07 de Fevereiro de 2020
4a Semana Comum Sexta-feira
- por Padre Alexandre Fernandes
SEXTA FEIRA – IV SEMANA COMUM
(cor verde, ofício do dia)
Antífona da entrada
– Salvai-nos, Senhor nosso Deus, reuni vossos filhos dispersos pelo mundo, para que celebremos o vosso santo nome e nos gloriemos em vosso louvor (Sl 105, 47)
Oração do dia
– Concedei-nos, Senhor nosso Deus, adorar-vos de todo coração e amar todas as pessoas com verdadeira caridade. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
1ª Leitura: Elo 47,2-13
– Leitura do livro do Eclesiástico: 2Como a gordura, que se separa do sacrifício pacífico, assim também sobressai Davi, entre os israelitas. 3Brincou com leões como se fossem cabritos e com ursos, como se fossem cordeiros. 4Não foi ele que, ainda jovem, matou o gigante e retirou do seu povo a desonra? 5Ao levantar a mão com a pedra na funda, ele abateu o orgulho de Golias. 6Pois invocou o Senhor, o Altíssimo, e este deu força a seu braço direito e ele acabou com um poderoso guerreiro e reergueu o poder do seu povo. 7Assim foi que o glorificaram por dez mil e o louvaram pelas bênçãos do Senhor, oferecendo-lhe uma coroa de glória. 8Pois esmagou os inimigos por toda a parte, e aniquilou os filisteus, seus adversários, abatendo até hoje o seu poder. 9Em todas as suas obras dava graças ao Santo Altíssimo, com palavras de louvor: 10de todo o coração louvava o Senhor, mostrando que amava a Deus, seu criador. 11Diante do altar colocou cantores, que deviam acompanhar suavemente as melodias. 12Deu grande esplendor às festas e ordenou com perfeição as solenidades até o fim do ano: fez com que louvassem o santo Nome do Senhor, enchendo o santuário de harmonia desde a aurora.
13O Senhor lhe perdoou os seus pecados, e exaltou para sempre o seu poder; concedeu-lhe a aliança real e um trono glorioso em Israel.
– Palavra do Senhor.
– Graças a Deus.
Salmo Responsorial: Sl 18,31.47.50.51 (R: 47b)
– Louvado seja Deus, meu Salvador!
R: Louvado seja Deus, meu Salvador!
– São perfeitos os caminhos do Senhor, sua palavra é provada pelo fogo; nosso Deus é um escudo poderoso para aqueles que a ele se confiam.
R: Louvado seja Deus, meu Salvador!
– Viva o Senhor! Bendito seja o meu Rochedo! E louvado seja Deus, meu Salvador! Por isso, entre as nações, vos louvarei, cantarei salmos, ó Senhor, ao vosso nome.
R: Louvado seja Deus, meu Salvador!
– Concedeis ao vosso rei grandes vitórias e mostrais misericórdia ao vosso Ungido, a Davi e à sua casa para sempre.
R: Louvado seja Deus, meu Salvador!
Aclamação ao santo Evangelho.
Aleluia, aleluia, aleluia.
Aleluia, aleluia, aleluia.
– Felizes os que observam a palavra do Senhor de reto coração e que produzem muitos frutos, até o fim perseverantes! (Lc 8,15)
Aleluia, aleluia, aleluia.
Evangelho de Jesus Cristo, segundo Marcos: Mc 6,14-29
– O Senhor esteja convosco.
– Ele está no meio de nós.
– Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo † segundo Marcos.
– Glória a vós, Senhor!
