15 de Julho de 2020

15a Semana Comum Quarta-feira

- por Pe. Alexandre

QUARTA FEIRA – SÃO BOA VENTURA – BISPO E DOUTOR
(branco, pref. comum ou dos pastores – ofício da memória)

 

Antífona da entrada

– O justo medita a sabedoria e sua palavra ensina justiça, pois traz no coração a lei do seu Deus. (Sl 36,30)

 

Oração do dia

– Concedei-nos, Pai todo-poderoso, que, celebrando a festa de são Boa Ventura, aproveitemos seus preclaros ensinamentos e imitemos sua ardente caridade. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

 

1ª Leitura: Is 10,5-7.13-16

– Leitura do livro do profeta Isaías: Assim fala o Senhor: 5“Ai de Assur, vara de minha cólera, bastão em minhas mãos, instrumento de minha indignação! 6Eu o envio contra uma nação ímpia e ordeno-lhe, contra um povo que me excita à ira, que o submeta à pilhagem e ao saque, que o calque aos pés como lama nas ruas. 7Mas ele assim não pensava, seu propósito não era esse; pelo contrário, sua intenção era esmagar e exterminar não poucas nações. 13Pois diz o rei da Assíria: ‘Realizei isso pela força de minha mão e com minha sagacidade, pois tenho experiência; aboli as fronteiras dos povos, saqueei seus tesouros, e derrubei de golpe os ocupantes de altos postos; 14minha mão espalmou como um ninho a riqueza dos povos; e como se apanha uma ninhada de ovos, assim ajuntei eu os povos da terra, e não houve quem batesse asa ou abrisse o bico e desse um pio’. 15Mas acaso gloria-se o machado, em detrimento do lenhador que com ele corta? Ou se exalta a serra contra o serrador que a maneja? Como se a vara movesse quem a levanta e um bastão erguesse aquele que não é madeira. 16Por isso, enviará o Dominador, Senhor dos exércitos, contra aqueles fortes guerreiros o raquitismo; e abalará sua glória com convulsões que queimam como o fogo”.

– Palavra do Senhor.

– Graças a Deus.

 

Salmo Responsorial: Sl 94,5-6.7-8.9-10.14-15 (R: 14a)

 

– O Senhor não rejeita o seu povo.
R: O Senhor não rejeita o seu povo.

– Eis que oprimem, Senhor, vosso povo, e humilham a vossa herança; estrangeiro e viúva trucidam, e assassinam o pobre e o órfão!

R: O Senhor não rejeita o seu povo.

– Eles dizem: “O Senhor não nos vê e o Deus de Jacó não percebe!” Entendei, ó estultos do povo; insensatos, quando é que vereis?

R: O Senhor não rejeita o seu povo.

– O que fez o ouvido não ouve? Quem os olhos formou não verá? Quem educa as nações não castiga? Quem os homens ensina não sabe?

R: O Senhor não rejeita o seu povo.

– O Senhor não rejeita o seu povo e não pode esquecer sua herança: voltarão a juízo as sentenças; quem é reto andará na justiça.

R: O Senhor não rejeita o seu povo.

Aclamação ao santo Evangelho

 

Aleluia, aleluia, aleluia.

Aleluia, aleluia, aleluia.

– Graças te dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra, pois revelaste os mistérios do teu reino aos pequeninos, escondendo-os aos doutores! (Mt 11,25).

Aleluia, aleluia, aleluia.

 

Evangelho de Jesus Cristo, segundo Mateus: Mt 11,25-27

 

– O Senhor esteja convosco.

– Ele está no meio de nós.

– Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo † segundo Mateus

– Glória a vós, Senhor!   

 

25Naquele tempo, Jesus pôs-se a dizer: “Eu te louvo, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste estas coisas aos sábios e entendidos e as revelaste aos pequeninos. 26Sim, Pai, porque assim foi do teu agrado. 27Tudo me foi entregue por meu Pai, e ninguém conhece o Filho, senão o Pai, e ninguém conhece o Pai, senão o Filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar”.

