16 de Novembro de 2020

33a semana do tempo comum Segunda-feira

- por Pe. Alexandre

SEGUNDA FEIRA – XXXIII SEMANA DO TEMPO COMUM
(verde, ofício do dia)

 

Antífona da entrada

– Meus pensamentos são de paz e não de aflição, diz o Senhor. Vós me invocareis, e hei de escutar-vos, e vos trarei de vosso cativeiro, de onde estiveres (Jr 29,11.14).

 

Oração do dia

– Senhor nosso Deus, fazei que a nossa alegria consista em vos servir de todo o coração, pois só teremos felicidade completa servindo a vós, o criador de todas as coisas. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

 

1ª Leitura: Ap 1,1-4; 2,1-5

– Início do livro do Apocalipse de são João: 1,1Revelação que Deus confiou a Jesus Cristo, para que mostre aos seus servos as coisas que devem acontecer em breve. Jesus as deu a conhecer, através do seu anjo, ao seu servo João. 2Este dá testemunho de que tudo quanto viu é palavra de Deus e testemunho de Jesus Cristo. 3Feliz aquele que lê e aqueles que escutam as palavras desta profecia e também praticam o que nela está escrito. Pois o momento está chegando. 4João às sete Igrejas que estão na região da Ásia: A vós, graça e paz, da parte daquele que é, que era e que vem; da parte dos sete espíritos que estão diante do trono de Deus. 2,1Ouvi o Senhor que me dizia: Escreve ao anjo da Igreja que está em Éfeso: Assim fala aquele que tem na mão direita as sete estrelas, aquele que está andando no meio dos sete candelabros de ouro: 2Conheço a tua conduta, o teu esforço e a tua perseverança. Sei que não suportas os maus. Puseste à prova alguns que se diziam apóstolos e descobriste que não eram apóstolos, mas mentirosos. 3És perseverante. Sofreste por causa do meu nome e não desanimaste. 4Todavia, há uma coisa que eu reprovo: abandonaste o teu primeiro amor. 5aLembra-te de onde caíste! Converte-te e volta à tua prática inicial. Se, pelo contrário, não te converteres, virei depressa e arrancarei o teu candelabro do seu lugar.

– Palavra do Senhor.

– Graças a Deus.

 

Salmo Responsorial: Sl 1,1-2.3.4.6 (R: Ap 2,7b)

 

– Ao vencedor concederei comer da Árvore da Vida.
R: Ao vencedor concederei comer da Árvore da Vida.

– Feliz é todo aquele que não anda conforme os conselhos dos perversos; que não entra no caminho dos malvados, nem junto aos zombadores vai sentar-se; mas encontra seu prazer na lei de Deus e a medita, dia e noite, sem cessar.

R: Ao vencedor concederei comer da Árvore da Vida.

– Eis que ele é semelhante a uma árvore, que à beira da torrente está plantada; ela sempre dá seus frutos a seu tempo, e jamais as suas folhas vão murchar. Eis que tudo o que ele faz vai prosperar.

R: Ao vencedor concederei comer da Árvore da Vida.

– Mas bem outra é a sorte dos perversos. Ao contrário, são iguais à palha seca espalhada e dispersada pelo vento. Pois Deus vigia o caminho dos eleitos, mas a estrada dos malvados leva à morte.

R: Ao vencedor concederei comer da Árvore da Vida.

Aclamação ao santo Evangelho.

 

Aleluia, aleluia, aleluia.

Aleluia, aleluia, aleluia.

 

– Eu sou a luz do mundo; aquele que me segue não caminha entre as trevas, mas terá a luz da vida (Jo 8,12).

 

Aleluia, aleluia, aleluia.

 

Evangelho de Jesus Cristo, segundo Lucas: Lc 18,35-43

 

– O Senhor esteja convosco.

– Ele está no meio de nós.

– Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo † segundo Lucas

– Glória a vós, Senhor!   

