30 de Dezembro de 2020

Oitava do Natal - Ano B.Quarta-feira

- por Pe. Alexandre

QUARTA FEIRA DA OITAVA DO NATAL
(branco, glória, pref. do Natal – ofício do dia)

Antífona da entrada

 

– Enquanto um profundo silêncio envolvia o universo e a noite ia no meio de seu curso, desceu do céu, ó Deus, do seu trono real, a vossa palavra onipotente (Sb 18,14).

 

Oração do dia

 

– Concedei, ó Deus todo-poderoso, que o novo nascimento de vosso Filho como homem nos liberte da antiga escravidão do pecado. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

 

1ª Leitura: 1Jo 2, 12-17

 

– Leitura da primeira carta de são João: 12Eu vos escrevo, filhinhos: os vossos pecados foram perdoados por meio do seu nome. 13Eu vos escrevo, pais: vós conheceis aquele que é desde o princípio. Eu vos escrevo, jovens: vós vencestes o Maligno. 14Já vos escrevi, filhinhos: vós conheceis o Pai. Já vos escrevi, jovens: vós sois fortes, a Palavra de Deus permanece em vós e vencestes o Maligno. 15Não ameis o mundo, nem o que há no mundo. Se alguém ama o mundo, não está nele o amor do Pai. 16Porque tudo o que há no mundo – as paixões da natureza, a concupiscência dos olhos e a ostentação da riqueza – não vem do Pai, mas do mundo. 17Ora, o mundo passa, e também a sua concupiscência; mas aquele que faz a vontade de Deus permanece para sempre.

 

– Palavra do Senhor.

– Graças a Deus.

 

Salmo Responsorial: Sl 96, 7-8a.8b-9.10 (R: 11a)

 

– O céu se rejubile e exulte a terra!

R: O céu se rejubile e exulte a terra!

 

– Ó família das nações, dai ao Senhor, ó nações, dai ao Senhor poder e glória, dai-lhe a glória que é devida ao seu nome!

R: O céu se rejubile e exulte a terra!

 

– Oferecei um sacrifício nos seus átrios, adorai-o no esplendor da santidade, terra inteira, estre­mecei diante dele!

R: O céu se rejubile e exulte a terra!

 

– Publicai entre as nações: Reina o Senhor! Ele firmou o universo inabalável, e os povos ele julga com justiça.

R: O céu se rejubile e exulte a terra!

 

Aclamação ao santo Evangelho

 

Aleluia, aleluia, aleluia.

Aleluia, aleluia, aleluia.

 

– Um dia sagrado brilhou para nós: nações vinde todas adorar o Senhor, pois hoje desceu grande luz sobre a terra!

 

Aleluia, aleluia, aleluia.

 

Evangelho de Jesus Cristo, segundo Lucas: Lc 2, 36-40

 

– O Senhor esteja convosco.

– Ele está no meio de nós.

– Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo † segundo Lucas.

– Glória a vós, Senhor!  

 

– Naquele tempo, 36havia também uma profetisa, chamada Ana, filha de Fanuel, da tribo de Aser. Era de idade muito avançada; quando jovem, tinha sido casada e vivera sete anos com o marido. 37Depois ficara viúva, e agora já estava com oitenta e quatro anos. Não saía do Templo, dia e noite servindo a Deus com jejuns e orações. 38Ana chegou nesse momento e pôs-se a louvar a Deus e a falar do menino a todos os que esperavam a libertação de Jerusalém. 39Depois de cumprirem tudo, conforme a Lei do Senhor, voltaram à Galileia, para Nazaré, sua cidade. 40O menino crescia e tornava-se forte, cheio de sabedoria; e a graça de Deus estava com ele.

 

– Palavra da salvação.

– Glória a vós, Senhor!  

 

São Rugero

- por Pe. Alexandre

 

Em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo, Amém.

