20 de Outubro de 2020

29a semana do tempo comum Terça-feira

- por Pe. Alexandre

TERÇA FEIRA – XXIX SEMANA DO TEMPO COMUM
(verde – ofício do dia)

 

Antífona da entrada

 

– Clamo por vós, meu Deus, porque me atendestes; inclinai vosso ouvido e escutai-me. Guardai-me como a pupila dos olhos, à sombra das vossas asas abrigai-me (Sl 16,6.8).

 

Oração do dia

 

– Deus eterno e todo-poderoso, dai-nos a graça de estar sempre ao vosso dispor, e vos servir de todo o coração. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

 

1ª Leitura: Ef 2,12-22

 

– Leitura da carta de são Paulo aos Efésios: Irmãos, 12naquele tempo, éreis sem Messias, privados de cidadania em Israel, estranhos às alianças da promessa, sem esperança e sem Deus no mundo. 13Mas, agora, em Jesus Cristo, vós que outrora estáveis longe, vos tornastes próximos, pelo sangue de Cristo. 14Ele, de fato é a nossa paz: do que era dividido, ele fez uma unidade. Em sua carne ele destruiu o muro da separação: a inimizade. 15Ele aboliu a Lei com seus mandamentos e decretos. Ele quis, assim, a partir do judeu e do pagão, criar em si um só homem novo, estabelecendo a paz. 16Quis reconciliá-los com Deus, ambos em um só corpo, por meio da cruz; assim ele destruiu em si mesmo a inimizade. 17Ele veio anunciar a paz a vós que estáveis longe, e a paz aos que estavam próximos. 18É graças a ele que uns e outros, em um só Espírito, temos acesso junto ao Pai. 19Assim, já não sois mais estrangeiros nem migrantes, mas concidadãos dos santos. Sois da família de Deus. 20Vós fostes integrados no edifício que tem como fundamento os apóstolos e os profetas, e o próprio Jesus Cristo como pedra principal. 21É nele que toda a construção se ajusta e se eleva para formar um templo santo no Senhor. 22E vós também sois integrados nesta construção, para vos tornardes morada de Deus pelo Espírito.

 

– Palavra do Senhor.

– Graças a Deus.

 

Salmo Responsorial: Sl 85,9ab-10.11-12.13-14 (R: 9)

 

– O Senhor anunciará a paz para o seu povo.
R: O Senhor anunciará a paz para o seu povo.

– Quero ouvir o que o Senhor irá falar: é a paz que ele vai anunciar; está perto a salvação dos que o temem, e a glória habitará em nossa terra.

R: O Senhor anunciará a paz para o seu povo.

– A verdade e o amor se encontrarão, a justiça e a paz se abraçarão; da terra brotará a fidelidade, e a justiça olhará dos altos céus.

R: O Senhor anunciará a paz para o seu povo.

– O Senhor nos dará tudo o que é bom, e a nossa terra nos dará suas colheitas; a justiça andará na sua frente e a salvação há de seguir os passos seus.

R: O Senhor anunciará a paz para o seu povo.

Aclamação ao santo Evangelho

 

Aleluia, aleluia, aleluia.

Aleluia, aleluia, aleluia.

 

– Vigiai e orai para ficardes de pé ante o Filho do homem! (Lc 21,36).

 

Aleluia, aleluia, aleluia.

 

Evangelho de Jesus Cristo, segundo Lucas: Lc 12,35-38

 

– O Senhor esteja convosco.

– Ele está no meio de nós.

– Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo † segundo Lucas

– Glória a vós, Senhor!   

 

– Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: 35Que vossos rins estejam cingidos e as lâmpadas acesas. 36Sede como homens que estão esperando seu senhor voltar de uma festa de casamento, para lhe abrirem, imediatamente, a porta, logo que ele chegar e bater. 37Felizes os empregados que o senhor encontrar acordados quando chegar. Em verdade, eu vos digo: Ele mesmo vai cingir-se, fazê-los sentar-se à mesa e, passando, os servirá. 38E caso ele chegue à meia-noite ou à três da madrugada, felizes serão, se assim os encontrar!

