22 de novembro de 2022

34a Semana do Tempo Comum Terça-feira

- por Pe. Alexandre

TERÇA FEIRA – SANTA CECILIA – VIRGEM E MÁRTIR

(vermelho, pref. comum ou das santas – ofício da memória)

 

Antífona da entrada

 

– Louvem as virgens o nome do Senhor, porque só ele é excelso; sua glória excede a terra e o céu (Sl 148,12).

 

Oração do dia

 

– Ó Deus, sede favorável às nossas súplicas e dignai-vos atender às nossas preces pela intercessão de Santa Cecília. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

 

1ª Leitura: Ap 14,14-19

 

– Leitura do livro do Apocalipse de são João: Eu, João, 14na minha visão, vi uma nuvem branca e sentado na nuvem alguém que parecia um “filho de homem”. Tinha na cabeça uma coroa de ouro e, nas mãos, uma foice afiada. 15Saiu do Templo outro anjo, gritando em alta voz para aquele que estava sentado na nuvem: “Lança tua foice, e ceifa. Chegou a hora da colheita. A seara da terra está madura!” 16E aquele que estava sentado na nuvem lançou a foice, e a terra foi ceifada. 17Então saiu do templo que está no céu mais um anjo. Também ele tinha nas mãos uma foice afiada. 18E saiu, de junto do altar, outro anjo ainda, aquele que tem o poder sobre o fogo. Ele gritou em alta voz para aquele que segurava a foice afiada: “Lança a foice e colhe os cachos da videira da terra, porque as uvas já estão maduras”. 19E o anjo lançou a foice afiada na terra, e colheu as uvas da videira da terra. Depois, despejou as uvas no grande lagar do furor de Deus.

 

– Palavra do Senhor.

– Graças a Deus.

 

Salmo Responsorial: Sl 96,10.11-12.13 (R: 13b)

 

– O Senhor vem julgar nossa terra.
R:  O Senhor vem julgar nossa terra.

– Publicai entre as nações: “Reina o Senhor!” Ele firmou o universo inabalável, e os povos ele julga com justiça.

R:  O Senhor vem julgar nossa terra.

– O céu se rejubile e exulte a terra, aplauda o mar com o que vive em suas águas; os campos com seus frutos rejubilem e exultem as florestas e as matas.

R:  O Senhor vem julgar nossa terra.

– Na presença do Senhor, pois ele vem, porque vem para julgar a terra inteira. Governará o mundo todo com justiça, e os povos julgará com lealdade.

R:  O Senhor vem julgar nossa terra.

Aclamação ao santo Evangelho.

 

Aleluia, aleluia, aleluia.

Aleluia, aleluia, aleluia.

 

– Permanece fiel até a morte, e a coroa da vida eu te darei (Ap 2,10).

 

Aleluia, aleluia, aleluia.

 

Evangelho de Jesus Cristo, segundo Lucas: Lc 21,5-11

 

– O Senhor esteja convosco.

– Ele está no meio de nós.

– Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo † segundo Lucas

– Glória a vós, Senhor!   

 

– Naquele tempo, 5algumas pessoas comentavam a respeito do Templo que era enfeitado com belas pedras e com ofertas vo­tivas. Jesus disse: 6“Vós admirais estas coisas? Dias virão em que não ficará pedra sobre pedra. Tudo será destruído”. 7Mas eles perguntaram: “Mestre, quando acontecerá isto? E qual vai ser o sinal de que estas coisas estão para acontecer?”  8Jesus respondeu: “Cuidado para não serdes enganados, porque muitos virão em meu nome, dizendo: ‘Sou eu!’ E ainda: ‘O chegou o momento’. Não sigais essa gente! 9Quando ouvirdes falar de guerras e revoluções, não fiqueis apavorados. É preciso que estas coisas aconteçam primeiro, mas não será logo o fim”.  10E Jesus continuou: “Um povo se levantará contra outro povo, um país atacará outro país. 11Haverá grandes terremotos, fomes e pestes em muitos lugares; acontecerão coisas pavorosas e grandes sinais serão vistos no céu”.