 

35Quando Jesus se aproximava de Jericó, um cego estava sentado à beira do caminho, pedindo esmolas. 36Ouvindo a multidão passar, ele perguntou o que estava acontecendo. 37Disseram-lhe que Jesus Nazareno estava passando por ali. 38Então o cego gritou: “Jesus, filho de Davi, tem piedade de mim!” 39As pessoas que iam na frente mandavam que ele ficasse calado. Mas ele gritava mais ainda: “Filho de Davi, tem piedade de mim!” 40Jesus parou e mandou que levassem o cego até ele. Quando o cego chegou perto, Jesus perguntou: 41“Que queres que eu faça por ti?” O cego respondeu: “Senhor, eu quero enxergar de novo”. 42Jesus disse: “Enxerga, pois, de novo. A tua fé te salvou”. 43No mesmo instante, o cego começou a ver de novo e se pôs a segui-lo, glorificando a Deus. Vendo isso, todo o povo deu louvores a Deus.

 

– Palavra da salvação.

– Glória a vós, Senhor!   

 

Santa Gertrudes

- por Pe. Alexandre

Nasceu em 6 de Janeiro de 1256, em Eisleben (Alemanha), Aos cinco anos de idade, foi entregue ao Mosteiro cisterciense de Helfa, onde cresceu adquirindo grande cultura profana e cristã.

Conviveu no mosteiro com a grande mística Matilde de Magdeburg, mestra de espiritualidade fortemente ligada ao chamamento místico. Com ela, Gertrudes desenvolveu a sua de modo muito semelhante, recebendo, em seguida, através de suas orações contemplativas, muitas revelações de Deus.

A partir dos vinte e cinco anos de idade, teve a primeira das visões que, como ela mesma narrou, transformaram sua vida. Toda a sua rica experiência transcreveu e reuniu no livro “Mensageiro do divino amor”, talvez a mais importante obra cristã tendo como temática a teologia mística.

Mais tarde, foi eleita abadessa, cargo que exerceu até o fim de seus dias. Adoeceu e sofreu muitas dores físicas por mais de dez anos até ir comungar com seu amado esposo, Jesus, na casa do Pai, em 1302.

A tradicional festa em sua memória, no dia 16 de novembro, foi autorizada e mantida nesta data pelo Papa Clemente XII, em 1738.

Santa Gertrudes, rogai por nós!

Meditação

- por Pe. Alexandre

85. O SENHOR NUNCA NEGA A SUA GRAÇA

– Aumentar o fervor da oração nos momentos de escuridão.

– A direção espiritual, caminho normal pelo qual Deus atua na alma.

– Fé e sentido sobrenatural neste meio de crescimento interior.

I. E SUCEDEU – lemos no Evangelho da Missa1 – que, aproximando-se ele de Jericó, estava sentado à borda da estrada um cego pedindo esmola.

Alguns Padres da Igreja dizem que este cego às portas de Jericó é imagem “de quem desconhece a claridade da luz eterna”2. De vez em quando, a alma pode sofrer momentos de cegueira e escuridão, o caminho claro que um dia vislumbrou pode perder os seus contornos e aquilo que antes era luz e alegria pode transformar-se em trevas e numa certa tristeza que pesa sobre o coração.

Muitas vezes, essa situação é causada pelos pecados pessoais, cujas conseqüências não foram totalmente drenadas, ou pela falta de correspondência à graça: “Talvez o pó que levantamos ao andar – as nossas misérias – forme uma nuvem opaca que não deixa passar a luz”3. Em outras ocasiões, o Senhor permite essa situação difícil para purificar a alma, para amadurecê-la na humildade e na confiança nEle.

Seja qual for a sua origem, se alguma vez nos encontramos nesse estado, que faremos? O cego de Jericó – Bartimeu, filho de Timeu4 – ensina-nos: dirigir-nos ao Senhor, pedir-lhe que se compadeça de nós. Jesus Cristo ouve-nos, ainda que pareça seguir o seu caminho e deixar-nos para trás. Não está longe.

