07 de Abril de 2020

Semana da Santa Terça-feira

- por Padre Alexandre Fernandes

TERÇA FEIRA – SEMANA SANTA

(Roxo pref. Paixão II, ofício do dia)

 

Antífona da entrada

 

– Não me deixeis, Senhor, à mercê de meus adversários, pois contra mim se levantaram testemunhas falsas, mas volta-se contra eles a sua iniquidade

(Sl 26,12).

 

Oração do dia

 

– Deus eterno e todo-poderoso, dai-nos celebrar de tal modo os mistérios da paixão do Senhor, que possamos alcançar vosso perdão. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

 

1ª Leitura: Is 49,1-6

 

– Leitura do livro do profeta Isaías: 1Nações marinhas, ouvi-me, povos distantes, prestai atenção: o Senhor chamou-me antes de eu nascer, desde o ventre de minha mãe ele tinha na mente o meu nome; 2fez de minha palavra uma espada afiada, protegeu-me à sombra de sua mão e fez de mim uma flecha aguçada, escondida em sua aljava, 3e disse-me: “Tu és o meu Servo, Israel, em quem serei glorificado”.  4E eu disse: “Trabalhei em vão, gastei minhas forças sem fruto, inutilmente; entretanto o Senhor me fará justiça e o meu Deus dará recompensa”. 5E agora me diz o Senhor – ele que me preparou desde o nascimento para ser seu Servo – que eu recupere Jacó para ele e faça Israel unir-se a ele; aos olhos do Senhor esta é a minha glória. 6Disse ele: “Não basta seres meu Servo para restaurar as tribos de Jacó e reconduzir os remanescentes de Israel: eu te farei luz das nações, para que minha salvação chegue até aos confins da terra”.

 

– Palavra do Senhor.

– Graças a Deus.

 

Salmo Responsorial: Sl 71,1-2.3-4a.5-6ab.15.17 (R: 15)

 

– Minha boca anunciará vossa justiça.
R: Minha boca anunciará vossa justiça.

– Eu procuro meu refúgio em vós, Senhor: que eu não seja envergonhado para sempre! Porque sois justo, defendei-me e libertai-me! Escutai a minha voz, vinde salvar-me!

R: Minha boca anunciará vossa justiça.

– Sede uma rocha protetora para mim, um abrigo bem seguro que me salve! Porque sois a minha força e meu amparo, o meu refúgio, proteção e segurança! Libertai-me, ó meu Deus, das mãos do ímpio.

R: Minha boca anunciará vossa justiça.

– Porque sois, ó Senhor Deus, minha esperança, em vós confio desde a minha juventude! Sois meu apoio desde antes que eu nascesse. Desde o seio maternal, o meu amparo.

R: Minha boca anunciará vossa justiça.

– Minha boca anunciará todos os dias vossa justiça e vossas graças incontáveis. Vós me ensinastes desde a minha juventude, e até hoje canto as vossas maravilhas.

R: Minha boca anunciará vossa justiça.

 

Evangelho de Jesus Cristo, segundo João: Jo 13,21-33.36-38

 

Honra, glória, poder e louvor a Jesus, nosso Deus e Senhor!

Honra, glória, poder e louvor a Jesus, nosso Deus e Senhor!

 

– Salve, ó rei, obediente ao Pai, vós fostes levado para ser crucificado, como um manso cordeiro é conduzido à matança.

 

Honra, glória, poder e louvor a Jesus, nosso Deus e Senhor!

 

– O Senhor esteja convosco.

– Ele está no meio de nós.

– Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo † segundo João

– Glória a vós, Senhor!  

