14 de Março de 2020

2a Semana da Quaresma Sábado

- por Padre Alexandre Fernandes

SABADO – II SEMANA DA QUARESMA

(Roxo, ofício do dia)

 

Antífona da entrada

 

– O Senhor é misericórdia e clemência, indulgente e cheio de amor. O Senhor é bom para com todos, misericordioso para todas as criaturas (Sl 144,8).

 

Oração do dia

 

– Ó Deus, que pelos exercícios da Quaresma já nos dais na terra participar dos bens do céu, guiai-nos de tal modo nesta vida, que possamos chegar à luz em que habitais. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

 

1ª Leitura: Mq 7,14-15.18-20

 

– Leitura da profecia de Miquéias: 14Apascenta o teu povo com o cajado da autoridade, o rebanho de tua propriedade, os habitantes dispersos pela mata e pelos campos cultivados. 15E, como nos dias em que nos fizeste sair do Egito, faze-nos ver novos prodígios. 18Qual Deus existe, como tu, que apagas a iniquidade e esqueces o pecado daqueles que são resto de tua propriedade? Ele não guarda rancor para sempre, o que ama é a misericórdia. 19Voltará a compadecer-se de nós, esquecerá nossas iniquidades e lançará ao fundo do mar todos os nossos pecados. 20Tu manterás fidelidade a Jacó e terás compaixão de Abraão, como juraste a nossos pais, desde tempos remotos.

– Palavra do Senhor.

– Graças a Deus.

 

Salmo Responsorial: Sl 103,1-2.3-4.9-10.11-12 (R: 8a)

 

– O Senhor é indulgente e favorável.
R: O Senhor é indulgente e favorável.

– Bendize, ó minha alma, ao Senhor, e todo o meu ser, seu santo nome! Bendize, ó minha alma, ao Senhor, não te esqueças de nenhum de seus favores!

R: O Senhor é indulgente e favorável.

– Pois ele te perdoa toda culpa, e cura toda a tua enfermidade; da sepultura ele salva a tua vida e te cerca de carinho e compaixão;

R: O Senhor é indulgente e favorável.

– Não fica sempre repetindo as suas queixas, nem guarda eternamente o seu rancor. Não nos trata como exigem nossas faltas, nem nos pune em proporção às nossas culpas.

R: O Senhor é indulgente e favorável.

– Quanto os céus por sobre a terra se elevam, tanto é grande o seu amor aos que o temem; quanto dista o nascente do poente, tanto afasta para longe nossos crimes.

R: O Senhor é indulgente e favorável.

 

Evangelho de Jesus Cristo, segundo Lucas: Lc 15,1-3.11-32

 

Salve, ó Cristo, imagem do Pai, a plena verdade nos comunicai!

Salve, ó Cristo, imagem do Pai, a plena verdade nos comunicai!

 

– Vou voltar e encontrar o meu pai e direi: meu Pai, eu pequei contra o céu e contra ti (Lc 15,18).

 

Salve, ó Cristo, imagem do Pai, a plena verdade nos comunicai!

 

– O Senhor esteja convosco.

– Ele está no meio de nós.

– Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo † segundo Lucas

– Glória a vós, Senhor!  

 

