14 de Abril de 2020

1a Semana da Páscoa Terça-feira

- por Padre Alexandre Fernandes

TERÇA FEIRA – OITAVA DA PÁSCOA

(Branco, glória pref. da Páscoa I, ofício próprio)

 

Antífona da entrada

– Deu-lhes a água da sabedoria, tornou-se a sua força, e não vacilaram; vai exaltá-los para sempre, aleluia (Eclo 15,3).

 

Oração do dia

 

– Ó Deus, que nos concedestes a salvação pascal, acompanhai o vosso povo com vossos dons celestes, para que, tendo conseguido a verdadeira liberdade, possa um dia alegrar-se no céu, como exulta agora na terra. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

 

1ª Leitura: At 2,36-41

 

– Leitura dos Atos dos Apóstolos: No dia de Pentecostes, Pedro disse aos judeus: 36“Que todo povo de Israel reconheça com plena certeza: Deus constituiu Senhor e Cristo a este Jesus que vós crucificastes”. 37Quando ouviram isso, eles ficaram com o coração aflito, e perguntaram a Pedro e aos outros apóstolos: “Irmãos, que devemos fazer?” 38Pedro respondeu: “Convertei-vos e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo, para o perdão dos vossos pecados. E vós recebereis o dom do Espírito Santo. 39Pois a promessa é para vós e vossos filhos, e para todos aqueles que estão longe, todos aqueles que o Senhor nosso Deus chamar para si”. 40Com muitas outras palavras, Pedro lhes dava testemunho, e os exortava, dizendo: “Salvai-vos dessa gente corrompida!” 41Os que aceitaram as palavras de Pedro receberam o batismo. Naquele dia, mais ou menos três mil pessoas se uniram a eles.

 

– Palavra do Senhor.

– Graças a Deus.

 

Salmo Responsorial: Sl 33,4-5.18-19.20.22 (R: 5b)

 

– Transborda em toda a terra a bondade do Senhor.
R: Transborda em toda a terra a bondade do Senhor.

– Reta é a palavra do Senhor, e tudo o que ele faz merece fé. Deus ama o direito e a justiça, transborda em toda a terra a sua graça.

R: Transborda em toda a terra a bondade do Senhor.

– Mas o Senhor pousa o olhar sobre os que o temem, e que confiam esperando em seu amor, para da morte libertar as suas vidas e alimentá-los quando é tempo de penúria.

R: Transborda em toda a terra a bondade do Senhor.

– No Senhor nós esperamos confiantes, porque ele é nosso auxílio e proteção! Sobre nós venha, Senhor, a vossa graça, da mesma forma que em vós nós esperamos!

R: Transborda em toda a terra a bondade do Senhor.

 

Aclamação ao santo Evangelho

 

Aleluia, aleluia, aleluia.

Aleluia, aleluia, aleluia.

 

– Este é o dia que o Senhor fez para nós, alegremo-nos e nele exultemos!

(Sl 117,24)

 

Aleluia, aleluia, aleluia.

 

Evangelho de Jesus Cristo, segundo João: Jo 20,11-18

 

– O Senhor esteja convosco.

– Ele está no meio de nós.

– Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo † segundo João

– Glória a vós, Senhor!  

 

Naquele tempo, 11Maria estava do lado de fora do túmulo, chorando. Enquanto chorava, inclinou-se e olhou para dentro do túmulo. 12Viu, então, dois anjos vestidos de branco, sentados onde tinha sido posto o corpo de Jesus, um à cabeceira e outro aos pés.  13Os anjos perguntaram: “Mulher, por que choras?” Ela respondeu:” Levaram o meu Senhor e não sei onde o colocaram”. 14Tendo dito isto, Maria voltou-se para trás e viu Jesus, de pé. Mas não sabia que era Jesus. 15Jesus perguntou-lhe: “Mulher, por que choras? A quem procuras?” Pensando que era o jardineiro, Maria disse: “Senhor, se foste tu que o levaste dize-me onde o colocaste, e eu o irei buscar”. 16Então Jesus disse: “Maria!” Ela voltou-se e exclamou, em hebraico: “Rabuni” (que quer dizer: Mestre). 17Jesus disse: “Não me segures. Ainda não subi para junto do Pai. Mas vai dizer aos meus irmãos: subo para junto do meu Pai e vosso Pai, meu Deus e vosso Deus”. 18Então Maria Madalena foi anunciar aos discípulos: “Eu vi o Senhor!”, e contou o que Jesus lhe tinha dito.

