02 de Março de 2021

2a semana da Quaresma Terça-feira

- por Pe. Alexandre

TERÇA-FEIRA DA II SEMANA DA QUARESMA
 (roxo – ofício do dia)

 

Antífona da entrada

– Iluminai meus olhos, Senhor, guardai-me do sono da morte. Que meu inimigo não possa dizer: triunfei sobre ele (Sl 12,4).

 

Oração do dia

– Guardai, Senhor Deus, a vossa Igreja com a vossa constante proteção e, como a fraqueza humana desfalece sem vosso auxilio, livrai-nos constantemente do mal e conduzi-nos pelos caminhos da salvação. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

 

1ª Leitura: Is 1,10.16-20

– Leitura do livro do profeta Isaías- 10Ouvi a palavra do Senhor, magistrados de Sodoma, prestai ouvidos ao ensinamento do nosso Deus, povo de Gomorra. 16Lavai-vos, purificai-vos. Tirai a maldade de vossas ações de minha frente. Deixai de fazer o mal!17Aprendei a fazer o bem! Procurai o direito, corrigi o opressor. Julgai a causa do órfão, defendei a viúva. 18Vinde, debatamos — diz o Senhor. Ainda que vossos pecados sejam como púrpura, tornar-se-ão brancos como a neve. Se forem vermelhos como o carmesim, tornar-se-ão como lã. 19Se consentirdes em obedecer, comereis as coisas boas da terra. 20Mas se recusardes e vos rebelardes, pela espada sereis devorados, porque a boca do Senhor falou!

– Palavra do Senhor.

– Graças a Deus.

 

Salmo Responsorial: Sl 50, 8-9.16bc-17.21.23 (R: 23b)

 

– A todos que procedem retamente, eu mostrarei a salvação que vem de Deus.

R: A todos que procedem retamente, eu mostrarei a salvação que vem de Deus.

 

– Eu não venho censurar teus sacrifícios, pois sempre estão perante mim teus holocaustos; não preciso dos novilhos de tua casa nem dos carneiros que estão nos teus rebanhos.

R: A todos que procedem retamente, eu mostrarei a salvação que vem de Deus.

 

– “Como ousas repetir os meus preceitos e trazer minha Aliança em tua boca”? Tu que odiaste minhas leis e meus conselhos e deste as costas às palavras dos meus lábios!

R: A todos que procedem retamente, eu mostrarei a salvação que vem de Deus.

 

– Diante disso que fizeste, eu calarei? Acaso pensas que eu sou igual a ti? É disso que te acuso e repreendo e manifesto essas coisas aos teus olhos.

R: A todos que procedem retamente, eu mostrarei a salvação que vem de Deus.

 

– Quem me oferece um sacrifício de louvor, este sim é que me honra de verdade. “A todo homem que procede retamente, eu mostrarei a salvação que vem de Deus”.

R: A todos que procedem retamente, eu mostrarei a salvação que vem de Deus.

 

Evangelho de Jesus Cristo, segundo Mateus: Mt 23, 1-12

 

Salve, ó Cristo, imagem do Pai, a plena verdade nos comunicai!

Salve, ó Cristo, imagem do Pai, a plena verdade nos comunicai!

 

– Lançai para bem longe toda a vossa iniqüidade! Criai em vós um novo espírito e um novo coração! (Ez 18,31)

 

Salve, ó Cristo, imagem do Pai, a plena verdade nos comunicai!

 

– O Senhor esteja convosco.

– Ele está no meio de nós.

– Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo † segundo Mateus.

– Glória a vós, Senhor!

 

– Naquele tempo, 1Jesus falou às multidões e aos seus discípulos e lhes disse: 2“Os mestres da Lei e os fariseus têm autoridade para interpretar a Lei de Moisés. 3Por isso, deveis fazer e observar tudo o que eles dizem. Mas não imiteis suas ações! Pois eles falam e não praticam. 4Amarram pesados fardos e os colocam nos ombros dos outros, mas eles mesmos não estão dispostos a movê-los, nem sequer com um dedo. 5Fazem todas as suas ações só para serem vistos pelos outros. Eles usam faixas largas, com trechos da Escritura, na testa e nos braços, e põem na roupa longas franjas. 6Gostam de lugar de honra nos banquetes e dos primeiros lugares nas sinagogas. 7Gostam de ser cumprimentados nas praças públicas e de serem chamados de Mestre.

8Quanto a vós, nunca vos deixeis chamar de Mestre, pois um só é vosso Mestre e todos vós sois irmãos. 9Na terra, não chameis a ninguém de pai, pois um só é vosso Pai, aquele que está nos céus. 10Não deixeis que vos chamem de guias, pois um só é vosso Guia, Cristo. 11Pelo contrário, o maior dentre vós deve ser aquele que vos serve. 12Quem se exaltar será humilhado, e quem se humilhar será exaltado”.

– Palavra da salvação.

– Glória a vós, Senhor!

 

São Simplício

- por Pe. Alexandre

Papa da Igreja, pertencente ao Clero de Roma, o santo viveu mergulhado num contexto de grande instabilidade, seja por parte das heresias que rondavam a Igreja, como também por parte externa, da sociedade e do Império que estava para ruir.