– Naquele tempo, 14o rei Herodes ouviu falar de Jesus, cujo nome se tinha tornado muito conhecido. Alguns diziam: “João Batista ressuscitou dos mortos. Por isso os poderes agem nesse homem”. 15Outros diziam: “É Elias”. Outros ainda diziam: “É um profeta como um dos profetas”. 16Ouvindo isto, Herodes disse: “Ele é João Batista. Eu mandei cortar a cabeça dele, mas ele ressuscitou!” 17Herodes tinha mandado prender João, e colocá-lo acorrentado na prisão. Fez isso por causa de Herodíades, mulher do seu irmão Filipe, com quem se tinha casado. 18João dizia a Herodes: “Não te é permitido ficar com a mulher do teu irmão”. 19Por isso Herodíades o odiava e queria matá-lo, mas não podia. 20Com efeito, Herodes tinha medo de João, pois sabia que ele era justo e santo, e por isso o protegia. Gostava de ouvi-lo, embora ficasse embaraçado quando o escutava. 21Finalmente, chegou o dia oportuno. Era o aniversário de Herodes, e ele fez um grande banquete para os grandes da corte, os oficiais e os cidadãos importantes da Galiléia. 22A filha de Herodíades entrou e dançou, agradando a Herodes e seus convidados. Então o rei disse à moça: “Pede-me o que quiseres e eu te darei”. 23E lhe jurou dizendo: “Eu te darei qualquer coisa que me pedires, ainda que seja a metade do meu reino”. 24Ela saiu e perguntou à mãe: “Que vou pedir?” A mãe respondeu: “A cabeça de João Batista”. 25E, voltando depressa para junto do rei, pediu: “Quero que me dês agora, num prato, a cabeça de João Batista”. 26O rei ficou muito triste, mas não pôde recusar. Ele tinha feito o juramento diante dos convidados. 27Imediatamente, o rei mandou que um soldado fosse buscar a cabeça de João. O soldado saiu, degolou-o na prisão, 28trouxe a cabeça num prato e a deu à moça. Ela a entregou à sua mãe. 29Ao saberem disso, os discípulos de João foram lá, levaram o cadáver e o sepultaram.
– Palavra da salvação.
– Glória a vós, Senhor!
São Ricardo
- por Padre Alexandre Fernandes
Nasceu na Inglaterra, no século VII e teve três filhos que também foram reconhecidos pela Igreja como santos. Ao descobrir a sua vocação para a vida matrimonial, quis ser santo, mas também quis que seus filhos o fossem, formando uma família santa para Deus. Ele fez, diariamente, a sua opção, porque a santidade passa pela adesão da nossa liberdade. Somos livres, somos todos chamados a canalizar a nossa liberdade para Deus, o autor da verdadeira liberdade.
O santo inglês quis fazer uma peregrinação juntamente com os seus filhos chamados Winebaldo, Wilibaldo e Walberga. Mas, ao saírem da Inglaterra rumo à Terra Santa, passaram por Luca, norte da África, onde São Ricardo adoeceu gravemente e faleceu no ano de 722. Para os filhos, ficou o testemunho, a alegria do pai, a doação, o homem que em tudo buscou a santidade; não apenas para si, mas para os outros e para seus filhos. São Bonifácio, parente muito próximo, convocou os filhos de São Ricardo para a evangelização na Germânia. Que linda contribuição! Walberga tornou-se abadessa; Wilibaldo, Bispo e Winebaldo fundou um mosteiro. Todos eles, como o pai, viveram a santidade.
São Ricardo foi santo no seu tempo. De família nobre, viveu uma nobreza interior, que precisa ser a de todos os cristãos; aquela que muitos podem nem perceber, mas que Deus está vendo. Os frutos mais próximos que podemos perceber na vida desse santo são seus filhos que, assim como o pai, também foram santos. Ele quis ser santo e batalhou para sê-lo como Nosso Senhor Jesus Cristo foi, é e continuará sendo. Sejamos santos.
São Ricardo, rogai por nós!
Meditação
- por Padre Alexandre Fernandes
32. FORTALEZA NA VIDA DIÁRIA
– O exemplo dos mártires. O nosso testemunho de cristãos correntes. A virtude da fortaleza.
– Fortaleza para seguirmos o Senhor, para sermos fiéis nos pormenores, para vivermos o desprendimento efetivo dos bens, para sermos pacientes.
– Heroísmo na vida simples e normal do cristão. Exemplaridade.
I. O EVANGELHO DA MISSA de hoje relata-nos o martírio de João Batista1, que foi fiel à missão recebida de Deus, ao ponto de dar a vida por ela. Se tivesse permanecido calado ou à margem dos acontecimentos nos momentos difíceis, não teria morrido degolado no calabouço de Herodes. Mas João não era como uma cana agitada por qualquer vento. Foi coerente até o fim com a sua vocação e com os princípios que davam sentido à sua existência. O sangue que derramou – e depois dele os mártires de todos os tempos – unir-se-ia ao Sangue redentor de Cristo para nos dar um exemplo de amor e de firmeza na fé, de valentia e de fecundidade.