Hoje a Igreja celebra a memória de São Rugero. Ele  nasceu entre 1060 e 1070, na célebre e antiga cidade italiana de Cane.

Temos poucas referências sobre sua vida na infância e juventude. Mas ele era respeitado pelos habitantes da cidade, como um homem trabalhador, bom, caridoso e muito penitente.

Quando o Bispo de Cane morreuos fiéis quiseram que Rugero ficasse no seu lugar de pastor.
E foi o que aconteceu, aos trinta anos de idade, ele foi consagrado Bispo de Cane.

No século II, essa cidade havia sido destruída pelo Imperador Aníbal, quando expulsou o exército romano.

Depois a cidade retomou sua importância no período medieval, sendo inclusive uma sede episcopal.
No século XI, mais precisamente em 1083, por causa da rivalidade entre o Conde de Cane e o Duque de Puglia, localidade vizinha, a cidade ficou novamente em ruínas.

O Bispo Rugero assumiu a direção da diocesedentro de um clima de prostração geral.
Assim, depois desse desastre, seu primeiro dever era tratar da sobrevivência da população abatida pelo flagelo das epidemias do pós-guerra.

Ele transformou a sua sede numa hospedaria aberta dia e noite, para abrigar viajantes,  peregrinos e as viúvas com seus órfãos.
Possuindo o dom da cura, socorria a todos, incansável, andando por todos os cantos, descalço.

 

Doava tudo que fosse possível e a sua carruagem era usada apenas para transportar os doentes e as crianças.

Esse século também foi um período muito conturbado para a História da Igreja.
Com excessivo poder civil a Igreja estava dividida entre religiosos corruptos e os que viviam em santidade.

Rugero estava entre os que entendiam o episcopado como uma missão e nãocomo uma posição de prestígio para ser usada em benefício próprio.

Vivia para o seu rebanho, seguindo o ensinamento de São Paulo:
“Ser tudo para todos”.
Por tudo isso e por seus dons de conselhoe sabedoria, no seu tempo, foi estimado por dois Papas: Pascoal II e Celasio II.
Para ambos executou missões delicadas e os aconselhou nas questões das rivalidades internas da Igreja, que tentava iniciar sua renovação.

Entrou rico de merecimentos no reino de Deus, o dia 30 de dezembro de 1129, em Cane, onde foi sepultado na Catedral.

Santo Rugero, rogai por nós.

Benção Final.

 

Meditação

- por Pe. Alexandre

36. NÃO TEMAIS

– Jesus Cristo é sempre a nossa segurança no meio das dificuldades e tentações que nos possam assaltar. Com Ele, ganham-se todas as batalhas.

– Sentido da filiação divina. Confiança em Deus. Ele nunca chega tarde para nos socorrer.

– Providência. Todas as coisas contribuem para o bem dos que amam a Deus.

I. A HISTÓRIA DA ENCARNAÇÃO abre-se com estas palavras: Não temas, Maria1. E o mesmo diz o Anjo do Senhor a São José: José, filho de Davi, não temas2. E repete-o aos pastores: Não temais3. Este clima que rodeia a entrada de Deus no mundo marca com um estilo próprio a presença de Jesus entre os homens.

Certa vez, acompanhado pelos seus discípulos, o Senhor atravessava o pequeno mar da Galiléia. E eis que surgiu uma grande tempestade no mar, de modo que as ondas cobriam a barca4. São Marcos indica com precisão o momento histórico do acontecimento: foi na tarde do dia em que Jesus falou das parábolas sobre o Reino dos céus5. Depois dessa longa pregação, compreende-se que o Senhor, cansado, adormecesse enquanto navegavam.

