03 de Outubro de 2020
26a semana do tempo comum Sábado
- por Pe. Alexandre
SABADO – SANTOS ANDRÉ E AMBRÓSIO PRESBITEROS E MÁRTIRES
(vermelho, pref. comum ou dos mártires – ofício da memória)
Antífona da entrada
– Pelo amor de Cristo, o sangue dos mártires foi derramado na terra. Por isso sua recompensa é eterna.
Oração do dia
– Deus de misericórdia, aumentai em nós a fé que, conservada à custa do próprio sangue, glorificou vossos mártires Santos André, Ambrósio e companheiros. Dai-nos também ser santificados pela vivência da mesma fé. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
1ª Leitura: Jó 42,1-3.5-6.12-16
-Leitura do livro de Jó: 1Jó respondeu ao Senhor, dizendo: 2“Reconheço que podes tudo e que para ti nenhum pensamento é oculto. 3Quem é esse que ofusca a Providência, sem nada entender? Falei, pois, de coisas que não entendia, de maravilhas que ultrapassam a minha compreensão. 5Conhecia o Senhor apenas por ouvir falar, mas, agora, eu o vejo com meus olhos. 6Por isso me retrato e faço penitência no pó e na cinza”. 12O Senhor abençoou a Jó no fim de sua vida mais do que no princípio; ele possuía agora catorze mil ovelhas, seis mil camelos, mil juntas de bois e mil jumentas. 13Teve outros sete filhos e três filhas: 14a primeira chamava-se “Rola”, a segunda “Cássia”, e a terceira “Azeviche”. 15Não havia em toda a terra mulheres mais belas que as filhas de Jó. Seu pai lhes destinou uma parte da herança, entre os seus irmãos. 16Depois desses acontecimentos, Jó viveu cento e quarenta anos, e viu seus filhos e os filhos de seus filhos até a quarta geração. E Jó morreu velho e repleto de anos.
– Palavra do Senhor.
– Graças a Deus.
Salmo Responsorial: Sl 119,66.71.75.91.125.130 (R:135a)
– Fazei brilhar vosso semblante ao vosso servo e ensinai-me vossas leis e mandamentos.
R: Fazei brilhar vosso semblante ao vosso servo e ensinai-me vossas leis e mandamentos.
– Dai-me bom senso, retidão, sabedoria, pois tenho fé nos vossos santos mandamentos!
R: Fazei brilhar vosso semblante ao vosso servo e ensinai-me vossas leis e mandamentos.
– Para mim foi muito bom ser humilhado, porque assim eu aprendi vossa vontade!
R: Fazei brilhar vosso semblante ao vosso servo e ensinai-me vossas leis e mandamentos.
– Sei que os vossos julgamentos são corretos, e com justiça me provastes, ó Senhor!
R: Fazei brilhar vosso semblante ao vosso servo e ensinai-me vossas leis e mandamentos.
– Porque mandastes, tudo existe até agora; todas as coisas, ó Senhor, vos obedecem!
R: Fazei brilhar vosso semblante ao vosso servo e ensinai-me vossas leis e mandamentos.
– Sou vosso servo: concedei-me inteligência, para que eu possa compreender vossa Aliança!
R: Fazei brilhar vosso semblante ao vosso servo e ensinai-me vossas leis e mandamentos.
– Vossa palavra, ao revelar-se, me ilumina, ela dá sabedoria aos pequeninos.
R: Fazei brilhar vosso semblante ao vosso servo e ensinai-me vossas leis e mandamentos.
Aclamação ao santo Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Aleluia, aleluia, aleluia.
– Graças te dou ó Pai, Senhor do céu e da terra, pois revelastes os mistérios do teu reino aos pequeninos, escondendo-os aos doutores! (Mt 11,25).
Aleluia, aleluia, aleluia.
Evangelho de Jesus Cristo, segundo Lucas: Lc 10,17-24
– O Senhor esteja convosco.
– Ele está no meio de nós.
– Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo † segundo Lucas
– Glória a vós, Senhor!
