13 de Fevereiro de 2020
5a Semana Comum Quinta-feira
- por Padre Alexandre Fernandes
QUINTA-FEIRA DA V SEMANA DO TEMPO COMUM
(cor verde – ofício do dia)
Antífona da entrada
– Entrai, inclinai-vos e prostrai-vos: adoremos o Senhor que nos criou, pois ele é o nosso Deus (Sl 94,6).
Oração do dia
– Velai, ó Deus, sobre a vossa família com incansável amor; e, como só confiamos na vossa graça, guardai-nos sob a vossa proteção. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
1ª Leitura: 1Rs 11,4-13
– Leitura do primeiro livro dos Reis: 4Quando Salomão ficou velho, suas mulheres desviaram o seu coração para outros deuses e seu coração já não pertencia inteiramente ao Senhor, seu Deus, como o do seu pai Davi. 5Salomão prestou culto a Astarte, deusa dos sidônios, e a Melcom, ídolo dos amonitas. 6Ele fez o que desagrada ao Senhor e não lhe foi inteiramente fiel, como seu pai Davi. 7Foi então que Salomão construiu um santuário para Camos, ídolo de Moab, no monte que está defronte de Jerusalém, e para Melcom, ídolo dos amonitas. 8Fez o mesmo para todas as suas mulheres estrangeiras, as quais queimavam incenso e ofereciam sacrifícios aos seus deuses. 9Então o Senhor irritou-se contra Salomão, porque o seu coração tinha-se desviado do Senhor, Deus de Israel, que lhe tinha aparecido duas vezes 10e lhe proibira expressamente seguir a outros deuses. Mas ele não obedeceu à ordem do Senhor. 11E o Senhor disse a Salomão: “Já que procedeste assim, e não guardaste a minha aliança, nem as leis que te prescrevi, vou tirar-te o reino e dá-lo a um teu servo. 12Mas, por amor de teu pai Davi, não o farei durante a tua vida; é da mão de teu filho que o arrebatarei. 13Não te tirarei o reino todo, mas deixarei ao teu filho uma tribo, por consideração para com meu servo Davi e para com Jerusalém, que escolhi”.
– Palavra do Senhor.
– Graças a Deus.
Salmo Responsorial: Sl 106,3-4.35-36.37-40 (R: 4)
– Lembrai-vos, ó Senhor, de mim lembrai-vos, segundo o amor que demonstrais ao vosso povo!
R: Lembrai-vos, ó Senhor, de mim lembrai-vos, segundo o amor que demonstrais ao vosso povo!
– Felizes os que guardam seus preceitos e praticam a justiça em todo o tempo! Lembrai-vos, ó Senhor, de mim, lembrai-vos, pelo amor que demonstrais ao vosso povo!
R: Lembrai-vos, ó Senhor, de mim lembrai-vos, segundo o amor que demonstrais ao vosso povo!
– Misturaram-se, então, com os pagãos, e aprenderam seus costumes depravados. Aos ídolos pagãos prestaram culto, que se tomaram armadilha para eles;
R: Lembrai-vos, ó Senhor, de mim lembrai-vos, segundo o amor que demonstrais ao vosso povo!
– Pois imolaram até mesmo os próprios filhos, sacrificaram suas filhas aos demônios. Acendeu-se a ira de Deus contra o seu povo, e o Senhor abominou a sua herança.
R: Lembrai-vos, ó Senhor, de mim lembrai-vos, segundo o amor que demonstrais ao vosso povo!
Aclamação ao santo Evangelho.
Aleluia, aleluia, aleluia.
Aleluia, aleluia, aleluia.
– Acolhei docilmente a palavra semeada em vós, meus irmãos; ela pode salvar vossas vidas! (Tg 1,21)
Aleluia, aleluia, aleluia.
Evangelho de Jesus Cristo, segundo Marcos: Mc 7, 24-30
– O Senhor esteja convosco.
– Ele está no meio de nós.
– Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo † segundo Marcos.
– Glória a vós, Senhor!
