10 de fevereiro de 2023

quinta semana tempo comum - Sexta-feira

- por Pe. Alexandre

SEXTA FEIRA – SANTA ESCOLÁSTICA VIRGEM E FUNDADORA 

(branco, pref. comum ou das virgens – ofício da memória)

 

Antífona da entrada

 

– Exultemos de alegria, pois o Senhor do universo amou esta virgem santa e gloriosa.

 

Oração do dia

 

– Celebrando a festa de santa Escolástica, nós vos pedimos, ó Deus, a graça de imitá-la, servindo-vos com caridade perfeita e alegrando-nos com sinais do vosso amor. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

 

1ª Leitura: Gn 3,1-8

 

– Leitura do livro do Gênesis: 1A serpente era o mais astuto de todos os animais dos campos que o Senhor Deus tinha feito. Ela disse à mulher: “É verdade que Deus vos disse: “Não co­mereis de nenhuma das árvores do jardim?’” 2E a mulher respondeu à serpente: “Do fruto das árvores do jardim, nós podemos comer. 3Mas do fruto da árvore que está no meio do jardim, Deus nos disse: ‘Não comais dele nem sequer o toqueis, do contrário, morrereis’”. 4A serpente disse à mulher: “Não, vós não morrereis. 5Mas Deus sabe que, no dia em que dele comerdes, vossos olhos se abrirão e sereis como Deus, conhecendo o bem e o mal”. 6A mulher viu que seria bom comer da árvore, pois era atraente para os olhos e desejável para obter conhecimento. E colheu um fruto, comeu e deu também ao marido, que estava com ela, e ele comeu. 7Então, os olhos dos dois se abriram; e, vendo que estavam nus, teceram tangas para si com folhas de figueira. 8Quando ouviram a voz do Senhor Deus, que passeava pelo jardim à brisa da tarde, Adão e sua mulher esconderam-se do Senhor Deus no meio das árvores do jardim.

 

– Palavra do Senhor.

– Graças a Deus.

 

Salmo Responsorial: Sl 32,1-2.5-7 (R: 1a)

 

– Feliz aquele cuja falta é perdoada!
R: Feliz aquele cuja falta é perdoada!

– Feliz o homem que foi perdoado e cuja falta já foi encoberta! Feliz o homem a quem o Senhor não olha mais como sendo culpado, e em cuja alma não há falsidade!

R: Feliz aquele cuja falta é perdoada!

– Eu confessei, afinal, meu pecado, e minha falta vos fiz conhecer. Disse: “Eu irei confessar meu pecado!” E perdoastes, Senhor, minha falta.

R: Feliz aquele cuja falta é perdoada!

– Todo fiel pode, assim, invocar-vos, durante o tempo da angústia e aflição, porque, ainda que irrompam as águas, não poderão atingi-lo jamais.

R: Feliz aquele cuja falta é perdoada!

– Sois para mim proteção e refúgio; na minha angústia me haveis de salvar, e envolvereis a minha alma no gozo da salvação que me vem só de vós.

R: Feliz aquele cuja falta é perdoada!

Aclamação ao santo Evangelho

 

Aleluia, aleluia, aleluia.

Aleluia, aleluia, aleluia.

 

– Abri-nos, ó Senhor, o coração para ouvirmos a Palavra de Jesus! (At 16,14)

 

Aleluia, aleluia, aleluia.

 

Evangelho de Jesus Cristo, segundo Marcos: Mc 7,31-37.

 

– O Senhor esteja convosco.

– Ele está no meio de nós.

– Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo † segundo Marcos

– Glória a vós, Senhor!  


Naquele tempo, 31Jesus saiu de novo da região de Tiro, passou por Sidônia e continuou até o mar da Galileia, atravessando a região da Decápole. 32Trouxeram então um homem surdo, que falava com dificuldade, e pediram que Jesus lhe impusesse a mão. 33Jesus afastou-se com o homem, para fora da multidão; em seguida, colocou os dedos nos seus ouvidos, cuspiu e com a saliva tocou a língua dele. 34Olhando para o céu, suspirou e disse: “Efatá!”, que quer dizer: “Abre-te!” 35Imediatamente seus ouvidos se abriram, sua língua se soltou e ele começou a falar sem dificuldade. 36Jesus recomendou com insistência que não contassem a ninguém. Mas, quanto mais ele recomendava, mais eles divulgavam. 37Muito impressionados, diziam: “Ele tem feito bem todas as coisas: Aos surdos faz ouvir e aos mudos falar”.

