21 de Março de 2023

4 semana da quaresma- Terça - feira

- por Pe. Alexandre

TERÇA FEIRA DA IV SEMANA DA QUARESMA
(roxo, ofício do dia)
Antífona da entrada
– Vós, que tendes sede, vinde às águas, vós que não tendes com que pagar,
vinde e bebei com alegria (Is 55,1).
Oração do dia
– Ó Deus, que a fiel observância dos exercícios quaresmais prepare o coração
de vossos filhos e filhas para acolher com amor o mistério pascal e anunciar ao
mundo a salvação. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do
Espírito Santo.
1ª Leitura: Ez 47,1-9.12
– Leitura da profecia de Ezequiel: Naqueles dias, 1 o anjo fez-me voltar até a
entrada do Templo e eis que saía água da sua parte subterrânea na direção
leste, porque o Templo estava voltado para o oriente; a água corria do lado
direito do Templo, a sul do altar. 2 Ele fez-me sair pela porta que dá para o norte,
e fez-me dar uma volta por fora, até a porta que dá para o leste, onde eu vi a
água jorrando do lado direito. 3 Quando o homem saiu na direção leste, tendo
uma corda de medir na mão, mediu quinhentos metros e fez-me atravessar a
água: ela chegava-me aos tornozelos. 4 Mediu mais quinhentos metros e fez-me
atravessar a água: ela chegava-me aos joelhos. 5 Mediu mais quinhentos metros
e fez-me atravessar a água: ela chegava-me à cintura. Mediu mais quinhentos
metros, e era um rio que eu não podia atravessar. Porque as águas haviam
crescido tanto, que se tornaram um rio impossível de atravessar, a não ser a
nado. 6 Ele me disse: “Viste, filho do homem?” Depois fez-me caminhar de volta
pela margem do rio. 7 Voltando, eu vi junto à margem muitas árvores, de um e
de outro lado do rio. 8 Então ele me disse: “Estas águas correm para a região
oriental, descem para o vale do Jordão, desembocam nas águas salgadas do
mar, e elas se tornarão saudáveis. 9 Onde o rio chegar, todos os animais que ali
se movem poderão viver. Haverá peixes em quantidade, pois ali desembocam
as águas que trazem saúde; e haverá vida onde chegar o rio. 12 Nas margens
junto ao rio, de ambos os lados, crescerá toda espécie de árvores frutíferas;
suas folhas não murcharão e seus frutos jamais se acabarão: cada mês darão
novos frutos, pois as águas que banham as árvores saem do santuário. Seus
frutos servirão de alimento e suas folhas serão remédio”.
– Palavra do Senhor.
– Graças a Deus.
Salmo Responsorial: Sl 46,2-3.5-6.8-9 (R: 8)
– Conosco está o Senhor do Universo! O nosso refúgio é o Deus de Jacó.
R: Conosco está o Senhor do Universo! O nosso refúgio é o Deus de
Jacó.

