04 de Dezembro de 2022

2a Semana do Advento ano A. Domingo

- por Pe. Alexandre

DOMINGO DA II SEMANA DO ADVENTO
(roxo, creio, pref. do Advento I – II semana do Saltério)

 

Antífona da entrada

 

– Povo de Sião, o Senhor vem para salvar as nações! E, na alegria do vosso coração, soará majestosa a sua voz (Is 30,19.30).

 

Oração do dia

 

– Ó Deus todo-poderoso e cheio de misericórdia, nós vos pedimos que nenhuma atividade terrena nos impeça de correr ao encontro do vosso Filho, mas, instruídos pela vossa sabedoria, participemos da plenitude de sua vida. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

 

1ª Leitura: Is 11,1-10

– Leitura do livro do profeta Isaías: Naqueles dias, 1nascerá uma haste do tronco de Jessé e, a partir da raiz, surgirá o rebento de uma flor; 2sobre ele repousará o espírito do Senhor: espírito de sabedoria e discernimento, espírito de conselho e fortaleza, espírito de ciência e temor de Deus; 3no temor do Senhor encontra ele seu prazer. Ele não julgará pelas aparências que vê nem decidirá somente por ouvir dizer; 4mas trará justiça para os humildes e uma ordem justa para os homens pacíficos; fustigará a terra com a força da sua palavra e destruirá o mau com o sopro dos lábios. 5Cingirá a cintura com a correia da justiça e as costas com a faixa da fidelidade. 6O lobo e o cordeiro viverão juntos e o leopardo deitar-se-á ao lado do cabrito; o bezerro e o leão comerão juntos e até mesmo uma criança poderá tangê-los. 7A vaca e o urso pastarão lado a lado, enquanto suas crias descansam juntas; o leão comerá palha como o boi; 8a criança de peito vai brincar em cima do buraco da cobra venenosa; e o menino desmamado não temerá pôr a mão na toca da serpente. 9Não haverá danos nem mortes por todo o meu santo monte; a terra estará tão repleta do saber do Senhor quanto as águas que cobrem o mar. 10Naquele dia, a raiz de Jessé se erguerá como um sinal entre os povos; hão de buscá-la as nações, e gloriosa será a sua morada.

 

– Palavra do Senhor.

– Graças a Deus.

 

Salmo Responsorial: Sl 72,1-2.7-8.12-13.17 (R: 7)

 

– Nos seus dias a justiça florirá.
R: Nos seus dias a justiça florirá.

– Dai ao Rei vossos poderes, Senhor Deus, vossa justiça aos descendentes da realeza! Com justiça ele governe o vosso povo, com equidade ele julgue os vossos pobres.

R: Nos seus dias a justiça florirá.

– Nos seus dias a justiça florirá e grande paz, até que a lua perca o brilho! De mar a mar estenderá o seu domínio, e desde o rio até os confins de toda a terra!

R: Nos seus dias a justiça florirá.

– Libertará o indigente que suplica, e o pobre ao qual ninguém quer ajudar. Terá pena do indigente e do infeliz, e a vida dos humildes salvará.

R: Nos seus dias a justiça florirá.

– Seja bendito o seu nome para sempre! E que dure como o sol sua memória! Todos os povos serão nele abençoados, todas as gentes cantarão o seu louvor!

R: Nos seus dias a justiça florirá.

2ª Leitura: Rom 15,4-9

– Leitura da carta de são Paulo aos Romanos: Irmãos: 4Tudo o que outrora foi escrito, foi escrito para nossa instrução, para que, pela nossa constância e pelo conforto espiritual das Escrituras, tenhamos firme esperança. 5O Deus, que dá constância e conforto, vos dê a graça da harmonia e concórdia, uns com os outros, como ensina Cristo Jesus. 6Assim, tendo como que um só coração e a uma só voz, glorifiqueis o Deus e Pai do Senhor nosso, Jesus Cristo. 7Por isso, acolhei-vos uns aos outros, como também Cristo vos acolheu, para a glória de Deus. 8Pois eu digo: Cristo tornou-se servo dos que praticam a circuncisão, para honrar a veracidade­ de Deus, confirmando as promessas feitas aos pais. 9Quanto aos pagãos, eles glorificam a Deus, em razão da sua misericórdia, como está escrito: “Por isso, eu vos glorificarei entre os pagãos e cantarei louvores ao vosso nome”.

