03 de Maio de 2020

9a Semana comum Quarta-feira

- por Pe. Alexandre

QUARTA FEIRA – SÃO CARLOS LWANGA E COMPANHEIROS – MÁRTIR DA ÁFRICA
(vermelho, pref. dos mártires – ofício da memória)

 

Antífona da entrada

– Eis os santos que venceram graças ao sangue do cordeiro. Preferiram morrer a renegar o Cristo; por isso reinam com Ele para sempre, aleluia! (Ap 12,11).

 

Oração do dia

– Ó Deus, que fizestes do sangue dos mártires semente de novos cristãos, concedei que o campo da vossa Igreja, regado pelo sangue de são Carlos e seus companheiros, produza sempre abundante colheita. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

 

1ª Leitura: 2Tm 1,1-3.6-12

– Início da segunda carta de são Paulo a Timóteo: 1Paulo, Apóstolo de Jesus Cristo pelo desígnio de Deus referente à promessa de vida que temos em Cristo Jesus, 2a Timóteo, meu querido filho: Graça, misericórdia e paz da parte de Deus Pai e de Cristo Jesus, nosso Senhor! 3Dou graças a Deus – a quem sirvo com a consciência pura, como aprendi dos meus antepassados –, quando me lembro de ti, dia e noite, nas minhas orações. 6Por este motivo, exorto-te a reavivar a chama do dom de Deus que recebeste pela imposição das minhas mãos. 7Pois Deus não nos deu um espírito de timidez, mas de fortaleza, de amor e sobriedade. 8Não te envergonhes do testemunho de Nosso Senhor nem de mim, seu prisioneiro, mas sofre comigo pelo Evangelho, fortificado pelo poder de Deus. 9Deus nos salvou e nos chamou com uma vocação santa, não devido às nossas obras, mas em virtude do seu desígnio e da sua graça, que nos foi dada em Cristo Jesus desde toda a eternidade. 10Esta graça foi revelada agora, pela manifestação de nosso Salvador, Jesus Cristo. Ele não só destruiu a morte, como também fez brilhar a vida e a imortalidade por meio do Evangelho, 11do qual fui constituído anunciador, apóstolo e mestre. 12Esta é a causa pela qual estou sofrendo, mas não me envergonho, porque sei em quem pus a minha fé. E tenho a certeza de que ele é capaz de guardar aquilo que me foi confiado até o grande dia.

– Palavra do Senhor.

– Graças a Deus.

 

Salmo Responsorial: Sl 123,1-2a.2bcd (R: 1a)

 

– Ó Senhor, para vós eu levanto meus olhos.
R: Ó Senhor, para vós eu levanto meus olhos.

– Eu levanto meus olhos para vós, que habitais nos altos céus. Como os olhos dos escravos estão fitos nas mãos do seu Senhor.

R: Ó Senhor, para vós eu levanto meus olhos.

– Como os olhos das escravas estão fitos nas mãos de sua senhora, assim os nossos olhos, no Senhor, até de nós ter piedade.

R: Ó Senhor, para vós eu levanto meus olhos.

 

Aclamação ao santo Evangelho.

 

Aleluia, aleluia, aleluia.

Aleluia, aleluia, aleluia.

– Eu sou a ressurreição, eu sou a vida; quem crê em mim, ainda que morra, viverá (Jo 11,25).

Aleluia, aleluia, aleluia.

 

Evangelho de Jesus Cristo, segundo Marcos: Mc 12, 18-27

– O Senhor esteja convosco.

– Ele está no meio de nós.

– Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo † segundo Marcos.

– Glória a vós, Senhor!

 

– Naquele tempo, 18vieram ter com Jesus alguns saduceus, os quais afirmam que não existe ressurreição e lhe propuseram este caso: 19“Mestre, Moisés deu-nos esta prescrição: Se morrer o irmão de alguém, e deixar a esposa sem filhos, o irmão desse homem deve casar-se com a viúva, a fim de garantir a descendência de seu irmão”. 20Ora, havia sete irmãos: o mais velho casou-se, e morreu sem deixar descendência. 21O segundo casou-se com a viúva, e morreu sem deixar descendência. E a mesma coisa aconteceu com o terceiro. 22E nenhum dos sete deixou descendência. Por último, morreu também a mulher. 23Na ressurreição, quando eles ressuscitarem, de quem será ela mulher? Porque os sete se casaram com ela!” 24Jesus respondeu: “Acaso, vós não estais enganados, por não conhecerdes as Escrituras, nem o poder de Deus? 25Com efeito, quando os mortos ressuscitarem, os homens e as mulheres não se casarão, pois serão como os anjos do céu. 26Quanto ao fato da ressurreição dos mortos, não lestes, no livro de Moisés, na passagem da sarça ardente, como Deus lhe falou: ‘Eu sou o Deus de Abraão, o Deus de Isaac e o Deus de Jacó’? 27Ora, ele não é Deus de mortos, mas de vivos! Vós estais muito enganados”.