Mas é possível que nos aconteça o mesmo que a Bartimeu: Os que iam à frente repreendiam-no para que se calasse. Queriam barrar-lhe o acesso a Cristo. Não teremos sentido o mesmo em muitas ocasiões? “Quando queremos voltar para Deus, essas mesmas fraquezas nas quais incorremos acodem-nos ao coração, turvam-nos o entendimento, deixam-nos o ânimo confuso e quereriam apagar a voz das nossas orações”5. É o peso da fraqueza ou do pecado que se faz sentir.

Vejamos, contudo, o exemplo do cego: Mas ele gritava cada vez mais alto: Filho de Davi, tem piedade de mim! “Vede-o: aquele a quem a turba repreendia para que se calasse, levanta cada vez mais a voz; assim também nós […]. Quanto maior for o alvoroço interior, quanto maiores forem as dificuldades que encontremos, com tanto mais força deve sair a oração do nosso coração”6.

Jesus deteve-se quando dava a impressão de que ia prosseguir, e mandou chamar o cego. Bartimeu aproximou-se e Jesus disse-lhe: Que queres que te faça? Que eu veja, Senhor. E Jesus disse-lhe: Vê, a tua fé te salvou. E imediatamente ele recuperou a vista e seguia-o, glorificando a Deus.

Às vezes, pode ser-nos difícil conhecer as causas que nos levaram a essa situação penosa em que tudo parece custar-nos mais, mas não há dúvida de que conhecemos o remédio sempre eficaz: a oração. “Quando se está às escuras, com a alma cega e inquieta, temos de recorrer, como Bartimeu, à Luz. Repete, grita, insiste com mais força: «Domine, ut videam!» – Senhor, que eu veja!… E far-se-á dia para os teus olhos, e poderás alegrar-te com o clarão de luz que Ele te concederá”7.

II. JESUS, SENHOR de todas as coisas, podia curar os doentes – podia realizar qualquer milagre – da maneira que julgasse mais oportuna. Curou alguns com uma só frase, com um simples gesto, à distância… Outros, por etapas, como o cego mencionado por São João8… Hoje, é muito freqüente que dê luz às almas através de outros homens.

Quando os Magos ficaram sem saber o que fazer quando desapareceu a estrela que os tinha guiado de um lugar tão longe, fizeram o que o senso comum lhes ditava: perguntaram a quem deveria saber onde tinha nascido o rei dos judeus. Perguntaram a Herodes. “Mas nós, cristãos, não temos necessidade de perguntar a Herodes ou aos sábios da terra. Cristo deu à sua Igreja a segurança da doutrina, a corrente de graça dos Sacramentos; e cuidou de que houvesse pessoas que nos pudessem orientar, que nos conduzissem, que nos trouxessem constantemente à memória o nosso caminho […]. Por isso, se porventura o Senhor permite que fiquemos às escuras, mesmo em coisas de pormenor; se sentimos que a nossa fé não é firme, recorramos ao bom pastor […], àquele que – dando a vida pelos outros – quer ser, na palavra e na conduta, uma alma enamorada: talvez um pecador também, mas que confia sempre no perdão e na misericórdia de Cristo”9.

Ordinariamente, ninguém pode guiar-se a si mesmo sem uma ajuda extraordinária de Deus. A falta de objetividade com que nos vemos a nós mesmos, as paixões… tornam difícil, para não dizer impossível, encontrar esses caminhos, às vezes pequenos, mas seguros, que nos levam pelo rumo certo. Por isso, desde há muito tempo, a Igreja, sempre Mãe, aconselhou aos seus filhos esse grande meio de progresso interior que é a direção espiritual.

Não esperemos graças extraordinárias, nos dias normais e naqueles em que mais precisamos de luz, se não quisermos utilizar os meios que o Senhor pôs ao nosso alcance. Quantas vezes Jesus espera a sinceridade e a docilidade da alma para realizar um milagre! Ele nunca nos nega a sua graça se o procuramos na oração e servindo-nos dos meios através dos quais derrama as suas graças.