Naquele tempo, 1os publicanos e pecadores aproximaram-se de Jesus para o escutar. 2Os fariseus, porém, e os mestres da Lei criticavam Jesus: “Este homem acolhe os pecadores e faz refeição com eles”. 3Então Jesus contou-lhes esta parábola: 11“Um homem tinha dois filhos. 12O filho mais novo disse ao pai: ‘Pai, dá-me a parte da herança que me cabe’. E o pai dividiu os bens entre eles. 13Poucos dias depois, o filho mais novo juntou o que era seu e partiu para um lugar distante. E ali esbanjou tudo numa vida desenfreada.  14Quando tinha gasto tudo o que possuía, houve uma grande fome naquela região, e ele começou a passar necessidade. 15Então foi pedir trabalho a um homem do lugar, que o mandou para seu campo cuidar dos porcos. 16O rapaz queira matar a fome com a comida que os porcos comiam, mas nem isto lhe davam.
17Então caiu em si e disse: ‘Quantos empregados do meu pai têm pão com fartura, e eu aqui, morrendo de fome’. 18Vou-me embora, vou voltar para meu pai e dizer-lhe: ‘Pai, pequei contra Deus e contra ti; 19já não mereço ser chamado teu filho. Trata-me como a um dos teus empregados’. 20Então ele partiu e voltou para seu pai. Quando ainda estava longe, seu pai o avistou e sentiu compaixão. Correu-lhe ao encontro, abraçou-o e cobriu-o de beijos. 21O filho, então, lhe disse: ‘Pai, pequei contra Deus e contra ti. Já não mereço ser chamado teu filho’. 22Mas o pai disse aos empregados: ‘Trazei depressa a melhor túnica para vestir meu filho. E colocai um anel no seu dedo e sandálias nos pés. 23Trazei um novilho gordo e matai-o. Vamos fazer um banquete. 24Porque este meu filho estava morto e tornou a viver; estava perdido e foi encontrado’. E começaram a festa. 25O filho mais velho estava no campo. Ao voltar, já perto de casa, ouviu música e barulho de dança. 26Então chamou um dos criados e perguntou o que estava acontecendo. 27O criado respondeu: ‘É teu irmão que voltou. Teu pai matou o novilho gordo, porque o recuperou com saúde’. 28Mas ele ficou com raiva e não queria entrar. O pai, saindo, insistia com ele. 29Ele, porém, respondeu ao pai: ‘Eu trabalho para ti há tantos anos, jamais desobedeci a qualquer ordem tua. E tu nunca me deste um cabrito para eu festejar com meus amigos. 30Quando chegou esse teu filho, que esbanjou teus bens com prostitutas, matas para ele o novilho cevado’.  31Então o pai lhe disse: ‘Filho, tu estás sempre comigo, e tudo o que é meu é teu. 32Mas era preciso festejar e alegrar-nos, porque este teu irmão estava morto e tornou a viver; estava perdido, e foi encontrado”’.
 

– Palavra da salvação.

– Glória a vós, Senhor!  

Santa Matilde

- por Padre Alexandre Fernandes

A santa nasceu em 895 e cresceu com sua avó, também Matilde, abadessa do convento de beneditinas em Herford.

Matilde estudou teologia, filosofia e gostava de política, o que não era nada comum para as mulheres nobres da época.

Além disso, casou-se com duque Henrique, depois de uns anos se tornaram a família real da Alemanha. Viveram juntos por vinte anos.

O reinado de Henrique e Matilde fez o povo muito feliz. A santa era muito caridosa e bondosa, além de cuidar do povo, ela construiu conventos, escolas e hospitais.

Enquanto o rei cuidava das questões externas, ela cuidava da população.

Essa felicidade acabou depois que Henrique faleceu e indicou seu filho Oton para o trono, mas o outro filho, também Henrique, queria o trono pra si. A Alemanha entrou em guerra civil, entre os exércitos de cada príncipe, começando a infelicidade de Matilde.

O exército de Oton venceu e ele foi coroado. Mas depois disso os dois se voltaram contra a mãe, a acusaram de diversas calúnias, tiraram tudo que ela tinha e a exiliaram.

Matilde, muito infeliz e decepcionada, se retirou para um convento.

Mas depois de alguns anos, os filhos se arrependeram e devolveram tudo a ela, que doou tudo para os pobres. Mais tarde, desenvolveu o dom da profecia.

Matilde faleceu em 968, sendo sepultada ao lado do marido, no convento de Quedlinburgo.

 

Santa Matilde, Rogai por nós !

 

Meditação

- por Padre Alexandre Fernandes

TEMPO DAQUARESMA.SEGUNDASEMANA.SÁBADO

18. TODOS SOMOS O FILHO PRÓDIGO

– O pecado, a maior tragédia do homem. Conseqüências do pecado na alma. Fora de Deus, é impossível a felicidade.

– A volta a Deus. Sinceridade e exame de consciência.

– O encontro com o nosso Pai-Deus na confissão sincera e contrita. A alegria na casa paterna.

I. O SENHOR é clemente e compassivo, longânime e cheio de bondade; o Senhor é bom para com todos, e a sua misericórdia se estende a todas as suas obras1, rezamos na antífona de entrada da Missa. No Evangelho, narra São Lucas2 que, certo dia, tendo-se aproximado de Jesus muitos publicanos e pecadores, os fariseus começaram a murmurar porque Ele acolhia a todos. Então o Senhor lhes propôs esta parabóla: Um homem tinha dois filhos. O mais novo disse a seu pai: Pai, dá-me a parte da herança que me cabe.