– Naquele tempo, 24Jesus saiu e foi para a região de Tiro e Sidônia. Entrou numa casa e não queria que ninguém soubesse onde ele estava. Mas não conseguiu ficar escondido. 25Uma mulher, que tinha uma filha com um espírito impuro, ouviu falar de Jesus. Foi até ele e caiu a seus pés. 26A mulher era pagã, nascida na Fenícia da Síria. Ela suplicou a Jesus que expulsasse de sua filha o demônio. Jesus disse: 27"Deixa primeiro que os filhos fiquem saciados, porque não está certo tirar o pão dos filhos e jogá-lo aos cachorrinhos". 28A mulher respondeu: "É verdade, Senhor; mas também os cachorrinhos, debaixo da mesa, comem as migalhas que as crianças deixam cair". 29Então Jesus disse: "Por causa do que acabas de dizer, podes voltar para casa. O demônio já saiu de tua filha". 30Ela voltou para casa e encontrou sua filha deitada na cama, pois o demônio já havia saído dela.
– Palavra da salvação.
– Glória a vós, Senhor!
São Martiniano
- por Padre Alexandre Fernandes
Nasceu no século IV, em Cesareia, na Palestina. Muito jovem, discerniu sua vocação à vida de eremita; retirou-se a um lugar distante para se entregar à vida de sacrifício e de oração pela salvação das pessoas e também pela própria conversão. Ele vivia um grande combate contra o homem velho, aquele que tem fome de pecado, que é desequilibrado pela consequência do pecado original que atingiu a humanidade que todos nós herdamos. Mas foi pela Misericórdia, pela força do Espírito Santo que ele se tornou santo.
Sua fama foi se espalhando e muitos procuravam Martiniano. Embora jovem, ele era cheio do Espírito Santo para o aconselhamento, a direção espiritual, até apresentando situações de enfermidades, na qual ele clamava ao Senhor Jesus pela cura e muitos milagres aconteciam. Através dele, Jesus curava os enfermos.
Homem humilde, buscava a vontade de Deus dentro deste drama de querer ser santo e ter a carnalidade sempre presente. Aconteceu que Zoé, uma mulher muito rica, mas dada aos prazeres carnais e também às aventuras com um grupo de amigos, fez uma aposta de que levaria o santo para o pecado. Vestiu-se com vestes simples, pobres, pediu para que ele a abrigasse por um dia. Eles dormiram em lugares distantes, mas ela, depois, vestiu-se com uma roupa bem sedutora e foi ser instrumento de sedução para Martiniano. Conta-nos a história que ele caiu na tentação.
Os santos não foram homens e mulheres de aço, pelo contrário, ao tomar consciência daquele pecado, ele se prostrou, arrependeu-se, penitenciou-se, mergulhou o seu coração e a sua natureza na misericórdia de Deus. Claro que o Senhor o perdoou.
Só há um pecado que Deus não perdoa: aquele do qual não somos capazes de nos arrepender.
São Martiniano arrependeu-se e retomou o seu propósito. Ele foi um instrumento de evangelização para aquela mulher que, de tal forma, também acolheu a graça do arrependimento, entrou para a vida religiosa e consagrou-se, fazendo parte do mosteiro das religiosas de Santa Paula e ali se santificou.
O santo, depois, foi para uma ilha; em seguida para Atenas, na Grécia, e, no ano 400, partiu para a glória tendo recebido os sacramentos.
Santo não é aquele que “nunca pecou”. A oração, a vigilância e o mergulho da própria miséria na Misericórdia Divina é o que nos santifica.
São Martiniano, rogai por nós!
Meditação
- por Padre Alexandre Fernandes
40. ORAÇÃO HUMILDE E PERSEVERANTE
– A cura da filha da mulher cananéia. Condições da verdadeira oração.
– Confiança de filhos e perseverança nas nossas petições.
– Na oração, devemos pedir graças sobrenaturais e também bens e ajudas materiais. Pedir para os outros. O Rosário, “arma poderosa”.
I. DIZ-NOS SÃO MARCOS no Evangelho da Missa de hoje que, tendo Jesus chegado com os seus discípulos à região de Tiro e Sídon, aproximou-se deles uma mulher pagã, de origem siro-fenícia, pertencente à primitiva população da Palestina1. Lançou-se aos pés do Senhor e pediu-lhe a cura da sua filha, que estava possuída pelo demônio.
Jesus escutou o pedido mas não disse nada, e os discípulos, cansados da insistência da mulher, pediram-lhe que a despedisse2. O Senhor tratou então de explicar à mulher que o Messias devia dar-se a conhecer em primeiro lugar aos judeus, aos filhos. E, com uma expressão difícil de compreender sem ter presente a sua compostura sempre amável, disse-lhe: Deixa que primeiro se saciem os filhos, porque não é bom tomar o pão dos filhos e atirá-lo aos cachorrinhos.
