05 de Novembro de 2020
31a semana do tempo comum Quinta-feira
- por Pe. Alexandre
QUINTA FEIRA – XXXI SEMANA DO TEMPO COMUM
(verde – ofício do dia da)
Antífona da entrada
– Não me abandoneis jamais, Senhor, meu Deus não fique longe de mim! Depressa, vinde em meu auxílio, ó Senhor, minha salvação! (Sl 37,22).
Oração do dia
– Ó Deus de poder e misericórdia, que concedeis a vossos filhos e filhas a graça de vos servir como devem, fazei que corramos livremente ao encontro das vossas promessas. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
1ª Leitura: Fl 3,3-8a
– Leitura da carta de são Paulo aos Filipenses: Irmãos, 3os verdadeiros circuncidados somos nós, que prestamos culto pelo Espírito de Deus, pomos a nossa glória em Cristo Jesus e não pomos confiança na carne. 4Aliás, também eu poderia pôr minha confiança na carne. Pois, se algum outro pensa que pode confiar na carne, eu mais ainda. 5Fui circuncidado no oitavo dia, sou da raça de Israel, da tribo de Benjamim, hebreu filho de hebreus. Em relação à Lei, fariseu, 6pelo zelo, perseguidor da Igreja de Deus; quanto à justiça que vem da Lei, sempre irrepreensível. 7Mas essas coisas, que eram vantagens para mim, considerei-as como perda, por causa de Cristo. 8aNa verdade, considero tudo como perda diante da vantagem suprema que consiste em conhecer a Cristo Jesus, meu Senhor.
– Palavra do Senhor.
– Graças a Deus.
Salmo Responsorial: Sl 105, 2-7 (R: 3b)
– Exulte o coração dos que buscam o Senhor!
R: Exulte o coração dos que buscam o Senhor!
– Cantai, entoai salmos para ele, publicai todas as suas maravilhas! Gloriai-vos em seu nome que é santo, exulte o coração que busca a Deus!
R: Exulte o coração dos que buscam o Senhor!
– Procurai o Senhor Deus e seu poder, buscai constantemente a sua face! Lembrai as maravilhas que ele fez, seus prodígios e as palavras de seus lábios!
R: Exulte o coração dos que buscam o Senhor!
– Descendentes de Abraão, seu servidor, e filhos de Jacó, seu escolhido, ele mesmo, o Senhor, é nosso Deus, vigoram suas leis em toda a terra.
R: Exulte o coração dos que buscam o Senhor!
Aclamação ao santo Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Aleluia, aleluia, aleluia.
– Vinde a mim todos vós que estais cansados, e descanso eu vos darei, diz o Senhor (Mt 11,28).
Aleluia, aleluia, aleluia.
Evangelho de Jesus Cristo, segundo Lucas: Lc 15,1-10
– O Senhor esteja convosco.
– Ele está no meio de nós.
– Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo † segundo Lucas
– Glória a vós, Senhor!
– Naquele tempo, 1os publicanos e pecadores aproximavam-se de Jesus para o escutar. 2Os fariseus, porém, e os mestres da Lei criticavam Jesus. “Este homem acolhe os pecadores e faz refeição com eles”. 3Então Jesus contou-lhes esta parábola: 4“Se um de vós tem cem ovelhas e perde uma, não deixa as noventa e nove no deserto, e vai atrás daquela que se perdeu, até encontrá-la? 5Quando a encontra, coloca-a nos ombros com alegria, 6e, chegando à casa, reúne os amigos e vizinhos, e diz: ‘Alegrai-vos comigo! Encontrei a minha ovelha que estava perdida!’ 7Eu vos digo: Assim haverá no céu mais alegria por um só pecador que se converte, do que por noventa e nove justos que não precisam de conversão. 8E se uma mulher tem dez moedas de prata e perde uma, não acende uma lâmpada, varre a casa e a procura cuidadosamente, até encontrá-la? 9Quando a encontra, reúne as amigas e vizinhas, e diz: ‘Alegrai-vos comigo! Encontrei a moeda que tinha perdido!’ 10Por isso, eu vos digo, haverá alegria entre os anjos de Deus por um só pecador que se converte”.
