09 de Junho de 2020

10a Semana comum Terça-feira

- por Pe. Alexandre

TERÇA FEIRA – BEATO JOSÉ DE ANCHIETA – PRESBÍTERO E MISSIONÁRIO
(branco, pref. Comum ou dos pastores – ofício da memória)

 

Antífona da entrada

– Estes são homens santos que se tornaram amigos de Deus, gloriosos arautos de sua mensagem.

 

Oração do dia

– Derramai, Senhor, sobre nós a vossa graça, a fim de que, a exemplo do bem-aventurado José de Anchieta, apóstolo do Brasil, sirvamos fielmente o evangelho, tornando-nos tudo para todos, e nos esforcemos em ganhar para vós nossos irmãos no amor de Cristo. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

 

1ª Leitura: 1 Rs 17,7-16

– Leitura do primeiro livro dos Reis: Naqueles dias, 7secou a torrente do lugar onde Elias estava escondido, porque não tinha chovido no país. 8Então a palavra do Senhor foi-lhe dirigida nestes termos: 9“Levanta-te e vai a Sarepta dos sidônios, e fica morando lá, pois ordenei a uma viúva desse lugar que te dê sustento”. 10Elias pôs-se a caminho e foi para Sarepta. Ao chegar à porta da cidade, viu uma viúva apanhando lenha. Ele chamou-a e disse: “Por favor, traze-me um pouco de água numa vasilha para eu beber”. 11Quando ela ia buscar água, Elias gritou-lhe: “Por favor, traze-me também um pedaço de pão em tua mão!” 12Ela respondeu: “Pela vida do Senhor, teu Deus, não tenho pão. Só tenho um punhado de farinha numa vasilha e um pouco de azeite na jarra. Eu estava apanhando dois pedaços de lenha, a fim de preparar esse resto para mim e meu filho, para comermos e depois esperar a morte”. 13Elias replicou-lhe: “Não te preocupes! Vai e faze como disseste. Mas, primeiro, prepara-me com isso um pãozinho, e traze-o. Depois farás o mesmo para ti e teu filho. 14Porque assim fala o Senhor, Deus de Israel: ‘A vasilha de farinha não acabará e a jarra de azeite não diminuirá, até o dia em que o Senhor enviar a chuva sobre a face da terra’”. 15A mulher foi e fez como Elias lhe tinha dito. E comeram, ele e ela e sua casa, durante muito tempo. 16A farinha da vasilha não acabou nem diminuiu o óleo da jarra, conforme o que o Senhor tinha dito por intermédio de Elias.

– Palavra do Senhor.

– Graças a Deus.

 

Salmo Responsorial: Sl 4,2-5.7-8 (R: 7)

 

– Sobre nós fazei brilhar o esplendor da vossa face!
R: Sobre nós fazei brilhar o esplendor da vossa face!

– Quando eu chamo, respondei-me, ó meu Deus, minha justiça! Vós que soubestes aliviar-me nos momentos de aflição, atendei-me por piedade e escutai minha oração! Filhos dos homens, até quando fechareis o coração? Por que amais a ilusão e procurais a falsidade?

R: Sobre nós fazei brilhar o esplendor da vossa face!

– Compreendei que nosso Deus faz maravilhas por seu servo, e que o Senhor me ouvirá quando lhe faço a minha prece! Se ficar­des revoltados, não pequeis por vossa ira; meditai nos vossos leitos e calai o coração!

R: Sobre nós fazei brilhar o esplendor da vossa face!

– Muitos há que se perguntam: “Quem nos dá felicidade?” Sobre nós fazei brilhar o esplendor de vossa face! Vós me destes, ó Senhor, mais alegria ao coração, do que a outros na fartura do seu trigo e vinho novo.

R: Sobre nós fazei brilhar o esplendor da vossa face!

Aclamação ao santo Evangelho

 

Aleluia, aleluia, aleluia.

Aleluia, aleluia, aleluia.

