04 de Janeiro de 2021
Epifania do Senhor - Segunda-feira
- por Pe. Alexandre
SEGUNDA FEIRA – DEPOIS DA EPIFANIA
(branco, pref. da Epifania ou do Natal – ofício do dia)
Antífona da entrada
– Raiou para nós um dia de bênçãos: vinde, nações, e adorai o Senhor; grande luz desceu sobre a terra!
Oração do dia
– Nós vos pedimos, ó Deus, que o esplendor da vossa glória ilumine os nossos corações para que, passando pelas trevas deste mundo, cheguemos à pátria da luz que não se extingue. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
1ª Leitura: 1 Jo 3, 22-4,6
– Leitura da primeira carta de são João – Caríssimos: 22qualquer coisa que pedimos recebemos dele, porque guardamos os seus mandamentos e fazemos o que é do seu agrado. 23Este é o seu mandamento: que creiamos no nome do seu Filho, Jesus Cristo, e nos amemos uns aos outros, de acordo com o mandamento que ele nos deu.24Quem guarda os seus mandamentos permanece com Deus e Deus permanece com ele. Que ele permanece conosco, sabemo-lo pelo Espírito que ele nos deu. 4,1Caríssimos, não acrediteis em qualquer espírito, mas examinai os espíritos para ver se são de Deus, pois muitos falsos profetas vieram ao mundo. 2Este é o critério para saber se uma inspiração vem de Deus: todo espírito que leva a professar que Jesus Cristo veio na carne é de Deus; 3e todo espírito que não professa a fé em Jesus não é de Deus; é o espírito do Anticristo. Ouvistes dizer que o Anticristo virá; pois bem, ele já está no mundo.4Filhinhos, vós sois de Deus e vós vencestes o Anticristo. Pois convosco está quem é maior do que aquele que está no mundo. 5Os vossos adversários são do mundo; por isso, agem conforme o mundo, e o mundo lhes presta ouvidos. 6Nós somos de Deus. Quem conhece a Deus, escuta-nos; quem não é de Deus não nos escuta. Nisto reconhecemos o espírito da verdade e o espírito do erro.
– Palavra do Senhor.
– Graças a Deus.
Salmo Responsorial: Sl 2,7-8.10-11 (R: 8a)
– Eu te darei por tua herança os povos todos.
R: Eu te darei por tua herança os povos todos.
– O decreto do Senhor promulgarei, foi assim que me falou o Senhor Deus: “Tu és o meu Filho, e eu hoje te gerei”!
R: Eu te darei por tua herança os povos todos.
– Podes pedir-me, e em resposta eu te darei por tua herança os povos todos e as nações, e há de ser a terra inteira o teu domínio.
R: Eu te darei por tua herança os povos todos.
– E agora, poderosos, entendei; soberanos, aprendei esta lição: Com temor servi a Deus, rendei-lhe glória e prestai-lhe homenagem com respeito!
R: Eu te darei por tua herança os povos todos.
Aclamação ao santo Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Aleluia, aleluia, aleluia.
– Jesus pregava a boa-nova, o reino anunciando, e curava toda espécie de doenças entre o povo (Mt 4,23).
Aleluia, aleluia, aleluia.
Evangelho de Jesus Cristo, segundo Mateus: Mt 4, 12-17.23-25
– O Senhor esteja convosco.
– Ele está no meio de nós.
– Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo † segundo Mateus.
– Glória a vós, Senhor!
– Naquele tempo, 12Ao saber que João tinha sido preso, Jesus voltou para a Galileia. 13Deixou Nazaré e foi morar em Cafarnaum, que fica às margens do mar da Galileia, 14no território de Zabulon e Neftali, para se cumprir o que foi dito pelo profeta Isaías: 15“Terra de Zabulon, terra de Neftali, caminho do mar, região do outro lado do rio Jordão, Galileia dos pagãos! 16O povo que vivia nas trevas viu uma grande luz; e para os que viviam na região escura da morte brilhou uma luz”. 17Daí em diante, Jesus começou a pregar, dizendo: “Convertei-vos, porque o Reino dos Céus está próximo”. 23Jesus andava por toda a Galileia, ensinando em suas sinagogas, pregando o Evangelho do Reino e curando todo tipo de doença e enfermidade do povo. 24E sua fama espalhou-se por toda a Síria. Levaram-lhe todos os doentes, que sofriam diversas enfermidades e tormentos: endemoninhados, epilépticos e paralíticos. E Jesus os curava. 25Numerosas multidões o seguiam, vindas da Galileia, da Decápole, de Jerusalém, da Judeia, e da região além do Jordão.