– Naquele tempo, 17os setenta e dois voltaram muito contentes, dizendo: “Senhor, até os demônios nos obedeceram por causa do teu nome”. 18Jesus respondeu: “Eu vi Satanás cair do céu, como um relâmpago. 19Eu vos dei o poder de pisar em cima de cobras e escorpiões e sobre toda a força do inimigo. E nada vos poderá fazer mal. 20Contudo, não vos alegreis porque os espíritos vos obedecem. Antes, ficai alegres porque vossos nomes estão escritos no céu”. 21Naquele momento, Jesus exultou no Espírito Santo e disse: “Eu te louvo, Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste essas coisas aos sábios e inteligentes, e as revelaste aos pequeninos. Sim, Pai, porque assim foi do teu agrado. 22Tudo me foi entregue pelo meu Pai. Ninguém conhece quem é o Filho, a não ser o Pai; e ninguém conhece quem é o Pai, a não ser o Filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar”. 23Jesus voltou-se para os discípulos e disse-lhes em particular: “Felizes os olhos que veem o que vós vedes! 24Pois eu vos digo que muitos profetas e reis quiseram ver o que estais vendo, e não puderam ver; quiseram ouvir o que estais ouvindo, e não puderam ouvir”.
– Palavra da salvação.
– Glória a vós, Senhor!
São Francisco Borja
- por Pe. Alexandre
Típico exemplo da nobreza espanhola, gentil e refinado, generoso e empreendedor, Francisco de Borja, bisneto do papa Alexandre VI e de Fernando II de Aragão, resume em seus 62 anos de vida o contraditório mundo quinhentista — luzes e sombras de onde emergem figuras de grandes santos, numa época de violentas contestações também no campo religioso.
Primogênito de João de Borja, duque de Gandia (Valência), Francisco formou-se na corte de Carlos V, que o adornou do título de marquês aos 20 anos. No ano anterior havia-se casado: um casamento feliz, alegrado por oito filhos em dez anos.
Da prematura morte da mulher e imperatriz, Francisco deduziu o sentido da caducidade de tudo e decidiu dedicar-se ao serviço de um Senhor “que nunca pudesse morrer”. Exerceu por quatro anos o cargo de governador da Catalunha, embora secretamente votado à vida religiosa. A alta posição que ocupava permitiu-lhe nesse tempo estabelecer os filhos.
O encontro com o jesuíta Pedro Fabro foi determinante. Em 1546 fechou definitivamente a porta às honras mundanas e, demitindo-se dos altos cargos, depois de haver feito os exercícios espirituais, emitiu voto de castidade, empenhando-se com outro voto a ingressar na Companhia de Jesus. E o fez, de modo efetivo, em 1548 e, oficialmente, dois anos depois.
Nesse meio-tempo renunciara ao ducado de Gandia. Em Roma foi acolhido pelo próprio santo Inácio de Loyola, e a 26 de maio de 1551 celebrou a primeira missa.
As honrarias — que o haviam perseguido desde a juventude na corte da Espanha — continuaram a persegui-lo também na vida religiosa, a tal ponto que Francisco se apressou em emitir todos os votos da Companhia de Jesus, dos quais um veta a aceitação de dignidades eclesiásticas.
Apenas soube que o imperador Carlos V propusera seu nome ao papa para a púrpura cardinalícia. Mas não pôde subtrair-se, em 1555, à eleição ao mais alto cargo no seio da companhia, cujo capítulo o elegeu geral. Francisco exerceu esse cargo até a morte, que o colheu em Ferrara. Foi canonizado em 1671.
Meditação
- por Pe. Alexandre
27. A RAZÃO DA ALEGRIA
– Abertos à alegria.
– A essência da alegria. Onde encontrá-la.
– Santa Maria, Causa da nossa alegria.
I. O EVANGELHO DA MISSA1 ressalta a alegria dos setenta e dois discípulos quando voltaram depois de terem anunciado por toda a parte a chegada do Reino de Deus. Com toda a simplicidade, dizem a Jesus: Até os demônios se nos submetem em virtude do teu nome. O Mestre participa também desse júbilo: Eu via Satanás cair do céu como um relâmpago. Mas a seguir adverte-lhes: Olhai que vos dei o poder de calcar serpentes e escorpiões, e de vencer toda a força do inimigo; e nada vos fará mal. Contudo, não vos alegreis porque os espíritos maus vos estão sujeitos, mas alegrai-vos porque os vossos nomes estão escritos no céu.