 

– Palavra do Senhor.

– Graças a Deus.

 

Aclamação ao santo Evangelho

 

Aleluia, aleluia, aleluia.

Aleluia, aleluia, aleluia.

 

– Preparai o caminho do Senhor, endireitai suas veredas. Toda a carne há de ver a salvação do nosso Deus (Lc 3,4.6).

 

Aleluia, aleluia, aleluia.

 

Evangelho de Jesus Cristo, segundo Mateus: Mt 3,1-12

– O Senhor esteja convosco.

– Ele está no meio de nós.

– Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo † segundo Mateus.

– Glória a vós, Senhor!

 

1Naqueles dias, apareceu João Batista, pregando no deserto da Judeia: 2“Convertei-vos, porque o Reino dos Céus está próximo”. 3João foi anunciado pelo profeta Isaías, que disse: “Esta é a voz daquele que grita no deserto: preparai o caminho do Senhor, endireitai suas veredas!” 4João usava uma roupa feita de pêlos de camelo e um cinturão de couro em torno dos rins; comia gafanhotos e mel do campo.  5Os moradores de Jerusalém, de toda a Judeia e de todos os lugares em volta do rio Jordão vinham ao encontro de João. 6Confessavam seus pecados e João os batizava no rio Jordão. 7Quando viu muitos fariseus e saduceus vindo para o batismo, João disse-lhes: “Raça de cobras venenosas, quem vos ensinou a fugir da ira que vai chegar? 8Produzi frutos que provem a vossa conversão. 9Não penseis que basta dizer: ‘Abraão é nosso pai’, porque eu vos digo: até mesmo destas pedras Deus pode fazer nascer filhos de Abraão.
10O machado já está na raiz das árvores, e toda árvore que não der bom fruto será cortada e jogada no fogo.  11Eu vos batizo com água para a conversão, mas aquele que vem depois de mim é mais forte do que eu. Eu nem sou digno de carregar suas sandálias. Ele vos batizará com o Espírito Santo e com fogo.  12Ele está com a pá na mão; ele vai limpar sua eira e recolher seu trigo no celeiro; mas a palha ele a queimará no fogo que não se apaga”.

 

– Palavra da salvação.

– Glória a vós, Senhor!

São João Damasceno

- por Pe. Alexandre

Lembremos São João Damasceno, um santo Padre e Doutor da Igreja de Cristo. Nasceu em 675, em Damasco (Síria), num período em que o Cristianismo tinha uma certa liberdade, tanto assim que o pai de João era muito cristão e amigo dos Sarracenos, os quais, naquela época, eram senhores do país. Essa estima estendia-se também ao filho. Os raros talentos e méritos deste levaram o Califa a distingui-lo com a sua confiança e nomeá-lo prefeito (mansur) de Damasco.

João Damasceno, ainda jovem e ajudante, gozava de muitos privilégios financeiros do pai, mas, ao crescer no amor ao Cristo pobre, deu atenção à Palavra que mostra a dificuldade dos ricos (apegados) para entrarem no Reino dos Céus. Assim, num impulso para a santidade, renunciou a todos os bens e os deu aos pobres, concedeu liberdade aos servos e fez uma peregrinação a pé pela Palestina. Preferiu São João uma vida de maus tratos ao se entregar às “delícias venenosas” do pecado.

Retirou-se para um convento de São Sabas, perto de Jerusalém, e passou a viver na humildade, caridade e alegria. Ordenado sacerdote, aceitou o cargo de pregador titular na Basílica do Santo Sepulcro em Jerusalém.

