18 de Março de 2023

3 semana da quaresma - Sábado

- por Pe. Alexandre

SABADO – SÃO JOSÉ ESPOSO DE MARIA E PADROEIRO DA IGREJA
(branco, glória, creio, prefácio de são José e ofício da solenidade)
Antífona da entrada
– Eis o servo fiel e prudente, a quem o Senhor confiou a sua casa (Lc 12,42).
Oração do dia
– Deus todo-poderoso, pelas preces de São José, a quem confiastes as
primícias da Igreja, concedei que ela possa levar à plenitude os mistérios da
salvação. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito
Santo.
1ª Leitura: 2Sm 7,4-5.12-14a.16
– Leitura do segundo livro de Samuel: Naqueles dias, 4 a Palavra do Senhor foi
dirigida a Natã nestes termos: 5a “Vai dizer ao meu servo Davi: ‘Assim fala o
Senhor: 12 Quando chegar o fim dos teus dias e repousares com teus pais,
então, suscitarei, depois de ti, um filho teu, e confirmarei a sua realeza. 13 Será
ele que construirá uma casa para o meu nome, e eu firmarei para sempre o seu
trono real. 14a Eu serei para ele um pai e ele será para mim um filho. 16 Tua casa e
teu reino serão estáveis para sempre diante de mim, e teu trono será firme para
sempre’”.
– Palavra do Senhor.
– Graças a Deus.
Salmo Responsorial: Sl 89,2-3.4-5.27.29 (R: 37)
– Eis que a sua descendência durará eternamente.
R: Eis que a sua descendência durará eternamente.
– Ó Senhor, eu cantarei eternamente o vosso amor, de geração em geração eu
cantarei vossa verdade! Porque dissestes: “O amor é garantido para sempre!”
E a vossa lealdade é tão firme como os céus.
R: Eis que a sua descendência durará eternamente.
– “Eu firmei uma Aliança com meu servo, meu eleito, e eu fiz um juramento a
Davi, meu servidor. Para sempre, no teu trono, firmarei tua linhagem, de
geração em geração garantirei o teu reinado!”
R: Eis que a sua descendência durará eternamente.
– Ele, então, me invocará: “Ó Senhor, vós sois meu Pai, sois meu Deus, sois
meu Rochedo onde encontro a salvação!” Guardarei eternamente para ele a
minha graça e com ele firmarei minha Aliança indissolúvel.
R: Eis que a sua descendência durará eternamente.
2ª Leitura: Rm 4,13.16-18.22

– Leitura da carta de são Paulo aos Romanos: Irmãos, 13 não foi por causa da
Lei, mas por causa da justiça que vem da fé que Deus prometeu o mundo
como herança a Abraão ou à sua descendência. 16 É em virtude da fé que
alguém se torna herdeiro. Logo, a condição de herdeiro é uma graça, um dom
gratuito, e a promessa de Deus continua valendo para toda a descendência de
Abraão, tanto para a descendência que se apega à Lei, quanto para a que se
apóia somente na fé de Abraão, que é o pai de todos nós. 17 Pois está escrito:
“Eu fiz de ti pai de muitos povos”. Ele é pai diante de Deus, porque creu em
Deus que vivifica os mortos e faz existir o que antes não existia. 18 Contra toda a
humana esperança, ele firmou-se na esperança e na fé. Assim, tornou-se pai
de muitos povos, conforme lhe fora dito: “Assim será a tua prosperidade”. 22 Esta
sua atitude de fé lhe foi creditada como justiça.
– Palavra do Senhor.
– Graças a Deus.
Evangelho de Jesus Cristo, segundo Mateus: Mt 1,16.18-21.24
Louvor e glória a ti, Senhor, Cristo palavra de Deus!
Louvor e glória a ti, Senhor, Cristo palavra de Deus!
– Felizes os que habitam vossa casa, para sempre eles hão de louvar! (Sl 83,5)
Louvor e glória a ti, Senhor, Cristo palavra de Deus!
– O Senhor esteja convosco.
– Ele está no meio de nós.
– Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo † segundo Mateus
– Glória a vós, Senhor!
– 16 Jacó gerou José, o esposo de Maria, da qual nasceu Jesus, que é chamado
o Cristo. 18 A origem de Jesus Cristo foi assim: Maria, sua mãe, estava
prometida em casamento a José, e, antes de viverem juntos, ela ficou grávida
pela ação do Espírito Santo. 19 José, seu marido, era justo e, não querendo
denunciá-la, resolveu abandonar Maria em segredo. 20 Enquanto José pensava
nisso, eis que o anjo do Senhor apareceu-lhe, em sonho, e lhe disse: “José,
Filho de Davi, não tenhas medo de receber Maria como tua esposa, porque ela
concebeu pela ação do Espírito Santo. 21 Ela dará à luz um filho, e tu lhe darás
o nome de Jesus, pois ele vai salvar o seu povo dos seus pecados”. 24a Quando
acordou, José fez conforme o anjo do Senhor havia mandado.
– Palavra da salvação.
– Glória a vós, Senhor!

