25 de Julho de 2020

16a Semana Comum Sábado

- por Pe. Alexandre

SABADO – SÃO TIAGO MAIOR APÓSTOLO
(vermelho, glória, pref. dos apóstolos – ofício da festa)

 

Antífona da entrada

– Andando ao longo do mar da Galileia, Jesus viu Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão, que consertavam suas redes. E ele os chamou (Mt 4,18.21).

 

Oração do dia

– Deus eterno e todo-poderoso, que, pelo sangue de são Tiago, consagrastes as primícias dos trabalhos dos apóstolos, concedei que a vossa Igreja seja confirmada pelo seu testemunho e sustentada pela sua proteção. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

 

1ª Leitura: 2 Cor 4, 7-15

– Leitura da segunda carta de são Paulo aos Coríntios: Irmãos, 7trazemos esse tesouro em vasos de barro, para que todos reconheçam que este poder extraordinário vem de Deus e não de nós. 8Somos afligidos de todos os lados, mas não vencidos pela angústia; postos entre os maiores apuros, mas sem perder a esperança; 9perseguidos, mas não desamparados; derrubados, mas não aniquilados; 10por toda parte e sempre levamos em nós mesmos os sofrimentos mortais de Jesus, para que também a vida de Jesus seja manifestada em nossos corpos. 11De fato, nós, os vivos, somos continuamente entregues à morte, por causa de Jesus, para que também a vida de Jesus seja manifestada em nossa natureza mortal. 12Assim, a morte age em nós, enquanto a vida age em vós. 13Mas, sustentados pelo mesmo espírito de fé, conforme o que está escrito: “Eu creio e, por isso, falei”, nós também cremos e, por isso, falamos, 14certos de que aquele que ressuscitou o Senhor Jesus nos ressuscitará também com Jesus e nos colocará ao seu lado, juntamente convosco. 15E tudo isso é por causa de vós, para que a abundância da graça em um número maior de pessoas faça crescer a ação de graças para a glória de Deus.

– Palavra do Senhor.

– Graças a Deus.

 

Salmo Responsorial: Sl 126, 1-2ab.2cd-3.4-5.6 (R: 5)

 

– Os que lançam as sementes entre lágrimas, ceifarão com alegria.
R: Os que lançam as sementes entre lágrimas, ceifarão com alegria.

– Quando o Senhor reconduziu nossos cativos, parecíamos sonhar; encheu-se de sorriso nossa boca, nossos lábios de canções.

R: Os que lançam as sementes entre lágrimas, ceifarão com alegria.

– Entre os gentios se dizia: “Maravilhas fez com eles o Senhor!” Sim, maravilhas fez conosco o Senhor, exultemos de alegria!

R: Os que lançam as sementes entre lágrimas, ceifarão com alegria.

– Mudai a nossa sorte, ó Senhor, como torrentes no deserto. Os que lançam as sementes entre lágrimas, ceifarão com alegria.

R: Os que lançam as sementes entre lágrimas, ceifarão com alegria.

– Chorando de tristeza sairão, espalhando suas sementes; cantando de alegria voltarão, carregando os seus feixes!

R: Os que lançam as sementes entre lágrimas, ceifarão com alegria.

Aclamação ao santo Evangelho.

 

Aleluia, aleluia, aleluia.

Aleluia, aleluia, aleluia.

 

– Eu vos designei para que vades e deis frutos, e o vosso fruto permaneça, assim disse o Senhor (Jo 15,16).

 

Aleluia, aleluia, aleluia.

 

Evangelho de Jesus Cristo, segundo Mateus: Mt 20, 20-28

– O Senhor esteja convosco.

– Ele está no meio de nós.

– Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo † segundo Mateus.

– Glória a vós, Senhor!

 

20Naquele tempo, a mãe dos filhos de Zebedeu aproximou-se de Jesus com seus filhos e ajoelhou-se com a intenção de fazer um pedido. 21Jesus perguntou: “O que tu queres?” Ela respondeu: “Manda que estes meus dois filhos se sentem, no teu Reino, um à tua direita e outro à tua esquerda”. 22Jesus, então, respondeu-lhes: “Não sabeis o que estais pedindo. Por acaso podeis beber o cálice que eu vou beber?” Eles responderam: “Podemos”. 23Então Jesus lhes disse: “De fato, vós bebereis do meu cálice, mas não depende de mim conceder o lugar à minha direita ou à minha esquerda. Meu Pai é quem dará esses lugares àqueles para os quais ele os preparou”. 24Quando os outros dez discípulos ouviram isso, ficaram irritados contra os dois irmãos. 25Jesus, porém, chamou-os e disse: “Vós sabeis que os chefes das nações têm poder sobre elas e os grandes as oprimem. 26Entre vós não deverá ser assim. Quem quiser tornar-se grande, torne-se vosso servidor; 27quem quiser ser o primeiro, seja vosso servo. 28Pois, o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida como resgate em favor de muitos”.

