06 de Outubro de 2020

27a semana do tempo comum Terça-feira

- por Pe. Alexandre

TERÇA FEIRA DA XXVII SEMANA COMUM
(verde – ofício do dia)

 

Antífona da entrada

 

– Senhor, tudo está em vosso poder, e ninguém pode resistir a vossa vontade. Vós fizestes todas as coisas: o céu, a terra e tudo o que eles contêm; sois o Deus do universo! (Est, 13.9).

 

Oração do dia

 

– Ó Deus eterno e todo-poderoso, que nos concedeis, no vosso imenso amor de Pai, mais do que merecemos e pedimos, derramai sobre nós a vossa misericórdia, perdoando o que nos pesa na consciência e dando-nos mais do que ousamos pedir. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

 

1ª Leitura: Gl 1,13-24

– Leitura da carta de são Paulo aos Gálatas: Irmãos, 13certamente ouvistes falar como foi outrora a minha conduta no judaísmo, com que excessos perseguia e devastava a Igreja de Deus 14e como progredia no judaísmo mais do que muitos judeus de minha idade, mostrando-me extremamente zeloso das tradições paternas. 15Quando, porém, aquele que me separou desde o ventre materno e me chamou por sua graça 16se dignou revelar-me o seu Filho, para que eu o pregasse entre os pagãos, não consultei carne nem sangue 17nem subi, logo, a Jerusalém para estar com os que eram apóstolos antes de mim. Pelo contrário, parti para a Arábia e, depois, voltei ainda a Damasco. 18Três anos mais tarde, fui a Jerusalém para conhecer Cefas e fiquei com ele quinze dias. 19E não estive com nenhum outro apóstolo, a não ser Tiago, o irmão do Senhor. 20Escrevendo estas coisas, afirmo diante de Deus que não estou mentindo. 21Depois, fui para as regiões da Síria e da Cilícia. 22Ainda não era pessoalmente conhecido das Igrejas da Judeia que estão em Cristo. 23Apenas tinham ouvido dizer que “aquele que, antes, nos perseguia, está agora pregando a fé que, antes, procurava destruir”. 24E glorificavam a Deus por minha causa.

 

– Palavra do Senhor.

– Graças a Deus.

 

Salmo Responsorial: Sl 139, 1-3.13-14ab.14c-15 (R: 24b)

 

– Conduzi-me no caminho para a vida, ó Senhor!
R: Conduzi-me no caminho para a vida, ó Senhor!

– Senhor, vós me sondais e conheceis, sabeis quando me sento ou me levanto; de longe penetrais meus pensamentos, percebeis quando me deito e quando eu ando, os meus caminhos vos são todos conhecidos.

R: Conduzi-me no caminho para a vida, ó Senhor!

– Fostes vós que me formastes as entranhas, e no seio de minha mãe vós me tecestes. Eu vos louvo e vos dou graças, ó Senhor, porque de modo admirável me formastes! Que prodígio e maravilha as vossas obras!

R: Conduzi-me no caminho para a vida, ó Senhor!

– Até o mais íntimo, Senhor me conheces; nenhuma sequer de minhas fibras ignoráveis; quando eu era modelado ocultamente, era formado nas entranhas subterrâneas.

R: Conduzi-me no caminho para a vida, ó Senhor!

Aclamação ao santo Evangelho.

 

Aleluia, aleluia, aleluia.

Aleluia, aleluia, aleluia.

 

– Feliz quem ouve e observa a palavra de Deus! (Lc 11,28).

 

Aleluia, aleluia, aleluia.

 

Evangelho de Jesus Cristo, segundo Lucas: Lc 10, 38-42.

– O Senhor esteja convosco.

– Ele está no meio de nós.

– Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo † segundo Lucas.

– Glória a vós, Senhor!

