13 de Julho de 2020

15a Semana Comum Segunda-feira

- por Pe. Alexandre

SEGUNDA FEIRA – XV SEMANA DO TEMPO COMUM
(verde – ofício do dia)

 

Antífona da entrada

– Contemplarei, justificado, a vossa face; e serei saciado quando manifestar a vossa glória. (Sl 1615)

 

Oração do dia

 

– Ó Deus, que mostrais a luz da verdade aos que erram para retomarem o bom caminho, dai a todos os que professam a fé rejeitar o que não convém ao cristão e abraçar tudo o que é digno desse nome. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

 

1ª Leitura: Is 1,10-17

– Leitura do livro do profeta Isaías: 10Ouvi a palavra do Senhor, magistrados de Sodoma, prestai ouvidos ao ensinamento do nosso Deus, povo de Gomorra. 11Que me importa a abundância de vossos sacrifícios? — diz o Senhor. Estou farto de holocaustos de carneiros e de gordura de animais cevados; do sangue de touros, de cordeiros e de bodes, não me agrado. 12Quando entrais para vos apresentar diante de mim, quem vos pediu para pisardes os meus átrios? 13Não continueis a trazer oferendas vazias! O incenso é para mim uma abominação! Não suporto lua nova, sábado, convocação de assembleia: iniquidade com reunião solene! 14Vossas luas novas e vossas solenidades, eu as detesto! Elas são para mim um peso, estou cansado de suportá-las.
15Quando estendeis as vossas mãos, escondo de vós os meus olhos. Ainda que multipliqueis a oração, eu não ouço: Vossas mãos estão cheias de sangue! 16Lavai-vos, purificai-vos. Tirai a maldade de vossas ações de minha frente. Deixai de fazer o mal! 17Aprendei a fazer o bem! Procurai o direito, corrigi o opressor. Julgai a causa do órfão, defendei a viúva.

– Palavra do Senhor.

– Graças a Deus.

 

Salmo Responsorial: Sl 50,8-9.16bc-17.21.23 (R: 23b)

 

– A todo homem que procede retamente, eu mostrarei a salvação que vem de Deus.
R: A todo homem que procede retamente, eu mostrarei a salvação que vem de Deus.

– Eu não venho censurar teus sacrifícios, pois sempre estão perante mim teus holocaustos; não preciso dos novilhos de tua casa nem dos carneiros que estão nos teus rebanhos.

R: A todo homem que procede retamente, eu mostrarei a salvação que vem de Deus.

– “Como ousas repetir os meus preceitos e trazer minha Aliança em tua boca? Tu que odiaste minhas leis e meus conselhos e deste as costas às palavras dos meus lábios!

R: A todo homem que procede retamente, eu mostrarei a salvação que vem de Deus.

– Diante disso que fizeste, eu calarei? Acaso pensas que eu sou igual a ti? É disso que te acuso e repreendo e manifesto essas coisas aos teus olhos”.

R: A todo homem que procede retamente, eu mostrarei a salvação que vem de Deus.

– Quem me oferece um sacrifício de louvor, este sim é que honra de verdade. A todo homem que procede retamente eu mostrarei a salvação que vem de Deus.

R: A todo homem que procede retamente, eu mostrarei a salvação que vem de Deus.

 

Aclamação ao santo Evangelho

 

Aleluia, aleluia, aleluia.

Aleluia, aleluia, aleluia.

– Felizes os que são perseguidos por causa da justiça do Senhor, porque o reino dos céus há de ser deles! (Mt 5,10).

Aleluia, aleluia, aleluia.

 

Evangelho de Jesus Cristo, segundo Mateus: Mt 10,34-11,1

 

– O Senhor esteja convosco.

– Ele está no meio de nós.

– Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo † segundo Mateus

– Glória a vós, Senhor!

