25 de Março de 2023

4 semana da quaresma - Sabado

- por Pe. Alexandre

 

SABADO – ANUNCIAÇÃO DO SENHOR
(branco, glória, creio, pref. próprio, ofício da solenidade)
Antífona da entrada
– Ao entrar no mundo, Cristo disse: Eis-me aqui, ó Pai para fazer a tua vontade
(Hb 10,5.7).
Oração do dia
– Ó Deus, quisestes que vosso Verbo, se fizesse homem no seio da Virgem
Maria; dai-nos participar da divindade do nosso redentor, que proclamamos
verdadeiro Deus e verdadeiro homem. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso
Filho, na unidade do Espírito Santo.
1ª Leitura: Is 7,10-14; 8,10
– Leitura do profeta Isaías: Naqueles dias, 10 o Senhor falou com Acaz, dizendo:
11 “Pede ao Senhor teu Deus que te faça ver um sinal, quer provenha da
profundeza da terra, quer venha das alturas do céu”. 12 Mas Acaz respondeu:
“Não pedirei nem tentarei o Senhor”. 13 Disse o profeta: “Ouvi então, vós, casa
de Davi; será que achais pouco incomodar os homens e passais a incomodar
até o meu Deus? 14 Pois bem, o próprio Senhor vos dará um sinal. Eis que uma
virgem conceberá e dará à luz um filho, e lhe porá o nome de Emanuel,
8,10 porque Deus está conosco.
– Palavra do Senhor.
– Graças a Deus.
Salmo Responsorial: Sl 40,7-8a.8b-9.10.11 (R: 8a.9a)
– Eis que venho fazer, com prazer, a vossa vontade, Senhor!
R: Eis que venho fazer, com prazer, a vossa vontade, Senhor!
– Sacrifício e oblação não quisestes, mas abristes, Senhor, meus ouvidos; não
pedistes ofertas nem vítimas, holocaustos por nossos pecados, e então eu vos
disse: “Eis que venho!”
R: Eis que venho fazer, com prazer, a vossa vontade, Senhor!
– Sobre mim está escrito no livro: “Com prazer faço a vossa vontade, guardo
em meu coração vossa lei!”
R: Eis que venho fazer, com prazer, a vossa vontade, Senhor!
– Boas-novas de vossa justiça anunciei numa grande assembléia; vós sabeis:
não fechei os meus lábios!
R: Eis que venho fazer, com prazer, a vossa vontade, Senhor!
– Proclamei toda a vossa justiça, sem retê-la no meu coração; vosso auxílio e
lealdade narrei. Não calei vossa graça e verdade na presença da grande
assembléia.

R: Eis que venho fazer, com prazer, a vossa vontade, Senhor!
2ª Leitura: Hb 10,4-10
– Leitura da carta aos Hebreus: Irmãos, 4 é impossível eliminar os pecados com
o sangue de touros e bodes. 5 Por isso, ao entrar no mundo, Cristo afirma: “Tu
não quiseste vítima nem oferenda, mas formaste-me um corpo. 6 Não foram do
teu agrado holocaustos nem sacrifícios pelo pecado. 7 Por isso eu disse: Eis que
eu venho. No livro está escrito a meu respeito: Eu vim, ó Deus, para fazer a tua
vontade”. 8 Depois de dizer: “Tu não quiseste nem te agradaram vítimas,
oferendas, holocaustos, sacrifícios pelo pecado” – coisas oferecidas segundo a
Lei – 9 ele acrescenta: “Eu vim para fazer a tua vontade”. Com isso, suprime o
primeiro sacrifício, para estabelecer o segundo. 10 É graças a esta vontade que
somos santificados pela oferenda do corpo de Jesus Cristo, realizada uma vez
por todas.
Evangelho de Jesus Cristo, segundo Lucas: Lc 1,26-38.
Glória a Cristo, palavra eterna do Pai, que é amor!
Glória a Cristo, palavra eterna do Pai, que é amor!
– A palavra se fez carne e habitou entre nós. E nós vimos sua glória que recebe
de Deus Pai (Jo 1,14).
Glória a Cristo, palavra eterna do Pai, que é amor!
– O Senhor esteja convosco.
– Ele está no meio de nós.
– Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo † segundo Lucas
– Glória a vós, Senhor!
– Naquele tempo, 26 o anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade da
Galileia, chamada Nazaré, 27 a uma virgem, prometida em casamento a um
homem chamado José. Ele era descendente de Davi e o nome da Virgem era
Maria. 28 O anjo entrou onde ela estava e disse: “Alegra-te, cheia de graça, o
Senhor está contigo!” 29 Maria ficou perturbada com estas palavras e começou a
pensar qual seria o significado da saudação. 30 O anjo, então, disse-lhe: “Não
tenhas medo, Maria, porque encontraste graça diante de Deus. 31 Eis que
conceberás e darás à luz um filho, a quem porás o nome de Jesus. 32 Ele será
grande, será chamado Filho do Altíssimo, e o Senhor Deus lhe dará o trono de
seu Pai Davi. 33 Ele reinará para sempre sobre os descendentes de Jacó, e o
seu reino não terá fim”. 34 Maria perguntou ao anjo: “Como acontecerá isso, se
eu não conheço homem algum?” 35 O anjo respondeu: “O Espírito Santo virá
sobre ti, e o poder do Altíssimo te cobrirá com sua sombra. Por isso, o menino
que vai nascer será chamado Santo, Filho de Deus. 36 Também Isabel, tua
parenta, concebeu um filho na velhice. Este já é o sexto mês daquela que era
considerada estéril, 37 porque para Deus nada é impossível”. 38 Maria, então,
disse: “Eis aqui a serva do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra!” E
o anjo retirou-se.
– Palavra da salvação.