Todos somos filhos de Deus e, sendo filhos, somos também herdeiros3. A herança que nos cabe é um conjunto de bens incalculáveis e de felicidade sem limites, que só no Céu alcançará a sua plenitude e a sua segurança completa. Até esse momento, temos a possibilidade de fazer com essa herança o mesmo que o filho menor da parábola: Poucos dias depois, ajuntando tudo o que lhe pertencia, o filho mais novo partiu para um país muito distante e lá dissipou a sua fortuna vivendo dissolutamente. “Quantos homens ao longo dos séculos e quantos do nosso tempo podem encontrar nesta parábola as características principais da sua própria história pessoal!”4 Temos a possibilidade de abandonar a casa paterna e gastar os bens que recebemos de um modo indigno da nossa condição de filhos de Deus.

Quando o homem peca gravemente, perde-se para Deus, e também para si mesmo, pois o pecado tira-o do caminho que o conduz ao Céu; é a maior tragédia que pode acontecer a um cristão. A sua vida honrada, as esperanças que Deus tinha posto nele, a sua vocação para a santidade, o seu passado e o seu futuro desabam. Afasta-se radicalmente do princípio da vida, que é Deus, pela perda da graça santificante. Perde os méritos adquiridos ao longo de toda a vida e torna-se incapaz de adquirir outros, ficando sujeito de algum modo à escravidão do demônio. E quando peca venialmente, lembra-nos João Paulo II que, ainda que não lhe sobrevenha a morte da alma, esse homem detém-se e distancia-se do caminho que o leva ao conhecimento e amor de Deus, razão pela qual as faltas veniais não devem ser consideradas como coisa secundária nem como pecado de pouca importância5.

“O afastamento do Pai traz sempre consigo uma grande destruição em quem o leva a cabo, em quem quebranta a vontade divina e dissipa em si mesmo a herança: a dignidade da própria pessoa humana, a herança da graça”6. Aquele que um dia, ao sair de casa, pensou que encontraria a felicidade fora dos limites da sua propriedade, em breve começou a passar necessidade. A satisfação acaba rapidamente e o pecado não produz verdadeira felicidade, uma vez que o demônio não a possui. Vêm logo a solidão e “o drama da dignidade perdida, a consciência da filiação divina posta a perder”7: o filho da parábola teve que começar a cuidar de porcos, o ofício mais infamante que havia para um judeu. Ó céus, pasmai, tremei de espanto e horror, diz o Senhor. Porque o meu povo cometeu uma dupla perversidade: abandonou-me a mim, fonte de água viva, e cavou para si cisternas gretadas que não retêm a água8. Longe de Deus, é impossível a felicidade, mesmo que por algum tempo possa parecer o contrário.

II. LONGE DA CASA PATERNA, o filho sente fome. Então, caindo em si, decidiu iniciar o caminho de volta. Assim começa também toda a conversão, todo o arrependimento do homem: caindo em si, fazendo uma pausa, considerando aonde o levou a sua infeliz aventura; fazendo, em resumo, um exame de consciência, que vai desde o momento em que abandonou a casa paterna até a lamentável situação em que se encontra. “Não são suficientes […] as análises sociológicas para conseguir a justiça e a paz. A raiz do mal está no interior do homem. Por isso, o remédio também brota do coração”9.

Quando se justifica ou se ignora o pecado, tornam-se impossíveis o arrependimento e a conversão, que têm a sua origem no interior, no que há de mais profundo no ser humano. É necessário, pois, que nos coloquemos diante das nossas ações com valentia e sinceridade, sem tentar falsas justificações: “Aprendei a chamar branco ao branco e negro ao negro; mal ao mal e bem ao bem. Aprendei a chamar pecado ao pecado”10, pede-nos o Papa João Paulo II.

No exame de consciência, confrontamos a nossa vida com o que Deus esperava – e espera – dela. Muitos autores espirituais comparam a alma a um quarto fechado. Quando se abrem as janelas e se deixa entrar a luz, distinguem-se todas as imperfeições, a sujeira, tudo o que de feio e quebrado está ali acumulado. Mediante o exame de consciência, com a ajuda da luz da graça, conhecemo-nos como na realidade somos, quer dizer, como somos diante de Deus. Os santos sempre se reconheceram pecadores porque, pela sua correspondência à graça, abriram de par em par as janelas à luz de Deus, e puderam conhecer bem todo o local, a sua alma.