– Palavra da salvação.
– Glória a vós, Senhor!
São Zacarias e Santa Isabel
- por Pe. Alexandre
Pelo próprio relato bíblico descobrimos que viviam na aldeia de Ain-Karim e que tinham laços de parentesco com a Sagrada Família de Nazaré.
“Havia no tempo de Herodes, rei da Judéia, um sacerdote chamado Zacarias, da classe de Ábias; a sua mulher pertencia à descendência de Aarão e se chamava Isabel” (Lc 1, 6).
Conta-nos o evangelista São Lucas que eram anciãos e não tinham filhos, o que acabava sendo vergonhoso e quase um castigo divino para a sociedade da época. Sendo assim recorreram à força da oração, por isso conseguiram a graça que superou as expectativas. Anunciado pelo Anjo Gabriel e assistido por Nossa Senhora nasceu João Batista; um menino com papel singular na História da Salvação da humanidade: “pois ele será grande perante o Senhor…e será repleto do Espírito Santo desde o seio de sua mãe (Santa Isabel). Ele reconduzirá muitos dos filhos de Israel ao Senhor seu Deus” (Lc1, 15s).
Depois do Salmo profético de São Zacarias, onde ele, repleto do Espírito Santo, profetizou a missão do filho, perdemos o contato com a vida do casal, que sem dúvida permaneceram fiéis ao Senhor até o fim de suas vidas. Assim, a Igreja, tanto do Oriente quanto do Ocidente, reconhecem o exemplo deste casal para todos os casais, já que “ambos eram justos diante de Deus e cumpriram todos os mandamentos e observâncias do Senhor” (Lc 1, 6).
São Zacarias e Santa Isabel, rogai por nós!
Meditação
- por Pe. Alexandre
70. AMIGO DOS PECADORES
– Os doentes é que precisam de médico. Jesus veio curar-nos.
– A ovelha perdida. A alegria de Deus ante as nossas conversões diárias.
– Jesus sai muitas vezes à nossa procura.
I. LEMOS NO EVANGELHO da Missa1 que os publicanos e os pecadores se aproximavam de Jesus para ouvi-lo. Mas os fariseus e os escribas murmuravam dizendo: Este recebe os pecadores e come com eles.
Meditando na vida do Senhor, podemos ver claramente como toda ela manifesta a sua absoluta impecabilidade. Ele próprio perguntará aos que o escutam: Quem de vós me argüirá de pecado?2, e “durante toda a sua vida luta contra o pecado e contra tudo o que gera o pecado, a começar por Satanás, que é o pai da mentira… (cfr. Jo 8, 44)”3.
Esta batalha de Jesus contra o pecado e contra as suas raízes mais profundas não o afasta do pecador. Pelo contrário, aproxima-o dos homens, de cada homem. Na sua vida terrena, Jesus costumava mostrar-se particularmente próximo dos que, aos olhos dos homens, passavam por “pecadores” ou o eram de verdade. O Evangelho assim no-lo mostra em muitas passagens, a ponto de os seus inimigos lhe terem dado o título de amigo dos publicanos e dos pecadores4.
A sua vida é um contínuo aproximar-se dos que precisam da saúde da alma. Sai à procura dos que necessitam de ajuda como Zaqueu, em cuja casa se hospeda: Zaqueu, desce depressa – diz-lhe – porque convém que eu me hospede hoje em tua casa5. Não se afasta e até vai em busca dos que estão mais distanciados. Por isso aceita os convites e aproveita as circunstâncias da vida social para estar com aqueles que parecem não ter postas as suas esperanças no Reino de Deus. São Marcos indica que, depois do chamamento dirigido a Mateus, estavam também à mesa com Jesus e com os seus discípulos muitos publicanos e pecadores6. E quando os fariseus murmuram dessa atitude, Jesus responde-lhes: Os sãos não têm necessidade de médico, mas os enfermos…7 Sentado à mesa com esses homens que parecem estar muito longe de Deus, Jesus mostra-se entranhadamente humano. Não se afasta deles; pelo contrário, procura conversar e relacionar-se com eles.
