03 de Novembro de 2020
31a semana do tempo comum Terça-feira
- por Pe. Alexandre
TERÇA FEIRA – SÃO MARTINHO DE LIMA
(branco, pref. comum ou dos pastores – ofício da memória)
Antífona da entrada
– O Senhor firmou com ele uma aliança de paz, fazendo-o chefe do seu povo e sacerdote para sempre (Eclo 45,30).
Oração do dia
– Ó Deus, conservai no vosso povo o espírito que animava São Carlos Borromeu, para que a vossa Igreja, continuamente renovada e sempre fiel ao Evangelho, possa mostrar ao mundo a verdadeira face do Cristo. Por nosso senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
1ª Leitura: Fl 2,5-11
– Leitura da carta de são Paulo aos Filipenses: Irmãos, 5tende entre vós o mesmo sentimento que existe em Cristo Jesus. 6Jesus Cristo, existindo em condição divina, não fez do ser igual a Deus uma usurpação, 7mas ele esvaziou-se a si mesmo assumindo a condição de escravo e tornando-se igual aos homens. Encontrado com aspecto humano, 8humilhou-se a si mesmo, fazendo-se obediente até a morte, e morte de cruz. 9Por isso, Deus o exaltou acima de tudo e lhe deu o Nome que está acima de todo nome. 10Assim, ao nome de Jesus, todo joelho se dobre no céu, na terra e abaixo da terra, 11e toda língua proclame: “Jesus Cristo é o Senhor” para a glória de Deus Pai.
– Palavra do Senhor.
– Graças a Deus.
Salmo Responsorial: Sl 22,26b-27.28-30a.31-32 (R: 26a)
– Ó Senhor, sois meu louvor em meio à grande assembleia!
R: Ó Senhor, sois meu louvor em meio à grande assembleia!
– Cumpro meus votos ante aqueles que vos temem! Vossos pobres vão comer e saciar-se, e os que procuram o Senhor o louvarão; seus corações tenham a vida para sempre!”
R: Ó Senhor, sois meu louvor em meio à grande assembleia!
– Lembrem-se disso os confins de toda a terra, para que voltem ao Senhor e se convertam, e se prostrem, adorando, diante dele todos os povos e as famílias das nações. Pois ao Senhor é que pertence a realeza; ele domina sobre todas as nações. Somente a ele adorarão os poderosos.
R: Ó Senhor, sois meu louvor em meio à grande assembleia!
– Toda a minha descendência há de servi-lo; às futuras gerações anunciará, o poder e a justiça do Senhor; ao povo novo que há de vir, ela dirá: “Eis a obra que o Senhor realizou!”
R: Ó Senhor, sois meu louvor em meio à grande assembleia!
Aclamação ao santo Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Aleluia, aleluia, aleluia.
– Vinde a mim, todos vós que estais cansados, e descanso eu vos darei, diz o Senhor (Mt 11,28).
Aleluia, aleluia, aleluia.
Evangelho de Jesus Cristo, segundo Lucas: Lc 14,15-24
– O Senhor esteja convosco.
– Ele está no meio de nós.
– Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo † segundo Lucas
– Glória a vós, Senhor!
– Naquele tempo, 15um homem que estava à mesa disse a Jesus: “Feliz aquele que come o pão no Reino de Deus!” 16Jesus respondeu: “Um homem deu um grande banquete e convidou muitas pessoas. 17Na hora do banquete, mandou seu empregado dizer aos convidados: ‘Vinde, pois tudo está pronto’. 18Mas todos, um a um, começaram a dar desculpas. O primeiro disse: ‘Comprei um campo, e preciso ir vê-lo. Peço-te que aceites minhas desculpas’. 19Um outro disse: ‘Comprei cinco juntas de bois, e vou experimentá-las. Peço-te que aceites minhas desculpas’. 20Um terceiro disse: ‘Acabo de me casar e, por isso, não posso ir’. 21O empregado voltou e contou tudo ao patrão. Então o dono da casa ficou muito zangado e disse ao empregado: Sai depressa pelas praças e ruas da cidade. Traze para cá os pobres, os aleijados, os cegos e os coxos’. 22O empregado disse: ‘Senhor, o que tu mandaste fazer foi feito, e ainda há lugar’. 23O patrão disse ao empregado: ‘Sai pelas estradas e atalhos, e obriga as pessoas a virem aqui, para que minha casa fique cheia’. 24Pois eu vos digo: nenhum daqueles que foram convidados provará do meu banquete”.
– Palavra da salvação.
– Glória a vós, Senhor!
São Martinho de Lima
- por Pe. Alexandre
Com alegria celebramos a santidade de vida de um santo do nosso chão latino-americano. São Martinho nasceu no Peru em 1579, filho de um conquistador espanhol com uma mulata panamenha.