 

– Palavra da salvação.

– Glória a vós, Senhor!   

Santa Maria Bertilla Boscardin

- por Pe. Alexandre

Uma simples camponesa pôde demonstrar, com suas atitudes diárias, que mesmo sem êxtases, sem milagres, sem grandes feitos, o ser humano traz em si a santidade e a marca de Deus em sua vida. Se vivermos com pureza e fé, a graça divina vai manifestar-se em cada detalhe da nossa vida.

 

A prova disso foi a beatificação de Irmã Maria Bertilla pelo Papa Pio XII, em 1952, quando ele disse: “É uma humilde camponesa”. Maria nasceu em 6 de outubro de 1888, na cidade de Vicenza, na Itália, e recebeu o nome de Ana Francisca no batismo. Os pais eram simples camponeses e sua infância transcorreu entre o estudo e os trabalhos do campo, rotina natural dos filhos e das filhas de agricultores dessa época.

 

Aos dezessete anos, mudou o modo de encarar a vida e ingressou no Convento das irmãs Mestras de Santa Dorotéia dos Sagrados Corações, quando adotou o nome de Maria Bertilla. Paralelamente, estudou e diplomou-se como enfermeira, de modo que pôde tratar os doentes com ciência e fé, assistindo-os com carinho de irmã e mãe.

 

Teve uma existência de união com Deus no silêncio, no trabalho, na oração e na obediência. Isso se refletia na caridade com que se relacionava com todos: doentes, médicos e superiores. Mas era submetida a constantes humilhações por parte de uma superiora.

 

Depois, foi enviada para trabalhar no hospital de Treviso, mais ao norte do país. Tinha apenas vinte e dois anos de idade quando, além de enfrentar a doença no próximo, teve que enfrentá-la em si mesma também. Logo foi operada de um tumor e, antes que pudesse recuperar-se totalmente, já estava aos pés dos seus doentes outra vez. As humilhações pessoais continuavam, agora associadas às dores físicas.

 

Na época, estourou a Primeira Guerra Mundial: a cidade de Treviso ocupava uma posição militar estratégica, estando mais sujeita a bombardeios. Era uma situação que exigia dedicação em dobro de todos no hospital. Irmã Maria Bertilla surpreendeu com sua incansável disposição e solidariedade de religiosa e enfermeira no tratamento dos feridos de guerra.

 

Porém seu mal se agravou e, aos trinta e quatro anos, sofreu a segunda cirurgia, mas não resistiu e morreu, no dia 20 de outubro de 1922, no hospital de Treviso.

 

O Papa João XXIII canonizou-a em 1961. O culto em sua homenagem ocorre no dia de sua morte. Junto à sua sepultura, na Casa-mãe da Congregação em Vicenza, há sempre alguém rezando porque precisa da santa enfermeira para tratar de males diversos, e a ajuda, pela graça de Deus, sempre chega.

Meditação

- por Pe. Alexandre

50. A VIGILÂNCIA NO AMOR

– Com as lâmpadas acesas.

– A luta nas coisas que parecem sem importância manter-nos-á vigilantes.

– Estar atentos contra a tibieza.

I. ESTEJAM CINGIDOS os vossos rins, tende nas vossas mãos lâmpadas acesas, e fazei como os homens que esperam o seu senhor quando volta das bodas, para que, quando vier e bater à porta, loga lha abram, lemos no Evangelho da Missa1.

“Cingir os rins” é uma metáfora baseada nos costumes dos hebreus, e em geral de todos os habitantes do Oriente Médio, que cingiam as suas amplas vestes antes de começarem uma viagem para poderem caminhar sem dificuldade. No relato do Êxodo, narra-se como Deus queria que os israelitas celebrassem o sacrifício da Páscoa: Cingireis os vossos rins e tereis as sandálias nos pés e o bordão na mão2, porque ia começar a peregrinação até à Terra Prometida. Do mesmo modo, ter as lâmpadas acesas indica uma atitude atenta, própria de quem espera a chegada de alguém.