Uma herança, proveniente da tradição do Antigo Testamento, proibia toda e qualquer reprodução da imagem de Deus, sendo assim condenavam o uso de imagens nas Igrejas. O imperador bizantino Leão Isáurico empreendeu uma guerra contra o culto das imagens sagradas. Sendo assim, a pedido do Papa Gregório III, João Damasceno assumiu o papel de defensor das imagens, travando uma luta contra os iconoclastas. Sua principal arma era a teologia, e sua principal tese foi um dos fundamentos da fé cristã: a Encarnação. Bento XVI, em sua catequese, na Audiência geral de 6 de maio de 2009, recordou: “João Damasceno foi o primeiro a fazer a distinção, no culto público e privado dos cristãos, entre a adoração e a veneração: a primeira pode ser dirigida somente a Deus; a segunda pode ser utilizada como imagem para se dirigir a uma pessoa à qual presta culto”.

Escreveu inúmeras obras tratando de vários assuntos sobre teologia, dogmática, apologética e outros campos que fizeram de São João digno do título de Doutor da Igreja, declarado por Leão XIII, em 1890. Recebeu o apelido de “São Tomás do Oriente”, por sua contribuição dada à Igreja Oriental. Sua principal obra foi a “De Fide orthodoxa”, que enfatiza o pensamento da Patrística grega e as decisões doutrinais dos Concílios da época, sendo também um ponto de referência essencial para a teologia católica como para a ortodoxa.

Certa vez, os hereges prenderam São João e cortaram-lhe a mão direita a fim de não mais escrever, mas, por intervenção de Nossa Senhora, foi curado. Seu amor a Mãe de Jesus foi tão concreto, que foi São João quem tornou presente a doutrina sobre a Imaculada Conceição, Maternidade divina, Virgindade perpétua e Assunção de corpo e alma de Maria.

Este filho predileto da Mãe faleceu no dia 4 de dezembro de 749, no mosteiro de São Sebas, na Palestina.

São João Damasceno, rogai por nós!

Meditação

- por Pe. Alexandre

O lobo habitará com o cordeiro… (Is 11,1-10)

 

Desde a antiguidade, os fabulistas puseram lado a lado o lobo e o cordeiro como ícones do predador e da presa. Na conhecida fábula de Fedro, o poeta latino, um cordeirinho inocente acaba devorado, mesmo sem culpa. Prevalece a “lei do mais forte”. Mais tarde, um filósofo criaria o amargo refrão: homo homini lupus – o homem é um lobo para o homem.

 

Será mesmo impossível a convivência fraterna? Existirá um determinismo genético que nos impele à agressão e à exploração do próximo? Estaremos condenados ao medo fóbico que nos leva a erguer muros com cacos de vidro, cercas elétricas e portões eletrônicos? Nosso próximo é nosso lobo? Somos o predador de nosso irmão? Seremos eternamente Abel e Caim?

 

A profecia de Isaías garante que não… Ele fala da presença de um descendente de Davi que será o portador do Espírito de Deus no meio de nós. Ele será reconhecido pelos atributos que o Espírito Santo manifesta em sua Pessoa: sabedoria e discernimento, conselho e fortaleza, conhecimento e temor de Deus. Em seu breve sermão na sinagoga de Nazaré (cf. Lc 4), anunciará que o Espírito do Senhor repousa sobre seus ombros. E é esse mesmo Espírito de paz e unidade que ele promete a seus seguidores.

 

Sua presença será a garantia de que os inimigos entrarão em acordo, mesmo que, aparentemente, devam violentar sua natureza agressiva, como na imagem da ursa que pasta junto à vaca e seus bezerros, em pacífica convivência.

 

Claro que os céticos estão rindo…. Você ouve suas gargalhadas? Os desesperados zombam da esperança. Os fabricantes de armas bradam maldições, pois a paz gera prejuízos para eles. A simples visão de uma sociedade sem competição e disputas, fundamentada na partilha dos bens e no serviço solidário – uma sociedade onde o dinheiro não seja a mediação, e a espada o fiel da balança – causa pesadelos no sono desses mercadores da morte.

 

Logo virá o Natal. O Príncipe da Paz virá como criança indefesa. Neste Natal, teríamos a coragem de nos identificar com o Menino? Logo a Criança que Herodes tentará assassinar? Estaríamos dispostos a abrir mão do regime de competição e disputa, onde retesamos os músculos e arreganhamos os dentes para manter à distância a ameaça do próximo?

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