São Cirilo de Jerusalém, doutor da Igreja e príncipe dos catequistas

- por Pe. Alexandre

Origens
São Cirilo de Jerusalém nasceu por volta do ano de 315 em Jerusalém ou em seus arredores. Pouco se sabe sobre sua infância e juventude, além de que ele cresceu num lar cristão, com uma vida financeira confortável. Recebeu uma sólida formação nas Sagradas Escrituras e em matérias humanísticas.

 

Sacerdote aos 30 anos
Ordenado sacerdote em 345, aos 30 anos, ele foi sagrado bispo de Jerusalém apenas três anos mais tarde, em 348. São Cirilo de Jerusalém viveu numa época em que a Igreja do Oriente estava envolvida em muitas controvérsias.  São Cirilo precisou enfrentar especialmente a heresia do arianismo. O arianismo basicamente negava a consubstancialidade entre Jesus e Deus Pai, ou seja, segundo os arianos, Jesus seria o filho de Deus, mas não o próprio Deus.

Escritos valiosos
São Cirilo deixou para a Tradição da Igreja diversos escritos, mas os mais famosos deles são as suas 24 catequeses, que estão entre os mais preciosos tesouros da antiguidade cristã. Suas catequeses foram escritas como parte da preparação dos catecúmenos para o batismo. Nela, incluem uma introdução, dezoito catequeses aplicadas durante a Quaresma e cinco “catequeses mistagógicas”, que foram ministradas durante a semana de Páscoa para aqueles mesmos que receberam o batismo.

São Cirilo de Jerusalém e o rigor à Doutrina

Catequeses
As catequeses são marcadas pelo rigor em relação à doutrina. A grande habilidade de São Cirilo em explicar conceitos complexos de forma simples e direta, facilita o entendimento. A título exemplificativo, vejamos como ele explica o significado da proclamação “Corações ao alto!”, na quinta catequese mistagógica:

Verdadeiramente, nesta hora mui tremenda, é preciso ter o coração no alto, junto de Deus, e não embaixo, na terra, nas coisas terrenas. Com autoridade, pois, o sacerdote ordena que, nesta hora, se abandonem todas as preocupações da vida e os cuidados domésticos e que se tenha o coração no céu, junto ao Deus benevolente.”

O capítulo das perseguições
A vida de São Cirilo não se resumiu às suas brilhantes catequeses, ela foi também marcada por polêmicas e perseguições justamente por causa do arianismo. Acácio, um bispo muito influente na época, simpatizante do arianismo, teria nomeado São Cirilo bispo de Jerusalém imaginando que fosse tê-lo como aliado na defesa da heresia. Mantendo-se fiel à sã doutrina, São Cirilo foi perseguido e acabou enfrentando por três vezes o exílio. A primeira vez em 357, conforme disposto por um Sínodo em Jerusalém. A segunda em 360, por obra direta de Acácio. O último exílio foi em 367, o seu mais longo exílio, que durou 11 anos, por obra direta do imperador Valente, que também era ariano.

Com a morte do imperador, em 378, São Cirilo pôde finalmente voltar para a sua sede episcopal em ânimo definitivo. Participou em 381, do Concílio Ecumênico de Constantinopla, onde foi firmado o símbolo Niceno-Constatinopolitano.

Proclamado Doutor da Igreja e o seu reflexo na atualidade

Páscoa
Em 386, provavelmente no dia 18 de março, São Cirilo morreu, aos 71 anos de idade. Em meio a muitas acusações de heresia, São Cirilo permaneceu fiel à Igreja de Cristo. Foi paciente nas perseguições e sua ortodoxia foi reconhecida a tal ponto que em 1882 o Papa Leão XIII o proclamou Doutor da Igreja.

Fontes de documentos atuais
Além disso, duas importantes constituições dogmáticas do Concílio Vaticano II, a Lumen Gentium e a Dei Verbum, foram inspiradas em seus escritos.

