14 de Dezembro de 2022

3a Semana do Advento ano A - Quarta-feira

- por Pe. Alexandre

 

QUARTA FEIRA –  SÃO JOÃO DA CRUZ PRESBÍTERO E DOUTOR
(branco, pref. do Advento I ou dos pastores – ofício da memória)

 

Antífona da entrada

 

– A cruz de nosso Senhor Jesus Cristo deve ser a nossa glória: nele está nossa vida e ressurreição; foi ele que nos salvou e libertou (Gl 6,14).

 

Oração do dia

 

– Ó Deus, que inspirastes ao presbítero são João da Cruz extraordinário amor pelo Cristo e total desapego de si mesmo, fazei que, imitando sempre o seu exemplo, cheguemos à contemplação da vossa glória. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

 

1ª Leitura: Is 45,6b-8.18.21b-25

 

– Leitura do livro do profeta Isaías: 6b. Eu sou o Senhor, não há outro, 7eu formei a luz e criei as trevas, crio o bem-estar e as condições de mal-estar: sou o Senhor que faço todas essas coisas. 8Céus, deixai cair orvalho das alturas, e que as nuvens façam chover justiça; abra-se a terra e germine a salvação; brote igualmente a justiça: eu, o Senhor, a criei”. 18Isto diz o Senhor que criou os céus, o próprio Deus que fez a terra, a conformou e consolidou; não a criou para ficar vazia, formou-a para ser habitada: “Sou eu o Senhor, e não há outro. 21bAcaso não sou eu o Senhor? E não há deus além de mim. Não há um Deus justo, e que salve, a não ser eu. 22Povos de todos os confins da terra, voltai-vos para mim e sereis salvos, eu sou Deus, e não há outro. 23Juro por mim mesmo: de minha boca sai o que é justo, a palavra que não volta atrás; todo joelho há de dobrar-se para mim, por mim há de jurar toda língua, 24dizendo: Somente no Senhor residem justiça e força”. Comparecerão perante ele, envergonhados, todos os que lhe resistem; 25no Senhor será justificada e glorificada toda a descendência de Israel.

 

– Palavra do Senhor.

– Graças a Deus.

 

Salmo Responsorial: Sl 85,9ab-10.11-12.13-14 (R: Is 45,8)

 

Que os céus lá do alto derramem o orvalho, que chova das nuvens o justo esperado!
R: Que os céus lá do alto derramem o orvalho, que chova das nuvens o justo esperado!

– Quero ouvir o que o Senhor irá falar: é a paz que ele vai anunciar; a paz para o seu povo e seus amigos, para os que voltam ao Senhor seu coração. Está perto a salvação dos que o temem, e a glória habitará em nossa terra.

R: Que os céus lá do alto derramem o orvalho, que chova das nuvens o justo esperado!

– A verdade e o amor se encontrarão, a justiça e a paz se abraçarão; da terra brotará a fidelidade, e a justiça olhará dos altos céus.

R: Que os céus lá do alto derramem o orvalho, que chova das nuvens o justo esperado!

– O Senhor nos dará tudo o que é bom, e a nossa terra nos dará suas colheitas; a justiça andará na sua frente e a salvação há de seguir os passos seus.

R: Que os céus lá do alto derramem o orvalho, que chova das nuvens o justo esperado!

Aclamação ao santo Evangelho

 

Aleluia, aleluia, aleluia.

Aleluia, aleluia, aleluia.

 

– Tu que trazes boa-nova a Sião, levanta tua voz e anuncia: eis que vem o Senhor Deus com poderio! (Is 40,9)

 

Aleluia, aleluia, aleluia.

 

Evangelho de Jesus Cristo, segundo Lucas: Lc 7,19-23

 

– O Senhor esteja convosco.

– Ele está no meio de nós.

– Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo † segundo Lucas.

– Glória a vós, Senhor!

 

– Naquele tempo, João convocou dois de seus discípulos, 19e mandou-os perguntar ao Senhor: És tu aquele que há de vir, ou devemos esperar por outro? ” 20Eles foram ter com Jesus, e disseram: “João Batista nos mandou a ti para perguntar: ‘És tu aquele que há de vir, ou devemos esperar outro? ’” 21Nessa mesma hora, Jesus curou de doenças, enfermidades e espíritos malignos a muitas pessoas, e fez muitos cegos recuperarem a vista. 22Então, Jesus lhes respondeu: “Ide contar a João o que vistes e ouvistes: os cegos recuperam a vista, os paralíticos andam, os leprosos são purificados, os surdos ouvem, os mortos ressuscitam, e a boa nova é anunciada aos pobres. 23É feliz aquele que não se escandaliza por causa de mim! ”

 

– Palavra da salvação.

– Glória a vós, Senhor!

 

São João da Cruz

- por Pe. Alexandre

João de Yepes (seu nome de batismo) nasceu em Fontiveros, na Espanha, em 1542. Seus pais, Gonçalo e Catarina, eram pobres tecelões. Órfão de pai, sua mãe teve de passar por dificuldades para sustentar os três filhos: Francisco, João e Luís, sendo que este último morreu quando ainda era criança. João mostrou-se inclinado para os estudos, sendo assim a mãe o enviou para o Colégio de los Doctrinos. Em 1551, os padres jesuítas fundaram um colégio em Medina (centro comercial de Castela). Nele, esse grande santo estudou Ciências Humanas, Retórica e línguas clássicas. Estudou por três anos; no fim de sua formação, viu que sua vocação era a vida religiosa.