Jesus deve ter pronunciado estas palavras cheio de uma alegria radiante, comunicativa, externa, porque, a seguir, estalou num canto de júbilo e de agradecimento: Naquela mesma hora estremeceu de alegria no Espírito Santo e disse: Louvo-te, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste estas coisas aos sábios e aos prudentes, e as revelaste aos pequeninos. Assim é, ó Pai, porque assim foi do teu agrado.
Os discípulos nunca esqueceriam esse momento, com todas as circunstâncias que o rodearam: as suas confidências ao Mestre, relatando-lhe as suas primeiras experiências apostólicas; a alegria ao sentirem-se instrumentos do Salvador; o rosto resplandecente de Jesus; o seu hino de júbilo e de agradecimento ao Pai celestial… e aquelas palavras inesquecíveis: Alegrai-vos porque os vossos nomes estão escritos no céu. A esperança da felicidade eterna, junto de Deus para sempre, é a fonte inesgotável da alegria. Ao entrarmos na glória eterna, se tivermos sido fiéis, escutaremos da boca de Jesus estas palavras inefáveis: Entra na alegria do teu Senhor2.
Aqui na terra, cada passo que damos em direção a Cristo aproxima-nos da felicidade verdadeira. E, ao mesmo tempo, permite-nos reconhecer as alegrias naturais, simples, que o Senhor vai semeando no nosso caminho: “a alegria da existência e da vida; a alegria do amor honesto e santificado; a alegria tranqüilizadora da natureza e do silêncio; a alegria, às vezes austera, do trabalho esmerado; a alegria e a satisfação do dever cumprido; a alegria transparente da pureza, do serviço, do saber compartilhar; a alegria exigente do sacrifício. O cristão poderá purificá-las, completá-las, sublimá-las: não pode desprezá-las. A alegria cristã implica um homem capaz de alegrias naturais”3.
O Senhor serviu-se muitas vezes das alegrias da vida corrente para anunciar as maravilhas do Reino: a alegria do semeador e do ceifador; a do homem que encontra um tesouro escondido; a do pastor que encontra uma ovelha perdida; a alegria dos convidados a um banquete; o júbilo das bodas; a profunda alegria do pai que recebe o filho que volta; a de uma mulher que acaba de dar à luz.
O discípulo de Cristo não é um homem “desencarnado”, distanciado das coisas humanas, como também o Mestre não o foi. Os nossos amigos, os que convivem conosco, devem notar que cada vez estamos mais abertos, mais sensíveis a essas alegrias nobres e limpas que Deus coloca no nosso caminho para torná-lo mais suave. Esta disposição estável requererá muitos momentos de sacrifício e mortificação para vencer outros estados de ânimo ou o cansaço.
II. A ALEGRIA é o amor saboreado; é o seu primeiro fruto4. Quanto maior o amor, maior a alegria. Deus é amor5, ensina São João; um Amor sem medida, um Amor eterno. E a santidade é amar, corresponder a esse amor com que Deus se entrega à alma. Por isso, o discípulo de Cristo é uma pessoa alegre, mesmo no meio das maiores contrariedades. Cumprem-se nele perfeitamente as palavras do Mestre: Ninguém vos tirará a vossa alegria6. Tem-se escrito muitas vezes, com toda a verdade, que “um santo triste é um triste santo”. Talvez seja na alegria que se encontra o elemento que permite distinguir as virtudes verdadeiras das falsas, essas que têm somente a aparência de virtude.
Quando o Senhor exige no primeiro Mandamento que o amemos com todo o coração, com toda a alma e com todo o nosso ser…, o que faz é chamar-nos à alegria e à felicidade. Ele mesmo se entrega a nós: Se alguém me ama, guardará a minha palavra, e meu Pai o amará, e viremos a ele e nele faremos a nossa morada7. Ao mesmo tempo, sem a alegria que este Mandamento provoca, todos os outros são, a longo prazo, difíceis ou impossíveis de cumprir8.
