Santo do dia – Santo Inácio de Antioquia

Santo Inácio de Antioquia

Celebramos hoje a memória de Santo Inácio de Antioquia, bispo, um desses grandes mártires da era subapostólica a que, desde o início, a Igreja manifestou toda a sua veneração, a ponto de incluí-lo no próprio Cânon da Missa.

Como se sabe, os primeiros dois séculos do cristianismo costumam ser divididos em duas etapas principais: a era apostólica é aquela compreendida entre o início da pregação do Evangelho, a partir de Pentecostes, e a morte do último Apóstolo, S. João, por volta do ano 100 d.C.; a era subapostólica, por sua vez, refere-se à primeira geração de discípulos instruídos diretamente pelos Apóstolos, mas que não foram testemunhas oculares de Nosso Senhor. É dentro deste último período que têm lugar as atividades de Santo Inácio, nascido na Síria em torno do ano 35 d.C.

Inácio foi nomeado bispo de Antioquia, tornando-se assim o primeiro sucessor de S. Pedro no governo dessa venerável comunidade de fiéis, os primeiros a se identificarem como cristãos. Condenado às feras, Inácio foi enviado a Roma no ano de 110 e, uma vez aprisionado, à espera de receber a palma do martírio, escreveu um conjunto de sete cartas endereçadas às igrejas da Ásia.

Uma delas, no entanto, está dirigida especialmente aos romanos, cuja igreja “preside às demais na caridade”. Nela, Inácio roga aos fiéis de Roma que não intervenham em seu processo e o deixem, assim, ser entregue às feras, já que é morrendo em suas presas que ele espera chegar ao Deus da vida: “Sou o trigo de Cristo”, escreve, “e oxalá venha a ser moído nos dentes das feras para me tornar pão imaculado. Que eu possa imitar a Paixão de meu Senhor. Só agora sinto que começo a ser verdadeiro discípulo”. E acrescenta: “Permiti que eu receba a luz pura. Quando eu aí chegar”, para ser morto e triturado, “então serei homem de verdade. […] Desejo o pão de Deus, que é a carne de Cristo; e por bebida o seu sangue, que é amor incorruptível”.

Muitos autores atestam que Inácio trazia gravado em seu coração, literalmente, o nome de Nosso Senhor Jesus Cristo. Algo, sem dúvida, impressionante.

Conta-se que o bem-aventurado Inácio, mesmo no meio de tantos tormentos, não deixava de invocar o nome de Jesus Cristo. Como seus carrascos perguntassem por que repetia com tanta frequência este nome, ele respondeu: “Trago este nome escrito em meu coração, e é por isso que não posso parar de invocá-lo”. Depois de sua morte, aqueles que o tinham ouvido falar isso quiseram confirmar o fato, tiraram seu coração do corpo, cortaram-no em dois e encontraram no meio, escrito com letras de ouro, o nome “Jesus Cristo”, o que levou muitas pessoas a se converterem.

Evidentemente, as pessoas são livres para acreditar ou não nessa história, sem que sua fé seja minimamente abalada por isso. Não estamos falando aqui de um dogma da Igreja, de uma verdade ensinada pelo Magistério como divinamente revelada, mas sim de um relato piedoso, que pode muito bem servir para a nossa vida espiritual — e isso é o mais importante.

Lendo esse fato da vida de Santo Inácio — ou de sua morte, melhor dizendo —, é impossível não lembrar o caráter que nos é impresso nas almas quando somos batizados. “O Batismo imprime na alma um sinal espiritual indelével”, diz o Catecismo da Igreja Católica. O que aconteceu com a carne do coração de Inácio é o que acontece com todos nós no dia em que nascemos da água e do Espírito.

Possa o testemunho de Santo Inácio, trucidado pelos leões para não prestar culto aos deuses romanos, inspirar em nós o desejo de antes morrer do que pecar, de antes derramar o nosso sangue a profanar o templo do Espírito Santo que somos nós! Assim, conformando nosso modo de viver àquilo que já somos por ação da graça batismal, haverá em nossas vidas sintonia de alma e corpo, de boca e coração, como houve na vida deste grande servo do Altíssimo.

Santo Inácio de Antioquia, rogai por nós!

 

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