 

– Palavra da salvação.

– Glória a vós, Senhor!  

 

Santa Ludovina

- por Padre Alexandre Fernandes

Contemplamos a vida de uma santa holandesa, nascida no ano de 1380, dentro de uma família materialmente pobre, mas riquíssima na espiritualidade.

Ludovina era muito vivaz e cheia de brincadeiras, como qualquer criança, mas trazia em si o chamado a uma consagração total ao Senhor. Antes dos 15 anos de idade recebeu muitas propostas de casamento, mas por amor a Jesus, recusou a todas para ser fiel a Deus, porque sua vocação era uma vida consagrada.

Ela descobriu o dom da virgindade, decidindo-se pelo celibato muito cedo.

Após sofrer um acidente no gelo, com apenas 15 anos, ficou praticamente paralisada. Uma cruz, que com a ajuda da família e de seu diretor, se uniu à cruz gloriosa de nosso Senhor. Ela deixou-se instruir pela ciência da cruz.

Incompreendida por muitos, foi acusada de mentirosa e de ser castigada por Deus. Ludovina deu a mesma resposta que Jesus deu no alto da cruz: a do amor e do perdão. Passou 7 anos sem comer nem beber nada. Recebia, como alimento, Jesus Eucarístico.

Em 1433 recebeu o prêmio da eternidade. Que na cruz de cada dia, nos unamos cada vez mais à cruz gloriosa de nosso Senhor.

Santa Ludovina, rogai por nós!

Meditação

- por Padre Alexandre Fernandes

TEMPO PASCAL. OITAVA DA PÁSCOA. TERÇA-FEIRA

49. JESUS CRISTO VIVE PARA SEMPRE

– O Senhor aparece a Maria Madalena. Jesus na nossa vida.

– Presença de Cristo entre nós.

– Procurar e manter um trato íntimo com Cristo. O exemplo de Maria Madalena nos ensina que quem procura com sinceridade o Senhor acaba por encontrá-lo.

I. MARIA MADALENA voltou ao sepulcro. Comovem-nos o carinho e a devoção desta mulher por Jesus, mesmo depois de morto. O amor daquela que estivera possuída por sete demônios1 continuava a ser muito grande. A graça havia arraigado e frutificado no seu coração depois de ter sido libertada de tantos males. Vimo-la fiel nos momentos duríssimos do Calvário.

Agora Maria permanece fora do sepulcro chorando. Uns anjos, que ela não reconhece como tais, perguntam-lhe por que chora. Porque levaram o meu Senhor e não sei onde o puseram2. Era a única coisa que lhe importava no mundo.

Ditas estas palavras– prossegue o Evangelho da Missa de hoje –, voltou-se para trás e viu Jesus em pé, mas não o reconheceu. Maria não tinha parado de chorar a ausência do Senhor, e as suas lágrimas não lhe permitem vê-lo quando o tem tão perto. Disse-lhe Jesus: Mulher, por que choras? Quem procuras? Vemos Cristo ressuscitado que se apresenta sorridente, amável e acolhedor. Ela, pensando que era o jardineiro, disse-lhe: Senhor, se tu o tiraste, dize-me onde o puseste e eu o levarei.

Bastou uma só palavra de Cristo para que se fizesse luz nos seus olhos e no seu coração. Jesus disse-lhe: Maria! A palavra tem essa inflexão única que Jesus dá a cada nome e que traz consigo uma vocação, uma amizade muito singular. Jesus também nos chama pelo nosso nome, num tom de voz inconfundível. E a sua voz não mudou. Cristo ressuscitado conserva os traços humanos de Jesus passível: a cadência da voz, o modo de partir o pão, as marcas dos pregos nas mãos e nos pés.