No ano 1563, com 21 anos, sentiu o chamado à vida religiosa e entrou na Ordem Carmelita, na qual pediu o hábito. Nos tempos livres, gostava de visitar os doentes nos hospitais, servindo-os como enfermeiro, ocasião em que passou a ser chamado de João de São Matias. Devido ao talento e à virtude, rapidamente foi destinado para o colégio de Santo André, pertencente à Ordem, em Salamanca, ao lado da famosa Universidade. Ali, estudou Artes e Teologia. Nesse colégio, ele foi nomeado “prefeito dos estudantes”, o que indica o seu bom aproveitamento e a estima que os demais tinham por ele. Em 1567, foi ordenado sacerdote.

Desejando uma disciplina mais rígida, São João da Cruz quase saiu da Ordem para ir ingressar na Ordem dos Cartuxos, mas, felizmente, encontrou-se com a reformadora dos Carmelos, Santa Teresa D’Ávila, a qual havia recebido autorização para a reforma dos conventos masculinos. Grande admirador de Santa Teresa, compartilharam ideias e propostas para inaugurar a primeira casa de Carmelitas Descalços, que ocorreu em 28 de dezembro de 1568 em Duruelo, na província de Ávila. João, empenhado na reforma, conheceu o sofrimento, as perseguições e tantas outras resistências.

Renovando sua profissão religiosa de acordo com a Regra primitiva, assumiu um novo nome: João denominou-se “da Cruz”. Em 1572, a pedido de Santa Teresa, tornou-se confessor e vigário do mosteiro da Encarnação em Ávila.

Chegou a ficar nove meses preso num convento em Toledo, até que conseguiu fugir. Dessa forma, o santo espanhol transformou, em Deus e por Deus, todas as cruzes num meio de santificação para si e para os irmãos. Três coisas pediu e acabou recebendo de Deus: primeiro, força para trabalhar e sofrer muito; segundo, não sair deste mundo como superior de uma comunidade; e terceiro, morrer desprezado e escarnecido pelos homens.

Pregador, místico, escritor e poeta, esse grande santo da Igreja faleceu após uma penosíssima enfermidade, em 1591, com 49 anos de idade. Foi beatificado por Clemente X em 1675; e em 1726, canonizado por Bento XIII. No ano de 1926, o Papa Pio XI o declarou Doutor da Igreja.

São João da Cruz escreveu obras bem conhecidas como: ‘Subida do Monte Carmelo’; ‘Noite escura da alma’ (estas duas fazem parte de um todo, que ficou inacabado); ‘Cântico espiritual’ e ‘Chama viva de amor’. No decurso delas, o itinerário que a alma percorre é claro e certeiro. Negação e purificação das suas desordens sob todos os aspectos.

São João da Cruz é o Doutor Místico por antonomásia; da Igreja, o representante principal da sua mística no mundo, a figura mais ilustre da cultura espanhola e uma das principais da cultura universal. Foi adotado como Patrono da Rádio, pois, quando pregava, a sua voz chegava muito longe.

São João da Cruz, rogai por nós!

Meditação

- por Pe. Alexandre

Ou devemos esperar por outro? (Lc 7,19-23)

 

A leitura do Antigo Testamento, desde a Aliança de Deus com o velho Abraão até a véspera de João Batista, mostra-nos Israel como um povo que espera. Herdeiro das alianças e receptor das promessas, Israel vivia em permanente tensão, como “vigia esperando a aurora” (cf. Sl 130, 6-7), olhos fixos no horizonte do futuro, de onde viria o Ungido de Deus, isto é, o Messias prometido.

 

Basta, por exemplo, um rápido exame do livro do profeta Isaías – conhecido como autêntico Proto-Evangelho – para ver todo o bem que se esperava com a vinda do Messias prometido por Deus: um novo caminho (2,3); espadas trocadas por arados (2,4), isto é, a Paz; luz nas trevas (9,1); libertação (19,20); lágrimas enxugadas (25,8); um derramamento do Espírito (32,15); o perdão dos pecados (33,24); a alegria definitiva (35,1) e, acima de tudo, a presença de Deus no meio de seu povo, na figura do Emanuel (7,14).

 

É natural que toda expectativa abra espaço a decepções. E elas vieram. Ao longo de sua história, Israel viu o surgimento de pseudoprofetas e falsos messias, que levaram o povo a graves desvios de corrupção e a revoluções tão sangrentas quanto inúteis. Por tudo isso, faz sentido a pergunta dos emissários de João: “És tu aquele que há de vir – isto é, o Messias prometido – ou devemos esperar por outro? ”

 

Jesus não lhes dá uma resposta direta de imediato. Os enviados de João deviam presenciar pessoalmente os gestos e as ações de Jesus, que encarnavam na prática as promessas transmitidas pelos antigos profetas: enfermos curados, possessos libertados, paralíticos mobilizados, mas – acima de tudo – a Boa Nova anunciada aos pobres. Só então Jesus lhes diz: “Agora, voltem a João Batista e narrem para ele o que vocês viram e ouviram”.

 

Passaram 20 séculos. Jesus Cristo já morreu e ressuscitou. Seus discípulos mantêm acesa a chama que o Mestre acendeu, em um revezamento trans-histórico que atravessou as gerações e os impérios. Como Jesus prometeu voltar, para julgar os vivos e os mortos, levando a seu coroamento toda a Criação, em novos céus e nova terra (cf. Ap 21,1), o novo Israel, a Igreja, continua a esperar.

 

Podemos chamar esta virtude de “esperança”. Ou de “fidelidade”, se é que não são sinônimos. E ainda ressoa aos nossos ouvidos a bem-aventurança de Jesus: “Bem-aventurado aquele que não se escandaliza a meu respeito! ” (Lc 7,23)

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