20 de Abril de 2020

2a Semana da Páscoa Segunda-feira

- por Padre Alexandre Fernandes

SEGUNDA FEIRA – II PÁSCOA
(branco, pref. pascal – ofício do dia)

 

Antífona da entrada

 

– Cristo ressuscitado dos mortos, já não morre; a morte não tem mais poder sobre ele, aleluia! (Rm 6,9)

 

Oração do dia

 

– Deus eterno e todo-poderoso, a quem ousamos chamar de Pai, dai-nos cada vez mais um coração de filhos para alcançarmos a herança prometida. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

 

1ª Leitura: At 4,23-31

– Leitura dos Atos dos Apóstolos: 23Naqueles dias, logo que foram postos em liberdade, Pedro e João voltaram para junto dos irmãos e contaram tudo o que os sumos sacerdotes e os anciãos haviam dito. 24Ao ouvirem o relato, todos eles elevaram a voz a Deus, dizendo: “Senhor, tu criaste o céu, a terra, o mar e tudo o que neles existe.25Por meio do Espírito Santo, disseste através do teu servo Davi, nosso pai: ‘por que se enfureceram as nações, e os povos imaginaram coisas vãs? 26Os reis da terra se insurgem e os príncipes conspiram unidos contra o Senhor e contra o seu Messias’. 27Foi assim que aconteceu nesta cidade: Herodes e Pôncio Pilatos uniram-se com os pagãos e os povos de Israel contra Jesus, teu santo servo, a quem ungiste, 28a fim de executarem tudo o que a tua mão e a tua vontade haviam predeterminado que sucedesse. 29Agora, Senhor, olha as ameaças que fazem e concede que os teus servos anunciem corajosamente a tua palavra. 30Estende a mão para que se realizem curas, sinais e prodígios por meio do teu santo servo Jesus”. 31Quando terminaram a oração, tremeu o lugar onde estavam reunidos. Todos, então, ficaram cheios do Espírito Santo e anunciaram corajosamente a palavra de Deus.

 

– Palavra do Senhor.

– Graças a Deus.

 

Salmo Responsorial: Sl 2,1-3.4-6.7-9 (R: 12d)

 

– Felizes hão de ser todos aqueles que põem sua esperança no Senhor.

R: Felizes hão de ser todos aqueles que põem sua esperança no Senhor.

 

– Por que os povos agitados se revoltam? Por que tramam as nações projetos vãos? Por que os reis de toda a terra se reúnem e conspiram os governos todos juntos contra o Deus onipotente e o seu Ungido? “Vamos quebrar suas correntes”, dizem eles, “e lançar longe de nós o seu domínio!”

R: Felizes hão de ser todos aqueles que põem sua esperança no Senhor.

 

– Ri-se deles o que mora lá nos céus; zomba deles o Senhor onipotente. Ele, então, em sua ira os ameaça, e em seu furor os faz tremer, quando lhes diz: “Fui eu mesmo que escolhi este meu Rei, e em Sião, meu monte Santo, o consagrei!”

R: Felizes hão de ser todos aqueles que põem sua esperança no Senhor.

 

– O decreto do Senhor promulgarei, foi assim que me falou o Senhor Deus: “Tu és o meu Filho, e eu hoje te gerei! Podes pedir-me, e em resposta eu te darei por tua herança os povos todos e as nações, e há de ser a terra inteira o teu domínio. Com cetro férreo haverás de dominá-los, e quebrá-los como um vaso de argila!”

R: Felizes hão de ser todos aqueles que põem sua esperança no Senhor.

 

Aclamação ao santo Evangelho.

 

Aleluia, aleluia, aleluia.

Aleluia, aleluia, aleluia.

 

– Se com Cristo ressurgistes, procurai o que é do alto, onde Cristo está sentado à direita de Deus Pai (Cl 3,1).

 

Aleluia, aleluia, aleluia.

 

Evangelho de Jesus Cristo, segundo João: Jo 3,1-8

 

– O Senhor esteja convosco.

– Ele está no meio de nós.

– Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo † segundo João.

– Glória a vós, Senhor!

