05 de maio de 2020

4a Semana de Páscoa Terça-feira

- por Padre Alexandre Fernandes

TERÇA FEIRA – IV SEMANA DA PÁSCOA

(Branco, ofício do dia)

Antífona da entrada

– Alegremo-nos, exultemos e demos glória a Deus, porque o Senhor todo-poderoso tomou posse do seu reino, aleluia! (Ap 19,7.6).

Oração do dia

– Concedei, ó Deus todo-poderoso, que, celebrando o mistério da ressurreição do Senhor, possamos acolher com alegria a nossa redenção. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

1ª Leitura: At 11,19-26

– Leitura dos Atos dos Apóstolos: Naqueles dias, 19aqueles que se haviam espalhado por causa da perseguição que se seguiu à morte de Estêvão chegaram à Fenícia, à ilha de Chipre e à cidade de Antioquia, embora não pregassem a Palavra a ninguém que não fosse judeu. 20Contudo, alguns deles, habitantes de Chipre e da cidade de Cirene, chegaram a Antioquia e começaram a pregar também aos gregos, anunciando-lhes a Boa Nova do Senhor Jesus. 21E a mão do Senhor estava com eles. Muitas pessoas acreditaram no Evangelho e se converteram ao Senhor. 22A notícia chegou aos ouvidos da Igreja que estava em Jerusalém. Então enviaram Barnabé até Antioquia. 23Quando Barnabé chegou e viu a graça que Deus havia concedido, ficou muito alegre e exortou a todos para que permanecessem fiéis ao Senhor, com firmeza de coração. 24É que ele era um homem bom, cheio do Espírito Santo e de fé. E uma grande multidão aderiu ao Senhor. 25Então Barnabé partiu para Tarso, à procura de Saulo. 26Tendo encontrado Saulo, levou-o a Antioquia. Passaram um ano inteiro trabalhando juntos naquela Igreja, e instruíram uma numerosa multidão. Em Antioquia os discípulos foram, pela primeira vez, chamados com o nome de cristãos.

– Palavra do Senhor.

– Graças a Deus.

Salmo Responsorial: Sl 87,1-3.4-5.6-7 (R: Sl 117,1a)

– Cantai louvores ao Senhor, todas as gentes.
R: Cantai louvores ao Senhor, todas as gentes.

– O Senhor ama a cidade que fundou no Monte santo; ama as portas de Sião

mais que as casas de Jacó. Dizem coisas gloriosas da Cidade do Senhor.

R: Cantai louvores ao Senhor, todas as gentes.

– Lembro o Egito e Babilônia entre os meus veneradores. Na Filistéia ou em Tiro ou no país da Etiópia, este ou aquele ali nasceu. De Sião, porém, se diz: “Nasceu nela todo homem; Deus é sua segurança”.

R: Cantai louvores ao Senhor, todas as gentes.

– Deus anota no seu livro, onde inscreve os povos todos: “Foi ali que estes nasceram”. E por isso todos juntos a cantar se alegrarão; e, dançando, exclamarão: “Estão em ti as nossas fontes!”

R: Cantai louvores ao Senhor, todas as gentes.

Aclamação ao santo Evangelho

Aleluia, aleluia, aleluia.

Aleluia, aleluia, aleluia.

– Minhas ovelhas escutam minha voz, eu as conheço e elas me seguem.

(Jo 10,27).

Aleluia, aleluia, aleluia.

Evangelho de Jesus Cristo, segundo João: Jo 10,22-30

– O Senhor esteja convosco.

– Ele está no meio de nós.

– Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo † segundo João

– Glória a vós, Senhor!

– 22Celebrava-se, em Jerusalém, a festa da Dedicação do Templo. Era inverno. 23Jesus passeava pelo Templo, no pórtico de Salomão. 24Os judeus rodeavam-no e disseram: “Até quando nos deixarás em dúvida? Se tu és o Messias, dize-nos abertamente”. 25Jesus respondeu: “Já vo-lo disse, mas vós não acreditais. As obras que eu faço em nome do meu Pai dão testemunho de mim; 26vós, porém, não acreditais, porque não sois das minhas ovelhas. 27As minhas ovelhas escutam a minha voz, eu as conheço e elas me seguem. 28Eu dou-lhes a vida eterna e elas jamais se perderão. E ninguém vai arrancá-las de minha mão. 29Meu Pai, que me deu estas ovelhas, é maior que todos, e ninguém pode arrebatá-las da mão do Pai. 30Eu e o Pai somos um”.

– Palavra da salvação.

– Glória a vós, Senhor!

Santo Ângelo

- por Padre Alexandre Fernandes

Nasceu em Jerusalém em 1185, numa família de tradição judaica.

Através de um sonho se converteu ao Cristianismo. Neste sonho, Nossa Senhora o visitou, dizendo que sua família receberia uma grande graça: o nascimento de uma nova criança, mesmo seus pais sendo de idade avançada.

E assim aconteceu. Ângelo percebeu o chamado de Deus, e recebeu junto com seu irmão recém-nascido, a graça do santo Batismo.