 

– Naquele tempo, 38Jesus entrou num povoado, e certa mulher, de nome Marta, recebeu-o em sua casa. 39Sua irmã, chamada Maria, sentou-se aos pés do Senhor, e escutava a sua palavra. 40Marta, porém, estava ocupada com muitos afazeres. Ela aproximou-se e disse: “Senhor, não te importas que minha irmã me deixe sozinha, com todo o serviço? Manda que ela me venha ajudar!” 41O Senhor, porém, lhe respondeu: “Marta, Marta! Tu te preocupas e andas agitada por muitas coisas. 42Porém, uma só coisa é necessária. Maria escolheu a melhor parte e esta não lhe será tirada”.

 

– Palavra da salvação.

– Glória a vós, Senhor!

São Bruno

- por Pe. Alexandre

Hoje lembramos o santo que se tornou o fundador da Ordem dos Cartuxos, considerada a mais rígida de todas as Ordens da Igreja, e que atravessou a história sem reformas.

Filho de família nobre de Colônia (Alemanha), nasceu em 1032. Quando alcançou idade foi chamado pelo Senhor ao sacerdócio, e se deixou seduzir. Amigo e admirado pelo Arcebispo de Reims, Bruno, inteligente e piedoso, começou a dar aulas na escola da Catedral desse local, até que já, cinquentenário e cônego, amadureceu na inspiração de servir a uma Ordem religiosa.

Após curto estágio num mosteiro beneditino, retirou-se a uma região chamada Cartuxa com a aprovação e bênção de São Hugo, Bispo de Grenoble, o qual lhe ofereceu um lugar. Isto se deu graças a um sonho que São Hugo teve. Neste sonho, apareciam-lhe sete estrelas que caíam aos seus pés para, logo em seguida, levantarem-se e desaparecerem no deserto montanhoso. Após este sonho, o Bispo recebeu a visita de Bruno que estava acompanhado por seis companheiros monges. Ao ver os sete varões, o Bispo Hugo reconheceu imediatamente neles as sete estrelas do sonho e concedeu-lhes as terras onde São Bruno iniciou a Ordem gloriosa da Cartuxa com o coração abrasado de amor por Jesus e pelo Reino de Deus. Com os monges companheiros, observava-se absoluto silêncio, a fim do aprofundamento na oração e à meditação das coisas divinas, ofícios litúrgicos comunitários, obediência aos superiores, trabalhos agrícolas, transcrição de manuscritos e livros piedosos.

Quando um dos discípulos de São Bruno tornou-se Papa (Urbano II), teve ele que obedecer ao Vigário de Cristo, já que o queria como assessor, porém, recusou ser Bispo e após pedir com insistência ao Sumo Pontífice, conseguiu voltar à vida religiosa, quando juntamente com amigos de Roma, fundou no sul da Itália o Mosteiro de Santa Maria da Torre, onde veio a falecer no dia 6 de outubro de 1101.

As últimas palavras foram: “Eu creio nos Santos Sacramentos da Igreja Católica, em particular, creio que o pão e o vinho consagrados, na Santa Missa, são o Corpo e Sangue, verdadeiros, de Jesus Cristo”.

São Bruno, rogai por nós!

Meditação

- por Pe. Alexandre

32. EM BETÂNIA

– Os afazeres da vida corrente, meio e ocasião para encontrar a Deus.

– Unidade de vida.

– Uma só coisa é necessária, a santidade pessoal.

I. SÃO LUCAS CONTA no seu Evangelho que Jesus ia a caminho de Jerusalém e, poucos quilômetros antes de chegar à cidade, parou para descansar em casa de uns amigos na pequena localidade de Betânia1. Eram três irmãos – Lázaro, Marta e Maria – por quem Jesus nutria particular estima, como podemos ler em outros lugares do Evangelho2. O Mestre sentia-se bem naquele lar, rodeado de amigos. Marta quis preparar um refrigério para Jesus e seus acompanhantes, cansados depois de uma longa jornada por aqueles caminhos duros e polvorentos. Por isso, afadigava-se na contínua lida da casa. Sua irmã Maria, sentada aos pés do Senhor, ouvia a sua palavra.

