31 de Dezembro de 2022

Tempo do Natal - Sábado

- por Pe. Alexandre

SABADO – OITAVA DO NATAL (S. SILVESTRE I)
(branco, glória, pref. do Natal – ofício próprio)

 

Antífona da entrada

 

– Um menino nasceu para nós: um filho nos foi dado! O poder repousa nos seus ombros. Ele será chamado “mensageiro do conselho de Deus” (Is 9,6).

 

Oração do dia

 

– Deus eterno e todo-poderoso, que estabelecestes o princípio e a plenitude de toda a religião na encarnação do vosso Filho, concedei que sejamos contados entre os discípulos, daquele que é toda a salvação da humanidade. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

 

1ª Leitura: 1Jo 2,18-21

 

– Leitura da primeira carta de são João: 18Filhinhos, esta é a última hora. Ouvistes dizer que o An­ticristo virá. Com efeito, muitos anticristos já apareceram. Por isso, sabemos que chegou a última hora. 19Eles saíram do nosso meio, mas não eram dos nossos, pois se fossem realmente dos nossos, teriam permanecido conosco. Mas era necessário ficar claro que nem todos são dos nossos. 20Vós já recebestes a unção do Santo, e todos tendes conhecimento. 21Se eu vos escrevi, não é porque ignorais a verdade, mas porque a conheceis, e porque nenhuma mentira provém da verdade.

 

– Palavra do Senhor.

– Graças a Deus.

 

Salmo Responsorial: Sl 96,1-2.11-12.13 (R: 11a)

 

O céu se rejubile e exulta a terra!

R: O céu se rejubile e exulta a terra!

 

– Cantai ao Senhor Deus um canto novo, cantai ao Senhor Deus, ó terra inteira! Cantai e bendizei seu santo nome! Dia após dia anunciai sua salvação.

R: O céu se rejubile e exulta a terra!

 

– O céu se rejubile e exulte a terra, aplauda o mar com o que vive em suas águas; os campos com seus frutos rejubilem e exultem as florestas e as matas.

R: O céu se rejubile e exulta a terra!

 

– Na presença do Senhor, pois ele vem, porque vem para julgar a terra inteira. Governará o mundo todo com justiça, e os povos julgará com lealdade.

R: O céu se rejubile e exulta a terra!

 

Aclamação ao santo Evangelho

 

Aleluia, aleluia, aleluia

Aleluia, aleluia, aleluia

 

– A Palavra se fez carne, entre nós ela habitou; e todos os que a acolheram, de Deus filhos se tornaram (Jo 1,14.12).

 

Aleluia, aleluia, aleluia.

 

Evangelho de Jesus Cristo, segundo João: Jo 1,1-18

 

– O Senhor esteja convosco.

– Ele está no meio de nós.

– Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo † segundo João.

– Glória a vós, Senhor!  

1No princípio era a Palavra, e a Palavra estava com Deus; e a Palavra era Deus. 2No princípio, estava ela com Deus. 3Tudo foi feito por ela e sem ela nada se fez de tudo que foi feito. 4Nela estava a vida, e a vida era a luz dos homens. 5E a luz brilha nas trevas, e as trevas não conseguiram dominá-la. 6Surgiu um homem enviado por Deus; seu nome era João. 7Ele veio como testemunha, para dar testemunho da luz, para que todos chegassem à fé por meio dele. 8Ele não era a luz, mas veio para dar testemunho da luz: 9daquele que era a luz de verdade, que, vindo ao mundo, ilumina todo ser humano. 10A Palavra estava no mundo – e o mundo foi feito por meio dela – mas o mundo não quis conhecê-la. 11Veio para o que era seu, e os seus não a acolheram. 12Mas, a todos os que a receberam, deu-lhes capacidade de se tornar filhos de Deus, isto é, aos que acreditam em seu nome, 13pois estes não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do varão, mas de Deus mesmo. 14E a Palavra se fez carne e habitou entre nós. E nós contemplamos a sua glória, glória que recebe do Pai como Filho uni­gênito, cheio de graça e de verdade. 15Dele, João dá testemunho, clamando: “Este é aquele de quem eu disse: O que vem depois de mim passou à minha frente, porque ele existia antes de mim”. 16De sua plenitude todos nós recebemos graça por graça. 17Pois por meio de Moisés foi dada a Lei, mas a graça e a verdade nos chegaram através de Jesus Cristo. 18A Deus, ninguém jamais viu. Mas o Unigênito de Deus, que está na intimidade do Pai, ele no-lo deu a conhecer.

 

– Palavra da salvação.

– Glória a vós, Senhor!  

São Silvestre I

- por Pe. Alexandre

São Silvestre I apagou-se ao lado de um Imperador culto e ousado como Constantino, o qual, mais do que o servir, teria, antes, servido – se dele, da sua simplicidade e humanidade, agindo por vezes como verdadeiro Bispo da Igreja, sobretudo no Oriente, onde recebeu o nome de Isapóstolo, isto é, igual aos apóstolos.

Na realidade, nos assuntos externos da Igreja, o Imperador considerava-se acima dos próprios Bispos, o Bispo dos Bispos, com inevitáveis intromissões nos próprios assuntos internos, uma vez que, com a sua mentalidade ainda pagã, não estava capacitado para entender e aceitar um poder espiritual diferente e acima do civil ou político.

E, talvez, São Silvestre, na sua simplicidade, tivesse sido o Papa ideal para a circunstância. Outro Papa mais exigente, mais cioso da sua autoridade, teria irritado a megalomania de Constantino, perdendo a sua proteção. Ainda estava muito viva a lembrança dos horrores por que passara a Igreja no reinado de Diocleciano, e São Silvestre, testemunha dessa perseguição que ameaçou subverter por completo a Igreja, preferiu agradecer este dom inesperado da proteção imperial e agir com moderação e prudência.