 

Naquele tempo, estando à mesa com seus discípulos, 21Jesus ficou profundamente comovido e testemunhou: “Em verdade, em verdade vos digo, um de vós me entregará”. 22Desconcertados, os discípulos olhavam uns para os outros, pois não sabiam de quem Jesus estava falando. 23Um deles, a quem Jesus amava, estava recostado ao lado de Jesus. 24Simão Pedro fez-lhe um sinal para que ele procurasse saber de quem Jesus estava falando. 25Então, o discípulo, reclinando-se sobre o peito de Jesus, perguntou-lhe: “Senhor, quem é?” 26Jesus respondeu: “É aquele a quem eu der o pedaço de pão passado no molho”. Então Jesus molhou um pedaço de pão e deu-o a Judas, filho de Simão Iscariotes. 27Depois do pedaço de pão, Satanás entrou em Judas. Então Jesus lhe disse: “O que tens a fazer, executa-o depressa”. 28Nenhum dos presentes compreendeu por que Jesus lhe disse isso. 29Como Judas guardava a bolsa, alguns pensavam que Jesus lhe queria dizer: ‘Compra o que precisamos para a festa’, ou que desse alguma coisa aos pobres. 30Depois de receber o pedaço de pão, Judas saiu imediatamente. Era noite. 31Depois que Judas saiu, disse Jesus: “Agora foi glorificado o Filho do Homem, e Deus foi glorificado nele. 32Se Deus foi glorificado nele, também Deus o glorificará em si mesmo, e o glorificará logo. 33Filhinhos, por pouco tempo estou ainda convosco. Vós me procurareis, e agora vos digo, como eu disse também aos judeus: ‘Para onde eu vou, vós não podeis ir’”. 36Simão Pedro perguntou: “Senhor, para onde vais?” Jesus respondeu-lhe: “Para onde eu vou, tu não me podes seguir agora, mas seguirás mais tarde”. 37Pedro disse: “Senhor, por que não posso seguir-te agora? Eu darei a minha vida por ti!” 38Respondeu Jesus: “Darás a tua vida por mim? Em verdade, em verdade te digo: o galo não cantará antes que me tenhas negado três vezes”.

 

– Palavra da salvação.

– Glória a vós, Senhor!  

São João Batista de La Salle

- por Padre Alexandre Fernandes

Nasceu na França, em Reims, no ano de 1651, dentro de uma família abastada. Perdeu muito cedo seus pais, e foi ele, com este amor alimentado na oração, na vivência dos mandamentos, na vida sacramental, que educou os seus irmãos. E o carisma da educação foi brotando naquele coração chamado à vida religiosa e sacerdotal.

Estudou em Paris, e deu passos concretos de encontro às necessidades no campo da educação: cuidar e educar de maneira virtuosa os homens. Sendo assim, foi uma resposta de Deus para a Igreja.

La Salle teve uma santidade reconhecida pela sociedade. Doze ‘irmãos’ se uniram a ele nesse projeto de Deus. Esse sacerdote, centrado na Eucaristia, teve suas escolas populares espalhadas pela França, Europa, e hoje, pelo mundo.

São João Batista de La Salle, fundador dos “irmãos das escolas cristãs”, nos prova que quando se tem uma inspiração, e como Igreja, ela fará bem à sociedade, vale a pena nos doarmos, mesmo que a incompreensão nos visite.

Faleceu no dia 07 de abril de 1719, em Rouen, na França, e é intercessor dos mestres e educadores, para que sejamos na sociedade um sinal de esperança.

São João Batista de La Salle, rogai por nós!

Meditação

- por Padre Alexandre Fernandes

SEMANASANTA.TERÇA-FEIRA

42. DIANTE DE PILATOS. JESUS CRISTO REI

– Jesus condenado à morte.

– O Rei dos judeus. Um reino de graça.

– O Senhor quer reinar nas nossas almas.

I. COM AS MÃOS ATADAS, o Senhor é conduzido à residência do procurador Pôncio Pilatos. Todos têm pressa em acabar. Jesus, em silêncio, e com essa dignidade que se reflete no seu porte, passa por algumas ruelas a caminho da casa de Pilatos. “Já nascera o dia, e os habitantes da cidade tinham acordado e acorriam às portas e janelas para ver um preso tão conhecido e admirado pela sua santidade e obras. O Senhor ia com as mãos atadas, e a corda que lhe atava as mãos unia-se ao pescoço: esta era a pena que se impunha aos que haviam usado mal da sua liberdade contra o seu povo. Sentiria frio naquela madrugada, e sono; a cara, desfigurada pelas pancadas e escarros; o cabelo despenteado pelos últimos puxões que lhe tinham dado; entumecido o rosto e o sangue coagulado e seco. Foi assim que o Senhor apareceu em público pelas ruas, e todos o olhavam espantados e atemorizados. Ninguém duvidava de que, se o tinham tratado e o conduziam assim, era porque iria ser condenado”1.

