31 de Agosto de 2020
22a semana comum Segunda-feira
- por Pe. Alexandre
SEGUNDA FEIRA – XXII SEMANA DO TEMPO COMUM
(verde – ofício do dia)
Antífona da entrada
– Tende compaixão de mim, Senhor, clamo por vós o dia inteiro; Senhor, sois bom e clemente, cheio de misericórdia para aqueles que vos invocam (Sl 85,3.5).
Oração do dia
– Deus do universo, fonte de todo bem, derramai em nossos corações o vosso amor e estreitai os laços que nos unem convosco para alimentar em nós o que é bom e guardar com solicitude o que nos destes. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
1ª Leitura: 1Cor 2,1-5
– Leitura da primeira carta de são Paulo aos Coríntios: 1Irmãos, quando fui à vossa cidade anunciar-vos o mistério de Deus, não recorri a uma linguagem elevada ou ao prestígio da sabedoria humana. 2Pois, entre vós, não julguei saber coisa alguma, a não ser Jesus Cristo, e este, crucificado. 3Aliás, eu estive junto de vós, com fraqueza e receio, e muito tremor. 4Também a minha palavra e a minha pregação não tinham nada dos discursos persuasivos da sabedoria, mas eram uma demonstração do poder do Espírito, 5para que a vossa fé se baseasse no poder de Deus e não na sabedoria dos homens.
– Palavra do Senhor.
– Graças a Deus.
Salmo Responsorial: Sl 119,97.98.99.100,101.102 (R: 97a)
– Quanto eu amo, ó Senhor, a vossa lei!
R: Quanto eu amo, ó Senhor, a vossa lei!
– Quanto eu amo, ó Senhor, a vossa lei! Permaneço o dia inteiro a meditá-la.
R: Quanto eu amo, ó Senhor, a vossa lei!
– Vossa lei me faz mais sábio que os rivais, porque ela me acompanha eternamente.
R: Quanto eu amo, ó Senhor, a vossa lei!
– Fiquei mais sábio do que todos os meus mestres, porque medito sem cessar vossa Aliança.
R: Quanto eu amo, ó Senhor, a vossa lei!
– Sou mais prudente que os próprios anciãos, porque cumpro, ó Senhor, vossos preceitos.
R: Quanto eu amo, ó Senhor, a vossa lei!
– De todo mau caminho afasto os passos, para que eu siga fielmente as vossas ordens.
R: Quanto eu amo, ó Senhor, a vossa lei!
– De vossos julgamentos não me afasto, porque vós mesmo me ensinastes vossas leis.
R: Quanto eu amo, ó Senhor, a vossa lei!
Aclamação ao santo Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Aleluia, aleluia, aleluia.
– O Espírito do Senhor repousa sobre mim; e enviou-me a anunciar aos pobres o evangelho (Lc 4,18).
Aleluia, aleluia, aleluia.
Evangelho de Jesus Cristo, segundo Lucas: Lc 4,16-30
– O Senhor esteja convosco.
– Ele está no meio de nós.
– Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo † segundo Lucas
– Glória a vós, Senhor!
– Naquele tempo, 16veio Jesus à cidade de Nazaré, onde se tinha criado. Conforme seu costume, entrou na sinagoga no sábado, e levantou-se para fazer a leitura. 17Deram-lhe o livro do profeta Isaías. Abrindo o livro, Jesus achou a passagem em que está escrito: 18“O Espírito do Senhor está sobre mim, porque ele me consagrou com a unção para anunciar a Boa Nova aos pobres; enviou-me para proclamar a libertação aos cativos e aos cegos a recuperação da vista; para libertar os oprimidos 19e para proclamar um ano da graça do Senhor”. 20Depois fechou o livro, entregou-o ao ajudante e sentou-se. Todos os que estavam na sinagoga tinham os olhos fixos nele. 21Então começou a dizer-lhes: “Hoje se cumpriu esta passagem da Escritura que acabastes de ouvir”. 22Todos davam testemunho a seu respeito, admirados com as palavras cheias de encanto que saíam da sua boca. E diziam: “Não é este o filho de José?” 23Jesus, porém, disse: “Sem dúvida, vós me repetireis o provérbio: Médico, cura-te a ti mesmo. Faze também aqui, em tua terra, tudo o que ouvimos dizer que fizeste em Cafarnaum”. 24E acrescentou: “Em verdade eu vos digo que nenhum profeta é bem recebido em sua pátria. 25De fato, eu vos digo: no tempo do profeta Elias, quando não choveu durante três anos e seis meses e houve grande fome em toda a região, havia muitas viúvas em Israel. 26No entanto, a nenhuma delas foi enviado Elias, senão a uma viúva que vivia em Sarepta, na Sidônia. 27E no tempo do profeta Eliseu, havia muitos leprosos em Israel. Contudo, nenhum deles foi curado, mas sim Naamã, o sírio”. 28Quando ouviram estas palavras de Jesus, todos na sinagoga ficaram furiosos. 29Levantaram-se e o expulsaram da cidade. Levaram-no até o alto do monte sobre o qual a cidade estava construída, com a intenção de lançá-lo no precipício. 30Jesus, porém, passando pelo meio deles, continuou o seu caminho.
