era deserta e intransitável, exulte a solidão e floresça como um lírio. 2Germine e exulte de alegria e louvores. Foi-lhe dada a glória do Líbano, o esplendor do Carmelo e de Saron; seus habitantes verão a glória do Senhor, a majestade do nosso Deus. 3Fortalecei as mãos enfraquecidas e firmai os joelhos debilitados. 4Dizei às pessoas deprimidas: “Criai ânimo, não tenhais medo! Vede, é vosso Deus, é a vingança que vem, é a recompensa de Deus; é ele que vem para vos salvar”. 5Então se abrirão os olhos dos cegos e se descerrarão os ouvidos dos surdos. 6O coxo saltará como um cervo e se desatará a língua dos mudos, assim como brotarão águas no deserto e jorrarão torrentes no ermo. 7A terra árida se transformará em lago, e a região sedenta, em fontes d’água; nas cavernas onde viviam dragões crescerá o caniço e o junco. 8Ali haverá uma vereda e um caminho; o caminho se chamará estrada santa: por ela não passará o impuro; mas será uma estrada reta em que até os débeis não se perderão. 9Ali não existem leões, não andam por ela animais depredadores, nem mesmo aparecem lá; os que forem libertados poderão percorrê-la, 10os que o Senhor salvou voltarão para casa. “Eles virão a Sião cantando louvores, com infinita alegria brilhando em seus rostos: cheios de gozo e contentamento, não mais conhecerão a dor e o pranto”.

 

– Palavra do Senhor.

– Graças a Deus.

 

Salmo Responsorial: Sl 85,9ab-10.11-12.13-14 (R: Is 35,4d)

 

– Eis que vem o nosso Deus! Ele vem para salvar.
R: Eis que vem o nosso Deus! Ele vem para salvar!

– Quero ouvir o que o Senhor irá falar: é a paz que ele vai anunciar; a paz para o seu povo e seus amigos, para os que voltam ao Senhor seu coração. Está perto a salvação dos que o temem, e a glória habitará em nossa terra.

R: Eis que vem o nosso Deus! Ele vem para salvar!

– A verdade e o amor se encontrarão, a justiça e a paz se abraçarão; da terra brotará a fidelidade, e a justiça olhará dos altos céus.

R: Eis que vem o nosso Deus! Ele vem para salvar!

– O Senhor nos dará tudo o que é bom, e a nossa terra nos dará suas colheitas; a justiça andará na sua frente e a salvação há de seguir os passos seus.

R: Eis que vem o nosso Deus! Ele vem para salvar!

Aclamação ao santo Evangelho

 

Aleluia, aleluia, aleluia.

Aleluia, aleluia, aleluia.

 

– Eis que o rei há de vir, Senhor da terra, ele mesmo de nós afastará o jugo de nosso cativeiro.

 

Aleluia, aleluia, aleluia.

 

Evangelho de Jesus Cristo, segundo Lucas: Lc 5,17-26

– O Senhor esteja convosco.

– Ele está no meio de nós.

– Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo † segundo Lucas

– Glória a vós, Senhor!

 

17Um dia Jesus estava ensinando. À sua volta estavam sentados fariseus e doutores da Lei, vindos de todas as aldeias da Galileia, da Judeia e de Jerusalém. E a virtude do Senhor o levava a curar. 18Uns homens traziam um paralítico num leito e procuravam fazê-lo entrar para apresentá-lo. 19Mas, não achando por onde introduzi-lo, devido à multidão, subiram ao telhado e por entre as telhas o desceram com o leito no meio da assembléia diante de Jesus. 20Vendo-lhes a fé, ele disse: “Homem, teus pecados estão perdoados”. 21Os escribas e fariseus começaram a murmurar, dizendo: “Quem é este que assim blasfema?” Quem pode perdoar pecados senão Deus?” 22Conhecendo-lhes os pensamentos, Jesus respondeu, dizendo: “Por que murmurais em vossos corações? 23O que é mais fácil dizer: ‘teus pecados estão perdoados’, ou dizer: ‘levanta-te e anda’? 24Pois, para que saibais que o Filho do homem tem na terra poder de perdoar pecados — disse ao paralítico — eu te digo: levanta-te, pega o leito e vai para casa”. 25Imediatamente, diante deles, ele se levantou, tomou o leito e foi para casa, louvando a Deus. 26Todos ficaram fora de si, glorificavam a Deus e cheios de temor diziam: “Hoje vimos coisas maravilhosas!”.