Jesus passa da jurisdição do Sinédrio para a romana, pois as autoridades judaicas podiam condenar à morte, mas não executar a sentença. E recorrem à autoridade romana quanto antes – nas primeiras horas da manhã – porque querem acabar com Jesus antes das festas. Começa a cumprir-se ao pé da letra o que Ele havia anunciado:O Filho do homem será entregue aos gentios; escarnecerão dele, e será ultrajado e cuspido; e depois de açoitá-lo, matá-lo-ão, e ao terceiro dia ressuscitará2.

Conduziram Jesus à praça do pretório. Mas os que o acusavam não entraram no pretório, para não se contaminarem e poderem comer a Páscoa3, pois os judeus ficavam legalmente impuros se entravam em casa de estrangeiros. “Oh cegueira ímpia!, exclama Santo Agostinho. Parece-lhes que ficarão contaminados com uma casa estranha, e não temem ficar impuros com um crime”4. Cumprem-se uma vez mais as palavras duríssimas que o Senhor lhes dissera tempos atrás: Guias cegos! Filtrais um mosquito e engolis um camelo5.

Saiu, pois, Pilatos para ter com eles6. Jesus encontra-se de pé diante de Pilatos7; o procurador pode contemplar a paz e a serenidade do acusado, em contraste com a agitação e a pressa dos que querem a sua morte.

Disse-lhe Pilatos: És tu o rei dos judeus?8 Jesus respondeu-lhe: O meu reino não é deste mundo. Se o meu reino fosse deste mundo, os meus súditos lutariam para que eu não fosse entregue aos judeus. Mas o meu reino não é daqui. Perguntou-lhe então Pilatos: És portanto rei? Respondeu Jesus: Sim, tu o dizes: eu sou rei9. Esta foi a última declaração que o Senhor fez perante os seus acusadores; depois ficou calado como ovelha muda diante dos tosquiadores10.

O Mestre encontra-se só; os seus discípulos já não ouvem os seus ensinamentos: abandonaram-no agora que tanto podiam aprender. Nós queremos acompanhá-lo na sua dor e aprender dEle a ter paciência diante das contrariedades de cada dia e a oferecê-las com amor.

II. PILATOS, PENSANDO TALVEZ que com isso aplacava o ódio dos judeus, mandou flagelar Jesus11. É a cena que contemplamos no segundo mistério doloroso do Rosário:

“Atado à coluna. Cheio de chagas.

“Ouvem-se os golpes dos azorragues na sua carne rasgada, na sua carne sem mancha, que padece pela tua carne pecadora. – Mais golpes. Mais sanha. Mais ainda… É o cúmulo da crueldade humana.

“Por fim, rendidos, desprendem Jesus. E o corpo de Cristo rende-se também à dor e cai, como um verme, truncado e meio morto.

“Tu e eu não podemos falar. – Não são precisas palavras. Olha para Ele, olha para Ele… devagar.

“Depois… serás capaz de ter medo à expiação?”12

A seguir, os soldados teceram uma coroa de espinhos e puseram-na sobre a sua cabeça e cobriram-no com um manto de púrpura. E aproximavam-se dele e diziam-lhe: Salve, rei dos judeus! E davam-lhe bofetadas13. Hoje, ao contemplarmos Jesus que proclama a sua realeza diante de Pilatos, convém que meditemos também nesta cena narrada no terceiro mistério doloroso do Rosário:

“A coroa de espinhos, cravada a marteladas, faz dEle um Rei de comédia… […]. E, à força de pancadas, ferem-lhe a cabeça. E esbofeteiam-no… e cospem nEle […].

“– Tu e eu não teremos voltado a coroá-lo de espinhos, a esbofeteá-lo e a cuspir-lhe?