A tempestade deve ter sido assustadora, porque, embora estivessem acostumados ao mar, os Apóstolos sentiram que corriam um sério risco de soçobrar. A princípio, devem ter respeitado o sono do Mestre (devia estar muito cansado para não acordar!), e certamente fizeram tudo o que estava ao seu alcance para enfrentar a situação: arriaram as velas, remaram com força, tiraram e voltaram a tirar a água que entrava na barca… Mas o mar encrespava-se mais e mais, e o perigo de naufrágio era iminente. Então, inquietos, amedrontados, dirigem-se ao Senhor como recurso único e definitivo. Acordaram-no dizendo: Senhor, salva-nos, que perecemos. Jesus respondeu-lhes: Por que estais amedrontados, homens de pouca fé?6

O temor é um fenômeno cada vez mais estendido nos nossos dias. Tem-se medo de quase tudo. Muitas vezes, esse estado de ânimo resulta da ignorância, do egoísmo (excessiva preocupação pessoal, ansiedade por males que talvez nunca cheguem, etc.), mas, sobretudo, é conseqüência de que construímos a nossa vida sobre alicerces muito frágeis.

Podemos esquecer-nos de uma verdade essencial: Jesus Cristo é sempre a nossa segurança. Não se trata de sermos insensíveis aos acontecimentos, mas de aumentarmos a nossa confiança e de empregarmos, em cada caso, os meios humanos ao nosso alcance. Não devemos esquecer nunca que estar perto de Jesus, ainda que pareça que Ele dorme, é estar seguros. Em momentos de perturbação, de prova, Jesus não se esquece de nós: “Nunca falhou aos seus amigos”7, nunca.

II. DEUS NUNCA CHEGA TARDE em socorro dos seus filhos. Mesmo nos casos mais extremos, sempre chega no momento oportuno, ainda que por vezes de um modo misterioso e oculto. A plena confiança no Senhor, somada aos meios humanos que seja necessário empregar, dá ao cristão uma singular fortaleza e uma especial serenidade para enfrentar os acontecimentos e as circunstâncias adversas.

“Se não O abandonas, Ele não te abandonará”8. E nós – dizemo-lo na nossa oração pessoal – não queremos abandoná-lo. Junto dEle, ganham-se todas as batalhas, ainda que, a curto prazo, possa parecer que se perdem. “Quando pensamos que tudo se afunda sob os nossos olhos, nada se afunda, porque Tu és, Senhor, a minha fortaleza (Sl 42, 2). Se Deus mora em nossa alma, todo o resto, por mais importante que pareça, é acidental, transitório. Em contrapartida, nós, em Deus, somos o permanente”9. Este é o remédio para afastarmos da nossa vida os medos, as tensões e as ansiedades. Perante um panorama humanamente difícil, São Paulo animava os primeiros cristãos de Roma com estas palavras: Se Deus é por nós, quem será contra nós? […] Quem nos separará do amor de Cristo? A tribulação, a angústia, a perseguição, a fome, a nudez, o perigo, a espada? […] Mas em todas estas coisas vencemos por Aquele que nos amou. Porque estou persuadido de que nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem o presente, nem o futuro, nem as virtudes, nem a altura, nem as profundezas, nem nenhuma outra criatura poderá separar-nos do amor de Deus10. O cristão, por vocação, é um homem entregue a Deus, e portanto também entrega a Ele tudo aquilo que possa vir a acontecer-lhe.

Certa vez, o Senhor instruía a multidão a respeito do amor e solicitude com que Deus acompanha cada criatura. Os que o escutavam eram pessoas simples e honradas, que louvavam a majestade de Deus, mas não possuíam a peculiar confiança dos filhos de Deus em seu Pai.

É provável que, no momento em que se dirigia ao seu auditório, passasse por lá perto uma revoada de pássaros à busca de abrigo nalgum lugar próximo. Quem se preocupava com eles? Por acaso as donas de casa não costumavam comprá-los por alguns centavos para melhorar as suas refeições? Estavam ao alcance de qualquer economia. Tinham pouco valor.