Santo Ângelo se abriu à vontade de Deus através da vida de oração e penitência. Quanto ao seu lugar na Igreja, fez experiência religiosa em vários mosteiros da Palestina e Ásia Menor, até que, ao passar o tempo num Carmelo, entrou na ordem consagrada a Nossa Senhora, a família Carmelita.

Da Itália foi para a Sicília, e já sacerdote, fez um belo trabalho apostólico.

Um homem dócil e corajoso. Certa vez, ao pregar, deparou-se com a graça da conversão de uma mulher que vivia no adultério com um senhor de muitas posses. Ela se abriu ao Evangelho, mas ele não. E este, mandou assassinar Santo Ângelo, que foi morto após uma pregação com apenas 34 anos.

Santo Ângelo, rogai por nós!

Meditação

- por Padre Alexandre Fernandes

70. PRIMEIROS CRISTÃOS. UNIVERSALIDADE DA FÉ

– A rápida propagação do cristianismo. Os primeiros cristãos santificaram-se no meio do ambiente em que encontraram Cristo.

– Cidadãos exemplares no meio do mundo. Levar Cristo a todos os ambientes.

– Costumes cristãos no seio da família.

I. “NOSSO SENHOR funda a sua Igreja sobre a fraqueza – mas também sobre a fidelidade – de uns homens, os Apóstolos, aos quais promete a assistência constante do Espírito Santo […]. A pregação do Evangelho não surge na Palestina por iniciativa pessoal de alguns homens fervorosos. O que é que os Apóstolos podiam fazer? Não contavam nada no seu tempo; não eram ricos, nem cultos, nem heróis do ponto de vista humano. Jesus coloca sobre os ombros desse punhado de discípulos uma tarefa imensa, divina”1.

Quem tivesse contemplado sem sentido sobrenatural os começos apostólicos daquele pequeno grupo, teria concluído que se tratava de uma iniciativa destinada ao fracasso. Não obstante, esses homens tiveram fé, foram fiéis e começaram a pregar por toda a parte aquela doutrina insólita que chocava frontalmente com muitos costumes pagãos; em pouco tempo o mundo soube que Jesus Cristo era o Redentor do mundo.

Desde o princípio, a Boa Nova é pregada a todos os homens, sem discriminação alguma. Os que se tinham dispersado com a perseguição provocada pela morte de Estêvão – lemos na Missa de hoje2 – chegaram até a Fenícia, Chipre e Antioquia. Nesta cidade, foram tantas as conversões que foi ali que pela primeira vez se deu o nome de cristãos aos discípulos do Senhor. Poucos anos depois, encontramos seguidores de Cristo em Roma e em todas as regiões do Império.

Nos começos, a fé cristã arraigou principalmente entre pessoas de condição modesta: soldados, cardadores de lã, escravos, comerciantes. Vede, irmãos – escrevia São Paulo –, quem são os que foram chamados à fé entre vós: não há muitos sábios segundo a carne, nem muitos poderosos, nem muitos nobres…3

Para Deus, não há distinção de pessoas, e os primeiros chamados – ignorantes e débeis aos olhos humanos – foram os instrumentos que o Senhor utilizou para a expansão da Igreja. Assim ficou mais patente que a eficácia era divina. Isto não quer dizer que não houvesse entre os primeiros cristãos pessoas cultas, sábias, importantes – um ministro etíope, centuriões, homens como Apolo e Dionísio Areopagita, mulheres como Lídia –, mas eram poucos dentro do grande número dos convertidos à nova fé. São Tomás comenta que “também pertence à glória de Deus o fato de que Ele tenha atraído a Si os sublimes do mundo através de pessoas simples”4.

Os primeiros cristãos exerciam todas as profissões correntes no seu tempo, a não ser aquelas que podiam trazer algum perigo para a sua fé, como as de “intérpretes de sonhos”, adivinhos, guardas dos templos… E embora a vida pública estivesse permeada de práticas religiosas pagãs, cada um permaneceu no lugar e profissão em que a fé o encontrou, esforçando-se por dar o seu tom ao ambiente em que vivia, por ter uma conduta exemplar, sem fugir do convívio – antes pelo contrário – com os vizinhos e concidadãos. Estavam presentes no foro, no mercado, no exército… “Nós, cristãos – dirá Tertuliano –, não vivemos afastados do mundo; freqüentamos o foro, as termas, as oficinas, as lojas, os mercados e as praças públicas. Exercemos os ofícios de marinheiro, de soldado, de agricultor, de negociante…”5

O Senhor recorda-nos que também nos dias de hoje Ele nos chama a todos, sem estabelecer distinções de profissão, de raça ou de condição social. “Como te inspiram compaixão!… Quererias gritar-lhes que estão perdendo o tempo… Por que são tão cegos e não percebem o que tu – miserável – já viste? Por que não hão de preferir o melhor?

“– Reza, mortifica-te, e depois – tens obrigação disso! – desperta-os um a um, explicando-lhes – também um a um – que, tal como tu, podem encontrar um caminho divino, sem abandonar o lugar que ocupam na sociedade”6.

Foi o que fizeram os nossos primeiros irmãos na fé.