– O Senhor para nós é refúgio e vigor, sempre pronto, mostrou-se um socorro
na angústia; assim não tememos, se a terra estremece, se os montes
desabam, caindo nos mares.
R: Conosco está o Senhor do Universo! O nosso refúgio é o Deus de
Jacó.
– Os braços de um rio vêm trazer alegria à Cidade de Deus, à morada do
Altíssimo. Quem a pode abalar? Deus está no seu meio! Já bem antes da
aurora, ele vem ajudá-la.
R: Conosco está o Senhor do Universo! O nosso refúgio é o Deus de
Jacó.
– Conosco está o Senhor do universo! O nosso refúgio é o Deus de Jacó! Vinde
ver, contemplai os prodígios de Deus e a obra estupenda que fez no universo.
R: Conosco está o Senhor do Universo! O nosso refúgio é o Deus de
Jacó.
Evangelho de Jesus Cristo, segundo João: Jo 5,1-16
Glória a vós, Senhor Jesus, primogênito dentre os mortos!
Glória a vós, Senhor Jesus, primogênito dentre os mortos!
– Criai em mim um coração que seja puro, dai-me de novo a alegria de ser
salvo! (Sl 50,12.14).
Glória a vós, Senhor Jesus, primogênito dentre os mortos!
– O Senhor esteja convosco.
– Ele está no meio de nós.
– Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo † segundo João
– Glória a vós, Senhor!
– 1 Houve uma festa dos judeus, e Jesus foi a Jerusalém. 2 Existe em Jerusalém,
perto da porta das Ovelhas, uma piscina com cinco pórticos, chamada Betesda
em hebraico. 3 Muitos doentes ficavam ali deitados — cegos, coxos e paralíticos.
4 De fato, um anjo descia, de vez em quando, e movimentava a água da piscina,
e o primeiro doente que aí entrasse, depois do borbulhar da água, ficava
curado de qualquer doença que tivesse. 5 Aí se encontrava um homem, que
estava doente havia trinta e oito anos. 6 Jesus viu o homem deitado e sabendo
que estava doente há tanto tempo, disse-lhe: “Queres ficar curado?” 7 O doente
respondeu: “Senhor, não tenho ninguém que me leve à piscina, quando a
água é agitada. Quando estou chegando, outro entra na minha frente”. 8 Jesus
disse: “Levanta-te, pega tua cama e anda”. 9 No mesmo instante, o homem ficou
curado, pegou sua cama e começou a andar. Ora, esse dia era um sábado.
10 Por isso, os judeus disseram ao homem que tinha sido curado: “É sábado!
Não te é permitido carregar tua cama”. 11 Ele respondeu-lhes: “Aquele que me
curou disse: ‘Pega tua cama e anda’”. 12 Então lhe perguntaram: “Quem é que te
disse: ‘Pega tua cama e anda’?” 13 O homem que tinha sido curado não sabia
quem fora, pois Jesus se tinha afastado da multidão que se encontrava

naquele lugar. 14 Mais tarde, Jesus encontrou o homem no Templo e lhe disse:
“Eis que estás curado. Não voltes a pecar, para que não te aconteça coisa
pior”. 15 Então o homem saiu e contou aos judeus que tinha sido Jesus quem o
havia curado. 16 Por isso, os judeus começaram a perseguir Jesus, porque fazia
tais coisas em dia de sábado.
– Palavra da salvação.
– Glória a vós, Senhor!

São Nicolau de Flüe afirmava: a misericórdia é maior que a justiça

- por Pe. Alexandre

Origens
Filho de camponeses, Nicolau nasceu na cidadezinha de Flüe, por isso “Nicolau de Flue” onde hoje é a Suíça. Mesmo sem aprender a ler e a escrever, foi considerado um dos maiores místicos da Igreja católica. Entre 1440 e 1444, foi soldado e, depois, oficial militar nas guerras que os confederados declararam aos Habsburgos. Casou com Doroteia, com quem teve dez filhos.

Atitude extraordinária
Passaram-se 20 anos, mas, em Nicolau de Flue, a voz de Deus, que o chamava a uma vida de entrega total, jamais se apagou, muito pelo contrário, pois ele chamava essa voz de “lima que aperfeiçoa e aguilhão que estimula”.

Enfim, o Senhor lhe concedeu as três graças que ele queria:

  1. o consentimento de sua esposa e filhos para partir;
  2. a ausência de tentação de voltar;
  3. a possibilidade de viver sem beber e sem comer.

Aparentemente irresponsável
Embora seu último filho fosse recém-nascido, Nicolau partiu, finalmente, com o objetivo de se retirar e entrar para a vida monacal das comunidades da Alsácia, com as quais estava em contato. Nicolau não foi muito além de Liestal, para não ficar muito longe de casa. Assim, estabeleceu-se em um lugar íngreme, chamado Ranft, onde construiu uma cela de tábuas, que, depois, se tornou capela pelos habitantes da localidade.

São Nicolau de Flüe e os vinte anos de austeridade

Cela
Naquela cela, viveu por 20 anos, vestido com roupas rudes, descalço, com o terço na mão, alimentando-se apenas de Jesus na Eucaristia.

Apostolado
Esta sua escolha despertou a curiosidade dos habitantes da região. Muitos o procuravam para conversar com ele, pedir conselhos, explicações sobre coisas religiosas e até espiá-lo. Eles o chamavam de Bruder Klaus, Irmão Klaus, que falava com simplicidade, sem comparações eruditas, porque seu conhecimento sobre Deus vinha do coração.

