Um mês com Maria | 16º dia – A ganancia
Maximiliano Maria Kolbe queria fazer amada a Imaculada por todos os homens, pois isso era felicidade aos infelizes que procuram felicidade nas “alegrias” do mundo. A fonte infinita da verdadeira felicidade é Deus. Ele se doou a nós em Cristo. Jesus se doou a nós na Imaculada e através dela. Pela Imaculada começa o caminho de felicidade que leva à fonte infinita: ao amor Trinitário. “Amai a Imaculada e Ela vos fará felizes” era o anúncio de S. Maximiliano. Procurar a felicidade nas alegrias deste mundo é ilusório, porque as alegrias terrenas não trazem nem provocam amor, mas ganância que é o envenenamento do amor, como ensina S. Tomás de Aquino. Por isto o abade S. Antão distribuiu todos os seus bens aos pobres e foi procurar a felicidade no deserto. Já antes, S. Paulo tinha esculpido em uma frase terrível a realidade da ganância dos bens terrenos no homem: “A ganância é a raiz de todos os males” (I Tm 6,10) S. Bernardo afirma: “Não conheço uma doença espiritual mais dura de suportar quanto a febre dos bens terrenos.” O que pode curar esta febre é somente uma outra febre: a do amor Divino. Uma postulante pediu, certa vez, para entrar entre as filhas de S. Joana Francisca de Chantal, trazendo consigo coisas inúteis. A Santa aconselhou-se com S. Francisco de Sales que lhe orientou deixá-la entrar com aquilo que quiser. “Quando o amor de Deus entrar na sua alma, saberá mandar embora o resto.” À medida da nossa separação das coisas terrenas é a mesma do amor de Deus, porque como diz Santo Agostinho: “Mais uma alma se separa dos bens da Terra, mais adere a Deus”.
Não amai o mundo
Em uma carta escrita a um companheiro de escola, S. Gabriel de Nossa Senhora das Dores, depois de tê-lo posto em guarda contra os perigos fatais e sedutores das más companhias, dos espetáculos e divertimentos mundanos, concluiu assim: “Dize-me, Felipe: eu poderia receber mais divertimentos do que os que provei no século? Bem, o que sobra? Confesso: nada além da amargura!” Eis o que reserva ao homem a experiência dos bens e dos prazeres terrenos: nada mais que amargura. Por isto o apóstolo S. João nos adverte com força: “Não amai o mundo nem as coisas dele. Se uma pessoa ama o mundo, o amor do Pai não está com ela, porque tudo o que está no mundo, a concupiscência da carne, os olhos e a soberba da vida, não veem do Pai, mas do mundo. E o mundo passa com sua concupiscência, mas quem faz a vontade de Deus fica eterno”!(I JO 1,15-17). Quem se entrega ao mundo e às suas concupiscências, quem vive de frivolidades, o que poderá esperar de Deus? S. Tomás Moro, 1º Ministro da Inglaterra, entrou no quarto da filha e achou-a preparando-se para uma festa. Para modelar o busto, duas damas a apertavam com cordas. Ao ver aquele martírio suportado pela vaidade mundana, o pai olhou para o céu e num suspiro, disse à filha: “Filha, o Senhor teria razão se te mandasse para o inferno, já que te esforças tanto para lá ires te danar”.
Inimigo de Deus
Quantas vezes para satisfazer a própria ganância recorre-se a injustiças e abusos, não se chega a brigas e lutas? Por um pedaço de terra, por uma herança, um lucro, travam-se lutas amargas e violentas. S. Tiago grita: “De onde vieram as guerras e brigas que estão em vosso meio? Não chegam das paixões que combatem vossos membros? Desejais e não conseguis possuir, e matais; invejais e não conseguis obter; fazeis guerra! Não tendes porque não pedis; pedis e não obtendes porque pedis mal, para gastar com vossos prazeres. Gente infiel! Não sabeis que amar o mundo é odiar a Deus?
Quem então quer ser amigo do mundo, torna-se inimigo de Deus”. (Tg 4,1-4) Duras palavras! Por isso os santos, como S. Paulo, consideram cada bem terreno como perda, lixo, pois ganhar é encontrar-se em Jesus (cf. Fl 3,8-9). Lembremos de S. Francisco de Assis, apenas convertido, deu-se conta e chamou loucura ir atrás das coisas vãs deste mundo. Em sua total pobreza, viu-se totalmente transfigurado em Jesus Crucificado. Uma vez, um filho espiritual de S. Felipe Néri comunicou-lhe, moribundo, que lhe deixava a herança, por testamento. S. Felipe não só não exultou esta oferta, mas mostrou-se aflito pela doação e lhe disse que teria muito rezado pela sua cura, oferecendo até a própria vida. Impôs-lhe as mãos e partiu. O enfermo se curou e o testamento foi queimado. Uma só ganância tinham os santos: Desejavam ardentemente morrer e estarem em Cristo (S. Paulo), Deus era-lhes Deus e Senhor, o tudo! (S. Francisco de Assis) e a ideia fica na Imaculada (S. Maximiliano Maria Kolbe).
Votos
– Fazer esmola aos pobres de qualquer bem não necessário;
– Meditar: I Jo 2,15-17 e Tg 4, 1-4;
– Pedir a Nossa Senhora, com o Rosário, a separação do coração do mundo.
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