A mulher não se sentiu ferida nem humilhada, antes insistiu ainda mais, com profunda humildade:Sem dúvida, Senhor, mas também os cachorrinhos comem das migalhas que caem da mesa dos seus donos. Diante de tanta virtude, Jesus, comovido, não adiou mais o milagre que a siro-fenícia lhe pedia e despediu-a com estas palavras:Por isto que disseste, vai-te, o demônio saiu da tua filha. Deus, que resiste aos soberbos, dá a sua graça aos humildes3; aquela mulher alcançou o que queria e conquistou o coração do Mestre.
É o exemplo perfeito que devem ter diante dos olhos todos aqueles que desistem de rezar por julgarem que não são escutados. Nessa atitude relatada pelo Evangelho, acham-se reunidas as condições de toda e qualquer oração de petição: fé, humildade, perseverança e confiança. O intenso amor daquela mulher pela filha possuída pelo demônio deve ter agradado muito a Cristo. E os próprios Apóstolos voltaram certamente a lembrar-se dessa mulher quando ouviram mais tarde a parábola da viúva importuna4, que também conseguiu o que queria pela sua teimosia, pela sua insistência.
A verdadeira oração é infalivelmente eficaz porque – como diz São Tomás – Deus, que nunca se desdiz, decretou que fosse assim5. E para que não deixássemos de pedir, o Senhor incutiu-nos essa certeza com exemplos simples e claros: Se entre vós um filho pede pão ao pai, porventura lhe dará ele uma pedra? Ou, se lhe pede um peixe, dar-lhe-á, em vez do peixe, uma serpente?… Quanto mais vosso Pai que está nos céus…6 “Deus nunca negou nem negará nada aos que pedem as suas graças da forma devida. A oração é o grande recurso que temos para sair do pecado, para perseverar na graça, para tocar o coração de Deus e atrair sobre nós todo o tipo de bênçãos do céu, tanto para a alma como para as nossas necessidades temporais”7.
Sempre que peçamos a Deus algum dom, devemos pensar que somos seus filhos, e que Ele está infinitamente mais atento a nós do que o melhor pai da terra pode estar em relação ao mais necessitado dos seus filhos.
II. TEMOS TANTA NECESSIDADE de pedir para conseguir a ajuda de Deus, para fazer o bem, para perseverar na sua prática, como tem o agricultor de semear para depois colher o trigo8. Sem semeadura, não há espigas; sem petição, não teremos as graças que devemos receber e que Deus previu desde toda a eternidade.
Há ocasiões em que o Senhor nos faz esperar porque quer preparar-nos melhor, porque quer que desejemos essas graças com mais profundidade e fervor; como há ocasiões em que não nos concede o que lhe pedimos porque, talvez sem nos apercebermos disso, estamos pedindo um mal que a nossa vontade revestiu com a aparência de bem. Uma mãe não dá ao seu filho uma faca afiada que brilha e atrai, e que a pequena criança deseja apaixonadamente. Ora nós somos como um filho pequeno diante de Deus. Quando pedimos uma coisa que seria um mal, ainda que tenha a aparência de um bem, Deus faz como as boas mães com os seus filhos pequenos: dá-nos outras graças que serão realmente para o nosso bem, ainda que pela nossa visão curta as desejemos menos. Portanto, a nossa oração deve ser confiante, como quem pede a um pai, e serena, porque Deus conhece as necessidades que temos muito melhor que nós mesmos.
A confiança move-nos a pedir com constância, com perseverança, sem parar, insistindo repetidas vezes, com a certeza de que receberemos muito mais e melhor do que pedimos. Devemos insistir como o amigo importuno que não tinha pão, ou como a viúva indefesa que clamava dia e noite perante o juiz iníquo. Pedi e dar-se-vos-á; buscai e achareis; batei e abrir-se-vos-á. Porque todo aquele que pede recebe, e quem busca acha, e àquele que bate abrir-se-lhe-á9.
A própria perseverança na petição aumenta a confiança e a amizade com Deus. “E esta amizade produzida pela oração de petição abre caminho a uma súplica ainda mais confiante […], como se, tendo sido introduzidos na intimidade divina pela primeira petição, pudéssemos implorar com muito mais confiança na vez seguinte. Por isso a constância, a insistência na oração dirigida a Deus, nunca é importuna. Antes pelo contrário, agrada a Deus”10. A mulher cananéia é um exemplo de constância que devemos imitar, ainda que aparentemente o Senhor não a escute.