– Palavra da salvação.

– Glória a vós, Senhor!

São Tiago Maior

- por Pe. Alexandre

Nascido em Betsaida, este apóstolo do Senhor era filho de Zebedeu e de Salomé e irmão do apóstolo João, o Evangelista.

Pescador juntamente com seu irmão João, foi chamado por Jesus a ser discípulo d’Ele. Aceitou o chamado do Mestre e, deixando tudo, seguiu os passos do Senhor.

Dentre os doze apóstolos, São Tiago foi um grande amigo de Nosso Senhor fazendo parte daquele grupo mais íntimo de Jesus (formado por Pedro, Tiago e João) testemunhando, assim, milagres e acontecimentos como a cura da sogra de Pedro, a Transfiguração de Jesus, entre outros.

Procurou viver com fidelidade o seu discipulado. No entanto, foi somente após a vinda do Espírito Santo em Pentecostes que São Tiago correspondeu concretamente aos desígnios de Deus. No livro dos Atos dos Apóstolos, vemos o belo testemunho de São Tiago, o primeiro dentre os doze apóstolos a derramar o próprio sangue pela causa do Evangelho: “Por aquele tempo, o rei Herodes tomou medidas visando maltratar alguns membros da Igreja. Mandou matar à espada Tiago, irmão de João” (At 12,1-2).

Segundo uma tradição, antes de ser martirizado, São Tiago abraçou um carcereiro desejando-lhe “a Paz de Cristo”. Este gesto converteu o carcereiro que, assumindo a fé em Jesus, foi martirizado juntamente com o apóstolo.

Existe ainda outra tradição sobre os lugares em que São Tiago passou, levando a Boa Nova do Reino. Dentre estes lugares, a Espanha onde, a partir do Século IX, teve início a devoção a São Tiago de Compostela.

São Tiago Maior, rogai por nós!

 

Meditação

- por Pe. Alexandre

5. SÃO TIAGO (MAIOR) APÓSTOLO

Festa

– Beber o cálice do Senhor.

– Não desanimar com as nossas fraquezas. Recorrer ao Senhor.

– Recorrer à Virgem nas dificuldades.

São Tiago era natural de Betsaida, filho de Zebedeu e irmão de São João. Foi um dos três discípulos que estiveram presentes na Transfiguração, na agonia do Getsêmani e em outros acontecimentos importantes da vida pública de Jesus. Foi o primeiro Apóstolo que morreu por pregar a mensagem salvadora de Cristo. A sua energia e firmeza fizeram que o Senhor o chamasse filho do trovão. A sua atividade apostólica desenvolveu-se na Judéia e na Samaria e, segundo uma venerável tradição, levou-o até à Espanha. Retornando à Palestina, sofreu o martírio por volta do ano 44, por ordem de Herodes Agripa. Os seus restos mortais foram trasladados para Santiago de Compostela, centro de peregrinação durante a Idade Média e foco de fé para toda a Europa.

I. CAMINHANDO JESUS ao longo do mar da Galiléia, viu Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão, que consertavam as redes; e chamou-os e deu-lhes o nome de “Boanerges”, que quer dizer “filhos do trovão”1.

“Tudo começou quando alguns pescadores do lago de Tiberíades foram chamados por Jesus de Nazaré. Acolheram a chamada, seguiram-no e viveram com Ele aproximadamente três anos. Participaram da sua vida cotidiana, foram testemunhas da sua pregação, da sua bondade misericordiosa com os pecadores e com os que sofriam, do seu poder. Escutaram atentos a sua palavra, uma palavra jamais ouvida”. Durante esse tempo, os discípulos tiveram conhecimento “de uma realidade que, desde então, os possuiria para sempre: a experiência da vida com Jesus. Foi uma experiência que rompeu a trama da existência anterior; tiveram que deixar tudo: a família, a profissão, os bens. Foi uma experiência que os introduziu numa nova maneira de existir”2.