– Vós sois a luz do mundo; brilhe a todos vossa luz. Vendo eles vossas obras, deem glória ao Pai Celeste! (Mt 5,16)

Aleluia, aleluia, aleluia.

 

Evangelho de Jesus Cristo, segundo Mateus: Mt 5, 13-16

 

– O Senhor esteja convosco.

– Ele está no meio de nós.

– Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo † segundo Mateus.

– Glória a vós, Senhor!  

 

– Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: 13“Vós sois o sal da terra. Ora, se o sal se tornar insosso, com que salgaremos? Ele não servirá para mais nada, senão para ser jogado fora e ser pisado pelos homens. 14Vós sois a luz do mundo. Não pode ficar escondida uma cidade construída sobre um monte. 15Ninguém acende uma lâmpada e a coloca debaixo de uma vasilha, mas sim num candeeiro, onde ela brilha para todos os que estão em casa. 16Assim também brilhe a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e louvem o vosso Pai que está nos céus”.

– Palavra da salvação.

– Glória a vós, Senhor!  

São José de Anchieta

- por Pe. Alexandre

Nascido nas Ilhas Canárias, pertencente a uma grande família de 12 irmãos, o santo de hoje viveu no século XVI. Por motivos de estudo, foi enviado para Coimbra – Portugal, local onde teve o primeiro contato com a Companhia de Jesus e com o testemunho de São Francisco Xavier.

Muitas coisas o levaram a discernir seu chamado à vida religiosa, e aos 17 anos diante de uma imagem de Nossa Senhora, ele fazia o seu compromisso de abandonar tudo e servir a Deus. Anchieta entrou na Companhia de Jesus em 1551, fez um noviciado exigente, e mesmo com a saúde frágil fez os seus votos de castidade, pobreza e obediência, em 1553.

Neste mesmo ano foi enviado para o Brasil, e chegando na Terra de Santa Cruz ele pôde evangelizar. Ainda não era sacerdote. Estudava Filosofia, Teologia, e sempre evangelizando, dando aulas, indo ao encontro dos indígenas. Respeitava a cultura do povo, conheceu a língua Tupi-Guarani para melhor evangelizar. Homem fiel à santa doutrina, à sua congregação e acima de tudo, fiel ao Espírito Santo. Esteve em diversos lugares do Brasil, como São Paulo, Rio de janeiro, Espírito Santo, Bahia etc. Consumia-se na missão.

José de Anchieta é um modelo para todos os tempos, para uma nova evangelização no poder do Espírito Santo e com profundo respeito a quem nos acolhe, a quem é chamado também a ser inteiro de Jesus.

Considerado o “Apóstolo do Brasil”, José de Anchieta foi beatificado em 22 de junho de 1980 pelo Papa João Paulo II, e no dia 3 de abril de 2014 foi declarado santo por intermédio de um decreto assinado pelo Papa Francisco.

São José de Anchieta, rogai por nós!

Meditação

- por Pe. Alexandre

83. O SAL DESVIRTUADO

– A tibieza.

– A verdadeira piedade, os sentimentos e a aridez espiritual.

– Devemos ser sal da terra. Necessidade de vida interior.

I. O SENHOR DIZ aos seus discípulos que eles são o sal da terra1; a sua ação no mundo é a mesma do sal: preserva os alimentos da corrupção e torna-os agradáveis e saborosos ao paladar. Mas o sal pode desvirtuar-se ou corromper-se. E então é um estorvo. Depois do pecado, é o que de mais triste pode acontecer a um cristão: ter sido chamado para oferecer luz a muitos, e ser escuridão; ter por missão sinalizar o caminho aos homens, e estar jogado no chão; ter sido posto para ser fortaleza de muitos, e não ser senão fraqueza.

A tibieza é uma doença da alma que afeta a inteligência e a vontade, e que deixa o cristão sem energia apostólica e com uma interioridade triste e empobrecida. Começa por uma vontade que se enfraquece devido às freqüentes faltas e desleixos culposos e acaba por levar a inteligência a não ver com clareza Cristo no horizonte da vida. A vida interior sofre uma profunda mudança, e as práticas de piedade ficam vazias de conteúdo, sem alma. Reza-se por rotina ou por costume, não por amor.