 

– Palavra da salvação.

– Glória a vós, Senhor!

Santo Ambrósio

- por Pe. Alexandre

Em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo. Amém

Hoje a Igreja celebra Santo Ambrósio, um dos quatro tradicionais Doutores da Igreja latina. Entre seus escritos estão os comentários aos Salmos e Tratados sobre os Sagrados Mistérios.

Santo Ambrósio nasceu por volta do ano 340 em Tréveris, onde seu pai era prefeito das Gálias. A família era cristã. Quando seu pai faleceu, sua mãe o levou a Roma, sendo ainda um menino, e lhe preparou para a carreira civil, dando-lhe uma sólida educação retórica e jurídica. Por volta do ano 370, propuseram-lhe governar as províncias de Emilia e Ligúria, com sede em Milão. Precisamente lá estava a luta entre ortodoxos e arianos, sobretudo depois da morte do bispo ariano. Ambrósio interveio para pacificar os espíritos das duas facções enfrentadas, e sua autoridade foi tal que, apesar de que não era mais que um simples catecúmeno, foi proclamado bispo de Milão pelo povo.

Até esse momento, Ambrósio era o mais alto magistrado do Império na Itália do norte. Sumamente preparado culturalmente, mas desprovido do conhecimento das Escrituras, o novo bispo dedicou-se a estudá-las com fervor. Aprendeu a conhecer e a comentar a Bíblia através das obras de Orígenes, o indiscutível mestre da «escola de Alexandria». Deste modo, Ambrósio levou ao ambiente latino a meditação das Escrituras começadas por Orígenes, começando no Ocidente a prática da «lectio divina».

Santo Ambrósio conduziu Santo Agostinho ao seio da Igreja por seu amor à verdade e pela doçura de suas palavras, como um farol que deixa brilhar a luz de Cristo ante a vista cega dos pecadores. Da vida e do exemplo do bispo Ambrósio, Agostinho aprendeu a crer e a pregar.

Queridos irmãos e irmãs: quero apresentar a vocês uma espécie de «ícone patrístico» que representa eficazmente o coração da doutrina de Ambrósio. No mesmo livro das «Confissões», Agostinho narra seu encontro com Ambrósio, certamente um encontro de grande importância para a história da Igreja. Escreve que, quando visitava o bispo de Milão, sempre o via rodeada de pessoas cheias de problemas, por quem vivia para atender suas necessidades. Sempre havia uma longa fila que estava esperando pra falar com Ambrósio, para encontrar nele consolo e esperança. Quando Ambrósio não estava com eles, com as pessoas (e isso acontecia em brevíssimos espaços de tempo), ou estava alimentando o corpo com a comida necessária, ou o espírito com as leituras. Aqui Agostinho canta suas maravilhas, porque Ambrósio lia as Escrituras com a boca fechada, só com os olhos (cf. «Confissões». 6, 3). De fato, nos primeiros séculos cristãos, a leitura só se concebia para ser proclamada, e ler em voz alta facilitava também a compreensão a quem lia. O fato de que Ambrósio pudesse passar as páginas só com os olhos é para o admirado Agostinho uma capacidade singular de leitura e de familiaridade com as Escrituras. Pois bem, nessa leitura, na qual o coração se empenha por alcançar a compreensão da Palavra de Deus – este é o «ícone» do qual estamos falando –, pode-se entrever o método da catequese de Ambrósio: a própria Escritura, intimamente assimilada, sugere os conteúdos que é necessário anunciar para levar à conversão dos corações. Deste modo, segundo o magistério de Ambrósio e de Agostinho, a catequese é inseparável do testemunho de vida.