– Palavra da salvação.
– Glória a vós, Senhor!
Santa Ângela de Foligno
- por Pe. Alexandre
Santa Angela de Foligno
Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amem
Hoje gostaria de falar sobre a história de Santa Ângela de Foligno, uma grande mística medieval que viveu no século XIII.
A primeira parte da vida de Ângela não é certamente a de uma fervorosa discípula do Senhor. Tendo nascido por volta de 1248 numa família abastada, ela permaneceu órfã de pai e foi educada pela mãe de modo bastante superficial. Muito cedo, foi introduzida nos ambientes mundanos da cidade de Foligno, onde conheceu um homem com o qual casou aos vinte anos e do qual teve alguns filhos. Levava uma vida despreocupada, a ponto de se permitir desprezar os chamados «penitentes» — muito difundidos naquela época — ou seja, aqueles que para seguir Cristo vendiam os próprios bens e viviam na oração, no jejum, no serviço à Igreja e na caridade.
Alguns acontecimentos, como o violento tremor de terra de 1279, um furacão, a prolongada guerra contra Perúsia e as suas duras consequências incidem na vida de Ângela, que progressivamente adquire consciência dos próprios pecados, até chegar a um passo decisivo: invoca São Francisco, que lhe aparece em visão, para lhe pedir conselho em vista de uma boa Confissão geral que devia realizar: estamos no ano de 1285; Ângela confessa-se a um frade em São Feliciano. Três anos mais tarde, o caminho da conversão conhece mais uma mudança: a dissolução dos vínculos afectivos porque, em poucos meses, à morte da mãe seguem-se a do marido e de todos os seus filhos. Então, vende os seus bens e, em 1291, adere à Terceira Ordem de São Francisco
No itinerário espiritual de Santa Ângela, a passagem da conversão para a experiência mística, daquilo que se pode expressar para o que é inefável, tem lugar através do Crucificado. É o «Deus-homem apaixonado» que se torna o seu «mestre de perfeição». Toda a sua experiência mística consiste, portanto, em tender para uma «semelhança» perfeita com Ele, mediante purificações e transformações cada vez mais profundas e radicais. A este maravilhoso empreendimento, Santa Ângela dedica-se inteiramente, de alma e corpo, sem se poupar a penitências e tribulações, desde o início até ao fim, desejando morrer com todos os sofrimentos padecidos pelo Deus-homem crucificado, para ser transformada totalmente nele: «Ó filhos de Deus — ela recomendava — transformai-vos totalmente no Deus-homem apaixonado, que vos amou a ponto de se dignar morrer por vós com uma morte extremamente ignominiosa, total e inefavelmente dolorosa, de modo penosíssimo e amarguíssimo. E isto somente por amor a ti, ó homem!».
Esta identificação significa também viver aquilo que Jesus viveu: pobreza, desprezo e dor, porque — como ela afirma — «através da pobreza temporal, a alma encontrará riquezas eternas; mediante o desprezo e a vergonha, ela alcançará a suma honra e uma glória excelsa; através de um pouco de penitência, feita com esforço e dor, possuirá com infinita docilidade e consolação o sumo Bem, Deus eterno»
Da conversão à união mística com Cristo crucificado, ao inefável. Um caminho elevadíssimo, cujo segredo é a oração constante: «Quanto mais rezares — afirma ela — tanto mais serás iluminado; quanto mais fores iluminado, tanto mais profunda e intensamente verás o sumo Bem, o Ser sumamente bom; quanto mais profunda e intensamente O vires, tanto mais O amarás; quanto mais O amares, tanto mais serás feliz; e quanto mais fores feliz, tanto mais compreenderás e serás capaz de o compreender. Em seguida, chegarás à plenitude da luz, porque entenderás que não podes compreender» (Ibid., pág. 184).