Homem da misericórdia
Não obstante sua sede de solidão, ele recebia a todos e transmitia a sua mensagem de paz, que provinha do Evangelho: “Em todas as coisas, a misericórdia é maior que a justiça”, dizia. Nicolau não deixava sempre seu refúgio e, se o fazia, era por uma boa causa. Por exemplo, em 1481, pediram para ele impedir uma guerra fratricida no país. Devido à sua intervenção junto à Assembleia de Stans, hoje o santo é recordado como “Pai da Pátria”.

“Se eu tiver humildade e fé, não erro a estrada” – São Nicolau de Flüe

Morte e canonização
Nicolau de Flüe faleceu em sua cela, em 1487, no dia em que completava 70 anos de idade. Foi canonizado por Pio XII, em 1947.

Minha oração
Encontra-se na tradição da Igreja uma oração feita por São Nicolau de Flüe. Ouse rezar como ele: “Meu Senhor e meu Deus, afastai de mim tudo o que me distancia de vós! Meu Senhor e meu Deus, concedei-me tudo o que possa me aproximar de vós! Meu Senhor e meu Deus, livrai-me de mim mesmo e permiti-me de viver sempre na vossa presença!”

São Nicolau de Flüe, rogai por nós!

Meditação

- por Pe. Alexandre

 

Não tenho ninguém… (Jo 5,1-16)

Um cenário dantesco. Uma piscina cercada de todas as misérias
humanas: doentes, cegos, coxos, entrevados. Todos à espera de uma agitação
nas águas, sinal de que o Anjo de Deus ali chegara. O primeiro a entrar na
piscina obtinha a cura. E isto só ocorria “de tempos em tempos”. Como se vê, o
clima típico da Antiga Aliança: a graça rara, parcamente distribuída…
Um dos enfermos sofria de seu mal há 38 anos. Os especialistas no
judaísmo veem nessa cota – 38 – o símbolo da imperfeição, da coisa
incompleta, em oposição ao número 40, medida de uma experiência completa,
com início, meio e fim. Tal como os 40 dias do dilúvio, os 40 anos de
caminhada pelo deserto, os 40 dias que Jesus jejuou no deserto.
Pois ali comparece Jesus para levar o imperfeito à perfeição, curando o
enfermo e completando a sua cota. Mas não antes de acontecer o pungente
diálogo entre o Rabi da Galileia e o homem abandonado a seu mal. Diante da
pergunta de Jesus – “Queres ficar são?” -, o pobre responde com sua miséria:
“Não tenho ninguém que me lance na piscina, quando a água se agitar; e
enquanto vou, outro desce antes de mim.”
A frase desse homem pode ser posta, hoje, em milhões de habitantes de
nosso mundo. Milhões de pessoas a quem é negada a oportunidade do
primeiro lugar. Gente que se apresenta sempre que o banquete acabou. Nem
as migalhas sobram para eles…
Mas nem todos ficam surdos a esse clamor! Aqui e ali, alguém ouve o
grito – “Não tenho ninguém!” – e sente seu coração rasgar-se, dispondo-se a
amar aqueles que ninguém ama. E não falo apenas de Teresa de Calcutá com
seus mendigos, nem de Damião de Molokai com seus leprosos. Não penso
apenas em Dom Orione com seus moleques de rua, nem no Dr. Schweitzer
com seus nativos congoleses.
Penso na multidão anônima de cristãos e não-cristãos que decidiram
amorosamente orientar a sua vida para aquele que não tem ninguém. Jovens
das comunidades novas a evangelizar os moradores de rua, mocinhas de
família rica que abrem mão de ter uma família própria para cuidar das crianças
do orfanato. Leigos que invadem o inferno humano das penitenciárias para ali

plantar uma sementinha do Evangelho. Os médicos que socorreram as vítimas
do Ebola e… morreram com eles… Vítimas do amor…
Afinal, nem todos são surdos. Nem todos são cegos. Ainda existe gente
que tem coração…

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