Grande parte da sociedade de Lima não diferenciava tanto da nossa atual, pois sustentava a hipócrita postura do preconceito racial, por isso Martinho sofreu humilhações, por causa de sua pele escura.
Aconteceu que São Martinho não foi reconhecido portador de sangue nobre, e nem precisava, porque educado de forma cristã pela mãe, descobriu com a vida que o “aspecto mais sublime da dignidade humana está na vocação do homem à comunhão com Deus” (Catecismo da Igreja Católica).
Com idade suficiente, São Martinho, homem cheio do Espírito Santo e de obras no amor, conseguia servir a Cristo no próximo, primeiramente pela suas diversas profissões (barbeiro, dentista, ajudante de médico), e mais tarde amou Deus no outro e o outro em Deus, como irmão da Ordem Dominicana. Mendigo por amor aos mendigos, São Martinho de Porres, ou de Lima, destacou-se dentre tantos pela sua luta contra o Tentador e a tentação, além da humildade, piedade e caridade. Sendo assim, Deus pôde munir Martinho com muitos Carismas, como o de cura e milagres, sem que estes o orgulhasse e o impedisse de ir para o Céu, onde entrou em 1639.
São Martinho de Lima, rogai por nós!
Meditação
- por Pe. Alexandre
68. SOLIDARIEDADE CRISTÃ
– Membros de um mesmo Corpo.
– A união na caridade.
– A união na fé. Apostolado.
I. O SENHOR QUIS associar-nos a Ele por meio de laços muito estreitos, tão estreitos como os que unem os membros de um corpo vivo. São Paulo ensina-nos numa das Leituras da Missa1 que embora sejamos muitos, somos um só corpo em Cristo, e todos membros uns dos outros.
Cada cristão, conservando a sua própria vida, está inserido na Igreja por meio de vínculos vitais muito íntimos. O Corpo Místico de Cristo, a Igreja, é uma realidade imensamente mais travejada e compacta do que um corpo moral, mais sólida do que qualquer corpo humano. Uma única vida, a Vida de Cristo, corre por todo o Corpo e faz com que dependamos muito uns dos outros. A menor dor é acusada pelo Corpo inteiro, e todo o Corpo trabalha na reparação de qualquer ferida.
“Reencontramos nas palavras de Paulo o eco fiel da doutrina do próprio Jesus, que revelou a unidade misteriosa dos seus discípulos com Ele e entre si, apresentando-a como imagem e prolongamento daquela arcana comunhão que une o Pai ao Filho e o Filho ao Pai no vínculo amoroso do Espírito (cfr. Jo 17, 21). Trata-se da mesma unidade de que fala Jesus quando usa a imagem da videira e das varas: Eu sou a videira, vós os sarmentos (Jo 15, 5), uma imagem que ilumina não apenas a profunda intimidade dos discípulos com Jesus, mas também a comunhão vital dos discípulos entre si: todos são sarmentos da única Videira”2.
Cada fiel cristão, com as suas boas obras, com o seu empenho por estar mais perto do Senhor, enriquece toda Igreja, ao mesmo tempo que faz sua a riqueza comum. “Esta é a Comunhão dos Santos que professamos no Credo: o bem de todos torna-se o bem de cada um e o bem de cada um torna-se o bem de todos”3.
De uma maneira misteriosa mas real, com a nossa santidade pessoal contribuímos para a vida sobrenatural de todos os membros da Igreja. O cumprimento dos deveres diários, a doença, a oração…, são uma contínua fonte de méritos sobrenaturais para os nossos irmãos. “Se oras por todos, também a oração de todos te aproveitará, pois fazes parte do todo. Assim obterás um grande benefício, pois a oração de cada membro do Povo torna-se mais rica com a oração dos outros”4. A meditação desta verdade não nos anima a viver melhor o dia de hoje, com mais amor, com mais dedicação?
II. CADA UM DE NÓS deve sentir a responsabilidade pessoal de levar seiva nova aos membros do Corpo Místico de Cristo, a toda a humanidade, mediante a oração e o exercício das virtudes. Todos os dias, “cada um sustenta os outros e os outros sustentam-no”5. Por isso, não são totalmente exatas essas “formas de pensar que distinguem as virtudes pessoais das virtudes sociais. Não há virtude alguma que possa fomentar o egoísmo; cada uma redunda necessariamente no bem da nossa alma e da alma dos que nos rodeiam […]. Todos temos que sentir-nos solidários, já que, na ordem da graça, estamos unidos pelos laços sobrenaturais da Comunhão dos Santos”6.
