19 de Dezembro de 2022
4a Semana do Advento ano A -Segunda-feira
- por Pe. Alexandre
SEGUNDA FEIRA DA IV SEMANA DO ADVENTO
(roxo, pref. do Advento II – ofício do dia)
Antífona da entrada
– Aquele que há de vir chegará sem demora: já não haverá mais temor entre nós, porque ele é o nosso salvador (Hb 10,37)
Oração do dia
– Ó Deus, que revelastes ao mundo o esplendor da vossa glória pelo parto virginal de Maria, dai-nos venerar com fé pura e celebrar sempre com amor sincero o mistério tão profundo da encarnação. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
1ªLeitura: Jz 13,2-7.24-25a
– Leitura do livro dos juízes: Naqueles dias, 2havia um homem de Saraá, da tribo de Dã, chamado Manué, cuja mulher era estéril. 3O anjo do Senhor apareceu à mulher e disse-lhe: “Tu és estéril e não tiveste filhos, mas conceberás e darás à luz um filho. 4Toma cuidado de não beberes vinho nem licor, de não comeres coisa alguma impura, 5pois conceberás e darás à luz um filho. Sua cabeça não será tocada por navalha, porque ele será consagrado ao Senhor desde o ventre materno, e começará a libertar Israel das mãos dos filisteus”. 6A mulher foi dizer ao marido: “Veio visitar-me um homem de Deus, cujo aspecto era terrível como o de um anjo do Senhor. Não lhe perguntei de onde vinha nem ele me revelou o seu nome. 7Ele disse-me: ‘Conceberás e darás à luz um filho. De hoje em diante, toma cuidado para não beberes vinho nem licor, e não comeres nada de impuro, pois o menino será consagrado a Deus, desde o ventre materno até o dia da sua morte’”. 24Ela deu à luz um filho e deu-lhe o nome de Sansão. O menino cresceu, e o Senhor o abençoou. 25aO espírito do Senhor começou a agir nele no Campo de Dã.
– Palavra do Senhor.
– Graças a Deus.
Salmo Responsorial: Sl 71,3-4a.5-6ab.16-17 (R: 8a)
– Minha boca se encha de louvor, para que eu cante vossa glória.
R: Minha boca se encha de louvor, para que eu cante vossa glória.
– Sede uma rocha protetora para mim, um abrigo bem seguro que me salve! Porque sois a minha força e meu amparo, o meu refúgio, proteção e segurança! Libertai-me, ó meu Deus, das mãos do ímpio.
R: Minha boca se encha de louvor, para que eu cante vossa glória.
– Porque sois, ó Senhor Deus, minha esperança, em vós confio desde a minha juventude! Sois meu apoio desde antes que eu nascesse, desde o seio maternal, o meu amparo.
R: Minha boca se encha de louvor, para que eu cante vossa glória.
– Cantarei vossos portentos, ó Senhor, lembrarei vossa justiça sem igual! Vós me ensinastes desde a minha juventude e até hoje canto as vossas maravilhas.
R: Minha boca se encha de louvor, para que eu cante vossa glória.
Aclamação ao santo Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Aleluia, aleluia, aleluia.
– Ó raiz de Jessé, sinal das nações: oh, vinde livrar-nos e não tardeis mais!
Aleluia, aleluia, aleluia.
Evangelho de Jesus Cristo, segundo Lucas: Lc 1,5-25
– O Senhor esteja convosco.
– Ele está no meio de nós.
– Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo † segundo Lucas.
– Glória a vós, Senhor!