A suprema manifestação do amor de Jesus pelos que se encontravam numa situação mais crítica deu-se no momento da sua Morte por todos no Calvário. Mas nesse longo percurso até à Cruz, a sua vida foi uma manifestação contínua de interesse por cada um, que se expressava nestas palavras comovedoras: O Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir…8 Para servir a todos: aos que têm boa vontade e estão mais preparados para receber a doutrina do Reino e aos que parecem resistir à Palavra divina e ter o coração endurecido.
A meditação de hoje deve levar-nos a aumentar a nossa confiança em Jesus, tanto mais quanto maiores forem as nossas necessidades, quanto mais sentirmos a nossa fraqueza: nesses momentos, Cristo também está perto de nós. De igual forma, pediremos com confiança por aqueles que estão afastados do Senhor, que não correspondem à solicitude com que procuramos aproximá-los de Deus e até parecem afastar-se mais. “Oh!, que dura coisa Vos peço, meu Deus – exclama Santa Teresa –: que queirais a quem não Vos quer, que abrais a quem não Vos chama, que deis saúde a quem gosta de estar doente e anda procurando a doença!”9
II. JESUS CRISTO ANDAVA constantemente entre a turba, deixando-se assediar por ela, mesmo depois de entrada a noite10; muitas vezes, nem sequer lhe permitiam descansar11. A sua existência esteve totalmente dedicada aos seus irmãos os homens12, com um amor tão grande que chegou a dar a vida por todos13. Ressuscitou para a nossa justificação14; subiu aos Céus para nos preparar um lugar15; enviou-nos o Espírito Santo para não nos deixar orfãos16. Quanto mais necessitados nos encontramos, mais atenções tem conosco. Esta misericórdia supera qualquer cálculo e medida humana; é “própria de Deus, e nela se manifesta de forma máxima a sua onipotência”17.
O Evangelho da Missa continua com uma belíssima parábola em que se expressam os cuidados de que a misericórdia divina rodeia o pecador: Se um de vós tem cem ovelhas e uma delas se perde, não deixa porventura as noventa e nove no campo, e vai à procura da que se extraviou, até que a encontra? E, quando a encontra, carrega-a sobre os ombros alegremente; e, ao chegar a casa, reúne os amigos e vizinhos para dizer-lhes: Congratulai-vos comigo, porque encontrei a minha ovelha que se tinha perdido. “A suprema Misericórdia – comenta São Gregório Magno – não nos abandona nem mesmo quando nós a abandonamos”18. Jesus Cristo é o Bom Pastor que nunca dá por definitivamente perdida nenhuma das suas ovelhas.
O Senhor também quer expressar aqui a sua imensa alegria, a alegria de Deus, pela conversão do pecador. É um júbilo divino que ultrapassa toda a lógica humana: Digo-vos que assim também haverá maior júbilo no céu por um pecador que faça penitência, que por noventa e nove justos que não precisem de penitência, do mesmo modo que um capitão estima mais o soldado que na guerra, tendo voltado depois de fugir, ataca com maior valor o inimigo, do que aquele que nunca fugiu, mas também não mostrou valor algum, comenta São Gregório Magno; ou como o lavrador prefere muito mais a terra que, depois de ter produzido espinhos, dá fruto abundante, do que a terra que nunca teve espinhos, mas nunca produziu fruto abundante19.
