29 de Maio de 2020

7a Semana de Páscoa Sexta-feira

- por Pe. Alexandre

SEXTA FEIRA DA VII SEMANA DA PÁSCOA
(branco, pref. da Ascensão – ofício do dia)

 

 Antífona da entrada

– Cristo nos amou e nos lavou dos pecados com seu sangue, e fez de nós um reino e sacerdotes para Deus, seu Pai, aleluia! (Ap 1,5)

 

Oração do dia

– Ó Deus, pela glorificação de Cristo e pela iluminação do Espírito Santo, abristes para nós as portas da vida eterna. Fazei que, participando de tão grandes bens, nos tornemos mais dedicados a vosso serviço e cresçamos constantemente na fé. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

 

1ª Leitura: At 25, 13b-21

-Leitura dos Atos dos Apóstolos – Naqueles dias, 13b o rei Agripa e Berenice chegaram a Cesaréia e foram cumprimentar Festo. 14Como ficassem alguns dias aí, Festo expôs ao rei o caso de Paulo, dizendo: “Está aqui um homem que Félix deixou como prisioneiro. 15Quando eu estive em Jerusalém, os sumos sacerdotes e os anciãos dos judeus apresentaram acusações contra ele e pediram-me que o condenasse. 16Mas eu lhes respondi que os romanos não costumam entregar um homem antes que o acusado tenha sido confrontado com os acusadores e possa defender-se da acusação. 17Eles vieram para cá e, no dia seguinte, sem demora, sentei-me no tribunal e mandei trazer o homem. 18Seus acusadores compareceram diante dele, mas não trouxeram nenhuma acusação de crimes de que eu pudesse suspeitar. 19Tinham somente certas questões sobre a sua própria religião e a respeito de um certo Jesus que já morreu, mas que Paulo afirma estar vivo. 20Eu não sabia o que fazer para averiguar o assunto. Perguntei então a Paulo se ele preferia ir a Jerusalém, para ser julgado lá. 21Mas Paulo fez uma apelação para que a sua causa fosse reservada ao juízo do Augusto Imperador. Então ordenei que ficasse preso até que eu pudesse enviá-lo a César.

– Palavra do Senhor.

– Graças a Deus.

 

Salmo Responsorial: Sl 103, 1-2.11-12.19-20ab (R: 19a)

– O Senhor pôs o seu trono lá nos céus.
R: O Senhor pôs o seu trono lá nos céus.

– Bendize, ó minha alma, ao Senhor, e todo o meu ser, seu santo nome! Bendize, ó minha alma, ao Senhor, não te esqueças de nenhum de seus favores!

R: O Senhor pôs o seu trono lá nos céus.

– Quanto os céus por sobre a terra se elevam, tanto é grande o seu amor aos que o temem; quanto dista o nascente do poente, tanto afasta para longe nossos crimes.

R: O Senhor pôs o seu trono lá nos céus.

– O Senhor pôs o seu trono lá nos céus, e abrange o mundo inteiro seu reinado. Bendizei ao Senhor Deus, seus anjos todos, valorosos que cumpris as suas ordens.

R: O Senhor pôs o seu trono lá nos céus.

Aclamação ao santo Evangelho.

Aleluia, aleluia, aleluia.

Aleluia, aleluia, aleluia.

– O Espírito Santo, o paráclito, haverá de lembrar-vos de tudo o que tenho falado (Jo 14,26).

Aleluia, aleluia, aleluia.

 

Evangelho de Jesus Cristo, segundo João: Jo 21, 15-19

– O Senhor esteja convosco.

– Ele está no meio de nós.

– Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo † segundo João.

Glória a vós, Senhor!

 

– Jesus manifestou-se a seus discípulos e, 15depois de comerem, perguntou a Simão Pedro: Simão, filho de João, amas-me mais do que estes? Respondeu ele: Sim, Senhor, tu sabes que te amo. Disse-lhe Jesus: Apascenta os meus cordeiros. 16Perguntou-lhe outra vez: Simão, filho de João, amas-me? Respondeu-lhe: Sim, Senhor, tu sabes que te amo. Disse-lhe Jesus: Apascenta os meus cordeiros. 17Perguntou-lhe pela terceira vez: Simão, filho de João, amas-me? Pedro entristeceu-se porque lhe perguntou pela terceira vez: Amas-me? e respondeu-lhe: Senhor, sabes tudo, tu sabes que te amo. Disse-lhe Jesus: Apascenta as minhas ovelhas. 18Em verdade, em verdade te digo: quando eras mais moço, cingias-te e andavas aonde querias. Mas, quando fores velho, estenderás as tuas mãos, e outro te cingirá e te levará para onde não queres. 19Por estas palavras, ele indicava o gênero de morte com que havia de glorificar a Deus. E depois de assim ter falado, acrescentou: Segue-me!

– Palavra da salvação.

Glória a vós, Senhor!

São Maximino

- por Pe. Alexandre

Nasceu na França no século IV e muito cedo sentiu o chamado a vida sacerdotal.

Sucedeu Agrício e teve que combater o Arianismo, que confundia muitos cristãos.