Foi escolhido para sucessor de São Pedro no ano de 468. Um homem de testemunho e oração, sensível aos ataques internos que a Igreja sofria por parte do Nestorianismo – que buscava espalhar a mensagem entre os cristãos de que Cristo não teria nenhuma ligação com Deus, negando o mistério da Encarnação – e também o Monofisismo, onde pregavam como verdade que a natureza divina suprimiu a natureza humana de Cristo.

Simplício se deparava com essa realidade, mas com autoridade, cheio do Espírito Santo e em comunhão com o Clero, se tornou cada vez mais canal da luz, que é Cristo, para essas situações.

São Simplício demonstrou com a vida que vale a pena caminharmos com o coração fixo na recompensa que o Senhor quer nos dar na Glória.

Faleceu em 483, e hoje intercede por nós.

São Simplício, rogai por nós!

Meditação

- por Pe. Alexandre

14. HUMILDADE E ESPÍRITO DE SERVIÇO

– Sem humildade, é impossível servir os outros, e podemos tornar infelizes os que nos rodeiam.

– Imitar o serviço de Jesus, exemplo supremo de humildade e de entrega aos outros.

– De modo particular, devemos servir àqueles que o Senhor colocou ao nosso lado. Aprender da Virgem Maria.

I. NO EVANGELHO DA MISSA de hoje, o Senhor descreve na sua crua realidade como os escribas e fariseus se sentaram na cátedra de Moisés e, preocupados somente consigo próprios, abandonaram os que lhes haviam sido confiados, as pessoas simples que andavam maltratadas e abatidas como ovelhas sem pastor1. Só lhes interessavam os primeiros lugares nos banquetes, os seus filactérios e as suas franjas, os cumprimentos nas praças e que os chamassem mestres2. Haviam sido constituídos como sal e luz do povo de Israel, e tinham deixado o povo sem sal e sem luz. Eles próprios estavam às escuras. Tinham trocado a glória de Deus pela sua própria glória: Fazem todas as suas obras para serem vistos pelos homens. A soberba pessoal e a busca da vanglória tinham feito com que perdessem a humildade e o espírito de serviço que caracteriza os que desejam seguir o Senhor.

Cristo previne os seus discípulos: Vós, porém, não vos façais chamar mestres… O maior dentre vós seja o vosso servo3. E Ele mesmo mostrou constantemente o caminho: Pois quem é o maior: aquele que está sentado à mesa ou aquele que serve? Não é aquele que está sentado à mesa? No entanto, eu estou no meio de vós como quem serve4.

Sem humildade e espírito de serviço, não é possível viver a caridade. Sem humildade, não há santidade, pois Jesus não quer ao seu serviço amigos de peito inchado: “Os instrumentos de Deus são sempre humildes”5.

Na ação apostólica e nos pequenos serviços que prestamos aos outros, não há lugar nem motivo algum para a autocomplacência ou para a altanaria, pois quem verdadeiramente faz as coisas é o Senhor. Sem a graça, de nada serviriam os maiores esforços: Ninguém pode dizer “Jesus é o Senhor” senão sob a ação do Espírito Santo6. Somente a graça pode potenciar os nossos talentos humanos e levar-nos a realizar obras que estão claramente acima das nossas possibilidades. E Deus resiste aos soberbos e dá a sua graça aos humildes7.

Devemos estar vigilantes, porque a pior ambição é a de procurarmos a nossa própria excelência, como fizeram os escribas e os fariseus; a de nos procurarmos a nós mesmos nas coisas que fazemos ou projetamos.”Arremete (a soberba) por todos os flancos, e o seu vencedor encontra-a em tudo o que o circunda”8.

Se não formos humildes, podemos desgraçar a vida dos que nos rodeiam, porque a soberba infecciona tudo. Onde há um soberbo, tudo acaba por ser vítima da sua auto-suficiência: a família, os amigos, o lugar de trabalho… O soberbo exigirá que o tratem com atenções especiais, porque se julga diferente, e será necessário tomar muito cuidado para evitar ferir a sua suscetibilidade… A sua atitude dogmática nas conversas, as suas intervenções irônicas – não interessa que os outros fiquem mal, desde que ele fique bem –, a sua tendência para cortar conversas que surgiram naturalmente, etc, são manifestações de algo mais profundo: um grande egoísmo que se apodera das pessoas quando situam o horizonte da vida em si mesmas.

Estes momentos de oração podem servir-nos para examinar na presença do Senhor como é o nosso relacionamento com os outros e se está repleto de um humilde espírito de serviço.

II. JESUS É O EXEMPLO supremo de humildade e de dedicação aos outros. Ninguém teve jamais dignidade comparável à sua, ninguém serviu os homens com tanta solicitude: Eu estou no meio de vós como quem serve. E essa continua a ser a sua atitude para com cada um de nós: Ele está sempre disposto a servir-nos, a ajudar-nos, a levantar-nos das nossas quedas. Como é que nós servimos os outros, na família, no trabalho, nesses favores anônimos que talvez nunca despertem o menor agradecimento? O Senhor nos diz hoje na primeira leitura da Missa9, por meio do profeta Isaías:

Discite benefacere: Aprendei a fazer o bem… E só o aprenderemos se pusermos os olhos em Cristo, nosso Modelo, se meditarmos freqüentemente o seu exemplo constante e os seus ensinamentos.