II. NOS FINS DO SÉCULO II, os cristãos estão já espalhados por todo o Império: “Não há raça alguma de homens, chamem-se bárbaros, gregos ou outra coisa, quer habitem em casas ou sejam nômadas sem lugar para morar ou morando em tendas de pastores, entre os quais não se ofereçam pelo nome de Jesus crucificado orações e ações de graças ao Pai, Criador de todas as coisas”7.

Os fiéis cristãos não fogem do mundo para procurarem o Senhor em plenitude: consideram-se parte integrante desse mundo, que por outro lado procuram vivificar por dentro, com a sua oração, com o seu exemplo, com uma caridade magnânima: “O que é a alma para o corpo, isso são os cristãos para o mundo”8. Vivificaram o seu mundo – que em muitos aspectos tinha perdido o sentido da dignidade humana – sendo cidadãos como os outros e sem distinguir-se deles nem pelo modo de vestir, nem por insígnias, nem por mudarem de cidadania9.

Não somente são cidadãos, como procuram ser exemplares: “Obedecem às leis, mas com a sua vida vão além das leis”10. Honram a autoridade civil, pagam os impostos e cumprem as demais obrigações sociais. E isto, tanto em épocas de paz como em períodos de perseguição e de ódio manifesto. São Justino, em meados do século II, descreve o heroísmo com que os primeiros cristãos viviam as virtudes cívicas: “Como aprendemos dEle (de Cristo), procuramos pagar os tributos e as contribuições, íntegra e prontamente, aos vossos encarregados […]. Adoramos somente a Deus, mas vos obedecemos com gosto em todas as demais coisas, reconhecendo abertamente que sois os reis e os governantes dos homens, e pedindo na oração que, juntamente com o poder imperial, encontreis também uma arte de governo repleta de sabedoria”11. E Tertuliano, que atacava com veemência a degenerescência do mundo pagão, escrevia que os fiéis oravam nas suas assembléias pelo imperador, pelos seus ministros e autoridades, pelo bem-estar temporal e pela paz do Império12.

Seja em que época for, os cristãos não podem viver de costas para a sociedade de que fazem parte. Enraizados no coração do mundo, hão de procurar cumprir responsavelmente as suas tarefas pessoais, para impregná-las por dentro de um espírito novo, de caridade cristã. Quanto mais longe de Cristo estiver determinado ambiente, tanto mais urgente será a presença dos cristãos nesse lugar, para condimentá-lo com o sal de Cristo e devolver ao homem a sua dignidade tantas vezes perdida. “Para seguir as pegadas de Cristo, o apóstolo de hoje não vem reformar nada, e muito menos desentender-se da realidade histórica que o rodeia… – Basta-lhe atuar como os primeiros cristãos, vivificando o ambiente”13.

III. OS CAMINHOS QUE LEVARAM os primeiros cristãos à fé foram muito variados, e alguns deles extraordinários, como aconteceu com São Paulo14. Houve muitos que foram chamados pelo Senhor por meio do exemplo de um mártir, mas a maioria chegou a conhecer a Boa Nova através de alguns companheiros de trabalho, de prisão, de viagem, etc. E já na época apostólica se tornou costume batizar as crianças mesmo antes de chegarem ao uso da razão. São Paulo, à semelhança dos outros Apóstolos, batizou famílias inteiras. Dois séculos mais tarde, Orígenes podia escrever: “A Igreja recebeu dos Apóstolos o costume de administrar o batismo mesmo às crianças”15.

As casas dos primeiros fiéis, externamente iguais às outras, converteram-se em lares cristãos. Os pais transmitiam a fé aos seus filhos, e estes aos deles, e assim a família se converteu num pilar fundamental da consolidação da fé e dos costumes cristãos. Repletos de caridade, os lares cristãos eram recantos de paz no meio das incompreensões externas, das calúnias, da perseguição. No lar, aprendia-se a oferecer o dia a Deus, a dar-lhe graças, a abençoar os alimentos, a orar na escassez e na abundância.

Os ensinamentos dos pais brotavam com naturalidade ao ritmo da vida, e assim a família cumpria a sua função educadora. São João Crisóstomo dá estes conselhos a um casal cristão: “Mostra à tua mulher que aprecias muito viver com ela e que por ela preferes ficar em casa a andar pela rua. Prefere-a a todos os teus amigos e mesmo aos filhos que ela te deu; ama esses filhos por amor dela […]. Fazei juntos as vossas orações […]. Aprendei o temor de Deus; todas as outras coisas fluirão daí como de uma fonte e a vossa casa se encherá de inumeráveis bens”16. Houve também casos em que o foco de expansão do cristianismo na família era uma filha ou um filho: atraíam os outros irmãos à fé, depois os pais, e estes os tios…, acabando por aproximar os próprios avós.

Os costumes cristãos que se podem viver numa família são muitos: a recitação do terço, os quadros ou imagens de Nossa Senhora, a bênção dos alimentos… e muitos outros. Se soubermos praticá-los, contribuirão para que se respire sempre no lar um clima amável, de família cristã, onde os filhos, desde pequenos, aprenderão com naturalidade a tratar com Deus e com a sua Mãe Santíssima.

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