A vida de Santa Ângela começa com uma existência mundana, bastante distante de Deus. Mas depois, o encontro com a figura de São Francisco e, finalmente, o encontro com Cristo crucificado, desperta a alma para a presença de Deus, para o facto de que somente com Deus a existência se torna verdadeiramente vida porque se torna, na dor pelo pecado, amor e alegria. E assim nos fala a Beata Ângela. Hoje todos nós corremos o perigo de viver como se Deus não existisse: Ele parece tão distante da vida contemporânea. Mas Deus tem mil modos, para cada um o seu, de se fazer presente na alma, de mostrar que existe, que me conhece e me ama. E a Beata Ângela quer chamar a nossa atenção para estes sinais, com os quais o Senhor sensibiliza a nossa alma, atentos à presença de Deus, para aprendermos assim o caminho com Deus e rumo a Deus, na comunhão com Cristo crucificado. Oremos ao Senhor para que nos torne atentos aos sinais da sua presença, que nos ensine a viver realmente.
Santa Ângela de Foligno, rogai por nós!
Benção Final.
Meditação
- por Pe. Alexandre
O Reino está próximo… (Mt 4,12-17.23-25)
Este Evangelho costuma dar espaço a um equívoco muito comum. Quando se ouve Jesus anunciar que o Reino está “próximo”, quase sempre este adjetivo é traduzido como “próximo no tempo”, isto é, o Reino “não tarda a chegar”.
Ora, o Reino já chegou. O Reino de Deus – ou seja, aquele espaço onde a vontade do Pai é plenamente obedecida e realizada – é uma Pessoa: trata-se do próprio Jesus. Assim, dizer que o Reino “está próximo” significa declarar que Jesus está no meio de nós e, por isso mesmo, bem ao nosso alcance. Trata-se de uma proximidade geográfica. Basta estender a mão para o tocar…
Sim, Aquele com quem os patriarcas sonharam pelas noites estreladas, Aquele que os profetas do passado anunciaram – ei-lo agora em nossas estradas, em nossas praças, em nossas esquinas. Nicodemos pode falar com ele na escuridão da noite. A samaritana pode vê-lo, suado e faminto, à beira do poço de Jacó. A hemorroíssa pode aproximar-se e tocar seu manto para ser curada. A pecadora pode lavar-lhe os pés com suas lágrimas abençoadas. Sim, Ele está no meio de nós…
Os teólogos gostam de dizer que, em Jesus Cristo, o Deus transcendente (isto é, fora de nosso alcance) se fez imanente (entrou na história e no espaço dos homens). Em outros termos, Deus “baixou”! Era Deus e, descendo, fez-se homem. Desce mais e se faz servo, lavando os pés dos discípulos. Desce mais e aceita ser tratado como escravo ao morrer na cruz (suplício proibido a um cidadão romano, como o apóstolo Paulo, morto pela espada). Jesus continua sua descida, baixando da cruz ao túmulo, como qualquer mortal.
Pois o Senhor não acaba de descer. Após sua morte, desce à mansão dos mortos (cf. 1Pd 3,19; 4,6) para anunciar-lhes a Boa Nova e permitir a sua adesão. Enfim, como se não bastasse todo esse rebaixamento – sua kênosis ou despojamento (cf. Fl 2,6-8) –, Jesus Cristo ainda desce em cada Eucaristia: ali no altar, na forma humilde de massa de pão, faz-se nosso alimento de caminhada.
Depois de tudo isso, é hora de abandonar a visão de um cristianismo em forma de subida ou escalada, galgando heroicamente os cumes da santidade. Não somos super-heróis! Não somos atletas de Cristo! Deus desceu. Está próximo. Identifica-se com todo aquele que sofre em sua humana condição: o faminto e o sedento, o presidiário e o enfermo, o que não tem roupa nem casa.
Esta é de fato uma Boa Nova. Deus se faz próximo. Não se oculta além das galáxias. Basta estender a mão e o encontraremos
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