24 de novembro de 2022

34a Semana do Tempo Comum Quinta-feira

- por Pe. Alexandre

QUINTA FEIRA – SANTO ANDRÉ DUNG-LAC PRESBÍTERO E MÁRTIR

(vermelho, pref. comum ou dos mártires – ofício da memória)

 

Antífona da entrada

 

– A cruz de nosso Senhor Jesus Cristo deve ser a nossa glória: nele está nossa vida e ressurreição; para os salvos, como nós, ela é poder de Deus

(1Cor 1,18).

 

Oração do dia

 

– Ó Deus, fonte e origem de toda paternidade, que destes aos santos mártires André e seus companheiros serem fiéis à cruz do vosso Filho até a efusão do sangue, concedei, por sua intercessão, que, propagando o vosso amor entre os irmãos, possamos ser chamados vossos filhos e filhas e realmente o sejamos. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

 

1ª Leitura: Ap 18,1-2.21-23; 19,1-3.9a

 

– Leitura do livro do Apocalipse de são João: Eu, João, 18,1vi outro anjo descendo do céu. Tinha grande poder, e a terra ficou toda iluminada com a sua glória. 2Ele gritou com voz poderosa: “Caiu! Caiu Babilônia, a grande! Tornou-se morada de demônios, abrigo de todos os espíritos maus, abrigo de aves impuras e nojentas. 21Nessa hora, um anjo poderoso levantou uma pedra do tamanho de uma grande pedra de moinho e atirou-a ao mar, dizendo: “Com esta força será lançada Babilônia, a Grande Cidade, e nunca mais será encontrada. 22E o canto de harpistas e músicos, de flautistas e tocadores de trombeta, em ti nunca mais se ouvirá; e nenhum artista de arte alguma em ti jamais se encontrará; e o canto do moinho em ti nunca mais se ouvirá; 23e a luz da lâmpada em ti nunca mais brilhará; e a voz do esposo e da esposa em ti nunca mais se ouvirá, porque os teus comerciantes eram os grandes da terra, e com magia tu enfeitiçaste todas as nações. 19,1Depois disso, ouvi um forte rumor, de uma grande multidão no céu, que clamava: “Aleluia! A salvação, a glória e o poder pertencem a nosso Deus, 2porque seus julgamentos são verdadeiros e justos. Sim, Deus julgou a grande prostituta que corrompeu a terra com sua prostituição, e vingou nela o sangue dos seus servos”. 3E repetiram: “Aleluia! A fumaça dela fica subindo para toda a eternidade!” 9aE um anjo me disse: “Escreve: Felizes são os convidados para o banquete das núpcias do Cordeiro”.

 

– Palavra do Senhor.

– Graças a Deus.

 

Salmo Responsorial: Sl 100,2-5 (R: Ap 19,9a)

 

– São bem-aventurados os que foram convidados para a Ceia Nupcial das bodas do Cordeiro!
R: São bem-aventurados os que foram convidados para a Ceia Nupcial das bodas do Cordeiro!

– Aclamai o Senhor, ó terra inteira, servi ao Senhor com alegria, ide a ele cantando jubilosos!

R: São bem-aventurados os que foram convidados para a Ceia Nupcial das bodas do Cordeiro!

– Sabei que o Senhor, só ele, é Deus, Ele mesmo nos fez e somos seus, nós somos seu povo e seu rebanho.

R: São bem-aventurados os que foram convidados para a Ceia Nupcial das bodas do Cordeiro!

– Entrai por suas portas dando graças, e em seus átrios com hinos de louvor; dai-lhe graças, seu nome bendizei!

R: São bem-aventurados os que foram convidados para a Ceia Nupcial das bodas do Cordeiro!

– Sim, é bom o Senhor e nosso Deus, sua bondade perdura para sempre, seu amor é fiel eternamente!

R: São bem-aventurados os que foram convidados para a Ceia Nupcial das bodas do Cordeiro!

Aclamação ao santo Evangelho.

 

Aleluia, aleluia, aleluia.

Aleluia, aleluia, aleluia.

 

– Levantai vossa cabeça e olhai, pois a vossa redenção se aproxima!

(Lc 21,28).

 

Aleluia, aleluia, aleluia.

