29 de Fevereiro de 2020

Depois das Cinzas- Sábado

- por Padre Alexandre Fernandes

SABADO – DEPOIS DAS CINZAS

(cor roxo, ofício do dia)

 

Antífona da entrada

 

– Atendei-nos, Senhor, na vossa grande misericórdia; olhai-nos, ó Deus com toda a vossa bondade  (Sl 68,17).

 

Oração do dia

 

– Ó Deus eterno e todo-poderoso, olhai com bondade a nossa fraqueza e estendei, para proteger-nos a vossa mão poderosa. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

 

1ª Leitura: Is 58,9-14

 

– Leitura do livro do profeta Isaías: Assim fala o Senhor, 9 se destruíres teus instrumentos de opressão, e deixares os hábitos autoritários e a linguagem maldosa; 10se acolheres de coração aberto o indigente e prestares todo socorro ao necessitado, nascerá nas trevas a tua luz e tua vida obscura será como o meio-dia. 11O Senhor te conduzirá sempre e saciará tua sede na aridez da vida, e renovará o vigor do teu corpo; serás como um jardim bem regado, como uma fonte de águas que jamais secarão. 12Teu povo reconstruirá as ruínas antigas; tu levantarás os fundamentos das gerações passadas: serás chamado reconstrutor de ruínas, restaurador de caminhos, nas terras a povoar. 13Se não puseres o pé fora de casa no sábado, nem tratares de negócios em meu dia santo, se considerares o sábado teu dia favorito, o dia glorioso, consagrado ao Senhor, se o honrares, pondo de lado atividades, negócios e conversações, 14então te deleitarás no Senhor; eu te farei transportar sobre as alturas da terra e desfrutar a herança de Jacó, teu pai. Falou a boca do Senhor.

– Palavra do Senhor.

Graças a Deus.

 

Salmo Responsorial: Sl 86,1-2.3-4.5-6 (R: 11a)

 

– Ensinai-me os vossos caminhos e na vossa verdade andarei.
R: Ensinai-me os vossos caminhos e na vossa verdade andarei.

– Inclinai, ó Senhor, vosso ouvido, escutai, pois sou pobre e infeliz! Protegei-me, que sou vosso amigo, e salvai vosso servo, meu Deus, que espera e confia em vós!

R: Ensinai-me os vossos caminhos e na vossa verdade andarei.

– Piedade de mim, ó Senhor, porque clamo por vós todo o dia! Animai e alegrai vosso servo, pois a vós eu elevo a minh’alma.

R: Ensinai-me os vossos caminhos e na vossa verdade andarei.

– Ó Senhor, vós sois bom e clemente, sois perdão para quem vos invoca. Escutai, ó Senhor, minha prece, o lamento da minha oração!

R: Ensinai-me os vossos caminhos e na vossa verdade andarei.

 

Evangelho de Jesus Cristo, segundo Lucas: Lc 5,27-32.

 

Glória a vós, Senhor Jesus, primogênito dentre os mortos!

Glória a vós, Senhor Jesus, primogênito dentre os mortos!

 

– Não quero a morte do pecador, diz o Senhor, mas que ele volte se converta e tenha vida (Ex 33,11)

 

Glória a vós, Senhor Jesus, primogênito dentre os mortos!

 

– O Senhor esteja convosco.

Ele está no meio de nós.

– Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo † segundo Lucas

Glória a vós, Senhor!   

– Naquele tempo, 27Jesus viu um cobrador de impostos, chamado Levi, sentado na coletoria. Jesus lhe disse: “Segue-me”. 28Levi deixou tudo, levantou-se e o seguiu. 29Depois, Levi preparou em casa um grande banquete para Jesus. Estava aí grande número de cobradores de impostos e outras pessoas sentadas à mesa com eles. 30Os fariseus e seus mestres da Lei murmuravam e diziam aos discípulos de Jesus: “Por que vós comeis e bebeis com os cobradores de impostos e com os pecadores?” 31Jesus respondeu: “Os que são sadios não precisam de médico, mas sim os que estão doentes. 32Eu não vim chamar os justos, mas sim os pecadores para a conversão”.

 

– Palavra da salvação.

Glória a vós, Senhor!   

Beata Antônia da Firenze

- por Padre Alexandre Fernandes

Antônia ou Antonieta nasceu no ano de 1400. Foi levada ao casamento aos 15 anos. Ficando viúva com um filho. Entrou, alguns anos depois da segunda viuvez, nas Clarissas de Santo Onófrio, onde edificou as irmãs pela piedade e todas as virtudes. Foi enviada para o Convento de Santa Ana em Folinho, e depois veio a ser superiora do convento de Santa Isabel em Áquila.

Passados vários anos, São João de Capristano, seu diretor, fez que lhe dessem o mosteiro Corpus Christi, em Áquila, no qual ela fez que renascesse a observância em toda a pureza.