           

– Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: 10,34“Não penseis que vim trazer a paz à terra; não vim trazer a paz, mas sim a espada. 35De fato, vim separar o filho de seu pai, a filha de sua mãe, a nora de sua sogra. 36E os inimigos do homem serão os seus próprios familiares. 37Quem ama seu pai ou sua mãe mais do que a mim, não é digno de mim. Quem ama seu filho ou sua filha mais do que a mim, não é digno de mim. 38Quem não toma a sua cruz e não me segue, não é digno de mim. 39Quem procura conservar a sua vida vai perdê-la. E quem perde a sua vida por causa de mim vai encontrá-la. 40Quem vos recebe a mim recebe; e quem me recebe, recebe aquele que me enviou. 41Quem recebe um profeta, por ser profeta, receberá a recompensa de profeta. E quem recebe um justo, por ser justo, receberá a recompensa de justo. 42Quem der, ainda que seja apenas um copo de água fresca, a um desses pequeninos, por ser meu discípulo, em verdade vos digo: não perderá a sua recompensa”. 11,1Quando Jesus acabou de dar essas instruções aos doze discípulos, partiu daí, a fim de ensinar e pregar nas cidades deles.

– Palavra da salvação.

– Glória a vós, Senhor!   

Santo Henrique e Santa Cunegundes

- por Pe. Alexandre

Muitos acusam a Idade Média como um “tempo de trevas” na História, e não tem como não pensar nisto se não abrirmos os olhos e olharmos para o alto, pois neste lugar é que se encontram as luzes deste período, ou seja, os inúmeros santos e santas.

Henrique e Cunegundes fazem parte deste “lustre”, pois viveram uma perfeita harmonia de afetos, projetos e ideais de santidade.

Henrique era filho de duque e nasceu num castelo na Alemanha em 973. Pertencia à uma família santa e por isso foi educado também por cônegos e, mais tarde, pelo bispo de Ratisbona, adquirindo assim toda uma especial formação cristã.

Conta-se que espiritualmente ele preparou-se intensamente para assumir o trono da Alemanha, mas isto sem saber, pois ainda jovem sonhara com estas breves palavras: “Entre seis”; e com isto interpretou primeiramente que teria seis dias antes de morrer, mas, como não aconteceu, preparou-se em vista de seis meses e em seguida seis anos até, por Providência, assumir o reinado.

No caso de Henrique o adágio de que “por trás de um grande homem está uma grande mulher” funcionou, pois casou-se com a princesa de Luxemburgo, Cunegundes, uma mulher de muitas virtudes e inúmeros dons ao ponto de ajudar por 27 anos seu esposo na organização do império e implantação do Reino de Deus.

Com a morte de Henrique II e seu reconhecimento de santidade, Cunegundes foi morar num mosteiro, onde cortou o cabelo, vestiu hábito pobre e passou a obedecer suas superioras até ir ao encontro de Henrique no céu, isto quando tinha 61 anos.

Sendo assim, ambos morreram sob a coroa de Sacro Romano no império terrestre e a coroa da Glória no império celeste.

Santo Henrique e Santa Cunegundes, rogai por nós!

Meditação

- por Pe. Alexandre

22. OS PAIS E A VOCAÇÃO DOS FILHOS

– Plena liberdade para seguir o Senhor. A vocação é uma honra imensa.

– Deixar a casa paterna, quando chega o momento oportuno, é lei da vida.

– Desejar o que há de melhor para os filhos.

I. QUEM AMA O SEU PAI ou a sua mãe mais do que a mim não é digno de mim; quem ama o seu filho ou a sua filha mais do que a mim não é digno de mim, lemos no Evangelho da Missa1. Quando decidimos livremente seguir a Deus por completo, entendemos que os outros planos devem ceder: pai, mãe, noivo, noiva… O chamamento de Deus vem em primeiro lugar, e todas as outras coisas devem ficar em segundo plano.

As palavras de Jesus não implicam nenhuma oposição entre o primeiro e o quarto mandamentos, mas assinala a ordem que se deve seguir. Devemos amar a Deus com todas as nossas forças através da peculiar vocação recebida dEle; e também devemos amar e respeitar – na teoria e na prática – os pais que Deus nos deu, com quem temos uma dívida tão grande. Mas o amor aos pais não pode antepor‑se ao amor a Deus.