 

1Havia um chefe judaico, membro do grupo dos fariseus, chamado Nicodemos, 2que foi ter com Jesus, de noite, e lhe disse: “Rabi, sabemos que vieste como mestre da parte de Deus. De fato, ninguém pode realizar os sinais que tu fazes, a não ser que Deus esteja com ele”. 3Jesus respondeu: “Em verdade, em verdade, te digo, se alguém não nasce do alto, não pode ver o Reino de Deus”. 4Nicodemos disse: “Como é que alguém pode nascer de novo, se já é velho? Poderá entrar outra vez no ventre de sua mãe?” 5Jesus respondeu: “Em verdade, em verdade, te digo, se alguém não nasce da água e do Espírito, não pode entrar no Reino de Deus. 6Quem nasce da carne é carne; quem nasce do Espírito é espírito 7Não te admires por eu haver dito: Vós deveis nascer do alto. 8O vento sopra onde quer e tu podes ouvir o seu ruído, mas não sabes de onde vem, nem para onde vai. Assim acontece a todo aquele que nasceu do Espírito”.

 

– Palavra da salvação.

– Glória a vós, Senhor!

Santa Inês de Montepulciano

- por Padre Alexandre Fernandes

A santa de hoje nasceu no centro da Itália, em Montepulciano, no ano de 1274. Sua família tinha muitas posses, mas possuía também o essencial para uma vida familiar feliz: o amor a Jesus Cristo.

Muito jovem, sentiu o chamado a consagrar-se totalmente ao Senhor, ingressando na família Dominicana. Uma mulher de penitência, oração, recolhimento e busca da vontade de Deus, que a fez galgar altos degraus na vida mística.

Próximo do lugar em que ela vivia, havia uma casa de prostituição, e Inês se compadecia dessas mulheres, e ofereceu penitências e orações por elas. Aquele lugar de pecado, virou lugar de oração, e muitas daquelas se converteram e algumas até entraram para a vida religiosa. Um grande milagre de Santa Inês ainda em vida.

Morreu com 43 anos de idade, e seu último conselho às suas irmãs foi: “Minhas filhas, amai-vos umas às outras porque a caridade é o sinal dos filhos de Deus!”.

Santa Inês de Montepulciano, rogai por nós!

Meditação

- por Padre Alexandre Fernandes

TEMPO PASCAL. SEGUNDO DOMINGO

54. A FÉ DE TOMÉ

– Aparição de Jesus aos Apóstolos quando Tomé estava ausente. Comunicam-lhe que Jesus ressuscitou. Apostolado com os que conheceram o Senhor, mas não procuram relacionar-se com Ele.

– O ato de fé do Apóstolo Tomé. A nossa fé deve ser operativa: atos de fé, confiança no Senhor, apostolado.

– A Ressurreição é um apelo para que manifestemos com a nossa vida que Cristo vive. Necessidade de nos formarmos bem.

I. O PRIMEIRO DIA da semana1, o dia em que o Senhor ressuscitou, o primeiro dia do novo mundo, está repleto de acontecimentos: desde a manhã, muito cedo2, quando as mulheres vão ao sepulcro, até à noite, muito tarde3, quando Jesus vem confortar os amigos mais íntimos: A paz esteja convosco, disse-lhes. Depois mostrou-lhes as mãos e o lado. Nesta ocasião, Tomé não estava com os demais Apóstolos; não pôde, pois, ver o Senhor nem ouvir as suas palavras consoladoras.

Fora este Apóstolo que dissera uma vez: Vamos também nós e morramos com Ele4. E na Última Ceia manifestara ao Senhor a sua ignorância com a maior simplicidade: Senhor, não sabemos para onde vais. Como podemos conhecer o caminho?5 Cheios de um profundo júbilo, os Apóstolos devem ter procurado Tomé por toda a Jerusalém naquela mesma noite ou no dia seguinte. Mal o encontraram, disseram-lhe: Vimos o Senhor! Mas Tomé continuava profundamente abalado com a crucifixão e a morte do Mestre. Não dá nenhum crédito ao que lhe dizem: Se não vir nas suas mãos o sinal dos pregos, e não puser o meu dedo no lugar dos pregos e a minha mão no seu lado, não acreditarei6. Os que tinham compartilhado com ele aqueles três anos, e que lhe estavam unidos por tantos laços, devem ter-lhe repetido então, de mil maneiras diferentes, a mesma verdade que era agora a sua alegria e a sua certeza: Vimos o Senhor!