É a alegria de Deus quando retomamos a luta interior, talvez depois de pequenos fracassos nesses pontos em que precisamos de uma conversão: esforçar-nos por vencer as asperezas do caráter; por ser otimistas em todas as circunstâncias, sem desanimar, pois somos filhos de Deus; por aproveitar o tempo no estudo, no trabalho, começando e terminando na hora prevista, deixando de lado telefonemas inúteis ou desnecessários; por desarraigar um defeito; por ser generosos na pequena mortificação habitual… É a luta diária por evitar “extravios” que, mesmo que não sejam graves, nos afastam do Senhor.
Sempre que recomeçamos, o nosso coração cumula-se de júbilo, e o mesmo acontece com o do Mestre. Cada vez que deixamos que Ele nos encontre, somos a alegria de Deus no mundo. O Coração de Jesus “transborda de alegria quando recupera uma alma que lhe tinha escapado. Todos têm que participar da sua felicidade: os anjos e os eleitos do Céu, bem como os justos da terra”20. Alegrai-vos comigo…, diz-nos o Senhor.
Senhor – canta um antigo hino da Igreja –, ficaste extenuado procurando-me: / Que não seja em vão fadiga tão grande!21
III. E QUANDO A ENCONTRA, carrega-a sobre os ombros alegremente…
Jesus Cristo sai muitas vezes à nossa procura. Ele, que pode medir a maldade e a essência da ofensa a Deus em toda a sua profundidade, aproxima-se de nós; Ele conhece bem a fealdade do pecado e a sua malícia, e, no entanto, “não chega iracundo: o Justo oferece-nos a imagem mais comovente da misericórdia […]. À samaritana, à mulher com seis maridos, diz simplesmente – e nela a todos os pecadores –: Dá-me de beber (Jo 3, 4-7). Cristo vê o que essa alma pode ser, quanta beleza se esconde nela – a imagem de Deus ali mesmo –, e que possibilidades, e até que «resto de bondade» não existe naquela vida de pecado, como uma marca inefável, mas realíssima, do que Deus quer dela”22.
Jesus Cristo aproxima-se do pecador com respeito, com delicadeza. As suas palavras são sempre expressão do seu amor por cada alma. Vai e não peques mais23, é a única coisa que dirá à mulher adúltera que estivera a ponto de ser apedrejada. Filho, tem confiança, são-te perdoados os teus pecados24, dirá ao paralítico que, depois de incontáveis esforços, tinha sido levado pelos seus amigos à presença de Jesus. Momentos antes de morrer, dirá ao Bom Ladrão: Em verdade te digo: Hoje estarás comigo no Paraíso25. São palavras de perdão, de alegria e de recompensa. Se soubéssemos com que amor Cristo nos espera em cada Confissão! Se pudéssemos compreender o seu interesse em que regressemos!
A impaciência do Bom Pastor é tanta que não fica à espera de ver se a ovelha volta ao redil por conta própria, mas sai pessoalmente em busca dela. Uma vez encontrada, nenhuma outra receberá tantas atenções como ela, pois terá a honra de voltar ao redil aos ombros do pastor. Volta ao redil e “passada a surpresa, é real esse acréscimo de calor que traz ao rebanho, esse descanso merecido do pastor, e a própria calma do cão de guarda, que só de vez em quando, em sonhos, acorda assustado e vai certificar-se de que a ovelha dorme mais aconchegada ainda, se é possível, entre as outras”26. Os cuidados e atenções da misericórdia divina para com o pecador arrependido são esmagadores.
O seu perdão não consiste apenas em perdoar e esquecer para sempre os nossos pecados; isto já seria muito. Com a remissão das culpas, a alma também renasce para uma vida nova, ou a que já existia cresce e fortifica-se. O que antes era morte converte-se em fonte de vida; o que era terra dura transforma-se num vergel de frutos duradouros.
O Senhor mostra-nos nesta passagem evangélica todo o valor que tem para Ele uma só alma, pois está disposto a lançar mão de todos os meios para que ela não se perca; mostra também a sua infinita alegria quando alguém volta de novo à sua amizade.
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