Um dia, o convidado a seguir Jesus foi Tiago, irmão de João e filho de Salomé, uma das mulheres que serviam o Senhor com os seus bens e que estaria presente no Calvário. O Apóstolo conhecia Jesus antes de Ele o ter chamado definitivamente, e gozou da sua predileção juntamente com Pedro e seu irmão: esteve presente no Tabor3, presenciou o milagre da ressurreição da filha de Jairo e foi um dos três que o Mestre tomou consigo para que o acompanhassem no Horto das Oliveiras4, no começo da Paixão. Pelo seu zelo impetuoso, Tiago e seu irmão receberam do Senhor a alcunha de Boanerges, filhos do trovão.

O Evangelho da Missa narra-nos um acontecimento singular da vida deste Apóstolo. Jesus acabava de anunciar que se aproximava o momento da sua Paixão e Morte em Jerusalém: Eis que subimos a Jerusalém – disse-lhes –, e o Filho do homem será entregue aos príncipes dos sacerdotes e aos escribas, que o condenarão à morte e o entregarão aos gentios para ser escarnecido, açoitado e crucificado; mas ao terceiro dia ressuscitará5. O Mestre sente necessidade de compartilhar com os seus discípulos esses sentimentos que embargam a sua alma. Nessa altura, aproximou-se dele a mãe dos filhos de Zebedeu com os seus filhos, e prostrou-se para pedir-lhe alguma coisa6. Pede-lhe que reserve para os filhos dois lugares de importância no novo reino cuja chegada parecia iminente. Jesus dirige-se aos irmãos e pergunta-lhes se podem partilhar com Ele o seu cálice, o seu mesmo destino. Oferecer a taça própria a outra pessoa era considerado na Antigüidade como uma grande prova de amizade. Eles responderam: Podemos7. “Era a palavra da disponibilidade, da força; uma atitude que é própria não só de pessoas jovens, mas de todos os cristãos, especialmente de todos os que aceitam ser apóstolos do Evangelho”8. Jesus aceita a resposta generosa dos dois discípulos e diz-lhes: Efetivamente, haveis de beber o meu cálice, participareis dos meus sofrimentos, completareis em vós a minha Paixão. Alguns anos mais tarde, por volta do ano 44, Tiago morreria decapitado por ordem de Herodes9, e João seria provado com inúmeros padecimentos e perseguições ao longo da sua vida.

Desde que Cristo nos redimiu na Cruz, todo o sofrimento cristão consistirá em beber o cálice do Senhor, em participar da sua Paixão, Morte e Ressurreição. Por meio das nossas dores, completamos de certo modo a Paixão de Cristo10, que se prolonga no tempo, com os seus frutos salvíficos. A dor humana torna-se redentora, porque se acha associada à que o Senhor padeceu. É o mesmo cálice de que Ele, na sua misericórdia, nos faz participar. Perante as contrariedades, a doença, a dor, Jesus faz-nos a mesma pergunta: Podeis beber o meu cálice? E nós, se estivermos unidos a Ele, saberemos responder-lhe afirmativamente, e acolheremos com paz e alegria aquilo que humanamente não é agradável. Com Cristo, até a dor e o fracasso se convertem em gozo e em paz. “Esta foi a grande revolução cristã: converter a dor em sofrimento fecundo; fazer, de um mal, um bem. Despojamos o diabo dessa arma…; e, com ela, conquistamos a eternidade”11.

II. NO ESPAÇO DE TEMPO que transcorreu entre o momento em que Tiago manifestou as suas ambições – não inteiramente nobres – e o seu martírio, tem lugar um longo processo interior. O próprio zelo do Apóstolo, dirigido contra aqueles samaritanos que não tinham querido receber Jesus por dar a impressão de ir para Jerusalém12, transformar-se-á mais tarde em ânsia de almas. Pouco a pouco, sem perder a sua própria personalidade, Tiago irá aprendendo que o zelo pelas coisas de Deus não pode ser áspero nem violento, e que a única ambição que vale a pena é a glória de Deus. Conta São Clemente de Alexandria que, quando o Apóstolo era levado ao tribunal onde ir ser julgado, foi tal a sua inteireza que o seu acusador se aproximou dele para lhe pedir perdão. São Tiago refletiu… Depois, abraçou-o dizendo: “A paz esteja contigo”; e os dois receberam a palma do martírio13.