– Glória a vós, Senhor!

Anunciação do Senhor: o verdadeiro valor de um sim

- por Pe. Alexandre

 

Origens
Na história da existência, constantemente somos desafiados pela vida a darmos uma resposta ativa, consciente e madura ante os apelos e desafios que a nossa própria existência nos interpela. A todo instante, somos colocados em uma posição de escolha, entre aquilo que se quer e aquilo que não se quer; entre o possuir e o nada ter; entre o ser e o não ser.

Sim e não
O sim e o não fazem parte do nosso cotidiano, sem eles dificilmente poderíamos ser propriamente humanos. Eis o que diz o Senhor: “Hoje, estou colocando diante de ti a vida e a felicidade, a morte e a infelicidade” (Dt 30,15). Neste contexto de escolha propriamente humana, encontra-se a Virgem Mãe de Nazaré.

Eis a serva do Senhor
Maria, na plenitude de sua liberdade, escuta, mais do que a saudação de um anjo, a voz de Deus, a voz de sua própria consciência a te indagar: “Não temas, Maria! Encontraste graça junto de Deus. Eis que conceberás no teu seio e darás à luz um filho, e tu o chamarás com o nome de Jesus” (Lc 1,30). Diante da proposta, Maria dá sua resposta: “Eis aqui a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a tua Palavra”. Foi por causa dessa resposta que o Eterno entrou no tempo; que o Todo assume em si o fragmento, Deus assume a forma humana para nos salvar.

Solenidade da Anunciação do Senhor: o sim de uma mulher

Solenidade
A Solenidade da Anunciação do Senhor, que encontra o seu fundamento bíblico situado na narrativa evangélica do evangelista Lucas, no capítulo 1, 26-38, é a solenidade que exalta, na sua estrutura interna, o sim de uma Mulher ao projeto salvífico de Deus, mas que, de modo mais singular, quer manifestar a grandiosidade do sim definitivo de Deus para com a humanidade. A anunciação do Senhor é a solenidade que, por excelência, expressa a vontade divina de querer dar-se a conhecer o homem e salvá-lo e, ao mesmo tempo, a disponibilidade do ser humano em acolher essa autorrevelação divina.

Encarnação do Verbo
O episódio narrado no Evangelho de Lucas mostra a origem histórica do problema enfrentado pelas primeiras comunidades cristã acerca da encarnação total do Verbo eterno de Deus no seio virginal de Maria. A narrativa explicita o diálogo realizado entre Divino e o humano, entre Maria e o anjo, o mensageiro de Deus. Maria, na narrativa, é interpelada pelo anjo, acerca da vontade divina, que encontrou nela, na simples jovem de Nazaré, graça diante de Deus. Nesse episódio evangélico, contemplamos que a liberdade humana, que é fruto do amor de Deus aos homens, nunca foi violado pelo Criador; ao contrário, Ele propõe a Maria uma missão, e Maria, na sua total liberdade, se dispõe a realizá-la, mesmo não sabendo como tudo se daria.

Debates acerca da Encarnação e Divindade de Jesus

Discussão sobre Maria e Jesus
Essa bela narrativa, a pouco comentada, muito fora debatida pelos Padres da Igreja, na reta intenção de defender não somente a Virgindade e Maternidade de Maria, mas, sobretudo, a real Encarnação e Divindade de Jesus, seu filho. Em meados dos anos 325 d.C., com o Concílio de Nicéia e de Constantinopla (381), foram estabelecidos no símbolo da fé, o Credo Nicenoconstantinopolitano, a sentença dogmática de que, verdadeiramente, o Verbo eterno de Deus encarnado no seio da humanidade, por meio da concepção virginal de Maria, era realmente o Filho de Deus.

A Natureza Humana de Jesus
Em Jesus, a natureza humana e divina coabitavam mutuamente, sem confusão, mas em plena união hipostática de naturezas. O pequeno e humilde carpinteiro de Nazaré era, na verdade, o verdadeiro Filho de Deus, emanada na história humana pela ação do Espírito Santo.