São Paulo, depois de indicar os diversos carismas, as graças particulares que Deus concede para o serviço aos outros, fala do grande dom comum a todos, que é a caridade. Com ela podemos semear o bem à nossa volta, amando-vos de todo o coração uns aos outros mediante o amor fraterno, honrando cada um os outros mais do que a si próprio; diligentes no dever, fervorosos no espírito, servidores do Senhor; alegres na esperança, pacientes na tribulação; na oração instantes; compartilhando as necessidades dos santos, procurando praticar a hospitalidade.
Talvez pensemos de vez em quando que não temos dotes excepcionais para ajudar os outros, que carecemos de meios… No entanto, a caridade, participação no amor de Cristo pelos seus irmãos, está ao alcance de todos os que seguem o Mestre. Todos os dias damos muito e recebemos muito. A nossa vida é um intercâmbio contínuo, tanto no terreno humano como no sobrenatural. Como é grato ao Senhor ver-nos empenhados em costurar com o nosso amor e espírito de desagravo um ou outro rasgão produzido nesse tecido finíssimo que somos todos os membros da Igreja! Como se alegra quando nos vê partilhar, fazer nossas, as necessidades dos santos!
Não existe fraqueza nem virtude solitária. O bem e o mal têm efeitos centuplicados nos outros. Plantamos um grão de trigo na terra e brota uma espiga, boa ou má conforme a semente que tivermos lançado na terra. Se caminhamos com firmeza para Cristo, os nossos amigos correm. Se fraquejamos, talvez parem. “Todas as coisas boas e santas que um indivíduo empreende – ensina o Catecismo Romano – repercutem em bem de todos, e a caridade é a que permite que lhes sejam proveitosas, pois esta virtude não busca o proveito próprio”7.
Não deixemos de semear; a nossa vida é uma grande sementeira em que nada se perde. São incontáveis as oportunidades de fazermos o bem, de enriquecermos os homens, de aumentarmos o Corpo Místico de Cristo. Não deixemos de aproveitar as ocasiões, não esperemos pelas grandes oportunidades.
III. AO CRIAR-NOS, Deus fez-nos irmãos, necessitados uns dos outros na vida familiar e social. E também manteve essa complementaridade no plano sobrenatural. A Santíssima Trindade quis salvar os homens e propagar a fé por meio dos próprios homens.
Através do apostolado pessoal dos cristãos, que se encontram no mundo, nas mais variadas situações (no lar, no cabelereiro, nas lojas, no banco, no Congresso…), “a irradiação do Evangelho pode tornar-se extremamente capilar, chegando a tantos lugares e ambientes quantos os que estão ligados à vida quotidiana e concreta dos leigos. Trata-se, além disso, de uma irradiação constante, pois é inseparável da contínua coerência da vida pessoal com a fé; e também de uma irradiação particularmente incisiva, porque, na total partilha das condições de vida, do trabalho, das dificuldades e esperanças dos seus irmãos, os fiéis leigos podem atingir o coração dos seus vizinhos, amigos ou colegas, abrindo-o ao horizonte total, ao sentido pleno da existência: a comunhão com Deus e entre os homens”8.
Cada membro trabalha para o melhor rendimento de todo o corpo. Acender a fé nos outros ou avivá-la se estava debaixo de cinzas é o maior bem que podemos comunicar. “Com efeito – escreve Santa Teresa –, quando na vida dos santos me acontece ler que converteram almas, isto me causa muito mais devoção, ternura e inveja do que todos os tormentos por que passaram. É esta a inclinação que me deu Nosso Senhor. Parece-me que mais preza Ele uma alma que pelas nossas indústrias e orações lhe ganhamos mediante a sua misericórdia, do que todos os serviços que lhe possamos prestar”9.
Se com o exemplo e a palavra aproximamos os outros de Cristo, não permaneceremos indiferentes às suas necessidades corporais: tanta ignorância, tanta miséria, tanta solidão…! O trato diário com o Senhor cumulará cada vez mais o nosso coração de misericórdia e de generosidade para compartilhar o muito ou o pouco que tenhamos. Se não estiver nas nossas mãos alcançar o remédio para os males que afligem tantas pessoas à nossa volta, ao menos far-lhes-emos sentir o calor da nossa amizade, do nosso empenho em ajudá-las. Em qualquer caso, juntemos os nossos esforços aos de outros cristãos e aos dos homens de boa vontade, superando as posições partidárias que separam ou levam ao confronto.
Assim imitaremos os primeiros cristãos que, com o seu amor, e muitas vezes com os seus escassos meios materiais, assombraram o mundo pagão porque tornaram realidade o mandato de Jesus: Dou-vos um mandamento novo: que, assim como eu vos amei, vos ameis também uns aos outros10.
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