– Palavra da salvação.
– Glória a vós, Senhor!
São Raimundo Nonato
- por Pe. Alexandre
São Raimundo Nonato encontrou dificuldades para vir à luz, foi invocado como patrono e protetor das parturientes e das parteiras (seu nome significa “não nascido” porque foi extraído vivo das entranhas da mãe já morta).
Nasceu na Espanha, em Portel, na diocese de Solsona (próximo a Barcelona) no ano de 1200. Ainda menino, teve de guardar o gado e, durante seus anos de pastor, visitava constantemente uma ermida de São Nicolau, onde se venerava uma imagem de Nossa Senhora de quem era devotíssimo.
Conta-se que, durante as horas que passava aos pés de Maria, um anjo lhe guardava o rebanho. Desde jovem, Raimundo Nonato percebeu sua inclinação à vida religiosa. Seu pai buscou, sem êxito, impedi-lo de corresponder ao chamado vocacional. Ao entrar para a Ordem de Nossa Senhora das Mercês, pôde receber do fundador: São Pedro Nolasco, o hábito. Assim, tornou-se exemplo de ardor na missão de resgatar das mãos dos mouros, os cristãos feito escravos.
Certa vez, São Raimundo conseguiu liderar uma missão que libertou 150 cristãos, porém, quando na Argélia acabaram-se os recursos para o salvamento daqueles que corriam o risco de perderem a vida e a fé, o Missionário e Sacerdote Raimundo, entregou-se no lugar de um dos cristãos. Na prisão, Raimundo pregava para os muçulmanos e cristãos, com tanta Unção que começou a convertê-los e desse modo sofreu muito, pois chegaram ao extremo de perfurarem os seus lábios com um ferro quente, fechando-os com um cadeado. Foi mais tarde libertado da prisão e retornou à Espanha.
São Raimundo Nonato, morreu em Cardona no ano de 1240 gravemente doente. Não aguentou atingir Roma onde o Papa Gregório IX queria São Raimundo como Cardeal e conselheiro. O seu corpo foi descansar na mesma ermida de São Nicolau em que orava nos seus anos de pastor.
São Raimundo Nonato, rogai por nós!
Meditação
- por Pe. Alexandre
85. OBRAS DE MISERICÓRDIA
– Jesus misericordioso. Imitá‑lo.
– Preocupar‑nos pela situação espiritual dos que estão ao nosso lado.
– Outras manifestações da misericórdia.
I. JESUS VOLTOU A NAZARÉ, onde se tinha criado, e, conforme o costume, entrou na sinagoga no sábado1. Entregaram‑lhe o livro do profeta Isaías para que lesse. Jesus abriu o livro numa passagem diretamente messiânica: O Espírito do Senhor está sobre mim, porque me ungiu para evangelizar os pobres; Ele me enviou para pregar aos cativos a liberdade e devolver a vista aos cegos, para pôr em liberdade os oprimidos, para anunciar um ano de graça do Senhor.