Theotokos
Contudo, foi somente em 431 d.C., no Concílio de Éfeso, que a Igreja proclama solenemente Maria como Mãe de Deus (Theotokos), defendendo, dessa maneira, a real Encarnação do Filho de Deus no seio da humanidade, por meio do sim de Maria. Tal decreto resultou posteriormente a instituição da festa litúrgica da Anunciação do Senhor. Todavia, a Igreja, por volta do século VI, sob o comando do Pontífice Sérgio I, introduziu definitivamente, no calendário litúrgico da Igreja romana, a solenidade da Anunciação do Senhor, que é celebrada todos os anos no dia 25 de março, a exatos nove meses antes do Natal do Senhor.

Uma Graça para a humanidade
De fato, no sim de Maria, o sim de Deus em favor da humanidade é plenamente realizado. Em Maria, Deus realiza o seu projeto salvífico no tempo e na história humana. Se por Eva nos veio a desgraça, por Maria nos foi novamente aberta as portas da Graça.

Momento para refletir: como anda o seu sim para os projetos de Deus?

Sentido da Solenidade
Celebrar a solenidade da Anunciação do Senhor é dar graças a Deus por todos os benefícios que, pelo sim de Maria, o Senhor nos dispensou. Celebrar a festa solene da Anunciação do Senhor é contemplar a salvação de Deus realizada no sim de uma Mulher. É contemplar o sim de Deus, por meio de uma Mulher.
O sim de Maria foi um sim que mudou o curso da história. O sim de Maria nos possibilitou conhecermos o Pai, revelado pelo Filho, no poder e na ação do Espírito Santo. Somos convidados a mudar o curso da história em razão do nosso sim a Deus, ao projeto de Deus.

Deus em meio a nós
Deus quer habitar no mundo, na realidade do mundo, na nossa família, na nossa sociedade, no nosso país. Mas para que isso posso se realizar, é preciso que também nós sejamos, assim como a pequena jovem de Nazaré, abertos e generosos a acolher a vontade de Deus em nossa vida, para que o verdadeiro valor de um sim possa transformar o curso da história.

Minha oração
“ Ó Virgem Santíssima, sempre disposta a fazer a vontade do Pai, com seu sim contribuíste para a salvação. Dai-nos a graça de fazer a nossa parte no plano salvífico também dizendo o nosso sim a Deus e ao seu chamado de amor. Amém.”

Nossa Senhora, rogai por nós! 

Meditação

- por Pe. Alexandre

 

Eis a escrava do Senhor… (Lc 1,26-38)

Na solenidade litúrgica da Anunciação do Senhor, exatamente nove
meses antes do Natal, a liturgia celebra o momento da Encarnação do Filho de
Jesus. Deus pede a cooperação da Mulher para que o Filho, o Verbo Eterno,
possa assumir a natureza humana para nossa salvação.
Artistas de todas as épocas se inspiraram nesta passagem de Lucas
para suas pinturas, ícones, mosaicos, tapeçarias, peças musicais etc. Ali
aparecem, frente a frente, o Anjo Gabriel e a Virgem Maria. Ele, em nome de
Deus. Ela, em nome da humanidade. Ele, espírito celeste. Ela, filha de Adão, o
terroso. Gabriel traz uma proposta: ser a mãe do Messias prometido.
E Maria dá a resposta: “Eis aqui a escrava do Senhor!” Algumas
traduções optam por “serva”, mas não é o que está no texto latino de S.
Jerônimo (ancilla Domini) nem no grego de São Lucas (doúle kyriou). A palavra
“serva” faz pensar em uma empregadinha doméstica, com avental e dragonas
nos ombros, com carteira assinada, direitos trabalhistas e horário de trabalho.
Ora, escrava é outra coisa!
A resposta de Maria de Nazaré tem um sentido existencial que toca o
profundo de seu ser. É como se Maria dissesse: “Se você acaba de me revelar
qual é o desígnio de Deus a meu respeito, quem sou para ter vontade própria e
escolher diferentemente? Abro mão, livremente, de minha vontade para aderir
de modo pleno àquilo que o Senhor me diz. Deixo de lado qualquer projeto
pessoal, pois Deus me diz o que fazer”. Este é o alcance da palavra “escrava”:
obediência pronta e incondicional sem levar em conta possíveis prejuízos
pessoais. Não se veja nisto uma forma de humilhação, pois os escravos
sempre se orgulharam de servir a senhores distintos e merecedores de honra.
E ninguém é mais honrado que o Senhor!
O Salmo 123 retrata fielmente a atenção dos escravos, prontos à
obediência e ao serviço: “Como os olhos dos escravos para a mão dos seus
amos, / e os olhos de uma escrava para a mão de sua dona, / assim nossos
olhos estão voltados para o Senhor, nosso Deus…” (Sl 123,2.) Em geral, os
escravos vinham de outros povos, presas de guerra ou adquiridos de
mercadores; por isso mesmo, não entendiam o idioma do patrão e deviam
prestar atenção às ordens dadas por gestos das mãos e indicação dos dedos.
Olhar a mão do dono mostra a utilidade e prontidão do escravo.
Sei que a simples palavra “escravo” provoca alergias. E que muitos
preferem um “deus” que lhes preste serviços, qual gênio da lâmpada. Mas não
é assim com a Toda Santa: cheia do Espírito, ela sabe que não há maior glória
que servir a Deus…

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