19 de Janeiro de 2021

Segunda semana do tempo Comum- Terça-feira

- por Pe. Alexandre

TERÇA FEIRA DA II SEMANA COMUM 
(verde ofício do dia)

Antífona da entrada

– Que toda a terra se prostre diante de vós, ó Deus, e cante louvores ao vosso nome, Deus altíssimo!  (Sl 65, 4).

 

Oração do dia

 

– Deus eterno e todo-poderoso, que governais o céu e a terra, escutai com bondade as preces do vosso povo e dai ao nosso tempo a nossa paz. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que convosco vive e reina, na unidade do Espírito Santo.

 

1ª Leitura: Hb 6,10-20

– Leitura da carta aos Hebreus: Irmãos, 10Deus não é injusto, para esquecer aquilo que estais fazendo e a caridade que demons­trastes em seu nome, servindo e continuando a servir aos santos. 11Mas desejamos que cada um de vós mostre até o fim este mesmo empenho pela plena realização da esperança, 12para não serdes lentos à compreensão, mas imitadores daqueles que, pela fé e a perseverança, se tornam herdeiros das promessas. 13Pois quando Deus fez a promessa a Abraão, não havendo alguém maior por quem jurar, jurou por si mesmo, 14dizendo: “Eu te cumularei de bênçãos e te multiplicarei em grande número”. 15E assim, Abraão foi perseverante e alcançou a promessa. 16Os homens juram, de fato, por alguém mais importante, e a garantia do juramento põe fim a qualquer contestação. 17Por isso, querendo Deus mostrar, com mais firmeza, aos herdeiros da promessa, o caráter irrevogável da sua decisão, interveio com um juramento. 18Assim, por meio de dois atos irrevogáveis, nos quais não pode haver mentira por parte de Deus, encontramos profunda consolação, nós que tudo deixamos para conseguir a esperança proposta. 19A esperança, com efeito, é para nós qual âncora da vida, segura e firme, penetrando para além da cortina do santuário, 20aonde Jesus entrou por nós, como precursor, feito sumo sacerdote eterno na ordem de Melqui­sedec.

 

– Palavra do Senhor.

– Graças a Deus.

 

Salmo Responsorial: Sl 111,1-2,4-5,9.10c (R: 5c)

 

– O Senhor se lembra sempre da Aliança.
R: O Senhor se lembra sempre da Aliança.

– Eu agradeço a Deus de todo o coração junto com todos os seus justos reunidos! Que grandiosas são as obras do Senhor, elas merecem todo o amor e admiração!

R: O Senhor se lembra sempre da Aliança.

– O Senhor bom e clemente nos deixou a lembrança de suas grandes maravilhas. Ele dá o alimento aos que o temem e jamais esquecerá sua Aliança.

R: O Senhor se lembra sempre da Aliança.

– Enviou libertação para o seu povo, confirmou sua Aliança para sempre. Seu nome é santo e é digno de respeito. Permaneça eternamente o seu louvor.

R: O Senhor se lembra sempre da Aliança.

Aclamação ao santo Evangelho

 

Aleluia, aleluia, aleluia.

Aleluia, aleluia, aleluia.

 

– Que o Pai do Senhor Jesus Cristo vos dê do saber o Espírito Santo; para que conheçais a esperança, reservada para vós como herança!  (Ef 1,17).

 

Aleluia, aleluia, aleluia.

 

Evangelho de Jesus Cristo, segundo Marcos: Mc 2,23-28

 

– O Senhor esteja convosco.

– Ele está no meio de nós.

– Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo † segundo Marcos.

– Glória a vós, Senhor!  


23Jesus estava passando por uns campos de trigo, em dia de sábado. Seus discípulos começaram a arrancar espigas, enquanto caminhavam. 24Então os fariseus disseram a Jesus: “Olha! Por que eles fazem em dia de sábado o que não é permitido?” 25Jesus lhes disse: “Por acaso, nunca lestes o que Davi e seus companheiros fizeram quando passaram necessidade e tiveram fome? 26Como ele entrou na casa de Deus, no tempo em que Abiatar era sumo sacerdote, comeu os pães oferecidos a Deus, e os deu também aos seus companheiros? No entanto, só aos sacerdotes é permitido comer esses pães”. 27E acrescentou: “O sábado foi feito por causa do homem, e não o homem para o sábado. 28Portanto, o Filho do Homem é senhor também do sábado”.

– Palavra da salvação.

– Glória a vós, Senhor!  

 

São Canuto

- por Pe. Alexandre

 

São Canuto

Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém

Hoje a Igreja celebra a memória de São Canuto IV, Rei da Dinamarca e Mártir. São Canuto nasceu no ano de 1040 na Dinamarca. Filho de um rei, era sucessor natural. Mas aconteceu que, pela sua vida de oração, testemunho, caridade e justiça, quando o pai faleceu, muitos moveram-se com artimanhas para colocar seu irmão no trono de maneira injusta. Quanto à sua posição, ele não era apegado ao poder nem o queria para si, então esperou. Depois do falecimento do irmão, ocupou o seu lugar que era de justiça.