O martírio é a maior expressão da virtude da fortaleza e o testemunho supremo de uma verdade que se confessa até dar a vida por ela. O exemplo do mártir “traz-nos à memória que se deve à fé um testemunho […] pessoal, preciso e – se chegar o caso – custoso, intrépido; recorda-nos, enfim, que o mártir de Cristo não é um herói estranho, mas é para nós, é nosso”2; ensina-nos que todo o cristão deve estar disposto a renunciar à sua própria vida, se for necessário, em testemunho da sua fé.
Os mártires não são apenas um exemplo incomparável que nos vem do passado; a nossa época atual também é tempo de mártires, de perseguição, mesmo sangrenta. “As perseguições pela fé são hoje muitas vezes semelhantes às que o martirológio da Igreja registrou durante os séculos pretéritos. Elas assumem diversas formas de discriminação dos fiéis e de toda a comunidade da Igreja […].
“Há hoje centenas e centenas de milhares de testemunhas da fé, muito freqüentemente desconhecidas ou esquecidas pela opinião pública, cuja atenção está absorvida por outros fatos; com freqüência só Deus as conhece. Elas suportam privações diárias nas mais diversas regiões de cada um dos continentes.
“Trata-se de fiéis obrigados a reunir-se clandestinamente porque a sua comunidade religiosa é considerada ilegal. Trata-se de bispos, de sacerdotes, de religiosos a quem se proíbe o exercício do santo ministério nas suas igrejas ou em reuniões públicas […].
“Trata-se de jovens generosos, a quem se impede de entrar num seminário ou num local de formação religiosa para realizarem aí a sua própria vocação […]. Trata-se de pais a quem se nega a possibilidade de assegurarem aos seus filhos uma educação inspirada na sua fé.
“Trata-se de homens e mulheres, trabalhadores manuais, intelectuais e de todas as profissões que, pelo simples fato de professarem a sua fé, enfrentam o risco de se verem privados de um futuro brilhante para as suas carreiras ou estudos”3.
Quanto à maioria dos cristãos, o Senhor não lhes pede que derramem o seu sangue em testemunho da fé que professam. Mas exige de todos uma firmeza análoga que os leve a proclamar a verdade com a vida e com a palavra em ambientes que podem ser difíceis e hostis aos ensinamentos de Cristo, e a viver plenamente as virtudes cristãs no meio do mundo, nas circunstâncias em que a vida os colocou. Este é o caminho que deverão percorrer e em que deverão ser igualmente heróicos.
O cristão de hoje necessita particularmente da virtude da fortaleza, que, além de ser humanamente atraente, é imprescindível em face da mentalidade materialista de muitos, do comodismo e do horror por tudo o que supõe mortificação, renúncia ou sacrifício… Qualquer ato de virtude inclui um ato de coragem, de fortaleza; sem ela, não se pode ser fiel a Deus.
São Tomás ensina4 que esta virtude tem duas vertentes; por um lado, leva-nos a acometer o bem sem nos determos perante as dificuldades e perigos que possa ocasionar; por outro, a resistir aos males e dificuldades de modo a não cairmos na tristeza. No primeiro caso, encontram o seu campo próprio de atuação as virtudes da coragem e da audácia; no segundo, a paciência e a perseverança. São virtudes que temos ocasião de praticar todos os dias, em ponto pequeno talvez, mas constantemente. Somos heróicos em aproveitar essas oportunidades?
II. PÔR A META da nossa vida em seguir o Senhor de perto e progredir sempre nesse seguimento já requer fortaleza, porque a imitação de Jesus Cristo nunca foi uma tarefa cômoda; é um ideal alegre, extremamente alegre, mas sacrificado. E depois da primeira decisão, vem a de cada momento, a de cada dia. O cristão deve ser forte para empreender o caminho da santidade e para reempreendê-lo a cada uma das suas etapas, para perseverar sem amolecer, apesar de todos os obstáculos externos e internos que possam apresentar-se.
Necessitamos de fortaleza para ser fiéis nas pequenas coisas de cada dia, que são, em última análise, as que nos aproximam ou nos afastam de Deus. Essa atitude de firmeza manifesta-se no trabalho, na vida familiar, perante a dor e a doença, diante dos possíveis desânimos que tirariam a paz se não houvesse um esforço decidido por superá-los, apoiados sempre na consideração de que Deus é nosso Pai e permanece junto de cada um dos seus filhos.