 

Evangelho de Jesus Cristo, segundo Lucas: Lc 21,20-28

 

– O Senhor esteja convosco.

– Ele está no meio de nós.

– Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo † segundo Lucas

– Glória a vós, Senhor!   

 

– Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos: 20“Quando virdes Jerusalém cercada de exércitos, ficai sabendo que a sua destruição está próxima. 21Então, os que estiverem na Judeia, devem fugir para as montanhas; os que estiverem no meio da cidade, devem afastar-se; os que estiverem no campo, não entrem na cidade. 22Pois esses dias são de vingança, para que se cumpra tudo o que dizem as Escrituras. 23Infelizes das mulheres grávidas e daquelas que estiverem amamentando naqueles dias, pois haverá uma grande calamidade na terra e ira contra este povo. 24Serão mortos pela espada e levados presos para todas as nações, e Jerusalém será pisada pelos infiéis, até que o tempo dos pagãos se complete. 25Haverá sinais no sol, na lua e nas estrelas. Na terra, as nações ficarão angustiadas, com pavor do barulho do mar e das ondas. 26Os homens vão desmaiar de medo, só em pensar no que vai acontecer ao mundo, porque as forças do céu serão abaladas. 27Então eles verão o Filho do Homem, vindo numa nuvem com grande poder e glória. 28Quando estas coisas começarem a acontecer, levantai-vos e erguei a cabeça, porque a vossa libertação está próxima”.

 

– Palavra da salvação.

– Glória a vós, Senhor!

Santo André Dung-Lac e companheiros mártires

- por Pe. Alexandre

Memória dos santos André Dung Lac, presbítero e companheiros mártires. Numa celebração comum se veneram os 117 missionários que sofreram o martírio no Tonquim, Anam e Cochinchina, regiões da Ásia, do atual Vietnã – oito bispos, muitos presbíteros e um ingente número de fiéis de ambos os sexos e de todas as condições e idades –, que aceitaram o desterro, os cárceres, os tormentos e enfim os mais cruéis suplícios, por recusarem calcar a cruz e abjurar da fé cristã.

O cristianismo chegou ao Vietnã no início do século XVI por obra do padre Alexandre Rhodes, jesuíta francês, considerado “apóstolo da jovem Igreja asiática”, ainda dividida em três regiões: Tonquim, Aname e Cochinchina. Em 1645, foi expulso do país. Desde então, ao longo dos séculos, a situação dos cristãos tornou-se cada vez mais difícil, por causa das sucessivas ondas de perseguições, que se alternavam com breves períodos de paz.

Tran An Dung nasceu em Bac Ninh, em 1795, no seio de uma família tão pobre que, para garantir a sobrevivência do filho, foi obrigada a confiá-lo aos cuidados de um catequista católico. Por isso, foi educado na fé e batizado com o nome de André. Este futuro mártir foi ordenado sacerdote. Em 1823, tornou-se vice-pároco, em Dongchuan, onde ficou conhecido por seu estilo de vida simples, assistência assídua aos pobres e sobriedade em tudo. Em 1833, após a celebração da Missa, foi preso pela primeira vez pelos guardas imperiais. Ao ser resgatado, mediante o pagamento de uma alta soma de dinheiro, arrecadado pelos fiéis, decidiu mudar seu nome de Dung para Lac, para chamar menos atenção. Assim, arriscou evangelizar as populações das províncias mais perigosas de Hanói e Nam-Dihn.

No final de 1839, André foi preso, pela terceira vez, junto com seu irmão Pedro. Assim, começou a entender que era chamado para o martírio: o Senhor queria que ele banhasse, com seu próprio sangue, aquela terra atormentada. Por isso, pediu ao Bispo para não pagar por sua libertação. Durante a sua transferência para a prisão de Hanói, muitos fiéis se reuniram e choravam; mas ele encorajava a todos, recomendando que continuassem a viver segundo os ensinamentos da Igreja. Na nova prisão, os dois irmãos sacerdotes foram obrigados a retratar-se e pisar na cruz. Como resposta, ajoelharam-se e a beijaram. Logo, para eles, a sentença não podia ser outra que a pena de morte: ambos foram justiçados com a decapitação, em dia 21 de dezembro, na periferia da cidade, no portão de Cau-Giay.