Homem de Deus, um sinal para o povo, ele contribuiu para a evangelização. Primeiro, com o seu exemplo, pois acreditava que a melhor forma de educar uma nação é o bom exemplo. Ele viveu para sua esposa e para seu filho Carlos, que mais tarde se tornaria também um santo. Pai santo, esposo santo, um governador, um homem de poderes; mas que usou esses poderes para servir, a modelo de Nosso Senhor Jesus Cristo.

São Canuto, amado por muitos e odiado também como Nosso Senhor, foi vítima de artimanhas por pessoas fechadas para Deus e para o bem, porque ele tinha muita sensibilidade com as viúvas, os órfãos e os mais necessitados. Nele, batia um coração que se assemelhava ao de Jesus. Como rei, possuiu muitos desafios e, ao perceber os inimigos se armando, participou de uma Eucaristia como era de costume. Nela, ele não só recebeu o Nosso Senhor, mas, em nome de Jesus, perdoou todos os seus inimigos. Foi então martirizado.

 

São Canuto, rogai por nós!

Benção final.

Meditação

- por Pe. Alexandre

1. DIGNIDADE DA PESSOA

– A grandeza e a dignidade da pessoa humana.

– Dignidade da pessoa no trabalho. Princípios de doutrina social da Igreja.

– Uma sociedade justa.

I. JESUS ATRAVESSAVA certa vez um campo, e os discípulos que o acompanhavam iam arrancando espigas para comê-las. Era um dia de sábado, e os fariseus dirigiram-se ao Mestre pedindo-lhe que lhes chamasse a atenção, pois – segundo a sua casuística – não era lícito entregar-se àquele “trabalho” aos sábados. Jesus defendeu os seus discípulos e o próprio descanso sabático recorrendo à Sagrada Escritura: Nunca lestes o que fez Davi quando teve necessidade e sentiu fome, ele e os seus? Como entrou na casa de Deus, sob o pontífice Abiatar, e comeu os pães da proposição, que não é lícito comer senão aos sacerdotes, e os deu igualmente aos seus? E acrescentou: O sábado foi feito para o homem, e não o homem para o sábado. E a seguir deu-lhes uma razão ainda mais alta: O Filho do homem é senhor também do sábado1. Tudo está ordenado em função de Cristo e do ser humano; mesmo o descanso do sábado.

Os pães da proposição eram doze pães que se colocavam todas as semanas na mesa do santuário em homenagem às doze tribos de Israel2; os que eram retirados do altar ficavam reservados aos sacerdotes que cuidavam do culto.

A atitude de Davi antecipou a doutrina que Cristo ensina nesta passagem. Já no Antigo Testamento, Deus estabelecera uma ordem nos preceitos da Lei, de forma que os de menor importância cediam a vez aos principais. Assim se explica que um preceito cerimonial, como este dos pães, cedesse o lugar a um preceito da lei natural3. O preceito do sábado também não estava acima das necessidades elementares de subsistência.

O Concílio Vaticano II inspirou-se nesta passagem para sublinhar o valor da pessoa humana para além do desenvolvimento econômico e social4. Depois de Deus, o homem é quem vem em primeiro lugar; se não fosse assim, instaurar-se-ia uma verdadeira desordem sobre a face da terra, tal como infelizmente vemos acontecer com freqüência.

A Santíssima Humanidade de Cristo confere-nos uma luz que ilumina o nosso ser e a nossa vida, pois só em Cristo conhecemos realmente o valor incomensurável de um homem. “Quando vocês se perguntarem pelo mistério de si próprios – dizia João Paulo II a uma multidão de jovens –, olhem para Cristo, que é quem dá sentido à vida”5. Somente Ele, e nenhum outro, pode dar sentido à existência humana, e por isso não se pode definir o homem a partir das realidades da criação inferiores, e menos ainda pela produção do seu trabalho, pelo resultado material do seu esforço. A grandeza do ser humano provém da realidade espiritual da alma, da filiação divina, do seu destino eterno recebido de Deus. E isto eleva-o acima de toda a natureza criada.

O título que, em última análise, fundamenta a dignidade humana está em que é a única realidade da criação visível que Deus amou em si mesma, criando-a à sua imagem e semelhança e elevando-a à ordem da graça. Mas, além disso, o homem adquiriu um novo valor depois de o Filho de Deus ter assumido a nossa natureza através da Encarnação e de ter dado a sua vida por todos os homens: propter nos homines et propter nostram salutem descendit de coelis et incarnatus est, por nós homens e para a nossa salvação desceu dos céus e se encarnou. É por isso que todas as almas que nos rodeiam devem despertar o nosso interesse mais profundo; não há nenhuma que esteja excluída do amor de Cristo, nenhuma que possa ser excluída do nosso respeito e consideração.

Olhemos à nossa volta, para as pessoas que vemos e cumprimentamos diariamente, e examinemo-nos na presença de Deus se realmente lhes manifestamos esse apreço e essa veneração.