– Palavra da salvação.

– Glória a vós, Senhor!   

São Boaventura

- por Pe. Alexandre

O santo de hoje foi bispo e reconhecido doutor da Igreja do Cristo que chamou pescadores e camponeses para segui-lo no carisma de Francisco de Assis, mas também homens cultos e de ciência. São Boaventura era um destes homens de muita ciência, porém, de maior humildade e conhecimento de Deus, por isto registrou o que vivia.

Escreve ele: “Não basta a leitura sem a unção, não basta a especulação sem a devoção, não basta a pesquisa sem maravilhar-se; não basta a circunspecção sem o júbilo, o trabalho sem a piedade, a ciência sem a caridade, a inteligência sem a humildade, o estudo sem a graça”.

Boaventura nasceu no centro da Itália em 1218, e ao ficar muito doente recebeu a cura por meio de uma oração feita por São Francisco de Assis, que percebendo a graça tomou-o nos braços e disse: “Ó, boa ventura!”. Entrou na Ordem Franciscana e, pela mortificação dos sentidos e muita oração, exerceu sua vocação franciscana e sacerdócio na santidade, a ponto do seu mestre qualificar-lhe assim: “Parece que o pecado original nele não achou lugar”.

São Boaventura, antes de se destacar como santo bispo, já chamava – sem querer – a atenção pela sua cultura e ciência teológica, por isso, ao lado de Santo Alberto Magno e Santo Tomás de Aquino, caracterizaram o século XIII como o tempo de sínteses teológicas.

Certa vez, um frei lhe perguntou se poderia salvar-se, já que desconhecia a ciência teológica; a resposta do santo não foi outra: “Se Deus dá ao homem somente a graça de poder amá-Lo isso basta… Uma simples velhinha poderá amar a Deus mais que um professor de teologia”. O Doutor Seráfico, assumiu muitas responsabilidades, como ministro geral da Ordem Franciscana, bispo, arcebispo, até que depois de tanto trabalhar, ganhou com 56 anos o repouso no céu.

São Boaventura, rogai por nós!

Meditação

- por Pe. Alexandre

24. O NOSSO PAI‑DEUS

– Deus está sempre ao nosso lado.

– Imitar Jesus para sermos bons filhos de Deus Pai.

– A filiação divina leva‑nos a identificar‑nos com Cristo.

I. QUANDO MOISÉS PASTOREAVA o rebanho do seu sogro Jetro perto do Horeb, a montanha santa, Deus apareceu‑lhe numa sarça que ardia sem se consumir. Ali recebeu a missão extraordinária da sua vida: tirar o Povo eleito da escravidão a que estava submetido pelos egípcios e levá‑lo para a Terra Prometida. E como garantia do feliz resultado da tarefa que lhe confiava, o Senhor disse‑lhe: Eu estou contigo1. Moisés não pôde imaginar então até que ponto Deus ia estar com ele e com o seu povo no meio de tantas vicissitudes e provas.

Também nós não sabemos plenamente – pela nossa limitação humana – até que ponto Deus está conosco em todos os momentos da vida. Jesus, perfeito Deus e perfeito Homem, fala‑nos constantemente, ao longo do Evangelho, dessa proximidade de Deus e da sua amorosa paternidade em relação aos homens. E só Ele podia fazê‑lo, pois ninguém conhece o Pai senão o Filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar2, diz‑nos o Evangelho da Missa. O Filho conhece o Pai com o mesmo conhecimento que o Pai tem do Filho, numa intimidade infinitamente perfeita. É a identificação de saber e de conhecimento que a unidade da natureza divina implica. Jesus, com essas palavras, declarava a sua divindade.

E como Filho consubstancial com o Pai, manifesta‑nos quem é Deus Pai em relação a nós, e como na sua bondade nos concede o Dom do Espírito Santo. Este foi o núcleo da sua revelação aos homens: o mistério da Santíssima Trindade e, com ele e nele, a maravilha da paternidade divina. Na última noite, quando parece resumir na intimidade do Cenáculo o que haviam sido aqueles anos de entrega e de confidências profundas, declara: Manifestei o teu nome aos que me deste3. “Manifestar o nome” era mostrar o modo de ser, a essência de alguém. Jesus deu‑nos a conhecer a intimidade do mistério trinitário de Deus: a sua paternidade, sempre próxima dos homens.

