25 de Agosto de 2020

21a semana comum Terça-feira

- por Pe. Alexandre

TERÇA FEIRA – XXI SEMANA DO TEMPO COMUM
(verde, glória, creio – I semana do saltério)
 

Antífona da entrada

– Inclinai, Senhor, o vosso ouvido e escutai-me; salvai, meu Deus, o servo que confia em vós. Tende compaixão de mim, clamo por vós o dia inteiro (Sl 85,1).

 

Oração do dia

– Deus que uni os corações dos vossos fieis num só desejo, dai ao vosso povo amar o que ordenais e esperar o que prometeis para que, na instabilidade deste mundo, fixemos os nossos corações onde encontram as verdadeiras alegrias. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

 

1ª Leitura: 2Ts 2,1-3a.14-17

– Leitura da segunda carta de são Paulo aos Tessalonicenses: 1No que se refere à vinda de nosso Senhor Jesus Cristo e à nossa união com ele, nós vos pedimos, irmãos: 2não deixeis tão facilmente transtornar a vossa cabeça, nem vos alarmeis por causa de alguma revelação ou carta atribuída a nós, afirmando que o Dia do Senhor está próximo. 3aQue ninguém vos engane de modo algum. 14Deus vos chamou para que, por meio do nosso evangelho, alcanceis a glória de nosso Senhor Jesus Cristo. 15Assim, portanto, irmãos, ficai firmes e conservai firmemente as tradições que vos ensinamos, de viva voz ou por carta. 16Nosso Senhor Jesus Cristo e Deus nosso Pai, que nos amou em sua graça e nos proporcionou uma consolação eterna e feliz esperança, 17animem os vossos corações e vos confirmem em toda boa ação e palavra.

– Palavra do Senhor.

– Graças a Deus.

 

Salmo Responsorial: Sl 96,10.11-12ª.12b-13 (R: 13b)

 

– O Senhor vem julgar nossa terra.
R: O Senhor vem julgar nossa terra.

– Publicai entre as nações: “Reina o Senhor!” Ele firmou o universo inabalável, e os povos ele julga com justiça.

R: O Senhor vem julgar nossa terra.

– O céu se rejubile e exulte a terra, aplauda o mar com o que vive em suas águas; os campos com seus frutos rejubilem.

R: O Senhor vem julgar nossa terra.

– E exultem as florestas e as matas na presença do Senhor, pois ele vem, porque vem para julgar a terra inteira. Governará o mundo todo com justiça, e os povos julgará com lealdade.
R: O Senhor vem julgar nossa terra.

Aclamação ao santo Evangelho

 

Aleluia, aleluia, aleluia.

Aleluia, aleluia, aleluia.

 

– A palavra do Senhor é viva e eficaz: ela julga os pensamentos e as intenções do coração (Hb 4,12).

 

Aleluia, aleluia, aleluia.

 

Evangelho de Jesus Cristo, segundo Mateus: Mt 23,23-26

 

– O Senhor esteja convosco.

– Ele está no meio de nós.

– Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo † segundo Mateus

– Glória a vós, Senhor!   

 

– Naquele tempo, disse Jesus: 23Ai de vós, mestres da Lei e fariseus hipócritas! Vós pagais o dízimo da hortelã, da erva-doce e do cominho, e deixais de lado os ensinamentos mais importantes da Lei, como a justiça, a misericórdia e a fidelidade. Vós deveríeis praticar isto, sem, contudo, deixar aquilo.  24Guias cegos! Vós filtrais o mosquito, mas engolis o camelo. 25Ai de vós, mestres da Lei e fariseus hipócritas! Vós limpais o copo e o prato por fora, mas, por dentro, estais cheios de roubo e cobiça. 26Fariseu cego! Limpa primeiro o copo por dentro, para que também por fora fique limpo.]

– Palavra da salvação.

– Glória a vós, Senhor!   

São Luís

- por Pe. Alexandre

Nós celebramos neste dia a vida do santo, que foi rei da França, Luís IX. Ele nasceu em Poissy a 25 de abril de 1214 e teve a graça de ter uma mãe muito religiosa, tanto assim que o aconselhava depois do Batismo: “Filhinho, agora és um templo do Espírito Santo, conserva sempre teu coração puro e jamais o manches com o pecado”.

A rainha-mãe, Branca de Castela, providenciou ótimos professores e instrutores para uma formação digna do filho, dessa forma quando o pai de Luís morreu, quando este tinha apenas 12 anos, o jovem pôde ser coroado e na idade de 21 anos começar a reger toda a nação, sem esquecer sua realidade de pai e esposo. São Luís era penitente, humilde, homem de oração e caridade; participava com tanta perseverança da Santa Missa diária que, ao ser provocado por nobres, respondia: “Se eu dedicasse tempo dobrado para os jogos ou para a caça, ninguém repreenderia!”