Nesse estado, perde-se a prontidão e a alegria que caracterizam uma alma enamorada de Deus. O cristão tíbio “está de volta”, é uma “alma cansada”. Na melhor das hipóteses, vê o Senhor como uma figura longínqua, pouco concreta, de traços pouco definidos, talvez fria e indiferente; e já não se empenha nas afirmações de generosidade de outros tempos: conforma-se com menos2.

São Tomás indica como sinal característico deste estado “uma certa tristeza, que torna o homem lento em realizar atos espirituais devido ao esforço que exigem”3. As normas de piedade e de devoção são mais uma carga mal suportada do que um motor que empurra e ajuda a vencer as dificuldades. São muitos os cristãos mergulhados na tibieza, há muito sal desvirtuado.

Pensemos agora neste tempo de meditação se caminhamos pela vida com a firmeza que Jesus nos pede, se cuidamos da nossa oração como o tesouro que permite que a vida interior não estacione, se alimentamos continuamente o nosso amor. Pensemos se, perante as nossas fraquezas e faltas de correspondência à graça, nascem prontamente dentro de nós os atos de contrição que reparam a brecha aberta pelo inimigo.

II. NÃO SE PODE CONFUNDIR o estado da alma tíbia com a aridez nos atos de piedade produzida às vezes pelo cansaço, pela doença ou pela perda do entusiasmo sensível. Nestes casos, apesar da secura, a vontade está firmemente enraizada no bem. A alma sabe que caminha diretamente para Cristo, ainda que esteja passando por um pedregal onde não encontra uma única fonte e em que as pedras ferem os seus pés. Mas sabe onde está o cume e dirige-se para lá, apesar da sede, do cansaço e do terreno que pisa. Não experimenta nenhum sentimento e o trato com Deus parece-lhe trabalhoso, mas conserva no seu interior a verdadeira devoção, que São Tomás de Aquino define como a “vontade decidida de entregar-se a tudo o que pertence ao serviço de Deus”4.

Esta “vontade decidida” torna-se fraca no estado de tibieza: Tenho contra ti – diz o Senhor – que perdeste o fervor da primeira caridade5, que esmoreceste, que já não me amas como antes. A pessoa que persevera com empenho na oração, mesmo numa época de aridez, de falta de sentimentos, encontra-se talvez como quem tira água de um poço, balde a balde: uma jaculatória e outra, um ato de desagravo, de fé, de confiança… É trabalhoso e custa esforço, mas consegue água. O tíbio, pelo contrário, deixa a imaginação correr à solta, não afasta com empenho as distrações voluntárias e praticamente abandona a oração com a desculpa de que não tira nenhum fruto dela. Sabemos muito bem que o verdadeiro trato com Deus, mesmo no meio da aridez, se o Senhor a permite, está cheio de frutos em qualquer circunstância, pois há uma vontade reta e decidida de estar com Ele.

Devemos recordar agora, na presença de Deus, que a verdadeira piedade não é questão de sentimento, ainda que os afetos sensíveis sejam bons e possam ser de grande ajuda na oração e em toda a vida interior, pois são parte importante da natureza humana, tal como Deus a criou. Mas não devem ocupar o primeiro plano na piedade; não são a parte principal das nossas relações com o Senhor.

A essência da piedade é a vontade firme de servir a Deus, independentemente dos estados de ânimo – tão variáveis – e de qualquer outra circunstância. Não podemos deixar-nos levar pela busca de “consolos” e emoções, mas pela inteligência iluminada e ajudada pela fé. “Guiar-se pelo sentimento é entregar a direção da casa ao criado e fazer abdicar o dono. Não é mau o sentimento, mas sim a importância que se lhe dá…”6

A tibieza é estéril, o sal desvirtuado não serve senão para ser lançado fora e pisado7. Pelo contrário, a aridez pode ser um sinal positivo de que o Senhor nos quer purificar e fortalecer.