São Maximino apoiou Santo Atanásio nessa luta, sofreu com ele, e se deparou até com o Imperador. Bispo da Igreja, viveu seu magistério e serviço à Palavra sob ataques, mas não conseguiram matá-lo. Viveu até o ano de 349 deixando este testemunho e convocação: sermos cooperadores da verdade.

O santo de hoje é um ícone do amor a Cristo, à Igreja e à Verdade.

São Maximino, rogai por nós!

Meditação

- por Pe. Alexandre

94. OS FRUTOS DO ESPÍRITO SANTO

– Os frutos do Espírito Santo na alma, manifestação da glória de Deus. O amor, o gozo e a paz.

– Paciência e longanimidade. A sua importância no apostolado.

– Os frutos que se relacionam mais diretamente com o bem do próximo: bondade, benignidade, mansidão, fidelidade, modéstia, continência e castidade.

I. QUANDO A ALMA é dócil às inspirações do Espírito Santo, converte-se numa árvore boa que se dá a conhecer pelos seus frutos. Esses frutos amadurecem a vida cristã e são manifestação da glória de Deus: Nisto é glorificado meu Pai, em que deis muito fruto1, dirá o Senhor na Última Ceia.

Estes frutos sobrenaturais são incontáveis. São Paulo, a título de exemplo, menciona doze: caridade, alegria, paz, paciência, benignidade, bondade, longanimidade, mansidão, fé, modéstia, continência e castidade2.

Em primeiro lugar figura o amor, a caridade, que é a primeira manifestação da nossa união com Cristo. É o mais saboroso dos frutos, aquele que nos faz experimentar que Deus está mais perto, e que visa aliviar o fardo dos outros. A caridade delicada e operativa com os que convivem ou trabalham conosco é a primeira manifestação da ação do Espírito Santo na alma: “Não existe sinal nem marca que distinga o cristão e aquele que ama a Cristo como o cuidado dos nossos irmãos e o zelo pela salvação das almas”3.

Ao primeiro e principal fruto do Espírito Santo “segue-se necessariamente a alegria, pois aquele que ama alegra-se na união com o amado”4. É uma alegria que caracteriza o cristão e que permanece por cima da dor e do fracasso. Quanto bem não tem semeado no mundo a alegria dos cristãos! “Alegrar-se nas tribulações, sorrir no sofrimento, cantar com o coração e com o melhor timbre quanto maiores e mais dolorosos forem os espinhos […] e tudo isto por amor – este é, juntamente com o amor, o fruto que o Vinhateiro divino quer colher dos ramos da Vinha mística, fruto que somente o Espírito Santo pode produzir em nós”5.

O amor e a alegria deixam na alma a paz de Deus, que ultrapassa todo o conhecimento6. Existe a falsa paz da desordem, como a que reina numa família em que os pais cedem sempre aos caprichos dos filhos, sob o pretexto de “ter paz”; ou como a da cidade que, com a desculpa de não querer contristar ninguém, deixa que os malvados perpetrem os seus crimes. A paz, fruto do Espírito Santo, é ausência de agitação – é “a tranqüilidade na ordem”, como a define Santo Agostinho7 –, e é descanso da vontade na posse estável do bem. Esta paz pressupõe uma luta constante contra as tendências desordenadas das paixões.

II. EM FACE DOS OBSTÁCULOS, as almas que se deixam guiar pelo Paráclito produzem ainda como fruto a paciência, que permite enfrentar com eqüanimidade, sem queixas nem lamentações estéreis, os sofrimentos físicos e morais que a vida traz consigo. A caridade está cheia de paciência; e a paciência é, em muitas ocasiões, o suporte do amor. “A caridade – escrevia São Cipriano – é o laço que une os irmãos, o fundamento da paz, o entrelaçamento que dá firmeza à unidade… Tirai-lhe, porém, a paciência, e ficará devastada: tirai-lhe o jugo do sofrimento e da resignação, e perderá as raízes e o vigor”8. O cristão deve ver em tudo a mão amorosa de Deus, que se serve dos sofrimentos e das dores para purificar aqueles que mais ama e fazê-los santos. Por isso, não perde a paz diante da doença, dos contratempos, dos defeitos alheios, das calúnias… ou mesmo dos seus fracassos espirituais.

longanimidade é semelhante à paciência. É uma disposição estável pela qual esperamos de ânimo sereno, sem amargura, e durante o tempo que Deus queira, as dilações queridas ou permitidas por Ele, antes de alcançarmos as metas ascéticas ou apostólicas que nos propomos.

Este fruto do Espírito Santo dá à alma a certeza plena de que – se emprega os meios adequados, se se empenha em lutar, se recomeça sempre – esses propósitos chegarão a efetivar-se, apesar dos obstáculos objetivos que possa encontrar, apesar das fraquezas, erros e pecados que possa cometer.