Durante muito tempo, Marta foi considerada como figura e imagem da vida ativa, enquanto Maria encarnava o símbolo da vida contemplativa. No entanto, para a maioria dos cristãos que devem santificar-se no meio das suas tarefas seculares, esses dois tipos não podem ser considerados dois modos contrapostos de viver o cristianismo. Em primeiro lugar, porque careceria de sentido uma vida de trabalho, imersa nos negócios, no estudo, ou preocupada pelos problemas do lar, que se esquecesse de Deus; por outro, porque haveria sérios motivos para duvidar da sinceridade de uma vida de oração que não se manifestasse num trabalho realizado com maior perfeição, com uma caridade mais fina.

O trabalho, o estudo, os problemas que se apresentam numa vida normal, longe de serem obstáculo, devem ser meio e ocasião de um trato afetuoso com o Senhor3. “Nesta terra, a contemplação das realidades sobrenaturais, a ação da graça em nossas almas, o amor ao próximo como fruto saboroso do amor a Deus, representam já uma antecipação do céu, uma incoação destinada a crescer de dia para dia. Nós, os cristãos, não suportamos uma vida dupla: mantemos uma unidade de vida, simples e forte, em que se fundamentam e se compenetram todas as nossas ações […].

“Sejamos almas contemplativas, absorvidas num diálogo constante com Deus, procurando a intimidade com o Senhor a toda a hora: desde o primeiro pensamento do dia até o último da noite; pondo continuamente o nosso coração em Jesus Cristo, Nosso Senhor; achegando-nos a Ele por nossa Mãe, Santa Maria, e por Ele, ao Pai e ao Espírito Santo”4.

Os afazeres profissionais, as aspirações nobres, as preocupações… devem alimentar o nosso diálogo diário com Jesus. Se não fosse assim, de que falaríamos com Ele? Aqueles amigos de Betânia – como também os Apóstolos – contavam ao Mestre os pequenos episódios do seu viver diário, perguntavam-lhe o que não entendiam. Alguns desses diálogos de Jesus com os seus íntimos ficaram plasmados no Evangelho: Mestre – dizem-lhe os Apóstolos certa vez –, vimos um que expulsava os demônios em teu nome e lho proibimos porque não era do nosso grupo… Outras vezes, confessam de maneira simples as suas inquietações: Eis que deixamos tudo e te seguimos; o que será de nós? As suas próprias vidas eram o tema da conversa com Jesus. O mesmo devemos nós fazer.

II. É BASTANTE POSSÍVEL que Marta, perante a urgência e o aumento de trabalho que resultou da chegada de Jesus, estivesse mais preocupada com os seus afazeres do que com o próprio Senhor. Além disso, foi como se Maria, sentada aos pés de Jesus, lhe tirasse a paz. Por isso, apresentou-se diante de Jesus e disse-lhe: Senhor, não se te dá que minha irmã me tenha deixado só com o serviço da casa? Diz-lhe, pois, que me ajude. Podemos imaginar facilmente o Mestre dirigindo-lhe esta afetuosa reconvenção: Marta, Marta, afadigas-te e andas inquieta com muitas coisas. Na verdade, uma só coisa é necessária.

Só uma coisa é necessária: o amor a Deus, a santidade pessoal. Quando Cristo é o objetivo da nossa vida durante as vinte e quatro horas do dia, trabalhamos mais e melhor. Este é o fio forte que – como num colar de pérolas finas – une todas as obras do dia; assim evitamos a vida dupla: uma para Deus e outra dedicada às tarefas no meio do mundo: às ocupações profissionais, à família, ao relacionamento com os amigos, ao descanso…