Jesus apontá-los-ia com um gesto, ao mesmo tempo que dizia aos seus ouvintes: “Nem um só destes pardais está esquecido diante de Deus”. Deus conhece-os a todos. Nenhum deles cai ao chão sem o consentimento do vosso Pai. E o Senhor volta a incutir-nos confiança: Não temais; vós valeis mais do que muitos pardais11. Nós não somos criaturas de um dia, mas filhos de Deus para sempre. Como não há de o Senhor cuidar das nossas coisas? Não temais. O nosso Deus deu-nos a vida e no-la deu para sempre. E diz-nos: “A vós, meus amigos, digo-vos: Não temais12. “Qualquer homem, contanto que seja amigo de Deus – são palavras de São Tomás –, deve estar muito confiante em que será libertado por Ele de qualquer angústia… E como Deus ajuda de modo especial os seus servos, quem serve a Deus deve viver muito tranqüilo”13. A única condição é esta: sermos amigos de Deus, vivermos como seus filhos.

III. “DESCANSAI na filiação divina. Deus é um Pai cheio de ternura, de infinito amor”14. Em toda a nossa vida, tanto no terreno humano como no sobrenatural, o nosso “descanso” e a nossa segurança não têm outro alicerce firme fora da nossa filiação divina. Lançai sobre Ele todas as vossas preocupações – dizia São Pedro aos primeiros cristãos –, porque Ele cuida de vós15.

A filiação divina não pode ser considerada como uma metáfora: não é simplesmente que Deus nos trate como um pai e queira que o tratemos como filhos; o cristão é filho de Deus pela força santificadora do próprio Deus presente no seu ser. Esta realidade é tão profunda que afeta a essência do homem, a tal ponto que São Tomás afirma que por ela o homem é constituído num novo ser16.

A filiação divina é o fundamento da liberdade dos filhos de Deus, e é nela que o homem encontra a proteção de que necessita, o calor paternal e a segurança em relação ao futuro, que lhe permitem um abandono simples nas mãos divinas. Confere-lhe também a certeza de que, por trás de todos os acasos da vida, há sempre uma última razão de bem: Todas as coisas contribuem para o bem daqueles que amam a Deus17. Os próprios erros e desvios do caminho acabam sendo para bem, porque “Deus encaminha absolutamente todas as coisas para nosso proveito…”18

O fato de saber-se filho de Deus faz com que o cristão adquira, em todas as circunstâncias da sua vida, um modo de ser no mundo essencialmente amável, que é uma das principais manifestações da virtude da fé. O homem que se sabe filho de Deus não perde a alegria, assim como não perde a paz. A consciência da filiação divina liberta-o de tensões inúteis e, quando pela sua fraqueza se extravia, é capaz de voltar para Deus, na certeza de ser bem recebido.

A consideração da Providência ajudar-nos-á a dirigir-nos a Deus, não como um Ser longínquo, indiferente e frio, mas como um Pai que está atento a cada um de nós e que colocou um anjo – como esses anjos que anunciaram o nascimento do Senhor aos pastores – para que nos guarde em todos os nossos caminhos.

A serenidade que esta verdade comunica ao nosso modo de ser e de viver não procede de voltarmos as costas à realidade, mas de vê-la com otimismo, porque confiamos sempre na ajuda do Senhor. “Esta é a diferença entre nós e os que não conhecem a Deus. Estes, na adversidade, queixam-se e murmuram; quanto a nós, as coisas adversas não nos afastam da virtude, antes nos fortalecem nela”19, porque sabemos que até os cabelos da nossa cabeça estão todos contados.

Ao terminarmos a nossa oração, façamos o propósito de recorrer a Jesus, presente no Sacrário, sempre que as oposições, as dificuldades ou a tribulação nos coloquem em situação de perder a alegria e a serenidade. Dirijamo-nos a Maria, que contemplamos no Presépio, tão próxima do seu Filho. Nestes dias cheios da paz do Natal – e sempre –, Ela nos ensinará a comportar-nos como filhos de Deus, mesmo nas circunstâncias mais adversas.

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