 

– Palavra da salvação.

– Glória a vós, Senhor!   

Santa Cecília

- por Pe. Alexandre

A tradição narra que Cecília, nobre jovem romana, foi martirizada por volta do ano 230, durante o império de Alexandre Severo e o Pontificado de Urbano I. Seu culto é antiquíssimo: a Basílica a ela dedicada no bairro romano de Trastevere, é anterior ao edito de Constantino (Em 313, decretou o domingo como dia ferial) e a festa em sua memória foi celebrada no ano 545.

A narração do seu martírio está contida na Passio Sanctae Caeciliae, um texto mais literário que histórico caracterizado por uma forte conotação lendária. Segundo a Passio, Cecília era esposa do patrício Valeriano, ao qual, no dia do matrimônio, revelou ter-se convertido ao Cristianismo e ter feito o voto de virgindade perpétua, e que por isso não poderia viver as relações matrimoniais, além disso indicou que ele fizesse o mesmo. Valeriano aceitou, e por isso foi catequizado e batizado pelo Papa Urbano I. Logo depois, também seu irmão Tibúrcio abraçou a fé cristã. Ambos os irmãos foram presos, por ordem do prefeito Turcio Almachio; após serem torturados, foram decapitados, juntos com Máximo, o oficial encarregado de levá-los ao cárcere; mas que ao longo do caminho também se convertera e por isso morreu junto a eles.

Por conseguinte, Almachio decidiu também matar Cecília. No entanto, ele temia as repercussões por uma execução pública, visto a popularidade da jovem cristã. Então, após tê-la submetido a um julgamento sumário, mandou levá-la para a sua casa, onde foi trancada em uma terma, em altíssima temperatura, simulando uma morte por asfixia. Depois de um dia e uma noite, os guardas a encontraram milagrosamente viva, envolvida em um celeste refrigério. Assim, Almachio mandou decapitá-la. Mas apesar de três golpes violentos na nuca, o algoz não conseguiu cortar sua cabeça. Cecília morreu após três dias de agonia, durante os quais doou todos os seus bens aos pobres, a sua casa à Igreja; não podendo mais pronunciar sequer uma palavra, continuou a professar a sua fé em Deus, Uno e Trino, apenas com os dedos das mãos, como o pintor Maderno a esculpiu na famosa estátua, que ainda se encontra sob o altar central da Basílica a ela dedicada.

A Lenda Áurea — a coletânea medieval de biografias hagiográficas, composta em latim pelo dominicano, Jacopo de Varazze, que conta uma série de elementos narrativos da Passio — narra que foi o próprio Papa Urbano I, com a ajuda de alguns diáconos, que sepultou o corpo da jovem mártir nas Catacumbas de São Calisto, em um lugar de honra, perto da cripta dos Papas. No ano 821, o Papa Pasqual I, grande devoto da santa – invocada como “a virgem Cecília que trazia sempre em seu coração o Evangelho de Cristo” –, transladou suas relíquias à cripta da Basílica de Santa Cecília, no bairro romano de Trastevere, edificada em sua memória. Às vésperas do Jubileu de 1600, durante as obras de restauração da Basílica, a pedido do Cardeal Paulo Emílio Sfrondati, foi encontrado o sarcófago, com o corpo da jovem Santa, em ótimo estado de conservação, coberto com um vestido de seda e ouro.

Há uma conexão explícita entre Santa Cecília e a Música, documentada desde a Idade Média tardia. O motivo deve-se a uma errada interpretação, segundo alguns, de um trecho da Passio; e, segundo outros, da antífona de entrada da Missa por ocasião da sua festa, onde se lê: “… enquanto os órgãos tocavam, ela canta, em seu coração, somente ao Senhor”. A partir da segunda metade do século XV, em diversos lugares da Europa, a iconografia da Santa começa a proliferar-se e a enriquecer-se de elementos musicais.