Geralmente, não há razão para que surja uma oposição entre ambos, mas se em algum caso chega a dar‑se, será necessário lembrar‑se daquelas palavras de Cristo adolescente no Templo de Jerusalém: Por que me buscáveis? Não sabíeis que devo ocupar‑me nas coisas de meu Pai?2 É a resposta de Jesus a Maria e a José, que o procuravam angustiados, e que constitui um ensinamento para os filhos e para os pais: para os filhos, porque devem aprender que não se pode antepor o carinho familiar ao amor de Deus, especialmente quando o Senhor pede um seguimento de entrega total; para os pais, porque devem ser conscientes de que os seus filhos são acima de tudo de Deus, e que Ele tem direito a dispor deles, ainda que por vezes isso implique um grande sacrifício para os pais3.

Triste decisão seria a daquele que fizesse ouvidos surdos a Deus para não causar um desgosto aos pais, e mais triste consolo seria nesse caso o dos pais, pois, como diz São Bernardo, “o seu consolo é a morte do filho”4. Dificilmente poderiam causar‑lhe maior mal.

Só se pode seguir o Senhor com a liberdade que nasce do desprendimento pleno: com uma liberdade de coração que não se enreda em melancolias e saudades, em frouxos sentimentos que conduzem a uma entrega a Deus pela metade. Nada se ganha com uma decisão a meias, com um coração dividido.

Pode acontecer em alguns casos que a decisão de seguir o Senhor por inteiro não seja compreendida pelos próprios parentes: porque não a entendem, porque tinham forjado outros planos, legítimos, ou porque não querem aceitar a parte de renúncia que lhes cabe. O filho ou filha a quem Deus chama deve contar com isso, e, ainda que a sua correspondência a esse chamamento divino cause dor aos pais, deve compreender que a fidelidade à sua vocação é o maior bem para ele ou para ela e para toda a família. Em qualquer circunstância, sendo muito firme em seguir o seu próprio caminho, tem de querer aos seus pais muito mais do que antes da chamada; deve rezar muito por eles, para que compreendam que “não é um sacrifício, para os pais, que Deus lhes peça os filhos; nem, para aqueles que o Senhor chama, é um sacrifício segui‑lo.

“Pelo contrário, é uma honra imensa, um orgulho grande e santo, uma prova de predileção, um carinho particularíssimo, que Deus manifestou num momento concreto, mas que estava na sua mente desde toda a eternidade”5. É a maior honra que o Senhor pode conceder a uma família, uma das maiores bênçãos.

II. QUEM ENTREGOU o seu coração por completo ao Senhor, recupera‑o mais jovem, mais engrandecido e mais limpo, para amar a todos. O amor aos pais, aos irmãos…, passa então pelo Coração de Cristo e daí sai profundamente enriquecido.

São Tomás sublinha que Tiago e João são louvados por terem seguido o Senhor abandonando o pai, e que não o fizeram porque este os incitasse ao mal, mas porque “consideraram que o seu pai poderia passar a vida de outro modo, seguindo eles o Senhor”6. O Mestre passou pela vida deles, chamou‑os, e a partir desse momento todas as outras coisas ficaram em segundo plano. No Céu, os pais terão uma glória especial, fruto em boa parte da correspondência dos seus filhos à chamada de Deus: a vocação é um bem e uma bênção para todos.

A vocação é iniciativa divina; Ele sabe muito bem o que é melhor para aquele que foi chamado e para a respectiva família. Muitos pais aceitam incondicionalmente e com alegria a vontade de Deus para os seus filhos, e dão graças quando algum deles é chamado a seguir o Senhor por toda a vida; outros adotam atitudes muito diferentes, alimentadas por vários motivos: lógicos e compreensíveis uns, com laivos de egoísmo outros.