Mediante o exame, descobrimos também as omissões no cumprimento do nosso compromisso de amor para com Deus e para com os homens, e nos perguntamos: a que se devem tantos descuidos? Quando não encontramos nada de que arrepender-nos, não costuma ser por não termos faltas e pecados, mas por rejeitarmos essa luz de Deus que nos indica a todo o momento a verdadeira situação da nossa alma. Se fechamos a janela, o quarto fica às escuras e deixamos de ver o pó, a cadeira mal colocada, o quadro torto e outras imperfeições e descuidos…, talvez graves.

Não esqueçamos, por último, que a soberba também tentará impedir que nos vejamos tal como somos:Taparam os ouvidos e fecharam os olhos para não ver11. Os fariseus, a quem Jesus aplica estas palavras, tornaram-se voluntariamente surdos e cegos, porque no fundo não estavam dispostos a mudar.

III. LEVANTOU-SE, pois, e foi ter com seu pai.

Desfazer o que se fez. Voltar. O homem continua saudoso do calor do seu lar, do semblante de seu pai, do carinho que o rodeava. A dor torna-se mais nobre, e mais sincera a frase que preparou: Pai, pequei contra o céu e contra ti; já não sou digno de ser chamado teu filho; trata-me como a um dos teus jornaleiros.

Todos nós, chamados à santidade, somos também o filho pródigo. “De certo modo, a vida humana é um constante retorno à casa do nosso Pai. Retorno mediante a contrição, mediante a conversão do coração, que se traduz no desejo de mudar, na decisão firme de melhorar de vida, e que, portanto, se manifesta em obras de sacrifício e de doação. Retorno à casa do Pai por meio desse sacramento do perdão em que, ao confessarmos os nossos pecados, nos revestimos de Cristo e nos tornamos assim seus irmãos, membros da família de Deus”12.

Aproximamo-nos deste sacramento com o desejo de confessar a nossa falta, sem desfigurá-la, sem justificações: Pequei contra o céu e contra ti. Com humildade e simplicidade, sem circunlóquios. É pela sinceridade que se manifesta o arrependimento das faltas cometidas.

O filho chega faminto, sujo e esfarrapado. Estava ainda longe, quando seu pai o viu e, movido de compaixão, correu-lhe ao encontro, lançou-se-lhe ao pescoço e cobriu-o de beijos.

Correu-lhe ao encontro… Enquanto o arrependimento costuma formar-se lentamente, a misericórdia do nosso Pai-Deus corre para nós logo que percebe de longe o nosso menor desejo de voltar. Por isso a Confissão está impregnada de alegria e de esperança. “É a alegria do perdão de Deus, mediante os seus sacerdotes, quando por desgraça ofendemos o seu infinito amor e, arrependidos, voltamos para os seus braços de Pai”13.

As palavras de Deus, que recuperou o seu filho perdido e aviltado, também transbordam de alegria. Trazei-me depressa a túnica mais rica e vesti-lha, e ponde-lhe um anel no dedo e sandálias nos pés. Trazei também um novilho gordo e matai-o; comamos e façamos uma festa, pois este meu filho estava morto e reviveu; tinha-se perdido e foi achado. E puseram-se a celebrar a festa.

túnica mais rica converte-o em hóspede de honra; o anel devolve-lhe o poder de selar, isto é, a autoridade, todos os direitos; e as sandálias declaram-no homem livre. “É no Sacramento da Penitência que tu e eu nos revestimos de Jesus Cristo e dos seus merecimentos”14.

Na Confissão, o Senhor devolve-nos o que tínhamos perdido por culpa própria: a graça e a dignidade de filhos de Deus. Ele estabeleceu este sacramento da sua misericórdia para que pudéssemos voltar sempre ao lar paterno. E o retorno acaba sempre numa festa cheia de alegria. Digo-vos que haverá júbilo entre os anjos de Deus por um só pecador que se arrependa15.

Depois de receber a absolvição e cumprir a penitência imposta pelo confessor, “o penitente, esquecendo-se do que fica para trás16, integra-se novamente no mistério da salvação e encaminha-se para os bens futuros”17.

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