Santa Teresa escrevia com a humildade dos santos: “Deveria ser muito contínua a nossa oração por esses que nos dão luz. O que seríamos sem eles, entre tempestades tão grandes como as que agora atravessa a Igreja?”10 E São João da Cruz dizia o mesmo: “Quem quer estar só, sem arrimo e sem guia, será como uma árvore que está solitária e sem dono no campo, que por mais fruta que tenha, os caminhantes apanham-na e não chega a amadurecer.

“A árvore cultivada e rodeada dos bons cuidados do dono dá fruta no tempo esperado.

“A alma sem mestre, ainda que tenha virtude, é como um carvão aceso que está só; mais se irá esfriando do que acendendo”11.

Não deixemos de recorrer ao Senhor servindo-nos desse meio, tanto mais aconselhável quanto maiores forem os obstáculos interiores ou externos que tentem impedir-nos de ir ao encontro de Jesus que passa ao nosso lado. Não deixemos de recorrer a esses meios normais, através dos quais o Senhor realiza milagres tão grandes.

III. A NOSSA INTENÇÃO ao procurarmos orientação na direção espiritual é a de aprender a viver conforme o querer divino. Com o próprio São Paulo, apesar do modo extraordinário com que teve início a sua vocação, Deus quis depois seguir o caminho normal, quer dizer, quis formá-lo e transmitir-lhe a sua vontade através de outras pessoas. Ananias impôs-lhe as mãos e imediatamente caíram-lhe dos olhos umas como escamas, e recuperou a vista12.

Naquele que nos ajuda devemos ver o próprio Cristo, que nos ensina, ilumina, cura e dá alimento à nossa alma para que continue o seu caminho. Sem esse sentido sobrenatural, sem essa fé, a direção espiritual ficaria desvirtuada; converter-se-ia em algo completamente diferente: numa troca de opiniões, talvez. E torna-se uma grande ajuda e confere muita fortaleza quando o que realmente desejamos é averiguar a vontade de Deus a nosso respeito e identificar-nos com ela. Por outro lado, não devemos esquecer que não é um meio para encontrarmos solução para os nossos problemas temporais: ajuda-nos a santificá-los, nunca a organizá-los nem a resolvê-los. Não é essa a sua finalidade.

A consciência de que, através dessa pessoa que conta com uma graça especial de Deus para nos aconselhar, nos aproximamos do próprio Cristo, determinará a confiança, a delicadeza, a simplicidade e a sinceridade com que devemos servir-nos deste meio. Bartimeu aproximou-se de Jesus como quem caminha para a Luz, para a Vida, para a Verdade, para o Caminho. Assim também devemos nós fazer, porque essa pessoa é um instrumento através do qual Deus nos comunica graças semelhantes às que teríamos obtido se nos tivéssemos encontrado com Ele pelos caminhos da Palestina.

Na continuidade da direção espiritual, a alma vai-se forjando; e, pouco a pouco, com derrotas e com vitórias, vai construindo o edifício sobrenatural da santidade.

“Viste como levantaram aquele edifício de grandeza imponente? – Um tijolo, e outro. Milhares. Mas, um a um. – E sacos de cimento, um a um. E blocos de pedra, que são bem pouco ante a mole do conjunto. – E pedaços de ferro. – E operários trabalhando, dia após dia, as mesmas horas…

“Viste como levantaram aquele edifício de grandeza imponente?… – À força de pequenas coisas!”13

Um quadro pinta-se pincelada a pincelada, um livro escreve-se página a página, com amor paciente, e uma corda grossa, capaz de levantar grandes pesos, está tecida por um sem-número de fibras finas. Um pequeno conselho escutado na direção espiritual, e outro, e outro, que depois pomos em prática com humilde docilidade, serão esses pequenos tijolos que erguerão o edifício da nossa santidade.

Se vivermos bem a direção espiritual, sentir-nos-emos como Bartimeu, que passou a seguir Jesus glorificando a Deus, cheio de alegria.

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