Com a desculpa de que os filhos são muito novos – para seguirem a chamada de Deus, não para tomarem outras decisões que comprometem – ou de que ainda não têm a necessária experiência da vida, deixam‑se levar pela grave tentação a que aludia Pio XI: “Mesmo entre aqueles que se orgulham da fé católica, não faltam muitos pais que não se conformam com a vocação dos filhos, e combatem sem escrúpulos a chamada divina com todo o tipo de argumentos, até com meios que podem pôr em perigo, não só a vocação para um estado de vida mais perfeito, mas a própria consciência e a salvação eterna dos que deviam ser‑lhes tão queridos”7.

Esquecem que eles são “colaboradores de Deus”, e que é lei da vida que os filhos deixem o lar paterno para formarem por sua vez um novo lar, ou simplesmente que o façam por razões de trabalho, de estudo. E não lhes acontece nenhuma desgraça. E há casos em que são as próprias famílias que fomentam essa separação para o bem dos filhos. Por que hão de pôr obstáculos ao seguimento de Cristo? Ele “jamais separa as almas”8.

III. OS BONS PAIS sempre desejam o melhor para os seus filhos. São capazes de realizar os maiores sacrifícios pelo bem humano de cada um deles. E, é claro, pelo seu bem espiritual. Sacrificam‑se para que cresçam cheios de saúde, para que progridam nos estudos, para que tenham bons amigos, para que vivam conforme o querer de Deus e levem uma vida honrada e cristã. Para isso Deus os chamou ao matrimônio; a educação dos filhos é um querer expresso de Deus nas suas vidas; é de lei natural.

No Evangelho encontramos muitos pedidos em favor dos filhos: uma mulher que segue Jesus com perseverança para que lhe cure a filha9, um pai que lhe suplica que expulse o demônio que atormenta o seu filho10, o chefe da sinagoga de Cafarnaum, Jairo, que espera com impaciência o Senhor, porque a sua filha única de doze anos está a ponto de morrer11… É exemplar a decisão com que a mãe de Tiago e João se aproxima de Cristo para lhe pedir uma coisa que eles não se atreviam a pedir. Sem pensar em si mesma, aproximou‑se de Jesus, adorou‑o e pediu‑lhe uma graça12. Quantas mães e quantos pais ao longo dos séculos têm pedido para os seus filhos bens e favores que jamais se atreveriam a pedir para si próprios!

Os pais devem pedir o melhor para os seus filhos, e o melhor é que sigam a chamada divina com que Deus os abençoou. Este é o grande segredo para serem felizes na terra e chegarem ao Céu, onde os espera uma bem‑aventurança sem limites e sem fim. Do ponto de vista de cada chamada considerada em si mesma, não há dúvida de que a castidade no celibato por amor a Deus é a vocação mais excelsa de todas. “A Igreja, durante toda a sua história, defendeu sempre a superioridade deste carisma – da virgindade ou celibato – em comparação com o do matrimônio, por causa do vínculo singular que o prende ao Reino de Deus”13.

Quantas vocações para uma entrega plena não concedeu Deus aos filhos em atenção à generosidade e à oração dos pais! Mais ainda: o Senhor serve‑se normalmente dos próprios pais para criar um clima idôneo em que possa vingar e desenvolver‑se nos filhos o germe da vocação: “Os cônjuges cristãos – afirma o Concílio Vaticano II – são um para o outro, para os filhos e para os demais familiares, cooperadores da graça e testemunhas da fé. Para os filhos, são eles os primeiros anunciadores e educadores da fé. Formam‑nos para a vida cristã e apostólica pela palavra e pelo exemplo. Ajudam‑nos com prudência na escolha da vocação e fomentam com todo o esmero a vocação sagrada quando a descobrem neles”14. Não podem ir mais longe, pois não lhes compete discernir se os filhos têm ou não vocação; devem unicamente formar‑lhes bem a consciência e ajudá‑los a descobrir o seu caminho, sem lhes forçar a vontade.

Uma vocação no seio de uma família significa uma especial confiança e predileção do Senhor para com todos. É um privilégio, que é necessário proteger – especialmente mediante a oração – como um grande tesouro. Deus abençoa a mãos cheias o lar em que nasceu uma vocação fiel: “Não é sacrifício entregar os filhos ao serviço de Deus; é honra e alegria”15.

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