São incontáveis as vezes em que o Senhor dá a Deus o título de Pai nos seus diálogos íntimos com Ele e na sua pregação às multidões. Fala detidamente da bondade de Deus Pai: Ele retribui qualquer pequena ação, acolhe tudo o que fazemos de bom, mesmo aquilo que ninguém vê4; é tão generoso que reparte os seus bens entre justos e injustos5; anda sempre solícito e providente em relação às nossas necessidades6. O nome de Pai é citado freqüentemente nos Evangelhos, como um estribilho que Jesus gostasse muito de repetir. Deus Pai nunca está longe da nossa vida, como não o está o pai que vê o seu filho pequeno sozinho e em perigo. Se procurarmos agradar‑lhe em tudo, sempre o encontraremos ao nosso lado: “Quando amares de verdade a Vontade de Deus, não deixarás de ver, mesmo nos momentos de maior trepidação, que o nosso Pai do Céu está sempre perto, muito perto, a teu lado, com o seu Amor eterno, com o seu carinho infinito”7.

II. DEUS NÃO É SOMENTE o autor do homem, como o pintor o é do quadro; Deus é pai do homem, e de um modo misterioso e sobrenatural fá‑lo partícipe da natureza divina8. O Pai quis que nos chamássemos filhos de Deus e que o sejamos de verdade9. Esta realidade não é uma conquista nossa, não é um progresso humano, mas dom divino, dom inefável que devemos considerar e agradecer freqüentemente todos os dias.

A filiação divina será o fundamento da nossa alegria e da nossa esperança ao realizarmos as tarefas que o Senhor nos confiou. Aqui estará a nossa segurança perante os temores e angústias que nos podem assaltar: Pai, meu Pai, dir‑lhe‑emos tantas vezes, acariciando esse nome delicado e sonoro, sumarento e forte; Pai!, gritaremos nos momentos de alegria e nas situações de perigo. “Chama‑o Pai muitas vezes ao dia, e dize‑lhe – a sós, no teu coração – que o amas, que o adoras; que sentes o orgulho e a força de ser seu filho”10.

Deus Pai vê‑nos cada vez mais como seus filhos na medida em que nos parecemos mais com Jesus Cristo, que é o Primogênito de muitos irmãos sem deixar de ser o Unigênito do Pai. Seremos, pois, bons filhos de Deus se procurarmos trabalhar como Cristo, se tratarmos com misericórdia os que vamos encontrando nas diversas circunstâncias que compõem o nosso dia, se desagravarmos o Senhor pelos pecados do mundo, se formos agradecidos como Jesus o era; e, de modo especial, se na oração recorrermos ao nosso Pai‑Deus como o fazia Jesus Cristo: rompendo freqüentemente em ações de graças e atos de louvor ante as contínuas provas de amor que Deus tem conosco. Dou‑te graças, Pai, Senhor do céu e da terra, lemos no Evangelho de hoje11. Obrigado, diremos, porque me aconteceu isto ou aquilo…, porque essa pessoa se aproximou dos sacramentos…, porque me ajudas a levar para a frente a minha família…, porque posso desafogar o meu coração na direção espiritual… Dou‑te graças por tudo… Comportamo‑nos como bons filhos de Deus quando os nossos pensamentos, os nossos afetos, se dirigem a Deus Pai com muita freqüência; não só nos momentos difíceis, mas também no meio da alegria, para louvá‑lo e glorificá‑lo: Bendiz, ó minha alma, o Senhor, e todo o meu ser o seu santo nome. Bendiz, ó minha alma, o Senhor, e não te esqueças de nenhum dos seus benefícios12.

