09 de Dezembro de 2020

2a semana do Advento - Ano B Quarta-feira

- por Pe. Alexandre

QUARTA FEIRA – II SEMANA DO ADVENTO
(cor roxo, pref. Advento I – ofício do dia)

 

Antífona da entrada

– O Senhor vai chegar, não tardará: há de iluminar o que as trevas ocultam e se manifestará a todos os povos (Hab 2,3; 1Cor 4,5).

 

Oração do dia

– Ó Deus todo-poderoso, que nos mandais preparar o caminho do Cristo Senhor, fazei que, confortados pela presença do divino médico, nenhuma fraqueza possa abater-nos. Por nosso Senhor Jesus Cristo vosso Filho, que convosco vive e reina, na unidade do Espírito Santo.

 

1ª Leitura: Is 40,25-31

– Leitura do livro do profeta Isaías: 25“Com quem haveis de me comparar, e a quem seria eu igual?” – fala o Santo. 26Levantai os olhos para o alto e vede: Quem criou tudo isto? – Aquele que expressa em números o exército das estrelas e a cada uma chama pelo nome: tal é a grandeza e força e poder de Deus que nenhuma delas falta à chamada. 27Então, por que dizes, Jacó, e por que falas, Israel: “Minha vida ocultou-se da vista do Senhor e meu julgamento escapa ao do meu Deus?” 28Acaso ignoras, ou não ouviste? O Senhor é o Deus eterno que criou os confins da terra; ele não falha nem se cansa, insondável é sua sabedoria; 29ele dá coragem ao desvalido e aumenta o vigor do mais fraco. 30Cansam-se as crianças e param, os jovens tropeçam e caem, 31mas os que esperam no Senhor renovam suas forças, criam asas como as águias, correm sem se cansar, caminham sem parar.

 

– Palavra do Senhor.

– Graças a Deus.

 

Salmo Responsorial: Sl 103,1-2.3-4.8.10 (R: 1a)

 

–  Bendize, ó minha alma, ao Senhor.
R: Bendize, ó minha alma, ao Senhor.

– Bendize, ó minha alma, ao Senhor, e todo o meu ser, seu santo nome! Bendize, ó minha alma, ao Senhor, não te esqueças de nenhum de seus favores!

R: Bendize, ó minha alma, ao Senhor.

– Pois ele te perdoa toda culpa e cura toda a tua enfermidade; da sepultura ele salva a tua vida e te cerca de carinho e compaixão;

R: Bendize, ó minha alma, ao Senhor.

– O Senhor é indulgente, é favorável, é paciente, é bondoso e compassivo. Não nos trata como exigem nossas faltas, nem nos pune em proporção às nossas culpas.

R: Bendize, ó minha alma, ao Senhor.

Aclamação ao santo Evangelho.

 

Aleluia, aleluia, aleluia.

Aleluia, aleluia, aleluia.

 

– Eis que o Senhor há de vir, a fim de salvar o seu povo; felizes são todos aqueles que estão prontos para ir-lhe ao encontro.

 

Aleluia, aleluia, aleluia.

 

Evangelho de Jesus Cristo, segundo Mateus: Mt 11,28-30

– O Senhor esteja convosco.

– Ele está no meio de nós.

– Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo † segundo Mateus

– Glória a vós, Senhor!

 

– Naquele tempo, tomou Jesus a palavra e disse: 28“Vinde a mim todos vós que estais cansados e fatigados sob o peso dos vossos fardos, e eu vos darei descanso. 29Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração, e vós encontrareis descanso. 30Pois o meu jugo é suave e o meu fardo é leve”.

– Palavra da salvação.

– Glória a vós, Senhor!

 

São Juan Diego

- por Pe. Alexandre

Hoje a Igreja celebra a memória liturgia de São Juan Diego. Pouco se sabe sobre a vida de Juan Diego antes da sua conversão, mas tradição e fontes arqueológicas e iconográficas, juntamente com o documento indígena mais importante e mais antigo sobre o evento de Guadalupe, nos da alguma informação sobre a vida do santo e as aparições.