Nós temos que fazer o mesmo: para muitos homens e para muitas mulheres, é como se Cristo estivesse morto, porque pouco significa para eles e quase não conta nas suas vidas. A nossa fé em Cristo ressuscitado anima-nos a ir ao encontro dessas pessoas e a dizer-lhes de mil maneiras diferentes que Cristo vive, que estamos unidos a Ele pela fé e permanecemos com Ele todos os dias, que Ele orienta e dá sentido à nossa vida.

Desta maneira, cumprindo essa exigência da fé que é difundi-la com o exemplo e a palavra, contribuímos pessoalmente para a edificação da Igreja, como aqueles primeiros cristãos de que falam os Atos dos Apóstolos: Cada vez mais aumentava o número dos homens e mulheres que acreditavam no Senhor7.

II. OITO DIAS DEPOIS, encontravam-se os seus discípulos outra vez no mesmo lugar e Tomé com eles. Estando trancadas as portas, veio Jesus, pôs-se no meio deles e disse: A paz esteja convosco. Depois disse a Tomé: Mete aqui o teu dedo e vê as minhas mãos; aproxima também a tua mão e mete-a no meu lado; e não sejas incrédulo, mas fiel8.

A resposta de Tomé é um ato de fé, de adoração e de entrega sem limites: Meu Senhor e meu Deus! São quatro palavras inesgotáveis. A fé do Apóstolo brota, não tanto da evidência de Jesus, mas de uma dor imensa. O que o leva à adoração e ao retorno ao apostolado não são tanto as provas como o amor. Diz a Tradição que o Apóstolo Tomé morreu mártir pela fé no seu Senhor. Consumiu a vida a seu serviço.

As dúvidas de Tomé viriam a servir para confirmar a fé dos que mais tarde haviam de crer nEle. “Porventura pensais – comenta São Gregório Magno – que foi um simples acaso que aquele discípulo escolhido estivesse ausente, e que depois, ao voltar, ouvisse relatar a aparição e, ao ouvir, duvidasse, e, duvidando, apalpasse, e, apalpando, acreditasse? Não foi por acaso, mas por disposição divina que isso aconteceu. A divina clemência agiu de modo admirável quando este discípulo que duvidava tocou as feridas da carne do seu Mestre, pois assim curava em nós as chagas da incredulidade […]. Foi assim, duvidando e tocando, que o discípulo se tornou testemunha da verdadeira ressurreição”9.

Se a nossa fé for firme, também haverá muitos que se apoiarão nela. É necessário que essa virtude teologal vá crescendo em nós de dia para dia, que aprendamos a olhar as pessoas e os acontecimentos como o Senhor os olha, que a nossa atuação no meio do mundo esteja vivificada pela doutrina de Jesus. Por vezes, ver-nos-emos faltos de fé, como o Apóstolo. Teremos então de crescer em confiança no Senhor, seja em face das dificuldades no apostolado, ou de acontecimentos que não sabemos interpretar do ponto de vista sobrenatural, ou de momentos de escuridão, que Deus permite para que se firmem em nós outras virtudes.

A virtude da fé é a que nos dá a verdadeira dimensão dos acontecimentos e a que nos permite julgar retamente todas as coisas. “Somente com a luz da fé e a meditação da palavra divina é que é possível reconhecer Deus sempre e por toda a parte, esse Deus em quem vivemos e nos movemos e existimos (At 17, 28). Somente assim é possível procurar a vontade divina em todos os acontecimentos, ver Cristo em todos os homens, sejam parentes ou estranhos, proferir juízos corretos sobre o verdadeiro significado e valor das coisas temporais, tanto em si mesmas como em relação ao fim do homem”10.