No apostolado, a pessoa longânime propõe-se metas altas, à medida do querer de Deus, ainda que os resultados concretos pareçam pequenos, e, com santa teimosia e constância, não omite nenhum dos meios humanos e sobrenaturais ao seu alcance. “A fé é um requisito imprescindível no apostolado, que muitas vezes se manifesta na constância em falar de Deus, ainda que os frutos demorem em vir. Se perseverarmos, se insistirmos, bem convencidos de que o Senhor assim o quer, também à tua volta, por toda a parte, se irão notando sinais de uma revolução cristã: uns haverão de entregar-se, outros tomarão a sério a sua vida interior, e outros – os mais fracos – ficarão pelo menos alertados”9.

O Senhor conta com o nosso esforço diário, sem pausas, para que a tarefa apostólica dê os seus frutos. Se alguma vez esses frutos tardam em aparecer, se o empenho com que procuramos aproximar de Deus um familiar ou um colega parece estéril, devemos animar-nos com o pensamento de que ninguém que trabalhe pelo Senhor, com reta intenção, o faz em vão: Os meus eleitos não trabalharão em vão10. A longanimidade apresenta-se como o perfeito desenvolvimento da virtude da esperança.

III. DEPOIS DOS FRUTOS que relacionam a alma diretamente com Deus e com a sua própria santidade, São Paulo enumera os que visam em primeiro lugar o bem do próximo: Revesti-vos de entranhas de misericórdia, de bondade, de humildade, de mansidão […], suportando-vos e perdoando-vos mutuamente11.

bondade de que o Apóstolo nos fala é uma disposição estável da vontade que nos inclina a querer toda a espécie de bens para os outros, sem excetuar ninguém: amigos e inimigos, parentes e desconhecidos, vizinhos e gente distante. A alma sente-se amada por Deus e isto impede-a de ter ciúmes e invejas, levando-a a ver nos outros filhos de Deus, a quem Ele ama e por quem Jesus morreu.

Não basta querer o bem para os outros na teoria. A caridade verdadeira é amor eficaz que se traduz em atos. A caridade é benfazeja12, anuncia São Paulo. A benignidade é precisamente essa disposição do coração que nos inclina a fazer o bem aos outros13.

Este fruto manifesta-se nas diversas obras de misericórdia, corporais e espirituais, que os cristãos realizam no mundo inteiro sem distinção de pessoas. Na nossa vida, manifesta-se nos mil pormenores de serviço que procuramos ter com aqueles com quem nos relacionamos todos os dias. A benignidade incita-nos a levar paz e alegria aos lugares por onde passamos e a ter uma disposição constante de indulgência e de afabilidade.

mansidão está intimamente ligada à bondade e à benignidade, e é como que o seu acabamento e perfeição. Opõe-se às estéreis manifestações da ira, que no fundo são sinais de fraqueza. A caridade não se irrita14, antes se expande com suavidade e delicadeza, apoiando-se numa grande firmeza de espírito. Aquele que possui este fruto do Espírito Santo não se impacienta nem alimenta sentimentos de rancor para com as pessoas que o tenham ofendido ou injuriado, ainda que sinta – e às vezes muito vivamente, pela maior finura de sentimentos que adquire pelo trato com Deus – as asperezas dos outros, os desaires, as humilhações. Sabe que Deus se serve de tudo isso para purificar as almas.

À mansidão segue-se a fidelidade. Fiel é a pessoa que cumpre os seus deveres, mesmo os mais pequenos, e em quem os outros podem depositar a sua confiança. Nada é comparável a um amigo fiel, diz a Sagrada Escritura; o seu preço é incalculável15. Ser fiel é uma forma de viver a justiça e a caridade. A fidelidade é o resumo de todos os frutos que se referem às nossas relações com o próximo.

Os três últimos frutos mencionados por São Paulo dizem respeito à virtude da temperança, a qual, sob o influxo dos dons do Espírito Santo, produz frutos de modéstia, continência e castidade.

Pessoa modesta é aquela que sabe comportar-se de modo equilibrado e justo em cada situação, e que aprecia os seus talentos sem os exagerar nem diminuir, porque sabe que são uma dádiva de Deus para serem postos a serviço dos outros. Este fruto do Espírito Santo reflete-se no porte exterior da pessoa, no seu modo de falar e de vestir, de tratar as pessoas e de comportar-se socialmente. A modéstia é atraente porque reflete simplicidade e ordem interior.

Os dois últimos frutos apontados por São Paulo são a continência e a castidade. Como que por instinto, a alma está extremamente vigilante, a fim de evitar tudo o que possa ameaçar-lhe a pureza interior e exterior, tão grata a Deus. São frutos que embelezam a vida cristã, que a preparam para entender as coisas que se referem a Deus, e que podem obter-se mesmo no meio de grandes tentações, se se foge da ocasião e se luta com decisão, sabendo que a graça do Senhor nunca há de faltar.

Ao terminarmos a nossa oração, aproximamo-nos da Virgem Santíssima, porque Deus se serve dEla para produzir abundantes frutos nas almas por influxo do Paráclito. Eu sou a Mãe do Amor formoso, do temor, da ciência e da santa esperança. Vinde a mim todos os que me desejais, e enchei-vos dos meus frutos. Pois o meu espírito é mais doce que o mel, e a minha posse mais suave que o favo de mel…16

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