Maria voltou-se, reconheceu Jesus, lançou-se aos seus pés e exclamou em arameu: Rabboni!, que quer dizer Mestre. As suas lágrimas, agora irreprimíveis como rio que transborda, são de alegria e felicidade. O Apóstolo São João quis conservar-nos a palavra hebraica original – Rabboni – com que tantas vezes tinham chamado o Senhor. É uma palavra familiar, insubstituível. Jesus não é um “mestre” entre tantos, mas o Mestre, o único capaz de mostrar-nos o sentido da vida, o único que tem palavras de vida eterna.

Maria vai ter com os Apóstolos para cumprir a indicação que Jesus lhe acabava de dar, e diz-lhes: Vi o Senhor!

Ressoa nas suas palavras uma imensa alegria. Agora que sabe que Cristo ressuscitou, como mudou a sua vida em comparação com os momentos anteriores, em que só procurava honrar o corpo morto do Senhor! Como se torna diferente também a nossa existência quando procuramos comportar-nos de acordo com esta consoladora realidade: Jesus continua entre nós!, exatamente como naquela manhã em que Maria Madalena o confundiu com o jardineiro do lugar. “Cristo vive. Não é Cristo uma figura que passou, que existiu num tempo e que se retirou, deixando-nos uma lembrança e um exemplo maravilhosos […]. A sua Ressurreição revela-nos que Deus não abandona os seus. Pode a mulher esquecer-se do fruto do seu ventre, não se compadecer do filho de suas entranhas? Pois ainda que ela se esqueça, eu não me esquecerei de ti (Is XLIX, 14-15), tinha Ele prometido. E cumpre a sua promessa. Deus continua a achar as suas delícias entre os filhos dos homens (cfr. Prv VIII, 31)”3.

Jesus chama-nos muitas vezes pelo nosso nome, no seu tom de voz inconfundível. Está muito perto de cada um. Que as circunstâncias externas – talvez as lágrimas, como aconteceu com Maria Madalena, provocadas pela dor, pelo fracasso, pela decepção, pelas penas, pelo desconsolo – não nos impeçam de ver Jesus que nos chama. Que saibamos purificar tudo aquilo que possa turvar o nosso olhar.

II. CRISTO JESUS, a Segunda Pessoa da Santíssima Trindade, que se fez homem no seio virginal de Maria, está no Céu com o mesmo Corpo que assumiu na Encarnação, que morreu na Cruz e ressuscitou ao terceiro dia. Também nós, como Maria Madalena, contemplaremos um dia a Humanidade Santíssima do Senhor, e, enquanto não chega esse momento, temos que fomentar o desejo de vê-lo: Ouço no meu coração: “Procurai o meu rosto”. Eu procuro, Senhor, o vosso rosto4. No Céu veremos Jesus como é, sem imagens obscuras; será o encontro com Alguém que nos conhece e a quem conhecemos porque já teremos estado com Ele muitas vezes, num trato íntimo de amizade.

Além de estar no Céu, Cristo está realmente presente na Eucaristia. “A única e indivisível existência de Cristo, o Senhor glorioso nos céus, não se multiplica, mas, pelo Sacramento, torna-se presente nos vários lugares do orbe da terra em que se realiza o sacrifício eucarístico. Essa mesma existência, depois de celebrado o sacrifício, permanece presente no Santíssimo Sacramento, o qual, no tabernáculo do altar, é como que o coração vivo dos nossos templos. Por isso estamos obrigados, por uma obrigação certamente suavíssima, a honrar e adorar na Hóstia Santa, que os nossos olhos vêem, o próprio Verbo encarnado, que os nossos olhos não podem ver, e que, não obstante, se tornou presente diante de nós sem ter deixado os céus”5. “A presença de Jesus vivo na Hóstia Santa é a garantia, a raiz e a consumação da sua presença no mundo”6.