Quando tinha 50 anos de idade, ele foi batizado por um padre franciscano, o padre Peter, um dos primeiros missionários franciscanos. Em 9 de dezembro de 1531, quando Juan Diego estava a caminho da missa matinal, a Santíssima Mãe apareceu no monte Tepeyac, nos arredores do que é agora Cidade do México. Ela pediu que ele fosse ao Bispo e que pedisse em seu nome que um santuário fosse construído em Tepeyac, onde prometeu derramar sua graça sobre aqueles que a invocavam. O bispo, que não acreditava em Juan Diego, pediu um sinal para provar que a aparição era verdadeira. Em 12 de dezembro, Juan Diego retornou a Tepeyac. Aqui, a Santíssima Mãe disse-lhe para escalar a colina e escolher as flores que encontraria em flor. Ele obedeceu e, apesar de ser o inverno, encontrou rosas florescendo. Ele reuniu as flores e as levou para Nossa Senhora, que cuidadosamente as colocou em seu manto e disse-lhe para levá-las ao Bispo como “prova”.

Como era Juan Diego? Por que motivo Deus fixou o seu olhar nele? É comovedor ler as narrações guadalupanas, escritas com delicadeza e repletas de ternura. Nelas, a Virgem Maria manifesta-se a Juan Diego como a Mãe do Deus verdadeiro. Ela lhe entrega, como sinal, um ramalhete de rosas preciosas e ele, mostrando ao Bispo, descobre gravada no seu manto (“tilma”) a imagem abençoada de Nossa Senhora.

Com a permissão do Bispo, Juan Diego viveu o resto de sua vida como um eremita em uma pequena cabana perto da capela onde a imagem milagrosa foi colocada para a veneração. Aqui ele cuidou da igreja e dos primeiros peregrinos que vieram rezar para a Mãe de Jesus.

O acontecimento guadalupano como afirmaram os membros da Conferência Episcopal Mexicana significou o começo da evangelização, com uma vitalidade que ultrapassou qualquer expectativa. A mensagem de Cristo através da sua Mãe assumiu os elementos centrais da cultura indígena, purificou-os e atribuiu-lhes o definitivo sentido de salvação”. Desta maneira, Guadalupe e Juan Diego possuem um profundo sentido eclesial e missionário, e constituem um paradigma de evangelização perfeitamente inculturada.

Ao acolher a mensagem cristã, sem renunciar à sua identidade indígena, Juan Diego descobriu a profunda verdade da nova humanidade, em que todos são chamados a ser filhos de Deus em Cristo. Desta forma, facilitou o encontro fecundo de dois mundos e transformou-se num protagonista da nova identidade mexicana, intimamente vinculada a Nossa Senhora de Guadalupe.

Ditoso Juan Diego, índio bondoso e cristão, em quem o povo simples sempre viu um homem santo! Nós te suplicamos que acompanhes a Igreja peregrina no México, para que seja cada dia mais evangelizadora e missionária. Encoraja os Bispos, sustenta os presbíteros, suscita novas e santas vocações, ajuda todas as pessoas que entregam a sua própria vida pela causa de Cristo e pela difusão do seu Reino.

 

Amado Juan Diego, a “águia que fala”! Ensina-nos o caminho que conduz para a Virgem Morena de Tepeyac, para que Ela nos receba no íntimo do seu coração, dado que é a Mãe amorosa e misericordiosa que nos orienta para o Deus verdadeiro.

São Juan Diego, rogai por nós.

Abençoe-vos o Deus todo Poderoso. Pai, e Filho e Espírito Santo. Amém.

 

 

 

 

Meditação

- por Pe. Alexandre

11. O CAMINHO DA MANSIDÃO

– Jesus, modelo de mansidão que devemos imitar.

– A mansidão assenta numa grande fortaleza de espírito.

– Frutos da mansidão. Sua necessidade para a convivência e o apostolado.

I. TANTO O TEXTO do profeta Isaías na primeira leitura da Missa1 como o salmo responsorial2 nos convidam a contemplar a grandeza de Deus, em contraste com a nossa debilidade, que conhecemos pela experiência das nossas quedas, sempre repetidas. E dizem-nos que o Senhor é compassivo e misericordioso, tardo em irar-se e cheio de amor3, e que aqueles que nEle esperam renovam as suas forças, tomam asas como a águia, correm sem se fatigar4.