O filho que esbanjava os bens só lhe ocasionou desgostos. Ela era a consolação dos aflitos, o alívio dos doentes e o apoio dos fracos. Foi honrada com uma aparição da Santíssima Virgem e com várias visões.

Morreu santamente, no dia 29 de fevereiro de 1472, e alguns milagres aconteceram durante o funeral. Contra o costume, os habitantes de Áquila rogaram que o corpo ficasse exposto na igreja.

No dia 11 de setembro de 1847, Pio IX aprovou o culto imemorial prestado à beata.

Beata Antônia, rogai por nós!

Meditação

- por Padre Alexandre Fernandes

TEMPO DAQUARESMA.SÁBADO DEPOIS DAS CINZAS

4. SALVAR O QUE ESTAVA PERDIDO

– Jesus vem como médico para curar toda a humanidade, pois todos estávamos doentes. Humildade para sermos curados.

– Cristo soluciona os nossos males. Eficácia do sacramento da Penitência.

– Esperança no Senhor quando sentimos as nossas fraquezas. Não têm necessidade de médico os sãos, mas os enfermos. Esperança no apostolado.

I. O EVANGELHO DA MISSA1 conta-nos a vocação de Mateus: a chamada que o Senhor lhe dirigiu e a rápida resposta que o cobrador de tributos lhe deu. Ele, deixando tudo, levantou-se e o seguiu.

O novo Apóstolo quis mostrar o seu agradecimento a Jesus com um banquete que São Lucas qualifica de grandeEstavam sentados à mesa um grande número de cobradores e outros. Ali estavam todos os seus amigos.

Os fariseus escandalizaram-se. Perguntavam aos discípulos: Por que comeis e bebeis com os publicanos e pecadores? Os publicanos eram considerados pecadores por causa dos benefícios exorbitantes que podiam obter na sua profissão e das relações que mantinham com os gentios.

Jesus respondeu aos fariseus com estas palavras consoladoras: Não são os que gozam de boa saúde que necessitam de médico, mas os enfermos. Não vim chamar à conversão os justos, mas os pecadores2.

Jesus vem oferecer o seu reino a todos os homens; a sua missão é universal. “O diálogo de salvação não ficou condicionado aos méritos daqueles a quem se dirigia; abriu-se a todo os homens, sem discriminação alguma…”3 Jesus vem para todos, pois todos estamos doentes e somos pecadores: Ninguém é bom a não ser Deus4. Todos nós devemos recorrer à misericórdia e ao perdão de Deus para ter a vida5 e alcançar a salvação. A humanidade não está dividida em dois blocos: os que já estão justificados pelas suas forças e os pecadores. Todos necessitamos diariamente do Senhor. Os que pensam não ter necessidade de Deus não conseguem a saúde, continuam mergulhados na sua morte ou na sua doença.

As palavras do Senhor, que se apresenta como Médico, animam-nos a pedir humilde e confiadamente perdão dos nossos pecados e também dos das pessoas que parecem querer continuar vivendo afastadas de Deus. Hoje exclamamos com Santa Teresa: “Oh que coisa difícil vos peço, meu Deus verdadeiro: que queirais a quem não vos quer, que abrais a porta a quem não vos chama, que deis saúde a quem gosta de estar doente e anda procurando a doença! Vós dizeis, meu Senhor, que vindes chamar os pecadores: são estes, Senhor, os pecadores verdadeiros. Não olheis a nossa cegueira, meu Deus, mas o muito sangue que o vosso Filho derramou por nós. Resplandeça a vossa misericórdia no meio de tão grande maldade; considerai, Senhor, que somos obra das vossas mãos”6. Se recorrermos assim a Jesus, com humildade, Ele sempre terá misericórdia de nós e daqueles que procuramos aproximar dEle.

II. NO ANTIGO TESTAMENTO, o Messias é descrito como o pastor que virá cuidar com solicitude das suas ovelhas e curar as que estão feridas ou doentes7. O Senhor veio buscar o que estava perdido, chamar os pecadores, dar a sua vida em resgate por muitos8. Como tinha sido profetizado, foi Ele quem suportou os nossos sofrimentos e carregou as nossas dores, e graças às suas chagas fomos curados9.

Cristo é o remédio para os nossos males: todos andamos doentes e por isso temos necessidade de Cristo. Ele “é Médico, e cura o nosso egoísmo se deixarmos que a sua graça penetre até o fundo da alma”10. Devemos procurá-lo como o doente procura o médico, dizendo-lhe a verdade sobre o que sentimos, com o desejo de nos curarmos. “Jesus advertiu-nos de que a pior doença é a hipocrisia, o orgulho que leva a dissimular os pecados próprios. Com o Médico, é imprescindível que tenhamos uma sinceridade absoluta, que lhe expliquemos toda a verdade e digamos: Domine, si vis, potes me mundare (Mt VIII, 2), Senhor, se quiseres – e Tu queres sempre –, podes curar-me. Tu conheces a minha debilidade; sinto estes sintomas e experimento estas outras fraquezas. E descobrimos com simplicidade as chagas; e o pus, se houver pus. Senhor, Tu que curaste tantas almas, faz com que, ao ter-te no meu peito ou ao contemplar-te no Sacrário, te reconheça como Médico divino”11.