Cristo vive e está também presente com a sua virtude nos sacramentos; está presente na sua Palavra, quando se lê na Igreja a Sagrada Escritura; está presente quando a Igreja ora e se reúne em seu nome7. E está também presente no cristão, de uma maneira íntima, profunda e inefável. Cumpriu-se a promessa que fez aos Apóstolos quando se despedia deles na Última Ceia: Se alguém me ama, guardará a minha palavra, e meu Pai o amará, e viremos a ele e nele faremos a nossa morada8. Deus habita na nossa alma em graça e aí devemos procurá-lo, aí devemos escutá-lo, pois nos fala; e poderemos entendê-lo se tivermos o ouvido atento e o coração limpo. São Paulo refere-se a esta in-habitação quando afirma que cada um de nós é templo do Espírito Santo9.

Santo Agostinho, ao considerar a presença inefável de Deus na alma, exclamava: “Tarde te amei, Beleza tão antiga e tão nova, tarde te amei! Tu estavas dentro de mim e eu te buscava fora […]. Tu estavas comigo, mas eu não estava contigo. Mantinham-me atado, longe de ti, essas coisas que, se não fossem sustentadas por Ti, deixariam de ser. Chamaste-me, gritaste-me, rompeste a minha surdez. Brilhaste e resplandeceste diante de mim, e expulsaste dos meus olhos a cegueira”10.

Na alma em graça, o Senhor está mais perto de nós do que qualquer pessoa que esteja ao nosso lado, mais perto do que o filho ou o irmão que tendes nos vossos braços ou conduzis pela mão; está mais presente que o nosso próprio coração. Não deixemos de manter sempre um trato de intimidade com Ele.

III. CRISTO VIVE e está presente de diversos modos no meio de nós e mesmo dentro de nós. Por isso devemos sair ao seu encontro, esforçar-nos por ter maior consciência da sua proximidade inefável para que, tendo-o mais presente, procuremos conviver mais com Ele e fazer com que o seu amor cresça em nós.

“É preciso procurar Cristo na Palavra e no Pão, na Eucaristia e na Oração. E tratá-lo como se trata um amigo, um ser real e vivo como é Cristo, porque ressuscitou. Cristo, lemos na Epístola aos Hebreus, como permanece sempre, possui eternamente o sacerdócio. Daí que pode perpetuamente salvar aqueles que por seu intermédio se apresentam a Deus, posto que está sempre vivo para interceder por nós (Heb VII, 24-25). Cristo, Cristo ressuscitado, é o companheiro, o Amigo. Um companheiro que se deixa ver apenas entre sombras, mas cuja realidade inunda toda a nossa vida e nos faz desejar a sua companhia definitiva”11. Se contemplarmos Cristo ressuscitado, se nos esforçarmos por olhá-lo com olhar limpo, compreenderemos profundamente que também agora nos é possível segui-lo de perto, viver a nossa vida ao seu lado e assim engrandecê-la e dotá-la de um sentido novo.

Com o decorrer do tempo, ir-se-á estabelecendo entre Cristo e nós uma relação pessoal – uma fé amorosa – que hoje, depois de vinte séculos, pode ser tão autêntica e certa como a daqueles que o contemplaram ressuscitado e glorioso, com os sinais da Paixão no seu Corpo. Notaremos que, cada vez com mais naturalidade, referiremos ao Senhor todas as coisas da nossa existência, e que já não poderíamos viver sem Ele. Encontrar o Senhor exigirá, por vezes, uma busca paciente e laboriosa, um recomeço diário, talvez sob a impressão de ainda estarmos nos primeiros passos da vida interior. Mas se lutarmos, sem desanimar ante os possíveis retrocessos, muitas vezes aparentes, estaremos sempre mais próximos de Jesus.

O exemplo de Maria Madalena, que persevera na fidelidade ao Senhor nos momentos difíceis, ensina-nos que quem procura o Senhor com sinceridade e constância acaba por encontrá-lo. E em qualquer circunstância da nossa vida, encontrá-lo-emos muito mais facilmente se iniciarmos a nossa busca levados pela mão da Virgem, nossa Mãe, a quem dizemos na Salve-Rainha: Mostrai-nos Jesus, bendito fruto do vosso ventre.

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