O Senhor recomenda-nos uma vez mais que a nossa atitude seja como a daquele que está a ponto de começar uma viagem ou de quem espera uma pessoa importante. A situação do cristão não pode ser de sonolência e de descuido. E isto por duas razões: porque o inimigo está sempre à espreita, como um leão que ruge, buscando a quem devorar3, e porque quem ama não dorme4. “Vigiar é próprio do amor. Quando se ama uma pessoa, o coração está sempre vigilante, esperando-a, e cada minuto que passa sem ela é em função dela e transcorre em vigilância […]. Jesus pede amor. Por isso solicita vigilância”5.

Na Itália, muito perto de Castelgandolfo, há uma imagem de Nossa Senhora, colocada numa bifurcação de estradas, que tem a seguinte inscrição: Cor meum vigilat. O Coração da Virgem está sempre vigilante por Amor. Assim deve estar o nosso: vigilante por amor e para descobrir o Amor que passa perto de nós. Santo Ambrósio ensina que, se a alma está adormecida, Jesus passa por nós sem bater à nossa porta, mas, se o coração está desperto, bate e pede que lhe abramos6. Muitas vezes ao longo do dia, Jesus passa ao nosso lado. Que pena se a tibieza nos impedisse de vê-lo!

Eu te amo, Senhor, minha fortaleza, meu baluarte, meu libertador! (Sl 17, 2-3). Tu és o mais desejável e o mais amável de todos os seres que se possa imaginar. Meu Deus, minha ajuda! Eu te amarei na medida do que me concederes e do que eu puder, muito menos do que o devido, mas não menos do que posso… Poderei mais se aumentares a minha capacidade, mas nunca chegarei ao que mereces”7. Não permitas que, por falta de vigilância, outras coisas ocupem o lugar que só Tu deves ocupar. Ensina-me a manter a alma livre para Ti e o coração preparado para quando chegares.

II. FICAREI DE SENTINELA e montarei guarda para perscrutar o que o Senhor me vai dizer e o que hei de responder à sua chamada8. São Bernardo, comentando estas palavras do Profeta, exorta-nos: “Estejamos também nós vigilantes, irmãos, porque é a hora do combate”9. É necessário lutar todos os dias, freqüentemente em pequenos detalhes, porque todos os dias encontraremos obstáculos que nos podem separar de Deus.

Muitas vezes, o empenho por manter-nos nesse estado de vigília, bem oposto à tibieza, concretizar-se-á em sermos suficientemente fortes para cumprirmos com toda a delicadeza os nossos atos de piedade, esses encontros com o Senhor que nos enchem de força e de paz. Devemos estar atentos para não os abandonarmos por qualquer imprevisto e não nos deixarmos levar pelo estado de ânimo desse dia ou desse momento.

Outras vezes, a nossa luta estará mais centrada no modo de viver a caridade, corrigindo formas destemperadas do caráter (do mau caráter), esforçando-nos por ser cordiais, por ter bom humor…; ou teremos que empenhar-nos em realizar melhor o nosso trabalho, em ser mais pontuais, em empregar os meios adequados para que a nossa formação humana, profissional e espiritual não estanque…

Este estado de vigília, como o da sentinela que guarda a cidade, não nos garantirá sempre a vitória: juntamente com as vitórias, teremos derrotas (metas que não pudemos alcançar, propósitos que não pudemos levar à prática totalmente…). Ordinariamente, muitos desses fracassos não terão importância; outros, sim. Mas o desagravo e a contrição aproximar-nos-ão ainda mais do Senhor, e dar-nos-ão forças para recomeçar… “O grave – escreve São João Crisóstomo a uma pessoa que se tinha separado da verdadeira fé – não é que quem luta caia, mas que permaneça caído; o grave não é que alguém seja ferido na batalha, mas que se desespere depois de ter recebido o golpe e não cuide da ferida”10.

