26 de Dezembro de 2020

4a semana do Advento - Ano B. Sábado

- por Pe. Alexandre

SABADO – SANTO ESTÊVÃO – DIÁCONO E PROTOMÁRTIR
(vermelho, glória, pref. do Natal – ofício da festa)

 

Antífona da entrada

 

– As portas do céu abriram-se para santo Estevão, que foi o primeiro dentre os mártires e por isso, coroado, triunfa no céu.

 

Oração do dia

 

– Ensinai-nos, ó Deus, a imitar o que celebramos, amando os nossos próprios inimigos, pois festejamos santo Estevão, vosso primeiro mártir, que soube rezar por seus perseguidores. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

 

1ª Leitura: At 6, 8-10; 7, 54-59

– Leitura dos Atos dos Apóstolos – 8Naqueles dias, Estêvão, cheio de graça e poder, fazia prodígios e grandes sinais entre o povo. 9Mas alguns membros da chamada Sinagoga dos Libertos, junto com cirenenses e alexandrinos, e alguns da Cilícia e da Ásia, começaram a discutir com Estêvão. 10Porém, não conseguiam resistir à sabedoria e ao Espírito com que ele falava. 7,54Ao ouvir essas palavras, eles ficaram enfurecidos e rangeram os dentes contra Estêvão. 55Estêvão, cheio do Espírito Santo, olhou para o céu e viu a glória de Deus e Jesus, de pé, à direita de Deus. 56E disse: “Estou vendo o céu aberto, e o Filho do Homem, de pé, à direita de Deus”. 57Mas eles, dando grandes gritos e, tapando os ouvidos, avançaram todos juntos contra Estêvão; 58arrastaram-no para fora da cidade e começaram a apedrejá-lo. As testemunhas deixaram suas vestes aos pés de um jovem, chamado Saulo. 59Enquanto o apedrejavam, Estêvão clamou dizendo: “Senhor Jesus, acolhe o meu espírito”.

 

– Palavra do Senhor.

– Graças a Deus.

 

Salmo Responsorial 31,3cd-4.6.8ab.16c.17 (R: 6a)

 

– Em vossas mãos, Senhor, entrego o meu espírito.

R: Em vossas mãos, Senhor, entrego o meu espírito.

 

– Sede uma rocha protetora para mim, um abrigo bem seguro que me salve. Sim, sois vós a minha rocha e fortaleza; por vossa honra orientai-me e conduzi-me.

R: Em vossas mãos, Senhor, entrego o meu espírito.

 

– Em vossas mãos, Senhor, entrego o meu espírito, porque vós me salvareis, ó Deus fiel. Vosso amor me faz saltar de alegria, pois olhastes para as minhas aflições.

R: Em vossas mãos, Senhor, entrego o meu espírito.

 

– Eu entrego em vossas mãos o meu destino; libertai-me do inimigo e do opressor! Mostrai serena a vossa face ao vosso servo, e salvai-me pela vossa compaixão!

R: Em vossas mãos, Senhor, entrego o meu espírito.

 

Aclamação ao santo Evangelho

 

Aleluia, aleluia, aleluia.

Aleluia, aleluia, aleluia.

 

– Bendito o que vem em nome do Senhor. Nosso Deus é o Senhor, ele é a nossa luz. (Sl 117,26)

 

Aleluia, aleluia, aleluia.

 

Evangelho de Jesus Cristo, segundo Mateus: Mt 10, 17-22

 

 – O Senhor esteja convosco.

– Ele está no meio de nós.

– Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo † segundo Mateus.

– Glória a vós, Senhor!

 

– Naquele tempo, disse Jesus aos seus apóstolos: 17“Cuidado com os homens, porque eles vos entregarão aos tribunais e vos açoitarão nas suas sinagogas. 18Vós sereis levados diante de governadores e reis, por minha causa, para dar testemunho diante deles e das nações. 19Quando vos entregarem, não fiqueis preocupados como falar ou o que dizer. Então naquele momento vos será indicado o que deveis dizer. 20Com efeito, não sereis vós que havereis de falar, mas sim o Espírito do vosso Pai é que falará através de vós. 21O irmão entregará à morte o próprio irmão; o pai entregará o filho; os filhos se levantarão contra seus pais, e os matarão. 22Vós sereis odiados por todos, por causa do meu nome. Mas quem perseverar até o fim, esse será salvo.

– Palavra da salvação.