Jesus, enrolando o livro, devolveu‑o e sentou‑se. Havia uma grande expectativa entre os presentes, seus conterrâneos, com os quais tinha convivido tantos anos. Todos na sinagoga tinham os olhos fixos nEle. Muito provavelmente a Virgem estaria entre os assistentes. Então, o Senhor disse‑lhes com toda a clareza: Hoje cumpriu‑se esta Escritura que acabais de ouvir.
Isaías2 anunciava nessa passagem a chegada do Messias, que livraria o povo das suas aflições, e as palavras do Senhor “são a sua primeira declaração messiânica, à qual se seguem os atos e as palavras conhecidas por meio do Evangelho. Mediante tais atos e palavras, Cristo torna o Pai presente no meio dos homens. É muito significativo – continua a comentar João Paulo II – que estes homens sejam em primeiro lugar os pobres despossuídos de meios de subsistência, os que estão privados de liberdade, os cegos que não vêem a beleza da criação, os que vivem com a amargura no coração ou sofrem por causa da injustiça social e, por fim, os pecadores”3.
Mais tarde, quando os enviados de João Batista lhe perguntarem se é Ele o Cristo ou se devem esperar outro, Jesus responde‑lhes que comuniquem a João o que viram e ouviram: Os cegos vêem, os coxos andam, os leprosos ficam limpos, os surdos ouvem, os mortos ressuscitam, os pobres são evangelizados…4
O amor de Cristo expressa‑se especialmente no encontro com o sofrimento, em todos os campos em que se manifesta a fragilidade humana, tanto física como moralmente. Desta maneira revela a atitude que Deus Pai, que é amor5 e rico em misericórdia6, manifesta continuamente em relação aos homens.
A misericórdia será o núcleo central da pregação de Cristo e a principal razão dos seus milagres. E, seguindo os seus passos, a Igreja também “cerca de amor todos os afligidos pela fraqueza humana; mais ainda, reconhece nos pobres e sofredores a imagem do seu Fundador pobre e sofredor. Faz o possível por mitigar‑lhes a pobreza e neles procura servir a Cristo”7.
Que outra coisa podemos nós fazer, se queremos imitar o Mestre e ser bons filhos da Igreja? Temos diariamente diversas oportunidades de pôr em prática os ensinamentos de Jesus a respeito do nosso comportamento perante a dor e a necessidade. É uma atitude compassiva e misericordiosa que não espera por ocasiões excepcionais, como visitar um preso ou um doente, ou socorrer alguém que está à beira de morrer de fome, mas vai‑se exercitando nas pequenas ocasiões do dia e com aqueles que se têm ao lado. Se vejo um colega de trabalho de cara abatida, se uma pessoa da família se mostra particularmente cansada e sem ânimo, se um amigo me telefona a contar uma aflição em que está, sei ver nessas situações uma oportunidade única de ser “outro Cristo”, sem fechar os olhos ou mostrar‑me indiferente e apressado? Hoje cumpriu‑se esta Escritura que acabais de ouvir…
II. …UNGIU‑ME PARA EVANGELIZAR os pobres; enviou‑me para pregar aos cativos a liberdade e devolver a vista aos cegos, para pôr em liberdade os oprimidos… Não há maior pobreza do que a provocada pela falta de fé, nem cativeiro e opressão maiores do que esses que o demônio exerce sobre quem peca, nem cegueira mais completa do que a da alma que ficou privada da graça: “O pecado produz a mais dura das tiranias”, afirma São João Crisóstomo8.
Se a maior desgraça, o pior desastre que existe é afastar‑se de Deus, a nossa maior obra de misericórdia será, em muitas ocasiões, aproximar os nossos familiares e amigos dos sacramentos, fontes de vida, e especialmente da Confissão. Se sofremos com as penas, doenças e desgraças que os afligem, como não nos havemos de doer se vemos que não conhecem Jesus Cristo, que não o procuram ou se afastaram dEle? A verdadeira compaixão, a grande obra de misericórdia começa pelo apostolado.
Entre essas obras, a Igreja destacou desde há muito tempo a que nos anima a “ensinar a quem não sabe”. Quando o número de analfabetos decresceu em tantos países, aumentou em proporções assombrosas a ignorância religiosa, mesmo em nações de antiga tradição cristã. “Por imposição laicista ou por desorientação e negligência lamentáveis, milhares de jovens batizados vêm chegando à adolescência no desconhecimento total das mais elementares noções da Fé e da Moral e dos rudimentos mínimos da piedade. Atualmente, ensinar a quem não sabe significa, sobretudo, ensinar aos que nada sabem de religião, isto é, “evangelizá‑los”, falar‑lhes de Deus e da vida cristã. A catequese passou a ser na atualidade uma obra de misericórdia de primeira importância”9.
