Solenidade do Sagrado Coração de Jesus

Na sexta-feira após o segundo domingo depois de Pentecostes, a Igreja dirige o seu olhar ao lado aberto de Cristo na Cruz, expressão do amor infinito de Deus pelos homens e manancial de onde brotam os seus sacramentos.

A contemplação desta cena alimentou a devoção dos cristãos desde os primeiros séculos, pois aí encontraram uma fonte contínua de paz e segurança nas dificuldades.

A mística cristã nos convida a abrir-nos ao Coração do Verbo Encarnado: “Que Cristo habite pela fé em vossos corações, arraigados e consolidados na caridade, a fim de que possais, com todos os cristãos, compreender qual seja a largura, o comprimento, a altura e a profundidade, isto é, conhecer a caridade de Cristo, que desafia todo o conhecimento, e sejais cheios de toda a plenitude de Deus”. [1]

A piedade popular do final da Idade Média desenvolveu uma veneração profunda e expressiva da Humanidade Santíssima de Cristo sofrendo na Cruz. Difundiu-se assim o culto da coroa de espinhos, dos cravos, das chagas… e ao Coração aberto, síntese de todos os padecimentos do Salvador por amor a nós. Essas formas de piedade deixaram sua marca na Igreja, de modo que, no século XVII, nasceu a celebração litúrgica da solenidade do Sagrado Coração. Em 20 de outubro de 1672, um sacerdote normando, São João Eudes, celebrou, pela primeira vez, uma missa própria do Sagrado Coração e, a partir de 1673, foram se difundindo pela Europa as visões de Santa Margarida Maria Alacoque sobre a expansão deste culto. Finalmente, Pio IX estendeu oficialmente à Igreja latina essa festa.

A liturgia do dia desenvolve os dois pilares teológicos da devoção: as riquezas insondáveis do mistério de amor derramado em Cristo e a contemplação reparadora de seu coração perfurado. São mencionados nas duas orações do dia que o Missal Romano oferece: “alegrando-nos pela solenidade do Coração do Vosso Filho, meditemos as maravilhas de seu amor e possamos receber, desta fonte de vida, uma torrente de graças”; “no coração do Vosso Filho, ferido por nossos pecados, nos concedestes infinitos tesouros de amor, fazei que lhe ofereçamos uma justa reparação”.

A consideração do abismo de ternura do Senhor pelas almas é um convite a dar ao próprio coração a mesma forma do seu, a unir o desejo de reparação a vontade eficaz de aproximar mais almas a Ele: “nos abeiramos um pouco do fogo do Amor de Deus, deixemos que seu impulso mova as nossas vidas, sonhemos com a possibilidade de levar o fogo divino de um extremo ao outro do mundo, de o dar a conhecer aos que nos rodeiam, para que também eles conheçam a paz de Cristo e, com ela, encontrem a felicidade” [2]

[1] Ef, 3,17-19. [2] São Josemaria Escrivá, É Cristo que passa, 170.

 

 

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