O êxtase de Santa Cecília, obra-prima de Rafael para a igreja de São João no Monte, em Bolonha, — que a representa com uma mão em um órgão móvel e, em seus pés, vários instrumentos musicais — confirma a íntima ligação da mártir romana com a música. Ela já era invocada e celebrada como Padroeira dos músicos e cantores. Foi dedicada a ela a Academia de Música, fundada em Roma em 1584.

Cecília é para a Igreja um grande sinal de fé e pureza, pois ela permaneceu fiel aos seus votos de virgindade mesmo em meio às ameaças contra a sua vida. Escolheu abraçar o martírio do que renunciar seu amor total a Jesus. Torna-se, então, um exemplo de mulher forte na fé, convicta no amor. Portanto, é padroeira da música, porque cantou com a vida uma canção de amor a Jesus.

Santa Cecília, rogai por nós! 

Meditaçao

- por Pe. Alexandre

Chegou o momento… (Lc 21,5-11)

 

Neste Evangelho, mesmo sem exagerar na tonalidade apocalíptica, Jesus nos adverte sobre uma “catástrofe” (no sentido etimológico de “decadência”, “queda”, “movimento para baixo”). Nem mesmo as ciclópicas muralhas do Templo ficariam de pé, apesar de sua aparente solidez.

 

Diante dessa “notícia”, a pergunta dos discípulos é: “Quando será?” Que sinais deveriam observar para prever a catástrofe? Mas Jesus esconde a ampulheta. Não diz o Dia “D” nem a hora “H”. Apenas exorta: “Abram os olhos!” (No grego de São Lucas, “blépete”!) Ficar de olhos abertos para não sair de órbita…

 

De fato, seria muito cômodo se entrássemos neste mundo com um cartão de créditos, ou de impulsos “telefônicos”. Quando o visor indicasse “último impulso”, seria a hora de nos preparar para a “queda”, ou melhor, para o encontro final com o Juiz dos vivos e dos mortos. Mas, para nosso bem, este “mistério” nos foi vedado.

 

No final do Ano Litúrgico, quando a Igreja chama nossa atenção para a escatologia – isto é, para os acontecimentos ligados ao final da História -, somos interpelados pela evidência esmagadora: tudo passa. Nada, aqui, dura para sempre. A “figura” deste mundo, tecida de espaço e duração, não subsiste para sempre.

 

E mais: temos um tempo (ninguém sabe quanto!) para realizar nossa missão neste planeta e dar nossa contribuição para edificar o Reino de Deus. Findo esse tempo, estaremos perante o Juiz. O fato de ser um Juiz cheio de misericórdia não reduz em nada nossa responsabilidade pela forma como gastamos nosso tempo e os dons que em nós investiu o Criador.

Passamos pela permanente tentação de admirar com estesia e prazer as belezas (e são belas!) deste mundo. Tal como os discípulos extasiados diante da beleza do Templo e da riqueza de seus ex-votos. Daí à idolatria, um passo estreito. E logo nos vemos alheios às realidades eternas, às coisas que não passam. Ao menos, fomos avisados. Abrir os olhos! Não dar crédito aos falsos profetas que simulam possuir os segredos e os arcanos da vida. Aqueles mesmos profetas que previram o fim do mundo para o ano 2000. E ainda choram porque o mundo não acabou.

Sim, o tempo pode ser “elástico” nas mãos de seu Criador. Mas há de ter um fim. Até lá, é tempo de amor. É tempo de cruz…

Utilizamos seus dados para analisar e personalizar nossos conteúdos e anúncios durante a sua navegação em nossa plataforma e em serviços de terceiros parceiros. Ao navegar pelo nosso site, você nos autoriza a coletar tais informações e utilizá-las para estas finalidades. Em caso de dúvidas, acesse nossa Política de Privacidade.