“Nunca mais, Jesus, nunca mais…”14

Pilatos saiu outra vez e disse-lhes: Eis que vo-lo trago cá para fora, para que saibais que não acho nele culpa alguma. Apareceu então Jesus, trazendo a coroa de espinhos e o manto de púrpura. Pilatos disse-lhes: “Ecce homo”. Eis o homem!15

Vestido com as insígnias reais sob uma chuvarada de zombarias, o Senhor esconde e ao mesmo tempo faz vislumbrar sob aquela trágica aparência a grandeza do Rei dos reis. A criação inteira depende de um gesto de suas mãos. O seu reino é o reino da Verdade e da Vida, o reino da Santidade e da Graça, o reino da Justiça, do Amor e da Paz16. Enquanto contemplamos estas cenas da Paixão, nós, cristãos, não podemos esquecer que Jesus Cristo é “um Rei com um coração de carne, como o nosso”17.

Também não podemos esquecer que são muitos os que o ignoram e rejeitam. “Diante desse triste espetáculo, sinto-me inclinado a desagravar o Senhor. Ao escutar esse clamor que não cessa, e que se compõe não tanto de palavras como de obras pouco nobres, experimento a necessidade de gritar bem alto: Oportet illum regnare! (I Cor XV, 25), convém que Ele reine”18.

Muitos ignoram que Cristo é o único Salvador, Aquele que dá sentido às nossas vidas e aos acontecimentos humanos, Aquele que constitui a alegria e a plenitude dos desejos de todos os corações, o verdadeiro modelo, o irmão de todos, o Amigo insubstituível, o Único digno de toda a confiança.

Ao contemplarmos o Rei coroado de espinhos, dizemos-lhe que queremos que reine na nossa vida, nos nossos corações, nas nossas obras, nos nossos pensamentos, nas nossas palavras, em tudo o que é nosso.

III. JESUS CRISTO É O REI de toda a criação, pois tudo foi feito por Ele19, e dos homens em particular, que foram comprados por um grande preço20. Já o anjo dissera a Maria: Darás à luz um filho… e o Senhor Deus lhe dará o trono de seu pai Davi… e o seu reino não terá fim21.

Mas o seu Reino não é como os da terra. Durante o seu ministério público, o Senhor nunca cedeu ao entusiasmo das multidões, um entusiasmo demasiado humano e misturado com esperanças meramente temporais: Percebendo que queriam arrebatá-lo e fazê-lo rei, retirou-se22.

No entanto, aceita o ato de fé messiânica de Natanael: Tu és o Filho de Deus, tu és o rei de Israel23. Mais ainda, evoca uma antiga profecia24 para confirmar e dar profundidade às suas palavras: Vereis o céu aberto e os anjos de Deus subirem e descerem em torno do Filho do homem25. O seu reinado é de paz, de justiça, de amor: Deus Pai arrancou-nos do poder das trevas e transferiu-nos para o reino do seu Filho muito amado, no qual temos a redenção26.

Não obstante, também hoje são muitos os que o rejeitam. Em muitos ambientes, parece tornar-se a ouvir aquele grito pavoroso: Não queremos que Ele reine sobre nós. Que dor tão grande não seria a do Senhor quando comentava a parábola que reflete a atitude de muitos homens: Mas os homens daquela região odiavam-no – diz Jesus na parábola – e enviaram atrás dele embaixadores para dizer: Não queremos que ele reine sobre nós27. Que mistério de iniqüidade tão grande é o pecado!

O reino do pecado – onde habita o pecado – é um reino de trevas, de tristeza, de solidão, de engano, de mentira. Todas as tragédias e calamidades do mundo, bem como as nossas misérias, têm a sua origem nessas palavras: Nolumus hunc regnare super nos, não queremos que Ele reine sobre nós. Nós, agora, acabamos a nossa oração dizendo a Jesus novamente que “Ele é o Rei do meu coração. Rei desse mundo íntimo dentro de mim mesmo, em que ninguém penetra e em que eu sou o único senhor. Jesus é o Rei aí, no meu coração. Tu o sabes bem, Senhor”28.

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