De 1645 a 1886, os editais contra os cristãos, no Vietnã, foram 53, causando a morte de 113 mil fiéis. Diante da firmeza da sua fé, a monarquia vietnamita determinou a sua dispersão e confisco dos bens. O primeiro grupo de 64 mártires foi beatificado por Leão XIII, em 1900; depois, Pio X beatificou outros três grupos, entre os quais alguns Dominicanos: dois em 1906 e o outro em 1909. Por fim, Pio XII beatificou o quinto grupo em 1951. Com um Decreto, datado de 1986, a Igreja reuniu todos estes grupos distintos em um único, composto de 117 mártires – entre sacerdotes, religiosos e leigos –que foram canonizados por São João Paulo II, em 1990. O líder deste grande grupo foi Santo André Dung-Lac, que, provavelmente, era o mais conhecido. Entre os 117 mártires, 96 eram de nacionalidade vietnamita, 11 espanhóis da Ordem dos Pregadores e 10 franceses da Sociedade de Missões Estrangeiras de Paris.

Essa data demonstra a grande força da união comunitária em favor da fé. O exemplo dos primeiros mártires estimulou os conseguintes a fazerem o mesmo entregando suas vidas em oferta de oblação, em testemunho de fidelidade a Jesus até a morte. Isso marca o trabalho catequético e a experiência religiosa desse grupo que não se preocupou com aquilo que passa, mas preferiu abraçar as coisas que não passam. Nota-se, então, até que ponto pode chegar uma comunidade de fé reunida em torno amor a Jesus, ela é capaz do martírio.

Santo André Dung-Lac e companheiros mártires, rogai por nós! 

Meditação

- por Pe. Alexandre

Erguei a cabeça! (Lc 21,20-28)

 

O homem de nosso tempo vive de cabeça baixa. Ainda que bípede, ele olha para o chão. Para o asfalto. Ignora o azul do céu e os tons purpurinos do amanhecer. E chama isto de realismo…

 

Neste Evangelho, Jesus nos convida a erguer a cabeça, porque é do alto que nos virá o Senhor, em sua Segunda Vinda, para julgar os vivos e os mortos. E este julgamento trará a libertação definitiva de tudo o que é provisório, carnal, mortal.

 

É pena que a leitura deste Evangelho quase sempre nos deixe fixados em desgraças apocalípticas: exércitos, destruição, vingança, bramido das ondas, céus abalados. Ora, este “décor” é apenas o pano de fundo para a chegada do Libertador, que vem passar a limpo todas as coisas (cf. Ap 21,5). É para ele que devemos olhar…

 

Segundo observa o monge beneditino François Trévedy, existe outro desastre muito maior – este, sim, digno de pavor. Qual seria ele? “O pior cataclismo que nos poderia acontecer – e que este Evangelho supõe, ainda que o deixe implícito – seria vivermos uma vida sem Fim ou, em outras palavras, sem Cristo neste mundo (cf. Ef 2,12) e, sobretudo, sem Cristo a introduzir neste mundo. Pois o Cristo, nosso único Fim extremo, reclama de todos nós que o introduzamos ali.”

 

Não é o “Cristo-que-vem” que nós devemos temer, mas o Cristo ausente em nossos dias, em nossas ações, em nossos projetos de vida. A presença é sinal de vida nova, mas a sua ausência é a comprovação da morte.

 

Enquanto isto, as guerras e conflitos, a podridão dos costumes, a destruição ambiental e as revoluções climáticas – tudo isto gerado por um estilo de vida sem Deus e sem amor – deveriam ser para nós como clareiras por onde transparecesse a Face de Cristo. A contemplação de tantas desgraças deveria convencer-nos em definitivo da falta de sentido no rumo adotado por nossa civilização. É esta que prepara e anuncia a ruína das construções humanas.

 

Erguer a cabeça e olhar para o alto significa que ainda esperamos algo “do céu”, alguma intervenção divina na história dos homens. Olhar para baixo significa que só contamos com nosso próprio esforço. Ou que já não há nada a esperar, restando as possibilidades do aborto, da eutanásia e do suicídio assistido. Mais nada.

 

Para o pagão, tudo anuncia a ruína. Para nós, Jesus Cristo garante: “Está próxima a vossa libertação!”

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