O Messias traz à humanidade um jugo e um fardo, mas esse jugo é suave porque é libertador, e o fardo não é pesado porque Ele carrega a parte mais dura. O Senhor nunca nos angustia com os seus preceitos; antes pelo contrário, estes nos tornam mais livres e nos facilitam a existência. Vinde a mim todos os que estais fatigados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei, diz-nos Jesus no Evangelho da Missa. Tomai o meu jugo sobre vós e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração, e encontrareis descanso para as vossas almas: porque o meu jugo é suave e o meu fardo leve5. O Senhor propõe-se a si mesmo como modelo de mansidão e de humildade, duas virtudes e atitudes do coração que caminham sempre juntas.

A liturgia do Advento propõe-nos Cristo manso e humilde para que o procuremos com simplicidade, e também para que nos esforcemos por imitá-lo como preparação para o Natal. Só assim poderemos compreender os acontecimentos de Belém; e só assim poderemos fazer com que aqueles que caminham ao nosso lado nos acompanhem até o Menino-Deus.

A um coração manso e humilde como o de Cristo, as almas abrem-se de par em par. No seu Coração amabilíssimo, as multidões encontravam refúgio e descanso; e também agora se sentem fortemente atraídas por Ele, e nEle acham a paz. O Senhor disse-nos que aprendêssemos dEle. A fecundidade da ação apostólica estará sempre muito relacionada com esta virtude da mansidão.

Se observarmos Jesus de perto, vê-lo-emos paciente com os defeitos dos seus discípulos e disposto a repetir-lhes constantemente os mesmos ensinamentos, para que, apesar de lentos e distraídos, conheçam a doutrina da salvação. Não se impacienta com as suas rudezas e faltas de correspondência. Realmente, Jesus, “que é nosso Mestre e Senhor, manso e humilde de coração, atraiu e convidou pacientemente os seus discípulos”6.

Imitar Jesus na sua mansidão é o remédio para as nossas irritações, impaciências e faltas de cordialidade e de compreensão. Este espírito sereno e acolhedor nascerá e crescerá em nós à medida que procurarmos estar cada vez mais na presença de Deus e considerarmos com mais freqüência a vida de Nosso Senhor. “Oxalá fossem tais o teu porte e a tua conversação que todos pudessem dizer, ao ver-te ou ouvir-te falar: «Este lê a vida de Jesus Cristo»”7. A contemplação de Jesus nos ajudará especialmente a não ser altivos e a não nos impacientarmos com as contrariedades.

Não cometamos o erro de pensar que o nosso “mau gênio”, que se manifesta em ocasiões e circunstâncias bem determinadas, depende da maneira de ser dos que nos rodeiam. “A paz do nosso espírito não depende do bom caráter e benevolência dos outros. Esse caráter bom e essa benignidade dos nossos próximos não estão submetidos de modo algum ao nosso poder e ao nosso arbítrio. Isso seria absurdo. A tranqüilidade do nosso coração depende de nós mesmos. É em nós que deve estar o esforço por evitar os efeitos ridículos da ira e por não fazê-lo depender da maneira de ser dos outros. O trabalho de superarmos o nosso mau gênio não há de depender da perfeição alheia, mas da nossa virtude”8.

II. A MANSIDÃO não é característica dos homens moles ou amorfos; pelo contrário, exige uma grande fortaleza de espírito, e o próprio exercício desta virtude implica contínuos atos de fortaleza. Assim como os pobres são os verdadeiramente ricos segundo o Evangelho, assim também os mansos são os verdadeiramente fortes. “Bem-aventurados os mansos porque estão protegidos contra o demônio e contra os golpes das perseguições na guerra deste mundo. São como copos de vidro recobertos de palha ou de feno, que não se quebram quando recebem uma pancada. A mansidão é como um escudo muito forte contra o qual se chocam e se desfazem os ataques das setas agudas da ira. Os mansos vão vestidos com vestes de algodão muito suave, que os defendem sem incomodar ninguém”9. A matéria própria desta virtude é a paixão da ira nas suas múltiplas manifestações, uma paixão que passa a ser de tal modo moderada e retificada que não desperta senão quando é necessário e na medida em que o é.