Santo Agostinho ensina que às vezes a nossa oração não é escutada porque não somos bons, porque nos falta pureza no coração ou retidão na intenção, ou porque pedimos mal, sem fé, sem perseverança, sem humildade; ou ainda porque pedimos coisas más, isto é, o que não nos convém, o que nos pode fazer mal ou desviar-nos do nosso caminho11. Quer dizer, a oração não é eficaz quando não é verdadeira oração. Mas, quando é autêntica, “em que negócio humano te podem dar mais garantias de êxito?”12 Em verdade vos digo que, se tiverdes fé, tudo quanto pedirdes ao Pai em meu nome, Ele vo-lo concederá13.
III. LIVRAI-NOS DE TODOS OS MALES, ó Pai, e dai-nos hoje a vossa paz. Ajudados pela vossa misericórdia, sejamos sempre livres do pecado e protegidos de todos os perigos…14, reza o sacerdote em voz alta durante a Missa.
Na oração de petição, podemos solicitar coisas para nós mesmos e para os outros; em primeiro lugar, os bens e as graças necessárias à nossa alma. Ainda que sejam muitas e urgentes as limitações e privações materiais, temos sempre mais necessidade dos bens sobrenaturais: da graça para podermos servir a Deus e ser-lhe fiéis, da santidade pessoal, de ajuda para vencermos um defeito, para nos confessarmos bem, para nos prepararmos para a Sagrada Comunhão…
Quanto aos bens temporais, pedimo-los na medida em que são úteis à nossa salvação e se subordinam a esse fim. O primeiro milagre que Jesus fez – o das bodas de Caná, a pedido de sua Mãe – e pelo qual se manifestou aos seus discípulos15, foi de tipo material. E, no entanto, Maria, “manifestando ao Filho com delicada súplica uma necessidade temporal, obteve também um efeito de graça: realizando o primeiro dos seus «sinais», Jesus confirmava os discípulos na fé em Cristo”16. Pela unidade que há entre todos os aspectos da nossa vida, os bens de caráter material redundam de algum modo na glória de Deus. O milagre de Caná anima-nos e move-nos a pedir também graças de cunho temporal, mas sem nos esquecermos da advertência de São Gregório Magno: “Uma pessoa pede a Deus na oração que lhe conceda por esposa uma mulher à medida do que deseja, outro pede uma casa de campo, outro uma roupa, outro alimentos. Devemos realmente pedir essas coisas a Deus Todo-Poderoso quando nos forem necessárias; mas devemos ter sempre presente na nossa memória o preceito do nosso Redentor: Buscai primeiro o reino de Deus e a sua justiça, e o resto vos será dado por acréscimo (Mt 6, 33)”17. Não dediquemos o melhor da nossa oração a pedir só os “acréscimos”.
É também muito grato a Deus que lhe peçamos graças e ajudas para os outros, e que encareçamos a outras pessoas que rezem por nós e pelas nossas iniciativas apostólicas: “«Reze por mim», pedi-lhe como faço sempre. E respondeu-me espantado: «Mas está-lhe acontecendo alguma coisa?»
“Tive de esclarecer-lhe que a todos nos acontece ou ocorre alguma coisa em qualquer instante; e acrescentei-lhe que, quando falta a oração, «passam-se e pesam mais coisas»”18. E a oração consegue evitá-las e aliviá-las.
A nossa oração deve estar repassada de abandono em Deus e de profundo senso sobrenatural, pois – diz João Paulo II – trata-se de cumprir a obra de Deus, não a nossa. Trata-se de cumpri-la segundo a sua inspiração e não segundo os nossos sentimentos19.
A Virgem Nossa Senhora retificará todas as nossas petições que não sejam inteiramente retas, para que obtenhamos sempre o melhor. O Rosário é uma “arma poderosa”20 para alcançarmos de Deus tantas ajudas de que necessitamos diariamente, quer para nós, quer para as pessoas por quem pedimos. Senhor, nosso Deus, concedei-nos sempre a saúde da alma e do corpo, e fazei com que, pela intercessão da Virgem Maria, libertados das tristezas presentes, gozemos das alegrias eternas21.
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