Umas vezes, o Senhor atua diretamente na nossa alma: Quero, fica limpo12, segue adiante, sê mais humilde, não te preocupes. Noutras ocasiões, e sempre que haja um pecado grave, o Senhor diz: Ide e mostrai-vos ao sacerdote13, ide ao sacramento da Penitência, onde a alma encontra sempre o remédio oportuno.

“Refletindo sobre a função deste Sacramento – diz o Papa João Paulo II –, a consciência da Igreja descobre nele, além do caráter judicial […], um caráter terapêutico ou medicinal. E isto relaciona-se com a comprovação de que, no Evangelho, Cristo se apresenta freqüentemente como médico, enquanto a sua obra redentora é muitas vezes chamada, desde a antigüidade cristã, «remédio da salvação» (medicina salutis). «Eu quero curar, não acusar» – dizia Santo Agostinho, referindo-se ao exercício da pastoral penitencial –, e é graças ao remédio da Confissão que a experiência do pecado não degenera em desespero”14. Desemboca numa grande paz, numa imensa alegria.

Contamos sempre com o alento e a ajuda do Senhor para voltar e recomeçar. É Ele quem dirige a luta, e “um chefe no campo de batalha estima mais o soldado que, depois de ter fugido, volta e ataca o inimigo com mais ardor do que aquele que nunca desertou, mas que também nunca empreendeu uma ação valorosa”15. Santifica-se não somente aquele que nunca cai, mas também aquele que sempre se levanta. O mal não está em ter defeitos – porque não há quem não os tenha –, mas em pactuar com eles, em não lutar. E Cristo nos cura como Médico e depois nos ajuda a lutar.

III. SE ALGUMA VEZ nos sentirmos especialmente desanimados por força de alguma doença espiritual que nos pareça incurável, não nos esqueçamos destas consoladoras palavras de Cristo: Não são os que gozam de boa saúde que necessitam de médico, mas os enfermos. Tudo tem remédio. O Senhor está sempre muito perto de nós, mas especialmente nesses momentos, por maior que tenha sido a falta, por muitas que sejam as misérias. Basta sermos sinceros de verdade.

“Todas as tuas doenças serão curadas – diz Santo Agostinho –. «Mas são muitas», dirás. Mais poderoso é o Médico. Para o Todo-Poderoso, não há doença incurável; limita-te a deixar-te curar, coloca-te nas suas mãos”16. Devemos aproximar-nos do Senhor como aquelas pessoas simples que o rodeavam, como os cegos, os coxos e os paralíticos que o procuravam porque desejavam ardentemente a sua cura. Só aquele que sabe e se sente manchado experimenta a necessidade profunda de ficar limpo; só quem é consciente das suas feridas e das suas chagas experimenta a urgência de ser curado. Devemos sentir a profunda preocupação de curar todos os pontos que o nosso exame de consciência nos mostre que devem ser curados.

No dia em que foi chamado, Mateus deixou a sua antiga vida para recomeçar outra nova ao lado de Cristo. Hoje, podemos fazer nossa esta oração de Santo Ambrósio: “Como ele, eu também quero deixar a minha antiga vida e não seguir outro que não sejas Tu, Senhor, Tu que curas as minhas feridas. Quem poderá separar-me do amor de Deus que se manifesta em Ti?… Estou atado à fé, pregado nela; estou atado pelos santos vínculos do amor. Todos os teus mandamentos serão como um cautério que terei sempre aplicado ao meu corpo…; o remédio arde, mas afasta a infecção da chaga. Corta, pois, Senhor Jesus, a podridão dos meus pecados. Enquanto me tens unido a ti com os vínculos do amor, corta tudo o que está infectado. Apressa-te a lancetar as minhas paixões escondidas, secretas e múltiplas; abre a ferida, para que a doença não se propague por todo o corpo… Achei um médico que mora no Céu, mas que distribui os seus remédios na terra. Só Ele pode curar as minhas feridas, porque não as padece; só ele pode tirar do coração a pena, e da alma o temor, porque conhece as coisas mais íntimas”17.

Não nos esqueçamos disto quando nos sentirmos esmagados pelo peso das nossas fraquezas. Mas também não o esqueçamos se alguma vez, no nosso apostolado pessoal, nos parecer que alguém tem uma doença da alma sem aparente solução. Existe solução; sempre existe.

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