Sua repercussão na atualidade
São Cirilo de Jerusalém ajuda, até hoje, cristãos de todo o mundo a mergulharem no mistério da fé, como tão bem expressou o Papa Bento XVI:

O mistério que se deve desvendar é o desígnio de Deus, que se realiza através das ações salvíficas de Cristo na Igreja. Por sua vez, a dimensão mistagógica está acompanhada pela dos símbolos, que expressam a vivência espiritual que eles fazem “explodir”. Assim, a catequese de Cirilo, com base nas três componentes descritas – doutrinal, moral e, por fim, mistagógica –, resulta numa catequese global no Espírito. A dimensão mistagógica atua como síntese das duas primeiras, orientando-as para a celebração sacramental, na qual se realiza a salvação do homem todo. Trata-se, em definitivo, de uma catequese integral, que envolvendo corpo, alma e espírito permanece emblemática também para a formação catequética dos cristãos de hoje.

Exemplo de Vida e Oração

Ação de Deus
Olhando para a vida de São Cirilo, encanta-nos o que o Espírito Santo pode realizar na vida de quem se abre à graça de Deus: de um lado, um dom impressionante para transmitir a fé e a sã doutrina, por meio de catequeses que continuam atualíssimas até hoje; do outro lado, a paciência e a fortaleza para viver perseguido e não se render, não ceder ao desânimo nem ao cansaço. Mesmo que, imitando a Cristo, por tanto tempo não tenha tido um lugar onde reclinar a cabeça.

Minha oração
“Ajudai-nos, São Cirilo de Jerusalém, a buscarmos sempre mergulhar nos mistérios da fé, para que vivamos uma fidelidade à toda prova ao que Cristo nos ensinou. Ensinai-nos a suportar as perseguições, injúrias e falsas acusações com o coração limpo, sem temor, sem ódio, olhando apenas para Cristo que, crucificado, suportou muito mais perseguições, muito mais injúrias, muito mais falsas acuações. São Cirilo de Jerusalém, rogai por nós, para que sejamos fiéis a Deus como vós fostes, para que defendamos a verdade como vós defendestes, para que nos esforcemos para imitar a Cristo como vós imitastes.”

São Cirilo de Jerusalém, rogai por nós. Amém!

Meditação

- por Pe. Alexandre

 

Prometida em casamento… (Mt 1,16.18-21.24a)

Sim, quando Gabriel levou a Maria a proposta de ser Mãe do Salvador, e
ela aderiu ao desígnio do Senhor, a jovem era noiva de José. O original da
TOB diz, em francês, “accordée en mariage”, prometida em casamento. A
Bíblia de Chouraqui é mais direta: “fiancée”. Isto é, noiva. Mas ninguém pense
que isto “alivia a barra” de Maria.
Naquela sociedade, noivado era coisa séria. O compromisso era
celebrado, em geral, um ano antes do casamento, mas já tinha juridicamente o
valor de matrimônio, ainda que os noivos permanecessem morando em suas
próprias casas. O noivado era tão sério que, em caso de morte do noivo, a
noiva passava a agir como viúva, vestida de luto e convivendo com as outras
viúvas.
Por isso mesmo, ao aparecer grávida, Maria estaria sujeita à pena de
lapidação (apedrejamento) estabelecida pela Lei (cf. Dt 22,20-24; a leitura
atenta mostra que também o homem envolvido merecia o mesmo castigo!). Ao
perceber que Maria está grávida, terá passado pela mente de José esse
estatuto legal, vendo-se dividido entre a evidência da gravidez e sua convicção
da pureza e santidade de sua noiva. Assim, ao invés de denunciá-la
publicamente, como previsto na Lei, pensava em afastar-se em segredo, sendo
demovido da intenção pela visita do Anjo durante o sono.
Duas pessoas admiráveis! De um lado, Maria se mantinha em silêncio,
não vendo como revelar o “segredo de Deus”, a concepção virginal do Messias
prometido. De outro, José, premiado pela Escritura com o título de “justo” (ou
seja, alguém que manifestava a justiça, i.é, a santidade de Deus!), abre mão de
seu direito, mesmo sem entender a situação. E estão os dois bem no miolo do
projeto divino de salvar a humanidade.
O Menino que ia nascer era homem, pois nasceria de Mulher. Mas, ao
mesmo tempo, era Deus, pois nascia sem a contribuição de um pai humano. O
Anjo o deixa claro na “Anunciação a José”: “José, filho de Davi, não temas
receber Maria por tua esposa, pois o que nela se gerou é obra do Espírito
Santo.” (Mt 1,20.)
E ao chamar José de “filho de Davi”, o anjo de Deus situava a Criança
que devia nascer no contexto das promessas feitas pelo Senhor a Davi:
“Suscitarei depois de ti a minha posteridade, aquele que sair de tuas entranhas,
e firmarei o seu reino. Ele me construirá um templo… Eu serei para ele um pai
e ele será para mim um filho.” (2Sm 7,12-14.) Exatamente a leitura desta
Liturgia da solenidade de São José.

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