Dei-vos o exemplo – diz o Senhor depois de lavar os pés aos discípulos – para que, como eu vos fiz, assim façais vós também10. Deixa-nos uma lição suprema para que entendamos que, se não formos humildes, se não estivermos dispostos a servir, não poderemos segui-lo. E deixa-nos também uma regra simples, mas exata, para vivermos a caridade com humildade e espírito de serviço: Tudo o que quiserdes que os homens vos façam, fazei-o vós a eles11.

A experiência das coisas que nos agradam ou nos aborrecem, que nos ajudam ou prejudicam, é uma boa norma para avaliarmos o que devemos fazer ou evitar no trato com os outros. Todos desejamos ouvir uma palavra de ânimo quando as coisas não nos correm bem, uma palavra compreensiva quando, apesar da nossa boa vontade, tornamos a errar; que tenham em conta as coisas positivas que fazemos, mais do que as negativas; que exista um ambiente de cordialidade no lugar onde trabalhamos ou ao chegarmos a casa; que nos exijam no trabalho, sem dúvida, mas com bons modos; que ninguém fale mal de nós pelas costas; que haja alguém que nos defenda quando nos criticam e não estamos presentes; que se preocupem verdadeiramente de nós quando estamos doentes; que nos advirtam quando fazemos mal alguma coisa, ao invés de a comentarem com outros; e que rezem por nós e… Estas são as coisas que, com humildade e espírito de serviço, devemos fazer pelos outros. Aprendei a fazer o bem.

Se nos comportarmos assim, continua a dizer o profeta Isaías, então: Ainda que os vossos pecados sejam escarlates, tornar-se-ão brancos como a neve; ainda que sejam vermelhos como a púrpura, ficarão brancos como a lã12.

III. O MAIOR ENTRE VÓS seja o vosso servo, diz-nos o Senhor13. Para isso, devemos deixar de lado o nosso egoísmo e descobrir essas manifestações da caridade que tornam felizes os outros. Se não lutarmos por esquecer-nos de nós mesmos, estaremos dia e noite ao lado dos que nos rodeiam e não perceberemos que precisam que lhes digamos umas palavras de alento, que apreciemos o que fazem, que os animemos a ser melhores e que os sirvamos.

O egoísmo cega e não permite que vejamos os outros; a humildade abre caminho à caridade em detalhes práticos e concretos de serviço. Este espírito alegre, de abertura aos outros e de disponibilidade, é capaz de transformar qualquer ambiente. A caridade penetra como a água pelas fendas das pedras e acaba por quebrar as resistências mais duras: “Amor traz amor”, dizia Santa Teresa14, e São João da Cruz aconselhava: “Onde não há amor, põe amor e tirarás amor”15.

Como a mãe que acaricia os seus filhinhos, assim, levados pela nossa ternura para convosco, desejávamos não só comunicar-vos o Evangelho de Deus, mas ainda a nossa própria vida16, manifestava São Paulo aos cristãos de Tessalônica. Se o imitarmos, teremos frutos parecidos aos seus.

De modo especial, devemos viver este espírito do Senhor com os que estão mais perto de nós, no seio da própria família: “O marido não procure unicamente os seus interesses, mas também os da esposa, e esta os do marido; os pais procurem os interesses dos filhos, e estes por sua vez procurem os interesses dos seus pais. A família é a única comunidade em que todo o homem «é amado por si mesmo», pelo que é e não pelo que possui […]. Como ensina o Apóstolo, a observância desta norma fundamental explica que não se faça nada por espírito de rivalidade ou por vanglória, mas com humildade, por amor. E este amor, que se abre aos outros, possibilita que os membros da família sejam autênticos servidores da “igreja doméstica”, onde todos desejam o bem e a felicidade de cada um; onde todos e cada um dão vida a esse amor com a urgente busca de tal bem e tal felicidade”17.

Se atuarmos assim, não veremos, como sucede em tantas ocasiões, a palha no olho alheio sem ver a viga no próprio18. As menores faltas dos outros deixarão de ser observadas com uma lente de aumento, e as nossas maiores faltas deixarão de tender a reduzir-se e a justificar-se. A humildade far-nos-á reconhecer em primeiro lugar os nossos próprios erros e as nossas misérias. Estaremos então em condições de ver com compreensão os defeitos dos outros e de lhes prestar ajuda. E estaremos também em condições de estimá-los e aceitá-los com essas deficiências.

A Virgem, Nossa Senhora, Escrava do Senhor, ensinar-nos-á a entender que servir os outros é uma das formas de encontrarmos a alegria nesta vida e um dos caminhos mais curtos para encontrarmos Jesus. Para isso vamos pedir-lhe que nos faça verdadeiramente humildes.

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