– Palavra da salvação.

– Glória a vós, Senhor!

São Carlos Lwanga e companheiros

- por Pe. Alexandre

Neste dia, celebramos a memória destes grandes mártires que na África testemunharam o nome de Jesus. Carlos Lwanga era chefe dos pajens, que serviam na corte do rei Muanga da Uganda.

Acontece que a entrada da evangelização na África, sofreu muito pelas invasões dos homens brancos, por isso os missionários tinham que ser homens verdadeiramente de Deus, ou seja, de caridade, pois facilmente eram confundidos como colonizadores. Depois da entrada dos padres que fizeram um lindo trabalho de evangelização que atingiu Carlos Lwanga e outros, o rei se revoltou e decretou pena de morte para os que rezassem.

São Carlos, depois de muito se preparar junto com seus companheiros, apresentou-se diante do rei com o firme propósito de não negar a fé, por isso foi queimado vivo diante de todos. Seguindo o irmão na fé, nenhum deles renegou, até que em 1887 o último deles morreu afogado, como parte dos corajosos mártires de Uganda, na África.

São Carlos Lwanga e companheiros, rogai por nós!

Meditação

- por Pe. Alexandre

75. RESSUSCITAREMOS COM OS NOSSOS PRÓPRIOS CORPOS

– Uma verdade de fé ensinada expressamente por Jesus.

– Qualidades e dotes dos corpos gloriosos.

– Unidade entre o corpo e a alma.

I. OS SADUCEUS, que não criam na ressurreição, aproximaram-se de Jesus para tentar fazê-lo cair numa cilada. Segundo a antiga lei de Moisés1, se um homem morria sem deixar filhos, o irmão devia casar-se com a viúva para dar descendência ao falecido, e devia pôr o nome deste ao primeiro dos filhos. Os saduceus pretendem pôr em ridículo diante de Jesus a fé na ressurreição dos mortos e inventam um problema pitoresco2: se uma mulher se casa sete vezes ao enviuvar de sucessivos irmãos, de qual deles será ela esposa no céu? Jesus responde-lhes ressaltando a frivolidade da objeção. Citando diversas passagens do Antigo Testamento, reafirma-lhes a existência da ressurreição e desfaz-lhes o argumento comentando-lhes as propriedades dos corpos ressuscitados3.

Censura-os por não conhecerem as Escrituras nem o poder de Deus, pois a verdade da ressurreição já estava firmemente estabelecida na Revelação. Isaías havia profetizado: A multidão dos que dormem no pó da terra despertará, uns para eterna vida, outros para vergonha e confusão4. A mãe dos Macabeus confortava os seus filhos no momento do martírio recordando-lhes que o Criador do mundo […] vos restituirá, na sua misericórdia, tanto o espírito como a vida, se agora fizerdes pouco caso de vós mesmos por amor às suas leis5. E para Jó, esta mesma verdade será o consolo dos seus dias maus: Sei que o meu Redentor vive e que no último dia ressuscitarei do pó […]; na minha própria carne contemplarei a Deus6.

Devemos fomentar nas nossas almas a virtude da esperança, e concretamente o desejo de ver a Deus. “Os que amam procuram ver-se. Os enamorados só têm olhos para o seu amor. Não é lógico que seja assim? O coração humano sente esses imperativos. Mentiria se negasse que me arrasta tanto a ânsia de contemplar a face de Jesus Cristo. Vultum tuum, Domine, requiram, procurarei, Senhor, o teu rosto”7.

Este desejo será saciado se permanecermos fiéis à nossa vocação de cristãos, porque a solicitude de Deus pelas suas criaturas levou-o a estabelecer a ressurreição da carne, verdade que constitui um dos artigos fundamentais do Credo8, pois se não há ressurreição dos mortos, nem Cristo ressuscitou, e se Cristo não ressuscitou, é vã a nossa pregação e também é vã a vossa fé9. “A Igreja crê na ressurreição dos mortos […] e entende que a ressurreição se refere ao homem inteiro”10, incluído o seu corpo, o mesmo que tiver tido durante a sua passagem pela terra11.

A liturgia transmite esta verdade consoladora em inúmeras ocasiões: nEle (em Cristo) brilhou para nós a esperança da feliz ressurreição. E àqueles a quem a certeza da morte entristece, a promessa da imortalidade consola. Ó Pai, para os que crêem em Vós, a vida não é tirada, mas transformada; e, desfeito o nosso corpo mortal, é-nos dado nos céus um corpo imperecível12.

Deus espera-nos para sempre na sua glória. Que tristeza tão grande para aqueles que puseram toda a sua confiança neste mundo! E que alegria para os que sabemos que seremos nós mesmos, alma e corpo, que, com a ajuda da graça, viveremos eternamente com Jesus Cristo, com os anjos e os santos, louvando a Santíssima Trindade!