III. NÓS, OS HOMENS, podemos ser causa de alegria ou de tristeza, luz ou escuridão, fonte de paz ou de inquietação, fermento que faz crescer a massa ou peso morto que atrasa o avanço dos outros.

A nossa passagem pela terra não pode deixar de ter conseqüências: ou ajudamos os outros a encontrar Cristo ou os separamos dEle; ou os enriquecemos ou os empobrecemos. E temos tantos amigos, colegas de profissão, familiares, vizinhos…, que parecem caminhar cegamente atrás dos bens materiais, que não parecem saber onde está o verdadeiro bem, Jesus Cristo! Estão como que perdidos.

Ora bem, para que o guia de cegos não seja outro cego8, não basta que saiba da meta só de ouvir dizer ou por vagas referências; para ajudar as pessoas, não basta que tenha um conhecimento difuso e superficial do caminho. É necessário que o percorra, que conheça por experiência os obstáculos… É preciso que tenha vida interior, contacto pessoal diário com Jesus, que vá conhecendo cada vez mais profundamente os seus próprios defeitos. O apostolado nasce de um grande amor, sempre crescente, por Cristo.

Os primeiros cristãos foram sal da terra e preservaram da corrupção pessoas e instituições, a sociedade inteira. Que terá acontecido então para que muitos cristãos de hoje dêem a triste impressão de serem incapazes de conter a onda de corrupção que assola a família, a escola, as instituições…? Porque a fé continua a ser a mesma de sempre. E Cristo vive entre nós como antes, e o seu poder continua a ser infinito, divino.

“Só a tibieza de tantos milhares, milhões de cristãos, explica que possamos oferecer ao mundo o espetáculo de uma cristandade que consente que se propague no seu próprio seio todo o tipo de heresias e de barbaridades. A tibieza tira a força e a fortaleza da fé e é amiga das concessões e dos caminhos cômodos, tanto no que diz respeito à própria pessoa como aos problemas coletivos”9.

Existem muitas realidades, quer na vida pessoal, quer na pública, que se tornam difíceis de entender se não tivermos presente que a fé adormeceu em muitos que teriam que estar despertos, vigilantes e atentos; e que o amor se apagou em tanta e tanta gente. Em muitos ambientes, “cristão normal” é o tíbio e o medíocre. Nos primeiros cristãos, o “normal” era o “heróico de cada dia” e, muitas vezes, o martírio: a entrega da própria vida em defesa da fé.

Quando o amor esfria e a fé adormece, o sal desvirtua-se e já não serve para nada; é um autêntico estorvo. Que pena se um cristão fosse um estorvo! A tibieza é com freqüência a causa da ineficácia apostólica, pois então o pouco que se faz torna-se uma tarefa sem garbo humano nem elegância sobrenatural, sem espírito de sacrifício. Uma fé apagada e com pouco amor não convence nem encontra a palavra oportuna que arrasta os outros a um relacionamento mais profundo e íntimo com Cristo.

Peçamos fervorosamente ao Senhor a força necessária para reagir. Seremos sal da terra se mantivermos um trato pessoal com Deus, se recebermos a Sagrada Eucaristia cada vez com mais fé e amor. O amor foi e é o motor da vida dos santos. É a razão de ser de todas as vidas que se entregaram a Deus. O amor permite superar qualquer obstáculo pessoal ou do ambiente e torna-nos inabaláveis perante as contrariedades. Se a tibieza se detém diante da menor dificuldade e faz de um grão de areia uma montanha, o amor de Deus faz de uma montanha um grão de areia, transforma a alma, abre-lhe novos horizontes, torna-a capaz de empenhos mais altos e descobre capacidades desconhecidas.

Ao terminarmos a nossa meditação, recorremos com confiança à Santíssima Virgem, modelo perfeito de correspondência amorosa à vocação cristã, para que afaste eficazmente da nossa alma toda a sombra de tibieza. E pedimos também aos Anjos da Guarda que nos façam diligentes no serviço de Deus.

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