Não esqueçamos que, nesta luta em pequenas coisas, a alma se fortalece e se prepara cada vez melhor para ouvir as contínuas inspirações e moções do Espírito Santo. E, em sentido contrário, é também no descuido dos pormenores que parecem sem importância, que o inimigo se torna perigoso e difícil de vencer. “Devemos convencer-nos de que o maior inimigo da rocha não é a picareta ou o machado, nem o golpe de qualquer outro instrumento, por mais contundente que seja: é essa água miúda, que se infiltra, gota a gota, por entre as fendas do penhasco, até arruinar a sua estrutura. O maior perigo para o cristão é desprezar a luta nessas escaramuças que calam pouco a pouco na alma, até a tornarem frouxa, quebradiça e indiferente, insensível aos apelos de Deus”11.

III. É TÃO GRATA a Deus a atitude da alma que, dia após dia e hora após hora, aguarda vigilante a chegada do seu Senhor, que Jesus exclama na parábola que nos propõe: Bem-aventurados aqueles servos a quem o seu amo achar vigilantes quando vier. Esquecendo quem é o servo e quem é o senhor, o amo fará o criado sentar-se à mesa e ele mesmo o servirá. É o amor infinito que não teme inverter os postos que cabem a cada um: Na verdade vos digo que se cingirá e os fará sentar-se à mesa, e, passando por entre eles, os servirá. As promessas de intimidade superam qualquer coisa que possamos imaginar. Vale a pena permanecermos vigilantes, com a alma cheia de esperança, atentos aos passos do Senhor que chega.

O coração de quem ama está alerta, como a sentinela na trincheira; quem é tíbio, dorme. O estado de tibieza é semelhante a uma ladeira que cada vez nos separa mais de Deus. Quase insensivelmente, nasce uma certa preocupação por não cometer exageros, por ficar num ponto de equilíbrio suficiente para não cair em pecado mortal, ainda que freqüentemente se aceite o venial.

E justifica-se essa atitude de pouca luta e de falta de exigência pessoal com argumentos de naturalidade, de eficácia, de saúde…, que ajudam o tíbio a ser indulgente com os seus pequenos afetos desordenados, com o apego a pessoas ou coisas, com a tendência para o comodismo e com os caprichos…, que chegam a apresentar-se como uma necessidade. As forças da alma vão-se debilitando cada vez mais, até se chegar, se não se põe remédio, a pecados mais graves.

A alma adormecida na tibieza vive sem verdadeiros objetivos na luta interior, sem objetivos que atraiam e animem. “Vai-se vivendo”. Abandona-se o empenho por melhorar ou trava-se uma luta fictícia e ineficaz. Fica no coração um vazio de Deus que se tenta preencher com coisas que, não sendo Deus, não satisfazem. Toda a vida de relação com o Senhor passa a estar impregnada de um desalento bem característico. Perde-se a prontidão e a alegria na entrega a Deus, e a fé fica apagada, precisamente porque o amor esfriou. O estado de tibieza sempre é precedido por um conjunto de pequenas infidelidades cujo peso influi nas relações da alma com Deus.

Estejam cingidos os vossos rins e tende nas vossas mãos lâmpadas acesas… É um apelo para que nos mantenhamos atentos aos passos do Senhor, fixando a luta diária em pontos bem concretos. Ninguém esteve mais atento à chegada de Cristo na terra do que a sua Mãe Santa Maria. Ela nos ensinará a manter-nos vigilantes se alguma vez sentimos que a sonolência espiritual começa a apossar-se de nós.

“Senhor, como és bom para quem Te busca! E como serás então para quem Te encontra?”12 Nós já o encontramos. Não o percamos.

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