Quanto bem não faz a mãe que ensina o catecismo aos seus filhos, e talvez aos amigos dos seus filhos! Que enorme recompensa não reservará o Senhor aos que dedicam com generosidade o seu tempo a um trabalho de formação doutrinária cristã, aos que aconselham um livro adequado que ilustra a inteligência e desperta os afetos do coração! É abrir aos outros o caminho que conduz a Deus; não há outra necessidade maior que esta.
III. IMITAR JESUS na sua atividade misericordiosa para com os mais necessitados significa consolar e acompanhar os que se encontram sós, os doentes, os que passam pelas agruras de uma pobreza envergonhada ou descarada. Faremos nossa a dor que suportam, ajudá‑los‑emos a santificá‑la, e procuraremos solucionar esse estado na medida em que nos for possível. Quanto podemos confortar essas pessoas com uma visita oportuna, com uma conversa simples e amável, bem preparada, procurando dar às nossas palavras e comentários um tom sobrenatural que deixe no doente ou no idoso uma luz de fé e confiança em Deus! Com delicadeza e oportunidade, atrever‑nos‑emos a prestar‑lhes alguns serviços, a arrumar‑lhes a cama, a ler‑lhes um trecho de algum livro ameno e mesmo divertido10.
Cada dia é mais necessário pedir ao Senhor um coração misericordioso para todos, pois na medida em que a sociedade se desumaniza, os corações tornam‑se duros e insensíveis, e cada qual tende a viver exclusivamente para si próprio. A justiça é uma virtude fundamental, mas só a justiça não basta; é necessária, além dela, a caridade. Por muito que melhore a legislação trabalhista e social, sempre será necessário proporcionar aos outros o calor de um coração humano, fraternal e amigo, que se abeira compassivamente dos homens como filhos de Deus que são, pois a misericórdia “não se limita a socorrer os necessitados de bens econômicos; o seu primeiro propósito é respeitar e compreender cada indivíduo como tal, na sua intríseca dignidade de homem e de filho do Criador”11.
A misericórdia leva‑nos a perdoar prontamente e de todo o coração, mesmo quando aquele que nos ofende não manifesta o menor arrependimento. O cristão não guarda rancores na alma; não se sente inimigo de ninguém. Devemos esforçar‑nos por estimar mesmo os que são infelizes por culpa própria, ou em conseqüência da sua própria maldade. O Senhor só quer saber se esta ou aquela pessoa é infeliz, se sofre, “pois isso basta para que seja digna do teu interesse. Esforça‑te por protegê‑la contra as suas más paixões, mas desde o momento em que sofre, sê misericordioso. Amarás o teu próximo, não por ele o merecer, mas por ser o teu próximo”12.
O Senhor pede‑nos uma atitude compassiva que se estenda a todas as manifestações da vida, incluído o juízo que fazemos sobre o nosso próximo, a quem devemos olhar sempre sob o ângulo que mais o favorece. “Ainda que vejais algo de mau – aconselha São Bernardo –, não julgueis imediatamente o vosso próximo, mas antes desculpai‑o no vosso interior. Desculpai a intenção se não puderdes desculpar a ação. Pensai que a terá praticado por ignorância, por surpresa ou por fraqueza. Se o erro for tão claro que não o possais dissimular, mesmo então procurai dizer para vós mesmos: a tentação deve ter sido muito forte”13.
Temos de lembrar‑nos freqüentemente de que, se formos misericordiosos, nós mesmos obteremos do Senhor essa misericórdia de que tanto necessitamos para a nossa vida, especialmente para as fraquezas, erros e fragilidades em que incorremos a cada passo e que Ele bem conhece.
Maria, Rainha e Mãe de Misericórdia, dar‑nos‑á um coração capaz de compadecer‑se eficazmente dos que sofrem ao nosso lado.
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