São Luís buscava intensamente viver a justiça do Reino de Deus enquanto rei e cristão, por isso praticava o que aconselhava: “Não tiremos o bem dos outros nem sequer para o dar a Deus”. Cheio de amor a Cristo, à Igreja e ao Papa, São Luís organizou até mesmo cruzadas a fim de resgatar os lugares santos; certa vez ficou preso durante 5 anos e depois de solto empenhou-se numa outra cruzada que o vitimou com uma peste mortífera (tifo). Ao receber os santos sacramentos esse grande santo entrou no Céu a 25 de agosto de 1270.

Foi canonizado em 1297, pelo Papa Bonifácio VIII.

São Luís, rogai por nós!

Meditação

- por Pe. Alexandre

77. PRIMEIRO, SER JUSTOS

– A virtude da justiça e a dignidade humana.

– A justiça social transcende o estritamente estipulado.

– A economia, que tem as suas próprias leis, deve ter em vista o bem das pessoas.

I. A LEI DE MOISÉS prescrevia que se pagasse o dízimo1: devia‑se entregar para a sustentação do Templo a décima parte do produto dos frutos mais comuns do campo, como os cereais, o vinho e o azeite. Os fariseus pagavam, além disso, o dízimo da hortelã e do cominho, plantas aromáticas que se cultivavam nos jardins das casas e que serviam para condimentar a comida. Era por parte deles uma manifestação equívoca de generosidade para com Deus, porque ao mesmo tempo deixavam de cumprir outros graves mandamentos em relação ao próximo. Por essa hipocrisia, o Senhor dir‑lhes‑ia: Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas, que pagais o dízimo da hortelã, do endro e do cominho, e desprezais os pontos mais graves da lei: a justiça, a misericórdia e a fidelidade. Eram estas as coisas que devíeis praticar, sem omitir aquelas2.

O Senhor não despreza o dízimo da hortelã, do endro e do cominho, que poderia ter sido uma verdadeira expressão de amor: como quem presenteia umas flores a uma pessoa que ama, ou ao Senhor no Sacrário; o que Jesus rejeita é a hipocrisia que esse falso zelo ocultava, pois com isso justificavam‑se em relação à omissão dos outros deveres essenciais: a justiça, a misericórdia e a fidelidade. Não devemos nunca cair numa hipocrisia semelhante à desses homens: as nossas oferendas voluntárias são gratas a Deus quando cumprimos as obrigatórias e necessárias, determinadas pela justiça, que é uma virtude pela qual damos a cada um o que é seu: Eram estas as coisas que devíeis praticar, sem omitir aquelas.

A virtude da justiça fundamenta‑se na intocável dignidade da pessoa humana, criada à imagem e semelhança de Deus e destinada a uma felicidade eterna. E se considerarmos o respeito que todo o homem merece “à luz das verdades reveladas por Deus, devemos avaliar necessariamente em maior grau esta dignidade, já que os homens foram redimidos pelo sangue de Jesus Cristo, feitos filhos e amigos de Deus pela graça sobrenatural e constituídos herdeiros da glória eterna”3.

O respeito aos direitos das pessoas começa por um justo ordenamento das leis civis, para o qual os cristãos devem contribuir, como cidadãos exemplares, com todas as suas forças. É doloroso verificar como o espírito humano, na sua auto‑suficiência e rebeldia aos planos divinos, persiste em querer derrubar os princípios da dignidade da natureza humana, afirmados há séculos e constantemente confirmados pela doutrina da Igreja. Tem‑se visto como aos poucos – muitas vezes por plebiscito, como se a verdade pudesse depender do que pensa ou é levada a pensar a maioria numa determinada sociedade e num determinado momento histórico – se vão implantando leis que permitem pôr termo à vida do ser humano a partir da sua concepção, como se degrada o mistério da reprodução da vida humana, fechando os olhos a experiências que a nivelam pela dos animais, como se destrói a coesão e a solidez da família, autorizando o divórcio até mesmo por mútuo consentimento, como se deixam desprotegidos os menores diante da onda de pornografia e violência que domina os meios de comunicação, e assim por diante.

Persistem os fautores das leis iníquas, e calam‑se muitos cristãos, por julgarem que não podem ou não lhes compete fazer nada. Não é o momento de pensarmos, no silêncio fecundo da oração, que o pouco que achamos estar ao nosso alcance deve ser feito? Que não é uma faculdade, mas uma obrigação em consciência?

II. PARA VIVER A JUSTIÇA, não basta simplesmente lamentar‑se diante das situações de injustiça; as queixas e as lamentações são estéreis se não se traduzem em mais oração e em obras para remediar essas situações. Cada cristão deve pensar em como vive a justiça nas circunstâncias normais da sua vida: na família, no trabalho profissional, nas relações sociais…

Viver a justiça com aqueles com quem nos relacionamos habitualmente significa, entre outros deveres, respeitar‑lhes o direito à fama, à intimidade… “Estas exigências não devem limitar‑se unicamente à ordem econômica […]; a vida e a moral cristã têm exigências mais amplas. O respeito à vida, à fidelidade, à verdade, a responsabilidade e a boa preparação, a laboriosidade e a honestidade, o repúdio à menor fraude, o sentido social e mesmo a generosidade devem sempre inspirar o cristão no exercício das suas atividades profissionais e trabalhistas”4.