Na existência do cristão, ensina o Papa João Paulo II, “não pode haver duas vidas paralelas: por um lado, a vida chamada espiritual, com os seus valores e exigências; e, por outro, a chamada vida secular, ou seja, a vida da família, do trabalho, das relações sociais, do empenho político e da cultura. A vide, incorporada na videira que é Cristo, dá os seus frutos em todos os ramos da atividade e da existência. Pois os vários campos da vida laical entram todos nos desígnios de Deus, que os quer como lugar histórico em que se revela e se realiza a caridade de Jesus Cristo para glória do Pai e a serviço dos irmãos. Toda a atividade, toda a situação, todo o empenho concreto – como, por exemplo, a competência e a solidariedade no trabalho, o amor e a dedicação à família e à educação dos filhos, o serviço social e político, a proposta da verdade na esfera da cultura – são ocasiões providenciais de «um contínuo exercício da fé, da esperança e da caridade» (Apostolicam actuositatem, 4)”5.

Os acontecimentos diários, a intensidade no trabalho, o cansaço, as relações com os outros, são circunstâncias que se oferecem para praticarmos não só as virtudes humanas, mas também as sobrenaturais. Temos Jesus muito perto de nós, como Marta. Acompanha-nos no lar, no escritório, no laboratório, quando vamos pela rua. Não deixemos de referir à sua Pessoa tudo o que nos acontece ao longo da jornada. E então, mergulhados nos diferentes afazeres que nos ocupam durante todo o dia, saberemos dizer, com as palavras de um Salmo que hoje se reza na Liturgia das Horas: Quanto amo a tua lei, Senhor! Ela é objeto da minha meditação todo o dia. Os teus preceitos tornaram-me mais sábio que os meus inimigos, porque estão sempre comigo. Sou mais prudente que todos os meus mestres, porque medito os teus mandamentos6.

III. UMA SÓ COISA é necessária: a amizade crescente com o Senhor. “Este deve ser o objetivo e o desígnio constante do nosso coração… Tudo o que o afaste disso, por grande que possa parecer, deve ocupar um lugar secundário, ou, para dizê-lo melhor, o último de todos. Devemos até considerá-lo como um dano positivo”7, um grande mal.

O maior bem que podemos prestar à família, ao trabalho, aos nossos amigos…, à sociedade, é o cuidado desses meios que nos unem ao Senhor: a presença de Deus durante o dia – alimentada por atos de amor, de desagravo, de ações de graças… –, o empenho na meditação diária, a Confissão freqüente cheia de contrição, etc. E o maior mal…, o descuido desses meios que nos aproximam de Jesus, coisa que pode acontecer por desordem, por tibieza ou mesmo pela busca de uma maior eficácia – aparente – em outras atividades que podem apresentar-se como mais urgentes ou importantes. Santo Inácio de Antioquia escrevia a São Policarpo que devemos desejar este trato amistoso com Deus “da mesma forma que o piloto deseja ventos favoráveis e o marinheiro surpreendido pela tempestade suspira pelo porto”8.

O trato sincero com o Senhor enriquece todas as outras atividades. Sempre que vejamos que a multiplicidade de afazeres e a urgência dos problemas tendem a afogar os tempos que dedicamos especialmente a Deus, devemos ouvir na intimidade da nossa alma – como Marta – as palavras de Cristo: Uma só coisa é necessária. A busca da santidade é a primeira coisa que se deve procurar nesta vida, a que sempre deve estar em primeiro lugar. Buscai, pois, em primeiro lugar, o reino de Deus e a sua justiça, e tudo o resto vos será dado por acréscimo9, anunciou o Mestre em outra ocasião.

“Agradece ao Senhor o enorme bem que te outorgou ao fazer-te compreender que «uma só coisa é necessária». – E, juntamente com a gratidão, que não falte todos os dias a tua súplica pelos que ainda não O conhecem ou não O entenderam”10. Que enorme alegria podermos ter sempre presente que o grande objetivo da nossa vida é crescer em amor a Jesus Cristo! Que felicidade podermos comunicá-lo a outros!

Peçamos à Virgem Maria que nunca percamos de vista o Senhor enquanto procuramos realizar com perfeição, acabadamente, as nossas tarefas profissionais.

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