 

– Palavra da salvação.

– Glória a vós, Senhor!  

 

Santa Escolástica ensina: "Quem ama mais pode mais"

- por Pe. Alexandre

“Quem ama mais pode mais”
Este desafio aconteceu com Bento de Núrsia, mas a vencedora foi sua irmã gêmea, Escolástica, que se consagrou ao Senhor desde muito jovem. Vivendo à sombra do irmão, foi sempre fiel intérprete da sua regra.

Origens
Presume-se que Escolástica, primeira monja beneditina, viveu entre os anos 480 e 543. Natural de Núrsia, região italiana da Úmbria. Foi uma dócil aluna de Bento, do qual recebeu a sabedoria do coração, a ponto de superar seu mestre: é o que narra São Gregório Magno nos seus “Diálogos”, único texto de referência com poucas menções sobre a vida desta santa. Ele descreve ainda um particular episódio, no qual ela revela uma acentuada personalidade humana e grande profundidade espiritual.

Vocação religiosa nas pegadas do irmão
Segundo a história de Escolástica, diz-se que era descendente de uma antiga família de Senadores romanos. Sua mãe, Cláudia, morreu logo depois do parto dos gêmeos. Com 12 anos, foi mandada para Roma, junto com seu irmão Bento, onde ficaram escandalizados pela vida desregrada da cidade. Bento tornou-se eremita, enquanto Escolástica pediu ao pai para dedicar-se à vida religiosa. Antes, entrou para um mosteiro, próximo de Núrsia, e, depois, transferiu-se para Subiaco, seguindo o irmão, que havia fundado a Abadia de Monte Cassino, ao leste de Nápoles. Ali, em apenas sete quilômetros de distância, fundou o mosteiro de Piumarola, onde, com as coirmãs, seguiu a Regra de São Bento. Deu, portanto, origem ao ramo feminino da Ordem dos Beneditinos.

Santa Escolástica e a Regra do Silêncio

A regra do silêncio
Era normal para Escolástica recomendar a observância da regra do silêncio e evitar conversas com pessoas estranhas no mosteiro, mesmo se fossem visitantes devotos. Ela costumava repetir: “Fiquem em silêncio ou falem de Deus, pois o que, neste mundo, pode ser tão digno para se falar senão sobre Ele?”.

Escolástica gostava de falar a respeito de Deus, sobretudo com o irmão Bento, com o qual se encontrava uma vez por ano. O local onde faziam diálogos espirituais era uma casinha situada no meio da estrada entre os dois mosteiros.

O milagre que desafiou Bento
São Gregório Magno narra que, no último dos seus encontros, datado de 6 de fevereiro de 543, pouco antes da sua morte, Escolástica pediu ao irmão para prolongar a conversa até na manhã do dia seguinte, mas Bento se opôs para não violar a Regra. Então, Escolástica implorou ao Senhor para não deixar o irmão partir, debulhando-se em pranto. A seguir, um temporal inesperado e violento obrigou Bento a ficar com ela, levando-os a conversarem toda a noite.

Porém, a primeira reação de Bento com o temporal improviso foi de contrariedade: “Que Deus onipotente possa lhe perdoar, irmã. O que você fez?”. E Escolástica respondeu: “Eu lhe implorei para ficar e você não me ouviu; pedi a Deus e Ele me atendeu. Agora, pode ir, se quiser; deixe-me e volte ao seu mosteiro”. Foi uma espécie de revanche da irmã, que não pôde se entristecer pelo amadíssimo irmão, pois ele mesmo lhe havia ensinado a se dirigir a Deus, com todas as forças, durante as dificuldades. Assim se destacaram os dotes femininos de Escolástica: docilidade, perseverança e também audácia ao obter o que desejava fortemente.