II. A DIGNIDADE DA CRIATURA HUMANA – imagem de Deus – é o critério adequado para apreciarmos os verdadeiros progressos da sociedade, do trabalho, da ciência…, e não ao contrário6. E a dignidade do homem manifesta-se em toda a sua atuação pessoal e social, particularmente no campo do trabalho, em que se realiza o preceito do seu Criador, que o tirou do nada e o pôs sem pecado numa terra ut operaretur, para que trabalhasse7 e assim desse glória a Deus.

Por isso, a Igreja defende a dignidade da pessoa que trabalha. É uma dignidade que se empobrece quando a pessoa é avaliada somente em função do que produz, quando o trabalho é encarado como mera mercadoria, e se valoriza mais “a obra que o operário”, “o objeto mais do que o sujeito que a realiza”8, como diz expressivamente o Papa João Paulo II.

Não se trata somente de respeitar umas formas externas, de tratar amavelmente os que trabalham a nosso serviço, pois mesmo com umas maneiras cordiais se pode atentar contra a dignidade dos outros, se os subordinamos a fins meramente utilitários, como uma simples peça na engrenagem da produtividade e do lucro, ou se os tratamos com o único propósito de preservar a paz na empresa.

Estaríamos longe de uma visão cristã se mantivéssemos de alguma forma uma visão rebaixada, colada à terra: os indicadores mais fiéis da justiça nas relações sociais não são o volume da riqueza criada nem a sua distribuição… É necessário examinar “se as estruturas, o funcionamento, os ambientes de um sistema econômico não comprometem a dignidade humana daqueles que desenvolvem a sua atividade nele…”9 Devemos ter presente que o critério supremo no uso dos bens materiais deve ser “o de facilitar e promover o aperfeiçoamento espiritual dos seres humanos tanto no âmbito natural como no sobrenatural”10, a começar, como é lógico, por aqueles que os produzem.

A dignidade do trabalho expressa-se num salário justo, base de toda a justiça social. Mesmo no caso em que se trate de um contrato livremente pactuado, ou que o salário estipulado esteja de acordo com a letra da lei, isso não legitima qualquer retribuição que se combine. E se quem contrata (o diretor de uma escola, o construtor, o empresário, a dona de casa…) quisesse aproveitar-se de uma situação em que há excesso de mão de obra, por exemplo, para pagar um salário contrário à dignidade das pessoas, ofenderia essas pessoas e o Criador, pois elas têm um direito natural e irrenunciável aos meios suficientes para o seu sustento e para o das suas famílias, que está por cima do direito à livre contratação11.

III. É PRECISO TER PRESENTE que a principal finalidade do desenvolvimento econômico “não é um mero crescimento da produção, nem o lucro ou o poder, mas o serviço do homem integral, tendo em conta as suas necessidades de ordem material e as exigências da sua vida intelectual, moral, espiritual e religiosa”12.

Isto não significa negar a legítima autonomia da ciência econômica, a autonomia própria da ordem temporal, que levará a estudar as causas dos problemas econômicos, sugerir soluções técnicas e políticas, etc. Mas essas soluções devem submeter-se sempre a um critério superior, de ordem moral, pois não são absolutamente independentes e autônomas. Além disso, não se deve confiar em medidas puramente técnicas quando nos encontramos diante de problemas que têm claramente a sua origem numa desordem moral.

É longo o caminho a percorrer até se chegar a uma sociedade justa em que a dignidade da pessoa, filha de Deus, seja plenamente reconhecida e respeitada. Porém, essa tarefa não é responsabilidade apenas de alguns, mas de todos os homens de boa vontade. Porque “não se ama a justiça, se não se deseja vê-la estendida aos outros. Como também não é lícito encerrar-se numa religiosidade cômoda, esquecendo as necessidades alheias. Quem deseja ser justo aos olhos de Deus esforça-se também por fazer com que se pratique de fato a justiça entre os homens”13.

Devemos viver o respeito pela pessoa com todas as suas conseqüências e nos campos mais variados: defendendo a vida já concebida, uma vez que se trata de um filho de Deus com um direito à vida que lhe foi dado pelo Senhor e que ninguém lhe pode tirar; amparando os anciãos e os mais fracos, que devemos tratar com essa misericórdia que o mundo parece estar perdendo; se formos empregados ou operários, sendo bons trabalhadores e profissionais capacitados; ou, no caso de sermos empresários, conhecendo muito bem a doutrina social da Igreja para levá-la à prática.

Também devemos reconhecer a dignidade da pessoa humana no relacionamento normal da vida: considerando os que estão à nossa volta, independentemente dos seus possíveis defeitos, como filhos de Deus, evitando até a menor murmuração e tudo aquilo que possa fazer-lhes mal. “Acostuma-te a recomendar cada uma das pessoas das tuas relações ao seu Anjo da Guarda, para que a ajude a ser boa e fiel, e alegre”14. Então o relacionamento será mais fácil e aumentarão a cordialidade, a paz e o respeito mútuo.

O Filho do homem é senhor também do sábado. Devemos orientar tudo para Cristo – Sumo Bem – e para a pessoa humana, por quem Ele se imolou no Calvário a fim de salvá-la. Nenhum bem terreno é superior ao homem.

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