No campo das realidades humanas, o Senhor pede-nos o pequeno esforço de estar sempre alegres, lutando por eliminar um gesto severo ou evitar uma palavra destemperada, quando talvez estejamos cansados ou com menos forças para sorrir. No entanto, “a alegria humana não pode ser mandada. A alegria é fruto do amor, e nem todos possuem um amor humano capaz de garantir-lhes uma alegria permanente. Além disso, pela sua natureza, o amor humano é com maior freqüência fonte de tristeza do que de alegria […]. No campo cristão, porém, não acontece assim. Um cristão que não ame a Deus não tem desculpa, e um cristão a quem o amor de Deus não comunique alegria é alguém que não compreendeu o que o amor lhe dá. Para um cristão, a alegria é algo natural, porque é propriedade essencial da mais importante virtude do cristianismo, quer dizer, do amor. Entre a vida cristã e a alegria há uma relação necessária de essência”9. Também costuma existir a mesma relação entre a tristeza e a tibieza, entre a tristeza e o egoísmo, entre a tristeza e a solidão.
A alegria cresce – ou recupera-se quando perdida – mediante a oração verdadeira, face a face com Deus, “sem anonimato”; mediante a entrega aos outros, sem esperar recompensa; e mediante a Confissão freqüente, que “continua a ser uma fonte privilegiada de santidade e de paz”10. Em resumo, “a condição da alegria autêntica é sempre a mesma: que queiramos viver para Deus e, por Deus, para os outros. Digamos ao Senhor que sim, que queremos, que não desejamos outra coisa senão servir com alegria. Se procurardes comportar-vos assim, a vossa paz interior e o vosso sorriso, o vosso garbo e o vosso bom humor serão luz poderosa de que Deus se servirá para atrair muitas almas para Ele. Dai testemunho da alegria cristã, descobri aos que vos rodeiam qual é o vosso segredo: estais alegres porque sois filhos de Deus, porque buscais o seu trato, porque lutais por ser melhores e por ajudar os outros e porque, quando se quebra a felicidade da vossa alma, correis rapidamente ao Sacramento da alegria, onde recuperais o sentido da vossa fraternidade com todos os homens”11.
III. HÁ VINTE SÉCULOS que a fonte da alegria não cessa de jorrar na Igreja. Chegou com Jesus, que depois a legou ao seu Corpo Místico. A partir desse momento, as criaturas mais alegres foram aquelas que estiveram mais perto de Jesus. Por isso, nunca haverá ninguém mais alegre do que Maria, a Mãe de Jesus e Mãe nossa. Se Maria é a cheia de graça12 – cheia de Deus –, é também quem possui a plenitude da alegria.
Estar perto da Virgem é viver alegre. Ao mesmo ritmo em que derrama a sua graça, leva a sua alegria a todos os lugares e a todos os que a invocam. “O que terão a voz e as palavras de Maria que geram uma felicidade sempre nova? São como uma música divina que penetra até o fundo da alma, cumulando-a de paz e de amor. Todas as vezes que rezamos o terço, chamamo-la Causa da nossa alegria. E a razão está em que Ela é portadora de Deus. Filha de Deus Pai, é portadora da ternura infinita de Deus Pai. Mãe de Deus Filho, é portadora do Amor até à morte de Deus Filho. Esposa de Deus Espírito Santo, é portadora do fogo e da alegria do Espírito Santo. À sua passagem, o ambiente transforma-se: a tristeza dissipa-se; as trevas dão lugar à luz; a esperança e o amor inflamam-se… Não é a mesma coisa estar com a Virgem e estar sem Ela! Não é a mesma coisa rezar o terço e não rezá-lo”13.
Procuremos esmerar-nos na recitação do terço neste mês de outubro, em que a Igreja nos anima a ir especialmente até a nossa Mãe do Céu por meio dessa devoção mariana. Procuremos aplicá-lo por santas intenções ao rezá-lo neste sábado em que, como tantos cristãos, nos esforçamos por ter a Virgem mais presente e por oferecer em sua honra algum pequeno sacrifício.
Peçamos-lhe hoje que saibamos levar a Deus os nossos amigos e parentes com a nossa alegria. Maria, Causa da nossa alegria, lembrar-nos-á que comunicar alegria e paz – o gaudium cum pace que jamais devemos perder – é uma das maiores provas de caridade, o tesouro mais valioso que possuímos, e muitas vezes a nossa primeira obrigação num mundo freqüentemente triste porque procura a felicidade onde ela não se encontra.
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