– 5Nos dias de Herodes, rei da Judeia, vivia um sacerdote chamado Zacarias, do grupo de Abia. Sua esposa era descendente de Aarão e chamava-se Isabel. 6Ambos eram justos diante de Deus e obedeciam fielmente a todos os mandamentos e ordens do Senhor. 7Não tinham filhos, porque Isabel era estéril, e os dois já eram de idade avançada. 8Em certa ocasião, Zacarias estava exercendo as funções sacerdotais no Templo, pois era a vez do seu grupo. 9Conforme o costume dos sacerdotes, ele foi sorteado para entrar no Santuário, e fazer a oferta do incenso. 10Toda a assembleia do povo estava do lado de fora rezando, enquanto o incenso estava sendo oferecido. 11Então apareceu-lhe o anjo do Senhor, de pé, à direita do altar do incenso. 12Ao vê-lo, Zacarias ficou perturbado e o temor apoderou-se dele. 13Mas o anjo disse: “Não tenhas medo, Zacarias, porque Deus ouviu tua súplica. Tua esposa, Isabel, vai ter um filho, e tu lhe darás o nome de João. 14Tu ficarás alegre e feliz, e muita gente se alegrará com o nascimento do menino, 15porque ele vai ser grande diante do Senhor. Não beberá vinho nem bebida fermentada e, desde o ventre materno, ficará repleto do Espírito Santo. 16Ele reconduzirá muitos do povo de Israel ao Senhor seu Deus. 17E há de caminhar à frente deles, com o espírito e o poder de Elias, a fim de converter os corações dos pais aos filhos, e os rebeldes à sabedoria dos justos, preparando para o Senhor um povo bem-disposto”. 18Então Zacarias perguntou ao anjo: “Como terei certeza disto? Sou velho e minha mulher é de idade avançada”. 19O anjo respondeu-lhe: “Eu sou Gabriel. Estou sempre na presença de Deus, e fui enviado para dar-te esta boa notícia. 20Eis que ficarás mudo e não poderás falar, até o dia em que essas coisas acontecerem, porque não acreditaste nas minhas palavras, que se hão de cumprir no tempo certo”. 21O povo estava esperando Zacarias, e admirava-se com a sua demora no Santuário. 22Quando saiu, não podia falar-lhes. E compreenderam que ele tinha tido uma visão no Santuário. Zacarias falava por sinais e continuava mudo. 23Depois que terminou seus dias de serviço no Santuário, Zacarias voltou para casa. 24Algum tempo depois, sua esposa Isabel ficou grávida, e escondeu-se durante cinco meses. 25Ela dizia: “Eis o que o Senhor fez por mim, nos dias em que ele se dignou tirar-me da humilhação pública!”
– Palavra da salvação.
– Glória a vós, Senhor!
Beato Urbano V
- por Pe. Alexandre
Guilherme de Grimoard, nasceu em 1310, no castelo de Grisac, nas Cevenas, França. Seu pai era Guilherme, um cavaleiro, e sua mãe era Anfelisa de Montferrand. Desde a infância, mostrou-se hostil a toda frivolidade. Sua mãe, vendo-o fugir dos jogos próprios da sua idade, recolhendo-se à capela dizia: “Eu não o compreendo; mas, enfim, basta que Deus o compreenda”.
Após ter estudado em Montpellier e em Tolosa, entrou na abadia beneditina de Chirac, próxima de Mende; proferiu os votos no convento de São Vítor de Marselha e, em seguida, entrou na Congregação de Cluny. Formou-se em Direito Canônico em outubro de 1342; ensinou nas Universidades de Toulouse, Montpellier, Paris e Avignon; exerceu as funções de Vigário Geral em Clermon e Uzés; foi nomeado Abade de S. Germano de Auxerre em 13 de fevereiro de 1352 e, no dia 26 de julho do mesmo ano, Clemente VI nomeou-o Legado Pontifício na Lombardia. Mais tarde, sendo Abade de São Vítor de Marselha, foi encarregado da mesma missão no reino de Nápoles, por Inocêncio VI.
Os Papas residiam em Avignon, cidade na França, mas já pensavam em voltar para Roma; para preparar esse regresso, Guilherme desenvolvia grande atividade diplomática na Itália. Nos fins de 1362, sucedeu a Inocêncio VI, com o nome de Urbano V, sendo um dos sete Papas que, de 1309 a 1377, residiram em Avignon. O seu Pontificado assinalou-se pelo envio de missionários para as Índias, a China e a Lituânia; pela pregação de uma nova cruzada; pelo apoio que deu aos estudos eclesiásticos, e por diversas reformas que levou a efeito na administração da Igreja. Depois de renovar a excomunhão pronunciada por Inocêncio VI contra Pedro IV, rei de Castela, assassino de sua mulher e polígamo, autorizou Henrique de Trastâmara, seu irmão, a destroná-lo. Convidou ao mesmo tempo Du Guesclin e as suas “companhias brancas” a prestar-lhe auxílio, assegurando assim o êxito dessa revolução dinástica.