Também a calúnia, a maledicência, a murmuração… constituem uma verdadeira e flagrante injustiça, pois “entre os bens temporais, a boa reputação parece ser o mais valioso de todos eles, e pela sua perda o homem fica privado de realizar muitas coisas boas”5. O Apóstolo Tiago diz da língua que é um mundo inteiro de maldade6: pode servir para louvar a Deus, para falar com Ele, para comunicar‑se…, ou pode causar um mal enorme, se não há um empenho decidido em não falar nunca mal de ninguém.

Faltar à justiça através da palavra não é coisa pouco freqüente. Por isso o Senhor nos pede que não nos deixemos guiar pelos rumores e juízos precipitados que se difundem em alguns meios de comunicação social, que nunca emitamos um juízo negativo sobre pessoas ou instituições, que não sejamos inquisidores nem verdugos das vidas alheias. E se alguém tem o dever de julgar, deve empenhar‑se em colher todas as informações possíveis, ouvindo as duas partes, matizando os seus juízos e ressalvando sempre a intenção das pessoas, que somente Deus conhece.

Devemos viver os deveres de justiça com aqueles que o Senhor colocou sob os nossos cuidados, colaborando na formação de todos, tratando com mais esmero aqueles que, por doença, idade ou condições particulares, mais precisam de ser acompanhados. Sabemos bem que não viveria esta virtude, por exemplo, o pai ou a mãe que tivesse tempo para as suas distrações e gostos, e não dedicasse o tempo necessário à educação dos filhos; ou que se dedicasse ao trabalho profissional de uma maneira incompatível com a permanência diária no lar, à disposição da mulher e dos filhos, por várias horas além das do sono.

III. A ECONOMIA TEM as suas próprias leis e mecanismos, mas essas leis não são suficientes nem supremas, nem esses mecanismos intocáveis. Não se pode conceber a ordem econômica – insiste o Magistério da Igreja – como uma ordem independente e soberana, pois deve estar submetida aos princípios superiores da justiça social, de modo a que se possam corrigir os seus defeitos e deficiências e se tenha em conta a dignidade da pessoa7.

A justiça social exige que não se deixe o trabalhador à mercê das leis da concorrência, como se o seu trabalho fosse uma simples mercadoria8; e uma das principais preocupações do Estado e dos empresários “deve ser esta: a de dar trabalho a todos”9, como disse João Paulo II em São Paulo. O desemprego forçoso é um dos maiores males de um país e causa de muitos outros nas pessoas, nas famílias e na própria sociedade.

Podem dar‑se circunstâncias em que, cumprindo aquilo que é estritamente legal, aquilo que está estabelecido, se falte à justiça com esse mínimo estipulado: pode acontecer que se despeçam empregados de acordo com a lei, mas que com isso se cometa uma enorme injustiça; ou que se paguem ou se atualizem salários de acordo com as leis, mas com isso se ofenda a dignidade da pessoa…: “A justiça – diz o Fundador do Opus Dei – não se manifesta exclusivamente no respeito exato dos direitos e deveres, à semelhança dos problemas aritméticos, que se resolvem fazendo somas e subtrações”10.

Por sua vez, quem trabalha numa oficina, na Universidade, numa empresa, não viveria a justiça se não cumprisse com esmero a sua tarefa, com competência profissional, aproveitando o tempo, cuidando dos instrumentos de trabalho que são propriedade da fábrica, da biblioteca, do hospital, do escritório, do lar em que se ajuda a dona de casa nas tarefas do lar.

Os estudantes faltariam à justiça com a sociedade, com a família, e às vezes gravemente, se não aproveitassem intensamente o tempo dedicado ao estudo. De modo geral, as qualificações obtidas podem ser matéria para um bom exame de consciência. Quantas vezes o nível medíocre dos conhecimentos adquiridos na Faculdade não é a causa de que não se consiga ser um bom profissional no dia de amanhã, faltando‑se assim à justiça com a empresa em que se trabalha! São pontos que devemos examinar com freqüência, para vivermos delicadamente, diante de Deus e dos homens, os deveres com relação ao próximo: a justiça, a misericórdia e a fidelidade nos pactos e promessas.

Peçamos à Santíssima Virgem essa retidão de consciência necessária para que, no que está ao nosso alcance – que nunca é pouco e tem aspectos diversos –, a sociedade seja sempre ou venha a ser em breve prazo um remanso de convivência digno dos filhos de Deus.

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