Como o apóstolo João, o bispo Ambrósio, que nunca se cansava de repetir: Cristo é tudo para nós! Continua sendo uma autêntica testemunha do Senhor. Com suas próprias palavras, cheias de amor por Jesus, concluímos assim nossa oração: Cristo é tudo para nós!  Se queres curar uma ferida, ele é o médico; se estás ardendo de febre, ele é a fonte; se estás oprimido pela iniquidade, ele é a justiça; se tens necessidade de ajuda, ele é a força, se tens medo da morte, ele é a vida; se desejas o céu, ele é o caminho; se estás nas trevas, ele é a luz… Provai e vede que bom é o Senhor, bem-aventurado o homem que espera nele! Nós também esperamos em Cristo. Dessa forma seremos bem-aventurados e viveremos na paz.

Santo Ambrósio, rogai por nós.

Abençoe-vos o Deus todo poderoso, Pai, e Filho e Espírito Santo. Amém.

Meditação

- por Pe. Alexandre

Cobertos de alegria sem fim… (Is 35,1-10)

 

É muita conhecida a bela composição de Carlos Lyra e Vinicius de Moraes, intitulada “Marcha da Quarta-feira de Cinzas”. A letra começa assim: “Acabou nosso carnaval / Ninguém ouve cantar canções / Ninguém passa mais / Brincando feliz / E nos corações / Saudades e cinzas / Foi o que restou…”

Tal como os teólogos, também os poetas nos transmitem verdades sobre Deus e sobre o homem. Neste caso, estamos diante de uma realidade inegável: as alegrias do mundo duram pouco. Após três dias intensos de folia, de ruído e de farra, que foi que restou? “Saudades e cinzas”…

Ora, será para este tipo de efêmera alegria que fomos chamados à existência? Não será possível experimentar uma alegria permanente, estável, definitiva? A liturgia deste 3º Domingo do Advento nos garante que sim! A alegria de Deus está à nossa disposição. Aos braços cansados e aos joelhos vacilantes, a voz do profeta clama: “Coragem! Nada de medo! Aí está o vosso Deus!”

Esta é a mensagem dirigida a quem se põe de vigia, à espera do verdadeiro Natal. Não o Natal capitalista das árvores cheias de presentes, não o Natal consumista do Papai Noel. Falo do Natal simples e pobre, mas luminoso e alegre, da gruta de Belém. O que faz a alegria permanente não são as festas dos palácios, não são as roupas finas dos cortesãos, mas a presença de Jesus no meio de nós.

Neste caso, a palavra “alegria” se distancia cada vez mais do ruído e da agitação, dos fogos de artifício e das fieiras de lâmpadas, mas se manifesta como paz interior, harmonia do ser, a certeza de ser amado.

Sim, o Menino na palha de trigo é o Filho de Deus que se encarna, nasce de Mulher e vem até nós, para deixar bem claro, de maneira cabal e sem reservas, a que ponto nós somos amados pelo Pai dos céus.

Como diz François Trévedy, “o Senhor está próximo, e é esta proximidade, sobretudo e em tudo, que é propriamente deliciosa, desde que tenhamos os sentidos espirituais bastante exercitados para pressenti-la, além dos véus tantas vezes adotados…” Por isso escreve o apóstolo Pedro: “Sem o terdes visto, vós o amais; sem o ver ainda, credes nele e exultais com uma alegria indizível e cheia de glória”. (1Pd 1,8)

Os paramentos roxos do Advento são trocados por uma tonalidade rósea, alusão à aurora que anuncia o dia pleno, quando o Sol da Justiça – Jesus – brilhará sobre todos…

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