Precisamos da virtude da fortaleza para evitar que nos extraviemos, para deixar de lado as bugigangas da terra, não permitindo que o coração se apegue a elas. Muitos cristãos parecem ter esquecido que Cristo é verdadeiramente o tesouro escondido, a pérola preciosa5, por cuja posse vale a pena não encher o coração de bens minúsculos e relativos, pois “quem conhece as riquezas de Cristo Nosso Senhor, despreza por elas todas as coisas; para esse homem, as posses, as riquezas e as honras são como lixo. Porque não há nada que se possa comparar àquele supremo tesouro, nem que se possa trazer à sua presença”6. Para estarmos realmente desprendidos dos bens que devemos utilizar e não os convertermos em fins, devemos ser fortes.
A virtude da fortaleza leva-nos também a ser pacientes perante os acontecimentos e notícias desagradáveis e perante os obstáculos que se apresentam todos os dias. Não é próprio de um cristão que vive na presença de seu Pai-Deus, andar com um aspecto azedo, mal-humorado ou triste por causa de uma espera que se prolonga, de uns planos que tem de mudar à última hora, ou de um pequeno (ou grande) fracasso.
A paciência leva-nos a ser compreensivos com os outros, quando parece que não melhoram ou não põem todo o interesse em corrigir-se, e a tratá-los sempre com caridade, com apreço humano e sentido sobrenatural. Quem tem ao seu cuidado a formação de outras pessoas (pais, mestres, superiores…) necessita particularmente desta virtude, porque “governar, muitas vezes, consiste em saber «ir puxando» pelas pessoas, com paciência e carinho”7.
Para fazermos o nosso exame nesta matéria, há de servir-nos de muito este conselho: “Nas relações com os que te cercam, tens de conduzir-te cada dia com muita compreensão, com muito carinho, juntamente – é claro – com toda a energia necessária: de outro modo, a compreensão e o carinho se convertem em cumplicidade e egoísmo”8. A caridade nunca é fraqueza, e a fortaleza, por sua vez, não deve supor uma atitude irritada, áspera e mal-humorada.
III. EM COMPARAÇÃO COM TODOS os fiéis que compõem a Igreja, são poucos aqueles a quem o Senhor pede um testemunho de fé mediante o derramamento de sangue, mas a ninguém deixa Ele de pedir a entrega da vida, pouco a pouco, com um heroísmo escondido, no cumprimento do dever, na luta por uma maior coerência com a fé cristã, exteriorizada mediante um exemplo que arraste e estimule.
Não basta viver interiormente a doutrina de Cristo: seria falsa uma fé que não tivesse manifestações externas. Os cristãos não podem dar a impressão – pela sua passividade ou por não quererem comprometer-se – de que não encaram a sua fé como o valor mais importante da sua vida ou de que não consideram os ensinamentos da Igreja como um elemento vital da sua conduta. “O Senhor necessita de almas fortes e audazes, que não pactuem com a mediocridade e penetrem com passo firme em todos os ambientes”9.
E existem épocas em que pode haver graves razões de caridade para confortarmos com o testemunho da nossa fé os que andam vacilantes: mediante uma confissão decidida e sem complexos como a de João Batista, que arraste e mova.
A honra de Deus está acima das conveniências pessoais. Não podemos permanecer passivos quando se quer colocar Deus entre parêntesis na vida pública, ou quando homens sectários pretendem confiná-lo no fundo das consciências. Não podemos estar calados quando há tantas pessoas ao nosso lado que nos olham à espera de um testemunho coerente com a fé que professamos.
Este testemunho consistirá umas vezes na exemplaridade ao longo das muitas horas de trabalho profissional, na caridade e na compreensão com todos, na alegria que revela aos demais homens uma paz nascida do relacionamento com Deus… Outras, estará na defesa serena e firme do Sumo Pontífice ou da hierarquia da Igreja, na refutação de uma doutrina errônea ou confusa… Sempre com serenidade e sem destemperos – que não fazem bem e não são próprios de um cristão –, mas com firmeza.
A fortaleza de João e a sua vida coerente são para nós um exemplo a ser imitado. Se o seguirmos nos acontecimentos diários, correntes e simples, muitos dos nossos amigos perceberão a têmpera da nossa vida e se deixarão arrastar pelo nosso testemunho sereno, assim como outrora muitos se convertiam ao contemplarem o martírio – o testemunho de fé – dos primeiros cristãos.
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