Unidos em Deus na vida e na morte

Páscoa
Três dias depois deste encontro, segundo São Gregório, Bento recebeu a notícia da morte da irmã com um sinal divino: viu a alma da sua irmã subir ao céu em forma de uma pomba branca. Então, quis enterrá-la na sepultura que havia preparado para si, onde também foi enterrado, pouco tempo depois. “Como seus pensamentos sempre estiveram voltados para Deus, era justo seus corpos também ficassem unidos na mesma sepultura”.

Repercussão da santidade
Hoje, quem visita a majestosa Abadia de Monte Cassino, após 15 séculos de história, pode fazer a experiência de estar diante do túmulo dos Santos irmãos, os pioneiros de um grande número de seguidores de Deus.

Intercessora e patrona
É invocada como intercessora contra tempestades, chuvas e relâmpagos. Também intercessora pelas crianças que sofrem convulsões. Tradicionalmente, patrona dos mosteiros beneditinos.

Minha oração
“Santa Escolástica, pelo mistério da comunhão dos santos, ouso lhe pedir a graça de silenciar e não procurar conversas que não me levem para as ‘coisas do Alto’. Peço-te a graça de, no ambiente onde eu vivo e trabalho, ser um instrumento da paz, como também amar os meus irmãos como você amou São Bento, seu irmão gêmeo. Amém.”

Santa Escolástica, rogai por nós!

Meditação

- por Pe. Alexandre

Pôs os dedos nos seus ouvidos… (Mc 7,31-37)

 

Quando algum fato supera os limites humanos, o povo vê ali o “dedo de Deus”. Foi assim no Antigo Testamento: quando caiu sobre o Egito a terceira praga (cf. Ex 8,15) e até a poeira do chão se transformou em mosquitos, os magos disseram ao Faraó: ‘Aqui está o dedo de Deus’. Igualmente, quando Moisés recebeu as tábuas da Lei no sinal, a Escritura registra: “Eram tábuas de pedra escritas com o dedo de Deus”. (Ex 31,18)

 

Em suma, na necessidade de mostrar ao leitor a ação de um Deus que é puro espírito, o escritor sagrado recorre a imagens antropomórficas: o braço de Deus, a mão de Deus, o dedo de Deus.

 

Agora, porém, em clima de Nova Aliança, o grande milagre da Encarnação nos coloca diante do Filho de Deus feito homem, que pode ser visto, ouvido e apalpado (cf. 1Jo 1,1). Quem se aproxima de Jesus pode dispensar as imagens e ir direto ao Senhor da vida. E foi assim que o surdo-mudo foi tocado e curado.

 

Mas o milagre de Jesus não se encerra em um caso de cura individual. Há muito mais em jogo. O “deficiente” deste Evangelho é um símbolo do povo de Israel que, por sua vez, resume toda a humanidade surda à voz de Deus. Eis o comentário de Hans Urs von Balthasar:

 

“Tal como disseram os profetas, Israel está surdo à palavra de Deus e, assim, incapaz de uma resposta válida. Jesus não realiza milagres como espetáculo, por isso leva o doente à parte, procura o delicado meio entre a discrição (diante da propaganda do mundo) e a ajuda a ser levada ao povo. Os dois toques corporais (ouvidos e língua) formam o prelúdio para seu olhar erguido ao Pai – todo milagre que ele faz é um ato do Pai por meio dele – e para seu suspiro, indicando que ele está cheio do Espírito Santo. Esta plenitude trinitária mostra suficientemente que na sua ordem – “Abre-te!” – ressoa uma palavra não simplesmente de cura corporal, mas de um efeito de graça para Israel e a humanidade.”

 

Parece que a TV vem mostrando um grave desvio de avaliação dos curadores de hoje: destaque para curas físicas e sucesso financeiro, enquanto as almas e os corações permanecem surdos à palavra do Evangelho, que fala de amor ao próximo, de vida simples e pobre, de fazer de Jesus o tesouro escondido, a pérola de valor inestimável.

 

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