Em 1367, Urbano V entendeu que tinha chegado o momento de regressar a Roma. No dia 19 de maio, embarcou em Marselha, acompanhado de vinte e quatro embarcações; no dia 3 de junho, desembarcou em Corneto e em 16 de outubro fez a entrada triunfal na Cidade Eterna. Não conseguiu, porém, manter-se, apesar dos protestos de Santa Brígida, que lhe previu morte próxima se voltasse. Mas voltou no dia 26 de setembro de 1370, regressando a Avignon, onde morreu em 19 de dezembro de 1370, revestido do hábito beneditino. Tempos antes, tinha-se mudado para casa de seu irmão, por não desejar acabar a vida num palácio. Por sua ordem, as portas dessa casa mantinham-se abertas, a fim de que todos pudessem entrar livremente e ver “como morre um Papa”.
A causa de sua beatificação se deu por intermédio de Papa Gregório XI. Milagres foram atribuídos por Urbano V e suas virtudes foram documentadas. O cisma ocidental fez com que a causa de beatificação ficasse suspensa, mas foi reativada séculos mais tarde, e em 10 de março de 1870, Papa Urbano V foi beatificado. Sua festa é celebrada no dia 19 de dezembro.
Beato Urbano V, rogai por nós!
Meditação
- por Pe. Alexandre
Isabel ficou grávida… (Lc 1,5-25)
Toda gravidez é novidade. Por certo, a maior de todas as novidades ao nosso alcance. É a gravidez que faz as mães. Ela é que traz os filhos. Ela diz à raça humana que a vida insiste, perpetua-se no tempo e garante a próxima geração.
Natural, a “novidade” é ainda maior no caso de Isabel de Zacarias: ela é idosa. Ela é estéril. Sua gravidez é um milagre. Mais ainda: é sinal de que Deus está em ação e faz possível o impossível.
Por tudo isso, não deixa de ser curiosa a reação de Isabel: ela “permaneceu escondida”. Não seria de esperar que a velha parenta de Maria saísse correndo pelas ruelas de Ain Karim, proclamando sua “novidade” às amigas e vizinhas? Seria, mas ela prefere ocultar o segredo do Rei…
De fato, o texto grego de São Lucas, em sentido literal, diz que Isabel, vendo-se grávida, “cerca-se de segredo” [periékryben eotèn] (cf. Lc 1,24). Nestes tempos em que pretensas curas e milagres são transformados em espetáculo na TV para atrair seguidores (e contribuintes…), a mãe de João Batista celebra em silêncio, no santuário do coração, a graça especial que recebeu do Senhor: “Ele dignou-se tirar a vergonha que pesava sobre mim”. (Lc 1,25)
Entre os hebreus, herdeiros da promessa do Messias, a esposa estéril era uma fracassada, digna de pena, mas também alvo de irrisão. Podia ser repudiada ou, na melhor das hipóteses, ter de tolerar uma segunda esposa. Não admira que a Sagrada Escritura registre vários casos “impossíveis” de gravidez, como Ana, mãe de Samuel (cf. 1Sm 1,2.20) e a mãe anônima de Sansão (cf. Jz 13,2-3.24). É assim que Yahweh se revela como o Senhor e a Fonte da vida.
Isabel sabe que foi agraciada. Por isso mesmo, escolhe para o filho o nome de João [no hebraico, Yohanan: “o Senhor concede graça”], ainda que tal escolha encontre reação nos familiares (cf. Lc 1,60-63).
No tempo litúrgico do Advento, à espera do Natal, também a Igreja está grávida de Cristo. Por isso ela se recolhe, reveste-se de roxo, reduz as flores e faz discretos os instrumentos musicais. A exemplo de Isabel, a espera do filho prometido deve cercar-se de profunda vida interior, preparando o júbilo e os louvores dos anjos de Belém. Grávidos do Natal…
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