II. O NOSSO CORPO NO CÉU terá características diferentes, mas continuará a ser corpo e ocupará um lugar, como acontece agora com o Corpo glorioso de Cristo e o da Virgem Maria. Não sabemos onde está esse lugar nem como se forma: a terra ter-se-á transfigurado13.

A recompensa de Deus estender-se-á ao corpo e o tornará imortal, pois a caducidade é conseqüência e sinal do pecado e a criação passou a estar submetida a ela por causa do pecado14. Tudo o que ameaça e impede a vida desaparecerá15. Os ressuscitados para a glória – como afirma São João no Apocalipse – não terão fome nem sede, nem o sol ou calor algum os abrasará16.

A fé e a esperança na glorificação do nosso corpo levar-nos-ão a apreciá-lo no seu justo valor. O homem “não deve desprezar a vida corporal, antes pelo contrário, deve ter como algo bom e honrar o seu próprio corpo, como criatura de Deus que ressuscitará no último dia”17. No entanto, como está tão longe desta justa avaliação o culto que vemos prestar ao corpo nos nossos dias!

Temos certamente o dever de cuidar dele, de empregar os meios oportunos para evitar as doenças, o sofrimento, a fome…, mas sem esquecer que esse corpo ressuscitará no último dia, e que o importante é que ressuscite para ir para o Céu, não para o inferno. Para além da saúde, devemos propor-nos aceitar amorosamente a vontade de Deus sobre a nossa vida.

Não tenhamos uma preocupação desmedida pelo bem-estar físico. Lembremo-nos sempre de que “ao corpo, é preciso dar-lhe um pouco menos que o devido. Senão, atraiçoa”18. Saibamos também aproveitar sobrenaturalmente as incomodidades ou os achaques que nos possam atingir – sem deixar de fazer serenamente o possível por evitá-los –, e não perderemos a alegria e a paz por termos posto o coração num bem relativo e transitório que só será definitivo e pleno na glória. “Tinha razão quem disse que a alma e o corpo são dois inimigos que não se podem separar, e dois amigos que não se podem ver”19.

Não devemos esquecer em momento nenhum para onde nos encaminhamos e o verdadeiro valor das coisas que tanto nos preocupam. Deus criou-nos para estarmos para sempre com Cristo, em alma e corpo. Por isso, aqui na terra, “a última palavra só poderá ser um sorriso…, um cântico jovial”20, porque, no além, o Senhor espera-nos de braços abertos e com gesto acolhedor.

III. BASEANDO-SE NA NATUREZA da alma e em diversas passagens da Sagrada Escritura, a doutrina cristã mostra a conveniência de que os corpos ressuscitem e tornem a juntar-se à alma. Em primeiro lugar, porque a alma é apenas uma parte do homem e, enquanto estiver separada do corpo, não poderá gozar de uma felicidade tão completa e acabada como a que possui a pessoa inteira. Por outro lado, como a alma foi criada para unir-se a um corpo, sofreria uma violência sobre o seu modo próprio de ser se viesse a separar-se dele definitivamente. Por último, e principalmente, é mais conforme com a sabedoria, a justiça e a misericórdia divinas que a alma volte a unir-se ao corpo a fim de que ambos – o homem completo, que não é só alma nem só corpo – participem do prêmio ou do castigo merecido na sua passagem pela vida na terra, se bem que seja uma verdade de fé que a alma imediatamente depois da morte recebe o prêmio ou o castigo, sem esperar pelo momento da ressurreição do corpo.

À luz do ensinamento da Igreja, vemos pois com outra profundidade que o corpo não é um mero instrumento da alma, ainda que receba dela a capacidade de agir e contribua com ela para a existência e o desenvolvimento da pessoa. Pelo corpo, o homem está em contacto com a realidade terrena que deve dominar, trabalhar e santificar porque Deus assim o quis21. Pelo corpo, o homem pode entrar em comunicação com os seus semelhantes e colaborar na edificação e desenvolvimento da comunidade social. Não podemos esquecer também que o homem recebe através do corpo a graça dos sacramentos: Não sabeis que os vossos corpos são membros de Cristo?22

Somos homens e mulheres de carne e osso, mas a graça estende a sua influência ao corpo, diviniza-o de certo modo, proporcionando-lhe uma espécie de antecipação da ressurreição gloriosa. A consideração freqüente de que este nosso corpo, templo da Santíssima Trindade quando vivemos em graça, está destinado por Deus a ser glorificado, pode ajudar-nos muito a viver com a dignidade e a compostura de um discípulo de Cristo.

Peçamos a São José que nos ensine a viver um respeito delicado pelos outros e por nós mesmos. O corpo que temos na vida terrena também está destinado a participar para sempre da glória inefável de Deus.

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