Aprendei de mim que sou manso e humilde de coração. Diante da majestade de Deus, que se fez criança em Belém, tudo o que nos atinge adquire as suas justas proporções, e o que poderia ser uma grande contrariedade permanece na sua exata medida. Aprendemos a não perder a paz e a ser justos ao avaliarmos os diversos incidentes da vida diária, a calar-nos em muitas ocasiões, a sorrir, a tratar bem os outros, a esperar o momento oportuno para lhes corrigir uma falta.

Aprendemos também a sair em defesa da verdade e dos interesses de Deus e dos nossos irmãos com toda a firmeza que seja necessária. Porque a mansidão não é contrária a uma cólera santa perante a injustiça. Não é mansidão o que serve de refúgio à covardia.

A ira é, pois, justa e santa quando se propõe respeitar os direitos dos outros e, de modo especial, a soberania e a santidade de Deus. Vemos Jesus santamente irado diante dos fariseus e dos mercadores do Templo10. O Senhor encontra o Templo convertido num covil de ladrões, num lugar profanado, dedicado a coisas que não tinham nada que ver com a adoração de Deus, e irrita-se terrivelmente, demonstrando-o com as suas palavras e atos. Os evangelistas descreveram-nos muito poucas cenas tão contundentes como esta.

E juntamente com a santa ira de Jesus para com os que prostituem o lugar santo, vemos a sua grande misericórdia para com os necessitados: Chegaram-se a Ele cegos e coxos que se encontravam no Templo, e Ele os sarou11.

III. A MANSIDÃO opõe-se às manifestações estéreis de violência – que no fundo são sinais de fraqueza: impaciência, irritação, frieza, mau humor, ódio, etc. –, ao dispêndio inútil de forças por aborrecimentos que não têm razão de ser, nem pela sua origem – muitas vezes, surgem de ninharias que se podiam ter ultrapassado com um sorriso ou com o silêncio –, nem pelos seus resultados, porque não resolvem nada.

Da falta desta virtude provêm as explosões de mau humor entre os esposos, que vão corroendo pouco a pouco o verdadeiro amor; a iracúndia e suas conseqüências funestas na educação dos filhos; a falta de paz na oração, porque, ao invés de se falar com Deus, ruminam-se ofensas recebidas.

O domínio de si próprio – que faz parte da verdadeira mansidão – é a arma dos fortes; impede que falemos cedo demais, que digamos palavras ferinas que depois preferiríamos nunca ter pronunciado. A mansidão sabe esperar o momento oportuno e matiza os juízos, preservando-lhes toda a sua força.

A falta habitual de mansidão é fruto da soberba e só produz solidão e esterilidade à sua volta. “O teu mau gênio, as tuas reações bruscas, os teus modos pouco amáveis, as tuas atitudes desprovidas de afabilidade, a tua rigidez – tão pouco cristã! –, são a causa de que te encontres só, na solidão do egoísta, do homem amargurado, do eterno descontente, do ressentido, e são também a causa de que à tua volta, em vez de amor, haja indiferença, frieza, ressentimento e desconfiança. É preciso que, com um temperamento amável e compreensivo, com a mansidão de Cristo amalgamada à tua vida, sejas feliz e faças felizes todos os que te rodeiam, todos os que te encontram no caminho da sua vida”12.

Os mansos possuirão a terra. Possuir-se-ão a si próprios, porque não serão escravos das suas impaciências e do seu caráter iracundo; possuirão a Deus, porque a sua alma estará sempre inclinada à oração, num clima de contínua presença de Deus; possuirão os que os rodeiam, porque só um coração manso e humilde conquista a amizade e o carinho dos outros. Na nossa passagem pelo mundo, temos que espalhar o bom aroma de Cristo13: o nosso sorriso habitual, uma calma serena, bom-humor e alegria, caridade e compreensão.

Examinemos qual a nossa disposição para o sacrifício, necessário para tornar agradável a vida aos outros; se somos capazes de renunciar aos nossos juízos, sem pretender ter sempre razão; se sabemos reprimir o mau gênio e passar por alto os atritos que surgem no convívio diário.

O tempo do Advento é uma boa ocasião para reforçarmos esta atitude do coração. Chegaremos a consegui-lo se procurarmos com mais freqüência Jesus, Maria e José; se soubermos aproximar-nos do Sacrário para conversar com o Senhor sobre os assuntos que mais nos preocupam ou nos contrariam.

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