Constantino terá certamente exorbitado. Mas isso ter-se-á devido ao desejo de manter a paz no Império, ameaçada por dissenções ideológicas da Igreja, como na questão do donatismo que, apesar de já condenado no pontificado anterior, vê-se de novo discutido, em 316, por iniciativa sua.

Dois anos depois, gerou-se nova agitação doutrinária mais perigosa, com origem na pregação de Ario, sacerdote alexandrino, que negava a divindade da segunda Pessoa e, consequentemente, o mistério da Santíssima Trindade. Constantino, inteirado da agitação doutrinária, manda mais uma vez convocar os Bispos do Império para dirimirem a questão. Sabemos pelo Liber Pontificalis, por Eusébio e Santo Atanásio, que o Papa dá o seu acordo e envia, como representantes seus, Ósio, Bispo de Córdova, acompanhado por dois presbíteros.

Ele, como dignidade suprema, não se imiscuiria nas disputas, reservando-se à aprovação do veredito final. Além disso, não convinha parecer demasiado submisso ao Imperador.

Foi o primeiro Concílio Ecumênico (universal) que reuniu em Niceia, no ano 325, mais de 300 Bispos, com o próprio Imperador a presidir em lugar de honra. Os Padres conciliares não tiveram dificuldade em fazer prevalecer a doutrina recebida dos Apóstolos sobre a divindade de Cristo, proposta energicamente pelo Bispo de Alexandria, Santo Atanásio. A heresia de Ario foi condenada sem hesitação; e a ortodoxia trinitária ficou exarada no chamado Símbolo Niceno ou Credo, ratificado por São Silvestre.

Constantino, satisfeito com a união estabelecida, parte no ano seguinte para as margens do Bósforo onde, em 330, inaugura Constantinopla, a que seria a nova capital do Império, eixo nevrálgico entre o Oriente e o Ocidente, até a sua queda em poder dos turcos otomanos em 1453.

Data dessa altura a chamada doação constantiniana, mediante a qual o Imperador entrega à Igreja, na pessoa de São Silvestre, a Domus Faustae, Casa de Fausta, sua esposa, ou palácio imperial de Latrão (residência papal até Leão XI), junto ao qual se ergueria uma grandiosa basílica de cinco naves, dedicada a Cristo Salvador e, mais tarde, a São João Batista e São João Evangelista (futura e atual catedral episcopal de Roma, S. João de Latrão). Mais tarde, doaria igualmente a própria cidade.

Depois de um longo pontificado, cheio de acontecimentos e transformações profundas na vida da Igreja, morre São Silvestre I, no último dia do ano 335, dia em que a Igreja venera a sua memória. Sepultado no cemitério de Priscila, os seus restos mortais seriam transladados por Paulo I (757-767) para a igreja erguida em sua memória.

São Silvestre I, rogai por nós!

Meditação

- por Pe. Alexandre

A Luz brilha nas trevas… (Jo 1,1-18)

 

A liturgia de hoje nos traz o Prólogo do 4º Evangelho: magnífica página da mais profunda teologia, em que o apóstolo João nos fala da comunicação divina que ocorreu na pessoa de Jesus Cristo, o Filho feito homem, que estendeu a sua tenda (cf. v. 14) no meio da humanidade.

 

De um lado, as perfeições divinas: luz, glória, graça e verdade; de outro, a profunda escuridão em que mergulhara o homem desde a Queda original. E Deus veio a nós que, como escreve São Paulo, pudemos contemplar sua glória com o rosto descoberto (cf. 2Cor 3,18).

 

Louis Bouyer comenta: “Assim nós podemos acompanhar o processo de salvação como São João, ao seguir esta linha, a compreendeu: em Deus, a Vida cuja essência é o amor, sendo a Luz a irradiação desse amor; em nós, a visão dessa Luz trazida até nós pela encarnação do Verbo, e que reproduz em nós o amor que a fizera nascer: ‘Ninguém jamais viu a Deus’, diz São João, mas ‘nós atestamos que o Pai enviou seu Filho como Salvador do mundo… e nós conhecemos o amor que Deus tem por nós e por isso cremos’. (1Jo 4,12.14.16.7-8)

 

Nunca nos cansaremos de admirar essa espécie de tropismo que se verifica na atração de Deus pelo pecador, apesar de todas as nossas resistências. Nas palavras de fogo deste Prólogo, evidencia-se o pecado da humanidade, que consiste em uma permanente luta das trevas contra a mesma Luz que vem iluminá-las.

 

Para Bouyer, “o contraste se manifesta claramente entre a riqueza infinita de Deus, que não põe limites em seu dom, e o nada da criatura que pretende possuir a si mesma. A Vida divina é a Luz, mas aquilo que os homens chamam vida e a que se apegam tão asperamente, estas são as trevas”.

 

Em seus desígnios, Deus escolheu um homem especial para dar testemunho da Luz: João Batista. Consagrado inteiramente ao Senhor desde o ventre de sua mãe, ele atinge o ponto mais elevado ao alcance de um homem (cf. Mt 11,11). Seu testemunho faz dele um canal privilegiado de comunicação entre as duas Alianças, mas também entre Deus e os homens, na função do pedagogo que conduz à Verdade, que é Jesus.

 

E sua morte violenta, nas mãos de Herodes, é apenas a prova definitiva de que as trevas resistem a ser iluminadas…

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