Devemos procurar olhar para as pessoas como o Mestre o fazia… Que diferente é o mundo visto através do olhar de Cristo! E é o Espírito Santo quem nos compele a assemelhar‑nos mais a Cristo. Porque os que são guiados pelo Espírito de Deus, esses são filhos de Deus13. “Com o Espírito, chega‑se a pertencer a Cristo – comenta São João Crisóstomo –, chega‑se a possuí‑lo, compete‑se em honra com os anjos. Com o Espírito, crucifica‑se a carne, saboreia‑se o encanto de uma vida imortal, tem‑se a promessa da ressurreição futura, avança‑se rapidamente pelo caminho da virtude”14. A filiação divina é o caminho para ir a Deus Pai por Jesus Cristo no Espírito Santo.

III. MEDITAMOS MUITAS VEZES na misericórdia de Deus, que quis tornar‑se homem para que o homem de certo modo pudesse fazer‑se Deus, isto é, divinizar‑se15, participar de modo real da própria vida de Deus. A graça santificante, que recebemos nos sacramentos e por meio das boas obras, vai‑nos identificando com Cristo e fazendo‑nos filhos no Filho, pois Deus Pai tem um só Filho, e não é possível termos acesso à filiação divina senão em Cristo, unidos e identificados com Ele, como membros do seu Corpo Místico: Vivo, mas já não sou eu que vivo; é Cristo que vive em mim16, escrevia São Paulo aos Gálatas.

Por esta razão, se nos dirigimos ao Pai, é Cristo quem ora em nós; quando renunciamos a alguma coisa por Deus, é Cristo quem está por trás desse espírito de desprendimento; quando queremos aproximar alguém dos sacramentos, o nosso empenho apostólico não é senão um reflexo do zelo de Jesus Cristo pelas almas. Por benevolência divina, os nossos trabalhos e as nossas dores completam os trabalhos e dores que o Senhor sofreu pelo seu Corpo Místico que é a Igreja. Que imenso valor adquirem então o trabalho, a dor, as dificuldades do dia a dia!

Este esforço ascético que, com a ajuda da graça, nos faz identificar‑nos cada vez mais com o Senhor, deve levar‑nos a ter os mesmos sentimentos que teve Cristo Jesus17; e à medida que nos identificamos com Ele, vamos crescendo no sentido da filiação divina, somos – para dizê‑lo de alguma forma – mais filhos de Deus. Na vida humana, não tem sentido sermos “mais filhos ou menos filhos” de um pai da terra: todos o somos por igual; só é possível sermos bons ou maus filhos. Na vida sobrenatural, à medida que formos mais santos, seremos mais filhos de Deus; ao penetrarmos mais e mais na intimidade divina, chegaremos a ser não só melhores filhos, como mais filhos. Esta deve ser a grande meta da vida de um cristão: um crescimento contínuo no sentido da sua filiação divina.

A nossa Mãe, Santa Maria, é o modelo perfeito dessa grandeza sublime a que pode chegar a graça divina quando encontra uma correspondência total. A não ser Cristo na sua Santíssima Humanidade, ninguém esteve mais perto de Deus; nem criatura alguma pode chegar a ser filho de Deus na plenitude de sentido em que a Santíssima Virgem foi Filha de Deus Pai.

Peçamos‑lhe que infunda nas nossas almas a sede de procurar nos ensinamentos do Espírito Santo o impulso de que precisamos para imitar Jesus: sob o seu influxo, sentiremos a urgência, a necessidade ardente de nos dirigirmos ao Pai a cada momento, mas especialmente na Missa: invocá‑lo‑emos como Pai clementíssimo18, unindo‑nos ao sacrifício do seu Filho; atrever‑nos‑emos a vê‑lo como Pai e a chamá‑lo Abba, precisamente porque estamos ungidos pelo Espírito do seu Filho, que clama Abba, Pai19. É o Pai quem nos faz ter fome e sede de Deus e da sua glória, tão patentes no seu Filho Encarnado. E o Pai é glorificado pela nossa crescente semelhança com o seu Filho Unigênito.

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