Meditemos o Evangelho da Missa de hoje. “Fixemos de novo o olhar no Mestre. Talvez também nós escutemos neste momento a censura dirigida a Tomé: Mete aqui o teu dedo e vê as minhas mãos; aproxima também a tua mão e mete-a no meu lado; e não sejas incrédulo, mas fiel (Ioh XX, 27). E, com o Apóstolo, sairá da nossa alma, com sincera contrição, aquele grito: Meu Senhor e meu Deus! (Ioh XX, 28), eu te reconheço definitivamente por Mestre, e já para sempre – com o teu auxílio – vou entesourar os teus ensinamentos e esforçar-me por segui-los com lealdade”11.

Meu Senhor e meu Deus! Estas palavras têm servido de jaculatória a muitos cristãos, e como ato de fé na presença real de Jesus Cristo na Sagrada Eucaristia, quando se passa diante de um sacrário ou no momento da Consagração da Missa… Também nos podem ajudar a nós a tornar atual a nossa fé e o nosso amor por Cristo ressuscitado.

III. O SENHOR RESPONDEU a Tomé: Creste porque me viste. Felizes os que crêem sem terem visto12. “É uma frase – diz São Gregório Magno – que se refere sem dúvida a nós, que confessamos com a alma Aquele que não vimos na carne. Mas refere-se a nós se vivermos de acordo com a fé, pois só crê verdadeiramente aquele que nas suas ações pratica o que crê”13. A Ressurreição do Senhor é um apelo para que manifestemos com a nossa vida que Ele vive. As obras do cristão devem ser fruto e manifestação da sua fé em Cristo.

Nos primeiros séculos, a difusão do cristianismo realizou-se principalmente pelo testemunho pessoal dos cristãos que se convertiam. Era uma pregação singela da Boa Nova: de homem para homem, de família para família; entre os que tinham o mesmo ofício, entre vizinhos; nos bairros, nos mercados, nas ruas. Hoje também o Senhor quer que o mundo, a rua, o trabalho, as famílias sejam veículo para a transmissão da fé.

Para confessarmos a nossa fé com a palavra, é necessário que conheçamos o seu conteúdo com clareza e precisão. Por isso, a nossa Mãe a Igreja tem feito tanto fincapé ao longo dos séculos em que se estudasse o Catecismo, pois contém de uma maneira breve e simples as verdades essenciais que temos de conhecer para podermos depois vivê-las. Já Santo Agostinho insistia com os catecúmenos que estavam prestes a receber o Batismo: “No próximo sábado, em que, se Deus quiser, celebraremos a vigília, recitareis não a oração (o Pai-Nosso), mas o símbolo (o Credo); porque, se não o aprenderdes agora, depois, na Igreja, não o ouvireis todos os dias da boca do povo. E, aprendendo-o bem, dizei-o diariamente para não o esquecerdes: ao levantar-vos da cama, ao ir dormir, recitai o vosso símbolo, oferecei-o a Deus, procurando memorizá-lo e repetindo-o sem preguiça. Para não esquecer, é bom repetir. Não digais: «Já o disse ontem, e digo-o hoje, e repito-o diariamente; tenho-o bem gravado na memória». Que seja para ti como um recordatório da tua fé e um espelho em que te possas olhar. Olha-te nele, verifica se continuas a acreditar em todas as verdades que de palavra dizes crer, e alegra-te diariamente na tua fé. Que essas verdades sejam a tua riqueza; que sejam como que o adorno da tua alma”14. Teríamos que dizer estas mesmas palavras a muitos cristãos, pois são muitos os que andam esquecidos do conteúdo essencial da sua fé.

Jesus Cristo pede-nos também que o confessemos com obras diante dos homens. Por isso, pensemos: não teríamos que ser mais valentes nesta ou naquela ocasião? Pensemos no nosso trabalho, no ambiente à nossa volta: somos conhecidos como pessoas que têm vida de fé? Não nos faltará audácia no apostolado?

Terminamos a nossa oração pedindo à Virgem, Sede da Sabedoria, Rainha dos Apóstolos, que nos ajude a manifestar com a nossa conduta e com as nossas palavras que Cristo vive.

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