– Glória a vós, Senhor.

 

Santo Estevão

- por Pe. Alexandre

 

 

Em nome do Pai do Filho e do Espírito Santo. Amém

Hoje a Igreja celebra a Festa de Santo Estevão, o primeiro Mártir.

AS PORTAS DO CÉU abriram-se para Santo Estêvão, que foi o primeiro dentre os mártires e por isso, coroado, triunfa no céu.

Mal celebramos o nascimento do Senhor, e           a liturgia já nos propõe a festa do primeiro que deu a vida por esse Menino que acaba de nascer. Ontem Cristo foi envolvido em panos por nós; hoje, cobre Estêvão com a veste da imortalidade. Ontem uma estreita manjedoura sustentou Cristo-Menino; hoje, a imensidade do céu recebe Estêvão triunfante.

Escolhido para ser diácono a serviço dos pobres e das viúvas, Estêvão assinou com o próprio sangue o testemunho de sua fidelidade Àquele que, sendo autor da vida, se entregou à morte pela nossa salvação.

Já no começo da Igreja os primeiros cristãos de Jerusalém foram perseguidos pelas autoridades judaicas. Os Apóstolos foram açoitados por pregarem Cristo Jesus, e sofreram com alegria: Eles se retiraram da presença do Sinédrio, felizes por terem sido achados dignos de padecer ultrajes pelo nome de Jesus.

Pouco tempo depois, o sangue de Estêvão seria o primeiro a ser derramado por Cristo, e já não cessaria de correr até os nossos dias.

Contemplando o Menino divino nos braços da sua Mãe, e olhando o exemplo de Santo Estêvão, pedimos a Deus a graça de viver com coerência a nossa fé, dispostos sempre a responder a quem nos peça a razão da esperança que há em nós.

Santo Estevão, rogai por nós.

Meditação

- por Pe. Alexandre

Sereis odiados… (Mt 10,17-22)

 

Pregadores de hoje – inclusive os que se autodenominaram bispos e apóstolos! – preferem pregar um “evangelho” hidroaçucarado, oferecendo à assembleia pílulas douradas e promessas de fama e riqueza. Jesus Cristo, em plena contramão, adverte seus seguidores que seriam perseguidos em razão de sua adesão à Boa Nova. Ao que se vê, ele não entendia de marketing…

Em seu livro “A vida cotidiana dos primeiros cristãos” (Ed. Paulus, 1997), A.-G. Hamman nos dá um quadro da arriscada situação dos fiéis no Império Romano. Era da rua que vinha o ódio maior, numa época em que a opinião pública valia como contrapeso ao poder de César.

“Por mais que o cristão vivesse com todo mundo, frequentasse termas e basílicas e exercesse as mesmas profissões que os outros, ele punha nisso matizes e, às vezes, reservas. Uma parte de sua existência escapava, surpreendia. Sua fé era tachada de fanatismo; sua irradiação, de proselitismo, e sua retidão, de censura.”

O povo logo notava a mudança no convertido ao Evangelho: “A mulher evitava os trajes vistosos e o marido já não jurava por Baco ou por Hércules. Pagar impostos tornava-se suspeito: ‘Ele nos quer dar lições’, diziam esses mediterrâneos. Os cristãos eram conhecidos como escrupulosos a respeito de pesos e medidas. A honestidade se voltava contra eles e os indicava à atenção dos outros”. Numa só palavra, ser bom e honesto deixava o cristão em perigo.

Se a ajuda mútua despertava a admiração do pagão, a fraternidade entre senhores e escravos parecia duvidosa e incompreensível aos mais cultos. Na escola, o jovem cristão já sofria bullying: chegou até nós o grafitti de um asno crucificado com a inscrição: “Alexâmenos adorando seu deus”. Logo abaixo, a resposta do jovem cristão: “Alexâmenos fiel!”

O seguidor de Jesus não ia ao teatro (onde o nu total era comum) nem às arenas (a violência chegava até a morte do vencido). Essa ausência era notada e dava origem a boatos. Circulavam mexericos a respeito do culto eucarístico dos cristãos, acusados de canibalismo por imolar crianças vivas e beber seu sangue. O celibato voluntário e a virgindade valorizada eram motivo de zombaria.

Estranheza, distância, desprezo, calúnias, perseguições: eis o preço de seguir Jesus. Não admira que poucos sejam fiéis. Ainda hoje…

 

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