Ao meditarmos hoje sobre a vida do Apóstolo, serve-nos de grande ajuda considerarmos os seus defeitos, bem como os dos outros Onze que o Senhor tinha escolhido. Não eram poderosos, nem sábios, nem simples. Vemo-los às vezes ambiciosos, discutidores14, com pouca fé15. Mas, a par dessas deficiências e falhas, tinham uma alma e um coração grandes. São Tiago será o primeiro Apóstolo mártir16. Tanto pôde a graça divina naquele coração generoso, que o levou a enveredar por caminhos bem diversos dos que ele tinha sonhado e pedido.

O Mestre sempre foi paciente com Tiago e com todos, e contou com o tempo para ensiná-los e formá-los com uma sábia pedagogia divina. “Observemos – escreve São João Crisóstomo – como a maneira de o Senhor os interrogar equivale a uma exortação e a um aliciante. Não diz: “Podeis suportar a morte? Sois capazes de derramar o vosso sangue?” As suas palavras são: Podeis beber o cálice? E, para animá-los a dar o passo, acrescenta: …que eu irei beber? Deste modo, a consideração de que se tratava do mesmo cálice que o Senhor iria beber havia de estimulá-los a uma resposta mais generosa. E chama à sua Paixão batismo, mostrando assim que os seus sofrimentos haviam de ser causa de uma grande purificação para o mundo inteiro”17.

O Senhor também nos chamou a cada um de nós. Não nos deixemos invadir pelo desalento se alguma vez as nossas fraquezas e defeitos se tornam patentes. Se recorrermos a Jesus, Ele nos dará ânimos para seguirmos adiante com humildade, mais fielmente. O Senhor tem paciência também conosco, e conta com o tempo.

III. NA SEGUNDA LEITURA da Missa, São Paulo recorda-nos: Trazemos, porém, este tesouro em vasos de barro, para que se veja que a superioridade da virtude é de Deus, e não nossa18. Somos algo quebradiço e pouco resistente, que no entanto pode conter um tesouro de incomparável valor, porque Deus realiza maravilhas nos homens, apesar das suas debilidades. E precisamente para que se veja que é Ele quem atua e dá a eficácia, escolheu as coisas fracas segundo o mundo para confundir as fortes; e as coisas vis e desprezíveis segundo o mundo, e aquelas que não são, para destruir as que são, a fim de que nenhum homem se vanglorie na sua presença19. Isto escreve aquele que outrora perseguira a Igreja. Ao trazermos Deus nas nossas almas, podemos viver ao mesmo tempo “no Céu e na terra, endeusados; mas sabendo que somos do mundo e que somos terra, com a fragilidade própria do que é terra: um pote de barro que o Senhor se dignou aproveitar para o seu serviço. E quando se quebrou, recorremos aos grampos, como o filho pródigo: Pequei contra o Céu e contra Ti…”20, a esses grampos que se punham antigamente nos vasos que se quebravam, para que continuassem a ser úteis.

Deus torna eficazes os que têm a humildade de sentir-se como um vaso de argila, os que trazem no seu corpo a mortificação de Jesus21, os que bebem o cálice da Paixão, que o Senhor bebeu e convidou São Tiago a beber.

Diz-nos a tradição que este Apóstolo pregou o Evangelho na Espanha. A sua ânsia de almas levou-o ao extremo do mundo então conhecido. A mesma tradição fala-nos das dificuldades que encontrou nessas terras nos começos da sua evangelização, e como Nossa Senhora lhe apareceu em carne mortal para animá-lo. É possível que também nós sejamos assaltados pelo desalento numa ou noutra ocasião, e que nos sintamos um pouco abatidos diante dos obstáculos que dificultam os nossos desejos de levar outras almas a Cristo. Podemos até encontrar incompreensões, zombarias, oposições. Mas Jesus não nos abandona. Recorreremos a Ele, e poderemos dizer com São Paulo: Estamos cercados de dificuldades, mas não desesperamos; somos afligidos, mas não nos sentimos desamparados; somos acossados, mas não perecemos…22 E recorreremos a Santa Maria, e nEla, como o Apóstolo São Tiago, encontraremos sempre alento e alegria para prosseguirmos o nosso caminho.

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